Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 9
As Coisas de Dentro


Notas iniciais do capítulo

Gente... Foi difícil começar, mas aí fluiu!
Me senti inspirada, espero que tenha ficado tão bom quanto eu achei que ficou! Espero que gostem!

Allen's POV

(Perdoem os errinhos, capitulo não betado!)



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O som de vidro quebrando me tirou dos meus devaneios matinais. Parecia vir do lado norte do palácio. Me apressei até e o que eu vi tirou meu fôlego. O vidro da janela da biblioteca esteva quebrado e os cacos ainda estavam caindo, mas o pior, Yell estava caído logo ali, sob uma pilha de neve como se ela tivesse se juntado abaixo dele de propósito criando um cobertor fofo para amortecer a queda do Escolhido. Me coração pareceu parar. Em seguida acelerou como seu eu estivesse correndo uma maratona e corri até ele.

- Yell? Responde por favor! – Havia um corte na testa dele, só um, mas estava sangrando muito e eu estava ficando cada vez mais preocupado. Olhei ao redor, olhei na direção da janela mas não havia ninguém. E ninguém parecia ter ouvido também, não que eu estivesse surpreso, o castelo era enorme, e a maior parte da corte e todos guardas estavam paparicando a princesa de Fogo.

O sangue tingia de escarlate a neve pura, e eu estava começando a ficar realmente assustado. Ele estava respirando de um jeito fraco e entrecortado e não respondia a nenhum dos meu toques. Sem saber muito o que fazer tirei minha camisa preta de guarda e rasguei em tiras, tentando fazer o sangue parar. Meus olhos estavam ardendo e eu estava em pânico, mas eu precisava ser racional agora. Fiz o que me ensinaram de primeiros socorros no treinamento que honestamente achei que nunca ia precisar fazer.

Enrolei a camisa na cabeça dele do jeito que pude e fiquei sem saber o que fazer em seguida. Devia chamar alguém? Buscar ajuda? Resolvi primeiro leva-lo pro quarto e decidir o que fazer a seguida depois. Meio sem jeito peguei ele no colo, o que me lembrou os príncipes pegando as princesas nos contos de fadas, o que foi bem irônico por que o príncipe ali era ele.

Fui me esgueirando silenciosamente pelo palácio, a última coisa que eu queria era que me vissem carregando o príncipe daquele jeito. Minha sorte é que estava tudo estranhamente calmo, para onde todos tinham ido? Levei ele até o quarto e o deitei na cama com todo o cuidado. Fiz um carinho nos cabelos loiros dele e dei um beijo de leve na testa sentindo os olhos arderem de novo. Ele tinha que ficar bem. Ouvi um barulho e quando me virei, Meena estava na porta do quarto. Ela não parecia em choque com o que vira, mas olhava fixamente para Yell.

- O que aconteceu com o príncipe, jovem guerreiro? – Ela perguntou com calma.

- E-Eu não sei, eu o achei assim, juro! Ele deve ter caído eu não sei a janela da biblioteca quebrou eu não sei o que aconteceu e aí eu o trouxe aqui e-... – Eu fui falando tudo de uma vez, sem respirar, de tão nervoso que estava. Ela se aproximou.

- Isso está muito bom. Você que fez? – Ela olhou para mim e eu assenti. – Onde aprendeu?

- No treinamento. Nunca achei que fosse usar os conhecimentos de primeiros socorros, mas...

- Faz parte. – Ela voltou os olhos para Yell. – Ele vai ficar bem. Só está desmaiado, logo vai acordar. Ela soprou de leve e ele começou a respirar regularmente. Olhei pra ela, estava óbvio. Sentindo meu olhar ela apenas assentiu. Sou uma maga da Guilda do Ar.

- Como acabou aqui de babá do... Quer dizer, desculpe. Mas como veio pra cá?

- É uma história muito longa e complicada. Mas eu vim por vontade própria. Praticamente criei essa coisinha quando os pais dele... Bom. Isso ele é quem deve te contar. – Ela fez um carinho no rosto de Yell e se afastou. Fiz menção de sair do quarto, mas ela me impediu.

- Por favor, se não for pedir demais, fique. Ele deve precisar de companinha quando acordar. Todos estão arrumando as coisa para a celebração de recepção. E por favor não conte a ninguém sobre isso. Não precisamos de outro alvoroço no palácio, e isso não ajudaria ele nem um pouco em sua relação com os pais... – Ah, então era isso. Claro que não era pedir demais. Assenti e ela inclinou a cabeça num agradecimento silencioso e saiu do quarto.

Encarei Yell, mais tranquilo depois que Meena tinha feitio sua mágica nele e tudo o mais. Me aproximei da cama de novo e peguei a mão dele, que estava fria como a morte. Comecei a sussurra palavras carinhosas qualquer coisa que me viesse a cabeça.

Depois de um tempo resolvi sair pra tomar um ar por que ele não ia acordar tão cedo e minha preocupação estava me sufocando. Fui para o jardim dos fundos. Mas claro que eu não fiquei sozinho. Ela não ia deixar eu te rum minuto de paz.

- Você está bem? – Wine perguntou com aquele tom apaziguador que eu aprendera a odiar.

- Não. – Respondi sem me virar. – Pode me deixar sozinho agora?

- Não. – Ela se aproximou de mim, pude ouvir seus passos sobre a neve recém caída. Passou os braços ao meu redor do jeito doce de sempre, e eu fui atingido com toda a força por um trem de lembranças. Felizes, em sua maioria, mas já tinham passado. Ela era outra pessoa agora. Tirei os braços dela de mim e me afastei.

- Me deixa quieto Wine.

- Você está assim por causa do príncipe? – Ela perguntou assim, sem rodeios. Não sabia bem ao que ela estava se referindo. Não respondi e acho que o silencio deixou as coisas bem claras. – Ele não gosta de você como eu gosto. – Por que ela não parecia surpresa?

- Eu não espero nada dele. – Eu disse, e de alguma forma era mentira e verdade ao mesmo tempo. Me virei pra ela. – E sinceramente nada de você também. O que existia entre a gente acabou Wine. Aceite isso.

- Só acaba quando eu disser que acaba. – Ela se aproximou mais de mim e não hesitei em me afastar mais uma vez.

- Então é bom que você perceba logo. – O olhar dela estava decidido. Eu já tinha visto esse olhar outras vezes, ela não desistia fácil das coisas.

- Você tem tanta dor dentro de si... – Desviei os olhos. Parecia que ela lia as pessoas. Eu me sentia meio desconfortável com isso. – Me deixa ficar com você de novo, curar sua dor. – Desviei dela e saí antes que ela se aproximasse de novo.

- Não. Por pior que seja minha dor, preciso dela. Ela me faz ser quem eu sou.

*¨*¨*¨*¨*¨

De volta no quarto de Yell eu olhava para ele como se meu olhar ou minha vontade o fizessem acordar mais rápido. Eu rezei para deuses que não acreditava e fiz promessas que não pretendia cumprir, até que finalmente ele suspirou e se mexeu.

Apesar da vontade de sair correndo pra perto dele, fiquei onde estava, com meus olhos presos nele. Yell se mexeu de novo e por fim, abriu os olhos. Sentou na cama rápido, como se tivesse levado um choque e tentou levantar, mas uma súbita tontura o atingiu, fazendo-o se sentar de novo. Dessa fui até ele.

- Ei, ei calma aí... Não pode se levantar tão rápido. – Ele me olhou como se estivesse me vendo pela primeira vez.

- Allen? – Ok, ele não perdera a memória. Isso era bom.

- É, sou eu. Tudo bem?

- Eu não sei. Minha cabeça dói e eu não me lembro de nad-... – Ele levou uma das mãos à cabeça e empalideceu.

- Yell? O que foi? – Ele se levantou da cama dessa vez sem tonturas e foi para o banheiro. Encarou o espelho por alguns segundos. Tirou a bandagem improvisada que eu fizera devagar, fazendo caretas como se estivesse com dor. Tinha parado de sangrar, graças aos céus.

- Você... Você me salvou? – Eu ri sem jeito e baixei os olhos.

- Acho salvar uma palavra muito forte. Só fiz para de sangrar. – Ele estava concentrado no reflexo no espelho examinando o corte.

- Acha que vai ficar uma cicatriz? Algum maluco me jogou da janela da biblioteca. – Aquilo me fez perder o ar.

- O que?! Quem?? – Se bem que eu fazia alguma ideia.

- Não sei, não consegui ver quem era. - Ele abriu a torneira e lavou o corte fazendo caretas. – Ai meu deus, o corte é muito grande.

- Por que está tão desesperado? Você se machucou, acontece. – Mesmo que, por dentro eu estivesse fervendo de ódio e possessão, louco pra torcer o pescoço de quem tivesse se atrevido a tocar em Yelll daquela forma.

- Não posso me machucar, Allen, e absolutamente, não hoje. – Ele suspirou e encontrou meus olhos no reflexo do espelho. – Não sei se você percebeu, mas a realeza não gosta de nenhum tipo de imperfeição. Não no ambiente, não na comida e certamente não nos filhos. Eu tenho uma Recepção pra ir hoje e não posso estar nada menos que perfeito.

- Ninguém é perfeito Yell.

- Bom, deve ser por isso que meus pais me ignoram então. Se eu for ‘ninguém’ então serei perfeito certo? – Aquelas palavras me deram um nó no estomago. Só tinha visto o casal real uma única vez, mas os achara tão bondosos e simpáticos... Mas era Yell que os conhecia como ninguém então resolvi acreditar nele. Os olhos dele se acenderam de repente, numa ideia brilhante.

- Minha mãe. Ela tem uns pós, umas coisas que passa no rosto, acho q pode funcionar.

- Maquiagem? – Perguntei. Ele se virou e me olhou rindo. Incrível como ele conseguia mudar de humor rápido.

- Você conhece essas coisas? Depois eu que sou a menina. – Ele revirou os olhos. – Eu já volto. – Saiu do quarto que nem um furacão. Eu ainda estava meio chocado tentando absorver as coisas que ele tinha dito. Que tipo de pai ia ficar furioso se o filho se machucasse? Exigia perfeição a todo custo? Aparentemente os pais dele.

Yell voltou algum tempo depois com alguns potes nas mãos. Tomou um banho rápido e Meena o vestiu, saindo do quarto pouco tempo depois sem comentar sobre o corte. Se sentou na cama e me chamou.

- Desculpe a demora. Olha, você sabe mexer com essas coisas? – Suspirei e me sentei na frente dele.

- Sei. – Ele fechou os olhos, esperando que eu começasse. Tinha sentado em frente à janela o que dava uma iluminação perfeita. Não que eu estivesse reparando. A rainha tinha um tom de pele parecido com o dele, o que já facilitava muito as coisas. Abri um dos potes e com todo o cuidado passei uma camada de corretivo sendo o mais carinhoso q pude. Ele fez careta mesmo assim.

- Desculpe. – Murmurei. – Está doendo?

- Um pouco. Mas tudo bem. – Continuei e modéstia à parte eu era muito bom.

- Você precisa parar de se mexer. – Disse rindo. Ele fez o possível e quando eu terminei ele se olhou no espelho e um sorriso iluminou seu rosto.

- Meu deus, você é bom. – Eu sorri, ficando sem jeito.

- Obrigada. – Meena abriu a porta do quarto o chamando.

- Alteza, precisa ir ou vai se atrasar. – O olhou e em seguida pousou os olhos em mim.

- Bom trabalho jovem. Você tem excelentes habilidades. – Eu a imitei e inclinei a cabeça em agradecimento. Yell pegou a coroa em cima da cama e a pondo na cabeça correu até a porta. Fez uma pausa e se virou pra mim e com o sorriso mais sincero que eu já tinha visto disse:

- Obrigado Allen. – Assenti, sem saber muito bem à que exatamente ele se referira pelo tom de voz. Parecia algo muito maior do que a simples maquiagem. Senti o peito aquecer e fiquei surpreso ao perceber que aquela era a primeira vez que eu o ouvia usar alguma das palavras mágica (por favor, obrigada, me desculpe, etc) comigo. Tinha sido diferente. Quase mágico de verdade. Encarei a porta pela qual ele tinha acabado de sair e me toquei que talvez tivesse me apaixonado por ele. E talvez isso fosse uma coisa.

Talvez não.




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Notas finais do capítulo

Comentários nesse capitulo em especial me deixaram extremamente feliiiiiiiz >w

Até o próximo! o/