Capítulo 2 - E a profecia se repete

Remo acordou ao ouvir algumas batidas na porta de sua cada. Ao sair de Hogwarts, havia juntado dinheiro e junto com Sirius, conseguiu comprar uma pequena casa onde ambos moravam.

Era perto o suficiente da floresta, assim como da cidade.

Levantou-se resmungando e coçando os olhos, sabia que Sirius não se levantaria para abrir a porta, ou poderia até mesmo nem estar na casa.

Resmungou mais uma vez e desceu as escadas, ouvindo alguém bater em sua porta incessantemente.

–Quem é? - perguntou com a varinha em riste, do outro lado da porta.

–Qual é Aluado, vai fazer essa até comigo? - perguntou Tiago, mas como não recebeu resposta, bufou e em seguida disse: - Tiago Black Potter, um dos Marotos, mais conhecido como Pontas, ou como o Sirius fala: Veado.

Remo riu antes de abrir a porta, sabia que Tiago odiava admitir isso. O moreno passou pelo amigo bufando assim que a porta foi aberta.

–Isso é um milagre. - comentou Tiago, jogando-se em uma poltrona.

–O que é milagre?

–Isso estar arrumado. - respondeu gesticulando a sala.

–Mia fez um bom trabalho. - comentou baixo, mas não baixo o suficiente para Tiago não ouvir.

–Mia? - perguntou inquisidor, levantando-se no mesmo instante e caminhando em direção ao Lobisomem, que no momento se xingava por ser tão idiota. - Quem é Mia?

O moreno de olhos âmbar foi salvo de responder essa pergunta ao ver uma ave entrando pela janela. Mas não era uma ave comum, era uma Fênix. Especificamente Fawkes.

–O que o diretor quer com você? - perguntou Tiago, não recebendo resposta.

A Fênix pousou suavemente no topo da poltrona, que antes o moreno de óculos ocupava. Olhou para Remo e em seguida mostrou-lhe algo preso à sua pata.

Rapidamente Remo se aproximou da ave que sempre lhe impressionou e desamarrou o pergaminho. Fawkes soltou um chiado baixo antes de sair em disparada pela janela.

–O que houve? - Tiago perguntou, vendo o amigo ler o pergaminho.

–Dumbledore quer falar comigo. - respondeu Remo vagamente, guardando o pergaminho no bolso da calça surrada de seu pijama.

–Só isso? - Tiago voltou a indagar.

Remo respirou fundo, sabendo que Tiago não desistiria tão cedo, mas infelizmente não poderia lhe contar nada do que estava acontecendo.

Então respirando fundo mais uma vez ele respondeu, parecendo tremendamente confiante. - Sim, só isso.

XxX

Remo desaparatou na pequena floresta que tinha próximo ao bairro trouxa, que era seu destino desta tarde. Caminhou mais um pouco até sair em uma praça.

Pôde ver ao longe, uma mulher sentada em um dos balanços. Balançava pra frente e para trás suavemente, seus pés ainda tocando o chão.

Tinha os cabelos num tom castanho, com alguns fios meio loiros, completamente cacheados, que voavam para todos os lados a cada balançada que ela dava.

–Pensei que não ia vir mais. - a garota disse ainda de costas. Sua voz era aveludada, mas tinha um leve ar de mandão nele.

–Me desculpe, tive que desviar do Tiago e do Sirius antes de vir. - respondeu Remo, sentando-se no balanço ao lado da garota.

–Eu sei bem o quanto o Sirius pode ser chato. - riu a morena.

–Ainda é meio estranho isso de você conhecê-los no futuro. - Remo comentou.

–Eu também te conhecia, Remo. Ou devo dizer Professor Lupin? - a morena perguntou virando-se para ele. Seus olhos eram num tom de chocolate intenso.

–Não, muito obrigado. Só Remo está maravilhoso. - respondeu fazendo-a rir.

–Imaginei. - sorriu de leve. - Enfim, te chamei aqui, pois preciso que diga algumas coisas à Dumbledore.

–Me desculpe intrometer, mas porque você mesmo não fala com ele? Não que eu não queira, mas é meio estranho. - refletiu o Lobisomem.

A garota suspirou, voltando a olhar para longe. - Eu não posso me revelar agora, Remo. Apenas você me conhece e porque eu te procurei. Sempre soube que seria o único a confiar em mim plenamente.

–Tudo bem. Eu entendo. - Remo suspirou. - Sou todo ouvidos.

XxX

–Remo, meu caro. - cumprimentou Dumbledore, parado às portas do castelo, que estava estranhamente silencioso.

Mas é claro que estava silencioso. Era tempo de férias, todos estavam em suas casas, ou viajando por todos os cantos possíveis do planeta.

–Boa tarde, professor. - cumprimentou parando em frente a seu antigo diretor.

–Siga-me Remo. Tenho algo importante a lhe dizer, e algo me diz que você é a única pessoa com quem posso contar nesse momento. - Dumbledore disse, antes de virar-se de costas e caminhar em direção a enorme construção.

Remo se sentiu imensamente reconfortado ao entrar no castelo mais uma vez. Era como a sensação de voltar para casa. Hogwarts foi seu lar por sete anos seguidos.

Caminharam em silêncio até as gárgulas, que davam acesso a Sala do Diretor. - Varinha de Alcaçuz. - proferiu o diretor, e em seguida as gárgulas giraram, liberando a escada.

Entraram juntamente na sala, que continuava do meso jeito que Remo lembrava. Fawkes estava em seu poleiro e piou alegremente para Remo assim que o viu.

–Olá Fawkes. - cumprimentou Dumbledore, acariciando as penas sobre a cabeça da ave, que parecia a beira da morte. - Remo adorará ver o espetáculo.

E mais uma vez o diretor estava certo. Uma das criaturas mágicas que Remo mais achava interessante depois dos Grifos, e dos Dragões, eram as Fênix.

Simplesmente inacreditáveis. Quando estão perto da morte, entram em combustão e renascem das próprias cinzas. Deve ser um espetáculo realmente impressionante, mas não estava ali para isso.

–Eu lhe chamei aqui essa tarde, Remo, para te dizer que estava completamente certo. E também para lhe agradecer. - começou Dumbledore, sentando-se em sua cadeira. - Sente-se, por favor.

O Lobisomem sentou-se em uma das cadeiras que se encontravam em frente à mesa do diretor. - Sibila Trelawney realmente disse uma profecia.

– “Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... E o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá o poder que o Lorde das Trevas desconhece... E um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... Aquele com o poder de vencer o lorde Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar..." - citou Remo e o professor assentiu, agora assustando-se com todo o conhecimento que o ex-aluno tinha.

–Onde ouviu isso, Remo? - perguntou suavemente, olhando por trás dos óculos meia-lua. Mia tinha toda a razão, Dumbledore era totalmente controlador.

Remo podia sentir uma pontada em sua cabeça, como se alguém tentasse invadi-la. Na verdade, alguém estava tentando. Dumbledore continuava com o rosto imparcial, mas era obvia sua frustração ao não conseguir entrar na mente de seu ex-aluno.

–Como eu já disse antes, professor. Infelizmente não poderei lhe responder a essa pergunta. Apenas posso lhe dizer algumas coisas, mesmo sendo poucas, são essenciais.

–Pois bem, pode falar.

–Primeiramente, tenho que lhe avisar que Severo Snape pretendia ouvir a conversa e delatar ao Lord das Trevas.

–Imaginei algo parecido assim que vi Aberforth o expulsando do bar. - Dumbledore disse.

–A outra é que Lily está grávida. - continuou, vendo o rosto do antigo professor se transformar me choque, e em seguida abrir um sorriso. - Assim como Alice Longbottom.

–Ora, isso é maravilhoso. - Dumbledore disse energeticamente, parecia até mesmo anos mais jovem.

–Sim, mas nem tanto assim. - Remo disse em meio a um suspiro. - É claro que estou feliz com a gravidez da Lily. Afinal, é minha melhor amiga, mas...

–Qual o problema, Remo? - perguntou Dumbledore, sua voz voltando para o tom sério.

–Harry é o bebê da profecia. - disparou de uma vez, vendo o espanto de Dumbledore. - Temos que derrotar o Lord das Trevas antes do nascimento de Harry.

–E como faremos isso, Remo. Acredite, é o que eu mais quero há muito tempo. - suspirou Dumbledore.

Remo respirou fundo, pedindo a Merlin que tudo desse certo e disse: - O senhor já ouviu falar em Horcruxes, professor?