Sentada em minha cama. Olhando para o revólver que Atena guardava muito bem em seu quarto. Para variar ela não estava em casa.

Não. Eu não podia fazer isso.

Me levanto pego uma mochila e boto apenas o essencial. Pego minhas economias. E saio de a pé na noite fria. Ainda usando o vestido um pouco surrado devido a luta com Rachel e ainda usando os sapatos de salto agulha. Na cabeça ainda a coroa de rainha do baile. As flores na escrivaninha de meu quarto. A maquiagem borrada de tanto chorar.

Eu iria embora. Não precisa de Atena para mandar em mim. Eu sabia me virar. Nada mais me prendia a esta cidade, a esta vida de menina minada.

Minha família morta. Meu namorado em uma cama de hospital. Minha mãe não se importava comigo. Meus amigos seguiriam em frente.

Vou para rodoviária e compro uma passagem qualquer, não me dou o trabalho de olhar para onde estou indo, apenas quero sair daqui.

Me sento no chão mesmo para esperar o ônibus e fico pensando. O que Rachel queria dizer com aquilo? Será que um dia Percy se recuperaria? Será que um dia voltarei a Nova York?

Lembro do dia em fui embora para São Francisco...

“-Tchau Thalia. – Falo me despedindo e entrando em casa.

Subo direto para meu quarto e tiro aquele vestido sujo, tomo um banho demorado.

E só quando começo a procura-lo percebo que provavelmente tinha deixado a bolsa com o celular cair na festa. Droga, meu celular.

Me deito na cama e começo a chorar. Por que ele tinha feito isso?

Eu tinha que fazer algo.

Acordo cedo no outro dia, me levanto e vou direto para o quarto de Atena.

– Mãe acorda!

– O que foi Annabeth? – Fala ela sonolenta.

– Eu queria conversar com você, é sério.

– Pode falar agora que já me acordou.

– Eu... queria voltar para São Francisco.

– Como? Mas... filha você não estava feliz?

– Bem, eu não sei como explicar, mas estou feliz, é bom passar um tempo com você, mas sinto falto de papai, da minha família.

– Está dizendo que eu não sou sua família?

– Não, mas é que sinto falta de uma família grande.

– Se é o que você quer... Mas não prefere pensar mais um pouco?

– Não, prefiro embarcar hoje.

– Mas tão cedo... Vou sentir saudades da minha princesinha aqui comigo. – Fala ela me abraçando.

– Vou vir te visitar sempre que puder, juro.

– Então tudo bem, acho que pode ir arrumando suas coisas.

***

– Me ligue quando chegar lá! – Fala Atena no aeroporto.

– Claro.

Dou adeus a Nova York. Digo adeus ao sofrimento.”

O ônibus chega, mas na hora que vou embarcar alguém aparece.

– Espere!

Era Nico.

– Olha Nico eu tenho que ir. – Digo descendo do ônibus e o abraçando.

– Tenho uma coisa para te contar.

– Não quero saber. Por favor. Deixe eu ir.

– Não, espere!

– Adeus. – Me viro e subo no ônibus.

– Ele acordou!

Realmente não sei o que pensei, mas fui rápida o suficiente para sair do ônibus antes que as portas se fechassem.

– Como?!

– Ele quer falar com você.

Nico estende o celular para mim, não sabia o que fazer. Boto o celular na orelha.

– Achou que ia escapar tão fácil de mim?

Era a voz dele. Era ele. Era as palavras que eu tanto queria ouvir.

– Percy.

– Sabidinha.

– Cabeça de Alga.

– Annabeth, meu amor.

– Percy, meu amor.

– Quero sua presença aqui e agora em meu quarto de hospital.

– Estou a caminho.

E realmente a essa altura eu estava correndo para fora da rodoviária com Nico correndo atrás de mim como se eu fosse uma criança em um super mercado cheio.

Eu estava mais feliz do que nunca.

Entramos no carro e ele atravessa a cidade as pressas.

Fecho os olhos e imagino tudo o que passamos. Mas agora estamos aqui.

Não me lembro de termos passado pela recepção, só sei que estou na porta do quarto. Sei que estou jogada em cima dele na cama de hospital. Só sei que sinto um conforto único em seus braços.

Meu. Agora ele era só meu.

Meu Percy. Meu amor. Minha vida. Meu motivo de sorrir.

– Eu te amo. – Fala ele.

– Eu te amo. – Respondo.

Quando eu finalmente estou mais calma podemos conversar direito.

Só então noto a presença de Poseidon, Sally e Thalia que também sorriam.

Bem, Percy acordara simplesmente, como se tivesse passado os últimos meses tirando um cochilo. Era um milagre. Ninguém sabia o que pensar. Só sabiam que estavam felizes.

Com calma contamos tudo o que aconteceu no baile, Poseidon ficou vermelho de raiva quando soube que foi ela que os afastou, mentindo sobre todas as ligações, fazendo de tudo para que Percy odiasse o pai.

Mas todos estávamos felizes. Ele estava bem. Tínhamos Percy de volta.

Agora para sempre.

E foi assim que terminou a noite do baile.