POV Jake

Passei o Natal sozinho. Para dizer a verdade nem me lembrei que era Natal. Ficava em casa nos períodos de folga, estava muito frio, então eu parei de ir ao penhasco.

Eu tinha algumas fotos dela, que tiramos nas Ilhas Canárias e algumas nos passeios que fizemos. Havia colocado no meu notebook, então eu ficava em frente à lareira só olhando as mesmas fotos duzentas vezes por dia. Eu estava muito deprimido, mas não estava a fim de ver ninguém.

Me levantei para ir na cozinha buscar algo para comer e Dora estava ao telefone, ela só chorava e pedia para voltar, implorava para voltar. Perguntei com que ela falava e ela me disse que era com Vanessa, rapidamente peguei o telefone e pedi para ela voltar, o telefone estava mudo. Ela não queira nem ouvir minha voz. Meu Deus, por um segundo foi como se eu a visse em minha frente. Fechei meus olhos, meu coração acelerou, porém desliguei o telefone já chorando. Fazia tempo que eu não chorava mais.

Dora me falou da tal caixa e também que ela pediu para doar as roupas que ela havia deixado para trás por que ela não voltaria. Disse para Dora que não era para fazer isto, mas fiquei encucado com a tal caixa que ela falou. Me dirigi até o antigo quarto dela, entrei no closet e comecei a procurar. Encontrei em cima, muito em cima, nem sei como ela fez para colocar esta caixa lá. Fiquei com medo do que iria encontrar ali, mas mesmo assim abri. Hoje eu desvendaria seu mistério.

Encontrei o diploma da faculdade, estava no nome de Renesmee Carlie McCullen . Opa, eu conhecia aquele sobrenome. Prima Rose era casada com um McCullen. Era isto, King, o sobrenome que ela usava e que eu sabia que conhecia, mas não lembrava de quem era, Tio Royce, o marido de minha tia Renata. Oh, meu Deus. Eu conhecia a família dela, inclusive devia conhecer seus irmãos, seus primos. Ela morava na Escócia, mais especificamente em Inverness, onde tia Rose tinha a revenda e oficina Blacks. Jane e Alec a conhecem muito bem!

Tinham várias cartas, li todas. A família dela era muito unida, os clãs era unidos como as famílias Quileute. Mas por que ela não havia me contado quem ela era? Ela não confiava em mim. Na verdade eu nem sei se ela chegou a me amar, afinal ela nunca disse isto. Será que ela mentiu quanto ao nosso relacionamento também? Sei lá, já que ela não me contou nada, não confiou em mim o suficiente e ainda por cima, nem queria falar comigo, resolvi deixar as coisas assim. De repente procuraria saber dela, mas eu deixaria tudo nas mãos do destino, se assim ele quisesse, nos encontraríamos um dia. Isso tudo me deixou arrasado.

Disse a Dora para não mexer em nada. Às vezes eu ia para lá, confesso que já até dormi naquele quarto, por que o cheiro dela ainda existia ali. Porém cada vez menos esperanças eu tinha.

Conversei muito com minha mãe e contei tudo para ela. Liguei para tia Renata e prima Rose e conversei um bom tempo com elas. Disse que havia descoberto agora quem ela era. Que havia ficado muito mal por ela não ter confiado em mim. A Rose me contou o porquê de ela ter fugido, fiquei chocado em como as pessoas podem ser tão maldosas. E confirmei o porquê de ela ter me deixado, já que Jane é filha dela. Rosalie também me contou que ela estava morando em Aberdeen, trabalhando lá. Ela me perguntou se eu iria procurá-la e eu disse que não sabia. Ela havia decidido ir, ela tinha que decidir voltar. O máximo que eu poderia fazer era pensar em alguma forma de pelo menos nos vermos. Eu precisava vê-la. Rose disse que eu deveria procurá-la. Perguntei por que, mas ela não me disse, só disse que se eu precisasse de ajuda, ela com certeza ajudaria. Me contou inclusive que um primo dela era apaixonado por ela, mas que ela tinha deixado bem claro que não estava interessada, inclusive indo morar em outra cidade, deixando relacionamento com outras pessoas fora de cogitação e que ele também havia vindo embora para Nova York. Respirei aliviado com isto, disse que iria pensar e que manteria contato com ela para saber de notícias. Ela me disse também que ela estava usando uma aliança e perguntou se fui eu quem deu. Eu confirmei que havia dado uma aliança para ela.

Me senti bem depois desta conversa toda. Iria pensar em uma forma de vê-la pelo menos, mas tinha que dar um jeito de tudo ser meio por acaso, pois não queria dar a impressão que estava atrás dela, afinal não sabia realmente nada, desde o que ela sentia quanto ao que levou ela a estas atitudes. É claro que a Rose me falou, mas ela deve ter os motivos dela e às vezes estes motivos não são os que as pessoas a volta pensam. Eu teria que ouvir tudo dela.

POV Renesmee

Estávamos em fevereiro, eu não tinha mais ido para Inverness, quando eu conseguia alguns dias seguidos de folga, dava a casualidade de os aeroportos estarem fechados devido a neve e tempo ruim. Eu estava com cinco meses de gravidez e estava tudo bem. Resolvi que ligaria para ele, ele estava de aniversário, eu estava com saudade de sua voz e conforme ele reagisse ao telefonema, marcaria alguma coisa, quando o tempo melhorasse para encontrá-lo e contar sobre a gravidez. Eu não queria dizer a ele por telefone que ele seria pai, não era um assunto para se tratar assim, friamente e a distância, até porque tínhamos vários assuntos para tratar, eu teria que expor tudo a ele, me expor.

Estava um dia muito frio, estava enrolada no sofá, vendo tv. Ninguém sabia que eu estava grávida ainda, pedi ao Anthony para resolver as coisas primeiro com o pai do bebê, para depois falar com a família, ele foi contra, mas eu o convenci e continuei levando ele com enrolações.

Peguei o telefone e disquei aqueles números que eu nunca esqueceria. Quem atendeu foi Sarah.

– Olá, Sarah! É Ness! Como vocês estão? E o Jake? Ele está de aniversário hoje, não é??? Gostaria muito de conversar com ele.

– Olá, Ness! Nós estamos bem, o que já não posso falar de Jake. Bem, Ness, ele não está! Levaram ele na marra para um lual de comemoração de aniversário. Também se não fizessem isto era provável que ele não saísse, já que nem natal, nem ano novo, nada, ele quis pessoas por perto ou comemoração de alguma forma. Mas na verdade eu gostaria de saber quando você pensa em resolver estas coisas todas por aqui, Renesmee???

– Co-como assim, Renesmee??? Você sabe então quem eu sou???

– Eu sei, Jake também sabe. E por estes e vários motivos ele não há procurou, inclusive ele já soube que você já tem noção que não existiu outra pessoa, ou sequer um bebê que seja! E que nem assim você o procurou. O que você pensa? Para que procurá-lo agora se não o fez antes? Você não acha que já fez ele sofrer demais? Ah, a verdade é que você nem sabe o que ele sofreu, não estava aqui para ver, ouvir e nem chance deu a ele de explicação nenhuma. Não entendo você!!!

– Por favor, Sarah! Eu sei de meus erros, por favor, estou sofrendo muito, mas não tenho coragem para resolver nada por enquanto, estou com um sério problema. Assim que eu conseguir me organizar, eu juro que vou procurá-lo, contar tudo, esclarecer tudo o que ele quiser saber. _ disse já chorando e me sentindo cada vez pior com tudo o que havia acontecido... e por minha culpa, só minha!

– Ele encontrou a caixa e os vários documentos particulares que estavam nela. Ele já descobriu tudo, quem você é, quem é sua família, inclusive o porquê de você ter fugido de casa. Ele ficou muito magoado por você não ter confiado nele, ele nunca imaginou que você estava omitindo coisas dele, eu sim já desconfiava e inclusive falei para ele, mas ele não quis acreditar. Ele disse ainda que se você foi embora, sem nem falar com ele era por que você não o queria mais, então ele não teria por que te procurar, ele disse que teria que te esquecer. Inclusive disse que se o motivo de você ter ido embora era aquele que ele já desconfiava, a gravidez de Jane, você não havia confiado também no que ele sentia por você, que se você decidiu ir, você teria que decidir voltar, isto se você quisesse, coisa que ele acha que se você o amasse, já teria feito!

Eu estava chorando tanto, mas tanto, que eu não conseguia nem falar. Então eu escutei aquela voz!

– Ness!!!! Renesmee!!!

Quando ouvi a voz dele ao telefone, quase tive uma síncope!

– Por que você não confiou em mim? Nem no meu sentimento você acreditou! Por que?? Por que, Ness???

– Me-me des-desculpe, por favor!!! _eu nem conseguia falar direito.

Eu só chorava...e pedia desculpas.

– Se acalme, respire, eu não vou a lugar nenhum. Você sabe onde me encontrar, se resolva com seus problemas, se é isto que você precisa, te dou este tempo. Quando você achar que dá, que consegue, me procure, eu não vou procurá-la. É você quem deve fazer isto, afinal foi você quem fez tudo o que fez. Me ligue, apareça, se quiser, é claro, eu vou ficar esperando, com certeza, quero esclarecer tudo com você. Só assim poderemos seguir nossas vidas.

– Por favor, eu não mereço que você seja tão bom comigo!

– Eu amo você, Ness, de verdade. Mesmo sem ver você, eu me apaixonei....

Neste momento eu desliguei o telefone. Foi a primeira vez que ele disse isto, eu não conseguia parar de chorar, tentei me levantar para beber um copo de água, acabei por escorregar do sofá ao chão, tentei me levantar, mas a dor não deixava. Neste momento, parecendo até que foi mágica, meus pais chegaram em minha casa. Quando eles viram meu estado, o sangramento, chamaram o socorro, eu perdi a consciência. Quando acordei estava em um quarto, marfim, decorado com flores, mas era um quarto de hospital. Imediatamente levei minhas mãos ao ventre. Ainda estava lá, que alívio! Meu irmão se aproximou, me examinou e chamou alguém no lado de fora. Todos invadiram meu quarto. Estavam meus pais e meus irmãos. Eu estava internada desde o dia anterior.

– Quando você pensava em nos contar sobre isto? _ gesticulou meu pai em direção a minha barriga.

– Papai, me desculpe! Me desculpem todos vocês! Só o Thony é quem sabe, pedi a ele para não contar a ninguém. Tenho que tentar resolver tudo com o pai do bebê, primeiro com ele é que tenho que conversar, na verdade, contar tudo, esclarecer tudo, ele nem sabe meu nome de verdade, ou sabia antes.

– Bem, entendo. Mas aqui, sozinha, longe, você não fica mais, até por que você está com um descolamento de placenta e se não cuidar, fizer monitoramento, os bebês podem se prejudicar muito, pode até ser fatal para eles.

– Bebês?

– Sim, são gêmeos. Você não sabia?

– Não apareceu na eco! Ok, vou providenciar tudo para voltar com vocês, vou precisar de ajuda. Não conseguirei sozinha.

Eu acabei saindo do hospital somente dois dias depois. Meus pais providenciaram as bagagens, venderam minha casinha, que eu amava tanto, mas que fazia eu me sentir um tanto quanto sozinha. Thony já havia conversado com o diretor do hospital, por indicação do diretor do hospital de Inverness, explicou minha situação, pediu minha dispensa e ficou tudo certo, estava dispensada, mas com mais uma excelente carta de recomendação, mesmo tendo trabalhado por tão pouco tempo naquele hospital, eles tinha gostado muito de meu serviço, de minha atenção, do meu carinho e cuidado com os pacientes.

Eu não conseguia pensar em mais nada. Era somente culpa, dor, saudade, tristeza. Ele não acreditava que eu o amava pelo fato de que havia omitido quem eu era e também por que eu acreditei no que eu ouvi, sem nenhuma chance de explicação da parte dele. Anthony me perguntou se eu disse que o amava, pois às vezes a falta de comunicação acaba com um relacionamento. E eu me dei conta que eu não disse. eu nunca disse a ele "eu te amo".

Eu estava me sentindo péssima, finalmente eu estava entendendo que pus tudo a perder por que não confiava. Eu não confiava em mim mesma para despertar o amor do Jake, eu não confiava nele, nos sentimentos dele. Eu não confiava em nada e nem ninguém. Isto me deixou tão deprimida que minha mãe notou. Ela veio conversar comigo.

– Ness, eu não acredito que ele não gostasse de você, minha filha. O pouco que o conhecemos e ouvimos Rose e Renata falar, inclusive Jane falar, nas poucas vezes que a vemos, não condiz com um homem que se envolve com alguém por nada. Ele sempre foi muito amoroso com a família, sempre foi muito querido por todos, sempre foi muito apegado a família. Não acredito que ele tenha brincado com você! As pessoas o admiram muito! Ele é muito jovem, mas não é um moleque.

– Eu sei, mamãe, mas não são assuntos que posso resolver por telefone. Ele já sabe quem sou, ele já descobriu tudo e ficou muito magoado. Ele está esperando que eu vá procurá-lo, mas agora é impossível. Tenho que pensar nos bebês, eles em primeiro lugar, não posso arriscar mais nada.

– Te entendo e te apoio. Mas você não quer que eu ligue e peça para ele vir aqui?

– Não. Ele deve estar se preparando para a volta as pistas, depois de todo este tempo seria muita crueldade minha atrapalhar este retorno que é tão esperado pelos seus familiares, amigos, fãs e até eu mesma.. Não posso fazer mais isto com ele, assim que eu conseguir organizar as coisas, resolver estes probleminhas, eu juro que vou procurá-lo. Falta muito pouco agora e fazer tudo as pressas não será bom para ninguém.

– Você é quem sabe. Qualquer coisa me peça. Estarei sempre por perto.

Mas a depressão estava me abatendo demais, eu sabia disto, mas eu não conseguia sair desta tempestade que eu havia feito em minha vida.

Eu não liguei mais. Eu não estava preparada para isto. Nem fisicamente e muito menos psicologicamente. Não sei se iria aguentar ver ele e saber que estamos separados por minha culpa. Eu até achava que ele poderia estar esperando minha ligação, afinal ele não sabia que eu estava grávida e nem que tinha passado mal e quase perdido os bebês.

Acabei por descobrir que sou covarde, muito covarde. O meu maior medo era que ele quisesse meus bebês, mas não a mim, por tudo o que fiz. Sei que ele não me separaria deles, mas eu não sei se conviver com ele sempre por perto por causa dos bebês não me torturaria demais. Ver ele sendo tudo aquilo que ele era comigo antes de eu fazer toda esta bobagem e agora não ter, seria como me matar todos os dias.

Nesta confusão toda passou mais um mês, já estava se aproximando o sétimo mês. As corridas começariam no próximo fim de semana e ele voltaria às pistas. Para piorar meu estado de nervos a corrida seria em Silverstone, Inglaterra.

Se por um lado eu estava apavorada com a possibilidade de vê-lo, quem sabe ele iria até Inverness me ver, eu também estava morrendo com a possibilidade de ele não querer me ver. Qualquer uma das possibilidades me colocava em uma situação muito delicada. E ele mesmo disse que era eu quem deveria procurar.

Ainda assim fica a pergunta: se eu nunca mais liguei para ele, por que ele viria me ver? Ou ele viria assim mesmo?