Na manhã seguinte assim que acordei procurei por Isabelle ou por Jace mas, o instituto parecia estar vazio. Não sabia exatamente para onde ir ou a que lugares eu poderia ir, pensei em ficar no quarto mas,a o invés disso fui até a cozinha.

Abri a geladeira à procura de algo para tomar café, mas não encontrei nada que pudesse juntar e transformar-se em um café. Na verdade muitas daquelas coisas eu não sabia o que era.

-Sugiro que coma os waffles – disse uma voz doce atrás de mim – Eles são verdadeiramente gostosos.

Me virei vagarosamente, meus olhos focalizaram Sebastian encostado na parede de forma charmosa. Ele usava uma camisa gola v azul marinho destacava os seus olhos negros. Sebastian tinha um charme maldoso e perverso. Era muito bonito.

-Não sei fazer waffles – constatei abrindo um meio sorriso.

-Não seja por isso – disse ele entrando na cozinha.

Sebastian entrou na cozinha e pegou as waffles congeladas do freezer. As esquentou e em poucos minutos nós as estávamos comento com calda de morango silvestre.

-Aprovado como cozinheiro? – perguntou.

-Aprovadissímo – sorri.

-Ótimo, talvez tenha que procurar um trabalho que não seja ser caçador de sombras – constatou.

-Por quê? Não gosta do que faz?

Sebastian suspirou.

-Não é isso Clary, eu causei muito mal as pessoas que me acolheram aqui e ninguém além de Isabelle, Maryse e Max me querem por aqui – disse – Jace me despreza, Alec me odeia, Robert queria me matar e Simon, bem ele é indiferente.

Havia uma dor na voz de Sebastian.

-Todo erro merece ser perdoado – disse tentando fazer ele se sentir melhor.

-Eu quase matei Max mas, o garoto me trata como se eu fosse um irmão, eu xinguei e machuquei Isabelle mas, ela tem sido minha amiga, eu quase matei os filhos da Maryse e mesmo assim ela tem sido minha mãe – explicou.

-E porque fez tudo isso?

-Valentim é o meu pai, ele era um péssimo homem e matou muita gente – sim, eu sabia disso ele matou o meu pai mas, fiquei quieta – Ainda na barriga da minha mãe ele injetou sangue de demônio em mim, por isso comecei a agir  e ser como eles eram. Mas, quando Raziel matou Valentim de algum modo o sangue de demônio se amenizou nas minhas veias, como se fosse um encanto e eu voltei a ser o Sebastian que eu queria ser.

-E a sua mãe? Nunca lhe procurou?

Ele sorriu e parou de comer o waffle.

-Dizem que ela tinha medo de mim e com razão, não é Clary? Que mãe quer que o filho seja um demônio? Ela se separou do Valentim e se casou novamente com o membro do submundo, sei que se chama Jocelyn e nada além disso – explicou – Meu pai não falava sobre ela e ninguém mais a viu depois que foi embora de Idris.

-Sebastian, para mim nada justifica a mãe deixar um filho. Um filho é algo fantástico, um presente e querendo ou não as mães deveriam nos amar e cuidar de nós não é mesmo?

Ele concordou comigo.

-Sua mãe cuidou de você assim?

-Eu não a conheço, éramos só eu e meu pai até ele ser morto e depois uma mulher me levou para Londres e depois me jogou naquele hospital psiquiátrico sozinha – expliquei – Eu tento pensar que ela me ama e que tinha motivos para não me querer mas, nunca os encontro.

Sebastian pegou minha mão na mesa e sorriu.

-Clary, eu sou um monstro ou pelo menos estou tentando deixar de ser um, mas você é uma garota especial e sua mãe é uma tola por deixá-la largada em um lugar sozinha. E você nem precisou dela para ser especial.

-Eu não sou nada Sebastian, um nada sem ninguém – disse e lágrimas queriam sair dos meus olhos, mas não as deixei sair.

- Doce Clary, qualquer um que tiver a honra de estar na sua companhia já é um grande homem, espero que um dia sua mãe perceba os erros que cometeu.

Nós ficamos em silêncio por alguns minutos apenas nos olhando, não sabia por que Jace tinham tanta raiva de Sebastian ele só precisava de alguém para conversar.

-Gostaria de dar um passeio na biblioteca? – perguntou – Falar sobre pais não é um assunto muito bom. Não para nós dois.

-É tem razão – concordei sorrindo.

Quando nós íamos sair, Jace, Isabelle, Alec e Max entraram saltitando pela porta conversando alegremente.            Aposto que eles estavam em algum tipo de reunião de caçadores de sombras ou algo assim. Logo que Jace me viu com Sebastian fechou a cara.

-Bom dia Clay, Bom dia Sebastian – disse Max.

-Bom dia Max – dissemos eu e Sebastian ao mesmo tempo.

-O que vocês estavam comendo? – perguntou Isabelle.

-Waffles – disse.

-Sabe cozinhar?

-Não, Sebastian é quem sabe – constatei – Bom dia para você também Jace.

Ele apenas deu de ombros, parecia estar preocupado e cansado. Ele saiu da sala e eu olhei para Isabelle, que com os olhos instruiu que eu fosse atrás dele, me levantei e caminhei atrás de Jace.

-Está tudo bem Jace? – perguntei ao alcançá-lo.

-Sim, está tudo ótimo – disse continuando a andar.

-Para de mentir – disse pegando em sua mão – O que aconteceu?

-É só que... Ele quer tirar todo mundo de mim – falou, imediatamente sabia que ele se referia a Sebastian – Primeiro meus pais, depois meus irmãos e agora você, será que ninguém vê que ele é um monstro?

-O Sebastian não é um monstro – disse.

-Viu até você acha isso.

Nós estávamos no meio do corredor, ninguém podia nos ver ou nos ouvir.

-Ele só é mal compreendido, só precisa de alguém com quem conversar...

-Ele leva todo mundo na conversa, todo mundo Clary – disse Jace – Sebastian não é bonzinho e nunca vai ser, ele não merece essa chance, ele não merece ter um lugar para morar.

-E eu Jace? Acha que eu mereço?

-Clary, você não é um monstro e muito menos uma psicopata como ele.

-Você não me conhece, não sabe o motivo pelo qual fui presa lá dentro sabe?

-Mas, você não é assim eu sinto isso.

-Ele só precisa de amigos como eu preciso, excluí-lo e o que o faz querer ser um monstro – disse.

-Não seja estúpida, não se compare a ele – disse Jace.

Logo começaríamos a gritar, Jace era cético e só via o lado bom das coisas no que ele queria caso contrário ele excluía e desprezava como estava fazendo com Sebastian. Eu sabia que o garoto podia ter errado mas, se estava aqui agora era por que tinha se arrependido.

-Eu o odeio, não quero que ele tire as coisas boas que eu tenho na vida.

-Você tem medo de ser esquecido Jace, mas acredite ninguém o esqueceria é impossível – sorri – Você é o Jace e ele o Sebastian, talvez quem devesse parar com as comparações fosse você.

Jace não disse mais nada, apenas saiu andando e me deixou sozinha no corredor. Voltei para o meu quarto e me joguei na cama, ela era macia e confortável diferente da do hospital. Fazia uma manhã gostosa mas, eu queria ficar aqui um pouco.

[...]

Havia pegado no sono, acordei passava das três da tarde. Só abri meus olhos porque Isabelle entrou no quarto sorrindo ao lado de Simon.

-Pois não? – perguntei sonolenta.

-Nós vamos ao Taki’s quer vir?

-Não, quero dormir – disse colocando o travesseiro na minha cabeça –Obrigado.

-Qual é Clarissa vai ser legal – disse Simon.

-Valeu gente mas, eu quero ficar aqui.

Eles sairiam do quarto finalmente e só depois de uma hora deitada é que eu me levantei. Comecei a andar novamente pelo instituto fazendo um tour, era tudo tão igual e diferente ao mesmo tempo.

Não encontrei Jace, Max ou Sebastian. Mas, enquanto andava vi Alec e Magnus de mãos dadas saindo do Instituto. Andei até uma sala principal, me sentei nos sofás e fiquei observando ao meu redor.

-Novamente sozinha Clarissa? – perguntou Sebastian ao entrar na sala.

-Parece que sim – respondi.

-Gostaria de conhecer a biblioteca agora?

-Claro – disse.

Andei até ele e nós começamos a andar tranquilamente.

-Sabe onde está Jace ou o Max? – perguntei.

-Não faço ideia – deu de ombros.

Nós fomos até a biblioteca e realmente era um lugar lindo. Adorável e tranquilo. Havia muitas prateiras e até uma escada que dava para o seu segundo andar, parecíamos estar em um filme antigo.

Ele me mostrou alguns livros e em um deles encontrei meu pai, ele estava ao lado de outros caçadores de sombras em uma foto.

-Esse é o meu pai – apontei para a foto maravilhada.

-Michael Wayland – disse – Era um caçador conhecido, antes as pessoas achavam que ele era pai do Jace. Sabe não entendo como vocês dois podem ter sido confundidos.

Nós víamos livros e fotos e mais fotos, notei que eu e Sebastian estávamos mais próximos do que eu gostaria que estivéssemos. Eu não queria que ele pensasse que eu era uma oferecida, ainda mais quando eu só conseguia pensar em Jace.

-Você é tão linda Clary – sussurrou.

Não falei nada, Sebastian passou a mão pelo meu rosto colocando meu cabelo atrás da minha orelha, ele era incrivelmente bonito mas, não era o Jace. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para ele se afastar Jace apareceu na sala, a proximidade em que estávamos aparecia que tínhamos acabado de nos beijar e foi exatamente isso que Jace pensou.

-Sinto muito – disse para Sebastian enquanto sai correndo atrás do Jace.

Ele corria muito mais rápido mas, eu o alcancei.

-Jace, pelo anjo ande mais de vagar – disse cansada.

-Clary pode me deixar em paz?

-Não aconteceu o que você pensou que aconteceu.

-Ah, então você não estava colada a Sebastian? Não o beijou?

-Não – respondi.

-Mentirosa.

-Não me chame de mentirosa – esbravejei – Você é quem está com ciúmes.

-Ciúmes de você? – riu sarcasticamente – Já se olhou no espelho?

Seja lá o que ele realmente quisesse dizer com isso o deixei sozinho no corredor.

-Clary, desculpe não foi isso que eu quis dizer – disse enquanto corria atrás de mim.

-Ah, Jace me deixe em paz você agora está bem?

-Eu não quis dizer aquilo

-Jace, diga o que você quer dizer – reclamei – Sou grata por ter me tirado daquele lugar mas, você não pode sair por aí dizendo o que quer dizer para mim porque eu não quero saber.

-Vá correndo para o Sebastian então, quem sabe ele não diga às mentiras que você quer ouvir?

-Seu idiota – xinguei e sai andando

[...]

Jace não falou mais comigo pelo resto do dia, nem no jantar, nem na sala de música, nem em nenhum outro momento. Ele tinha começado uma briga por causa do Sebastian, só porque eu tinha conversado com ele.

Fui para o meu quarto, logo peguei no sono e mesmo estando um tanto magoada com o Jace ele não saía dos meus pensamentos.