The Cassandra Curse [cancelada] escrita por Marie Caroline


Capítulo 2
– Capítulo 1 –


Notas iniciais do capítulo

Consegui escrever um capítulo :)) - só levou umas quatro semanas LOL. Enfim, eu sei que vocês vão ler e achar que as coisas estão terríveis para Cass. Mas eu garanto que depois vai ficar melhor kkk Ah, quero agradecer a todo mundo que comentou/ leu/ favoritou, significa muito para mim! *abraço forte*



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Cinco meses depois

– Cass?

Meus olhos estavam fixos no mesmo ponto do chão acarpetado marrom quando a voz de minha tia Jane veio da porta entreaberta do meu quarto, e me tirou da apatia. Eu não sabia como ela não se impacientava com o fato de ter que estar constantemente me chamando de volta ao mundo. Ela ainda conseguia sorrir gentilmente como se tivesse apenas me pego em um momento de desatento. Não era desatento. Era eu tentando me desligar do resto inútil que me cercava.

Não que eu quisesse magoar os sentimentos de minha tia, quando ela e o seu marido, Gary, tinham sido tão bondosos em me acolher em sua casa. Mas para ser justa, eu bem que tentei livrá-los dessa função logo no começo. Mas devo ser mesmo importante para eles, por que os dois pareceram extremamente preocupados quando viram a poça de sangue rubi em volta do meu pulso. Até pagaram um tratamento que envolvia terapia e alguns remédios. Para ser justa novamente, os remédios eram as únicas coisas que me proporcionavam alguma sensação real. E como eram meus tios que bancavam essa pequena preciosidade – não que eles desconfiassem que eu estivesse ficando levemente dependente –, resolvi forçar uma reação normal ao responder:

– Sim, tia?

Tia Jane não é muito parecida com minha mãe, sua irmã. Mamãe tinha os cabelos negros longos e ondulados, enquanto que Jane tem cabelos lisos e louro escuros, os olhos delas são o que mais diferem: Jane tem verdes, mamãe tinha negros e profundos – e eram os olhos mais sinceros que eu já conheci. Sua expressão era sempre serena e alegre. Aliás, a expressão calma é a única coisa que tia Jane herdou de mamãe.

– Está quase na hora de irmos. – ela disse com sua voz clara. – Pode descer. Lucas pegará suas malas.

Eu ia dizer que poderia levar eu mesma, mas os pontos em meu pulso tinham uma opinião diferente.

Cinco meses atrás, meus tios foram declarados meus guardiões oficiais; então eu passei a morar com eles. Aparentemente, meus pais tinham um documento que dava permissão para isso; juntamente com uma cláusula, que dizia que nossa casa aqui em San Diego, Califórnia, seria vendida e o dinheiro iria para uma conta no banco para eu usar quando completasse 18 anos. Então, como oficialmente eu não tinha mais casa e o dinheiro só viria daqui a alguns anos, eu deveria morar com meus tios. E pra melhorar ainda mais a situação, há algum tempo, Gary tinha sido transferido para uma empresa no estado de Washington – ele era publicitário. – e estávamos agora nos mudando para uma cidadezinha chamada Forks.

Lucas entrou no quarto, e eu forcei uma expressão normal.

Lucas é o meu primo, dois anos mais velhos que eu. Ele estava terminando o Ensino Médio, e era o gênio da família. Mas não é só isso. Ele é um cara realmente legal. Ele sorriu para mim enquanto pegava minha mala, seus olhos castanhos meio encobertos pelos cabelos negros que caiam por sua testa. Sentia-me meio mal ao pensar que ele é sempre tão gentil comigo, enquanto que eu apenas trouxera más lembranças para ele.

Amber, a antiga namorada de Lucas, tinha problemas de depressão. Ela tentara se matar mais de uma vez. Até que conseguiu. Não era a minha intenção fazê-lo se lembrar daquela época; porém, confesso que não me lembrei da história quando peguei a navalha e finalmente tomei coragem. É estranho pensar que é preciso ter coragem para cometer um ato de covardia; mas talvez seja preciso ser realmente corajoso para admitir que sua vida não valha mais a pena.

Enfim, aquela fora a única vez que vi Lucas totalmente arrasado. Mas é o que a morte faz: ela leva quem tem que levar, e arrasa quem fica para trás. Mas no caso do meu primo, havia ainda o fator culpa. Ele achava que poderia ter feito algo para mudar o destino de Amber. Mas ele não prevê o futuro. E mesmo que pudesse prever, não poderia fazer nada. Eu previ a morte dos meus pais e não consegui chegar a tempo... De qualquer maneira, é por isso que Lucas faz tanto esforço comigo. Ele quer evitar que outra garota deprimida se mate. E então meus esforços para me manter por aqui são especialmente por causa dele. Por que Lucas diz que eu salvei sua vida uma vez, e agora é a vez dele.

Quando eu tinha seis anos, e ele oito, nós estávamos almoçando na chácara da vovó – quando ela ainda era viva – e Lucas achou que seria uma boa ideia brincar no poço atrás das árvores. Ele teria me chamado se eu não estivesse tirando uma soneca no colo da mamãe. E pra falar a verdade, eu estava mesmo era sonhando com Lucas ficando preso dentro do poço. Naquela época, as visões não me apavoraram tanto. Então eu simplesmente acordei, puxei a manga da mamãe e disse:

– Acho melhor a gente dar uma olhadinha no poço.

E foi então que meus tios passaram a fazer parte do meu segredinho. Eles nem ficaram assustados com a garota que sonhava com futuro. Eles só queriam saber de agradecer loucamente.

– Vamos lá, Cass. – Lucas me chamou; o sorriso estampado no rosto. – Hora de conhecer Forks.

***

Enquanto o avião subia em direção às nuvens, o futuro incerto e nebuloso que me aguardava, começou a penetrar as defesas do meu cérebro, exigindo minha atenção.

Eu não sabia muito bem como iria ser minha vida a partir de agora. Os cinco meses posteriores à morte de meus pais se passaram em um caos total. Eu nem sequer me lembro de como foi o funeral. De como foi vê-los sendo enterrados. Eu só tinha um pensamento constante: eu não queria mais viver. Só que agora, depois de tudo o que meus tios e Lucas tinham feito por mim, eu simplesmente não podia mais me dar o luxo de desistir. Eu teria que tentar seguir minha vida – como fazer isso, porém, ainda permanecia uma incógnita.

Perder-me em pensamentos e esquecer de todo o resto estava ficando perigosamente fácil de se fazer. Era perigoso, por que, constantemente, eu me via em um lugar sem ter lembrado de ter parado lá. Agora, estávamos na frente do aeroporto, subindo em um táxi, tio Gary e o motorista colocando as malas no porta-malas do veículo; eu, Lucas, e tia Jane nos acomodando no banco traseiro. A viagem de carro durou pelo menos uma hora, tempo em que eu tentei ficar acordada, e durante esse tempo fiquei o tempo todo olhando pela janela, observando como tinham tantas árvores ladeando as estradas. O céu era muito fechado e cinza. Uma chuva fina caía das nuvens carregadas e sombrias.

Ao olhar para a paisagem depressiva, logo constatei que minha mãe não gostaria de um lugar como esse. Ela sempre amou o sol, o calor. Por isso morávamos na Califórnia. Curvei-me para frente, com certa irritação estampada no rosto, e olhei para minha tia, que estava sentada à outra janela.

– Exatamente por que estamos nos mudando para cá?

Eu a peguei de surpresa. Ela piscou os olhos.

– Bem... Seu tio foi transferido. Você sabe.

– Mas aqui é horrível. Olha só para esse clima, esse... esse verde todo.

Lucas pigarreou no meio de nós duas, meio constrangido. Tia Jane sorriu um pouquinho.

– Sei que é diferente, mas temos que nos acostumar e tenho certeza que logo iremos gostar daqui tanto quanto...

– Mamãe nunca gostaria de um lugar assim.

Isso pareceu calar ela. Eu me senti mal. Não queria ser inconveniente, mas esse lugar estava me deixando nervosa. Parecia que aqui, a lembrança de meus pais – sempre tão ensolarada e calorosa – parecia perder a força. Era como se aqui, a possibilidade de que eles um dia existiram era falsa. Como se o cinza da chuva estivesse apagando o dourado resplandecente deles.

– Vai ser legal, Cass. – disse Lucas. – Eu prometo.

Pousei meu olhar em seu rosto. Lucas era sempre tão positivo. Ele olhou para o meu pulso enfaixado, uma ruga aparecendo em sua testa. Suspirei, lembrando de como tinha prometido a mim mesma que estava tentando por causa dele.

– Tá legal. Desculpe tia Jane.

A casa em que iríamos morar era um pouco maior que a minha antiga. Localizada no fim da uma rua sem saída – e isso só aumentou ainda mais meu desconforto –, em um pátio muito pequeno; mas talvez fosse a enorme árvore, plantada na lateral da casa, que fazia todo o resto parecer menor. A porta da frente dava para um corredor estreito, que conduzia até a sala de estar. À esquerda, estava a escada para o segundo andar. Na extremidade da sala, havia a porta para o que presumi que fosse a cozinha. A mobília já estava toda organizada – Gary era sempre muito organizado, e já havia arrumado tudo antes mesmo de comprar as passagens. Então quando subi a escada para me dirigir ao meu quarto – que ficava no fim do corredor – já o encontrei arrumado.

A árvore enorme que eu vira antes, ocupava parte da vista da janela. Os galhos bagunçados, os emaranhados de folhas verdes escuro, me fizeram ficar estranhamente calma. Depositei a mala na beirada da cama e sentei-me.

Como eu poderia seguir em frente?

Eu não tinha exatamente nenhuma perspectiva antes... antes da morte deles, quanto mais agora! Será que haveria um lugar no mundo onde eu pudesse me encaixar? Eu era uma aberração e isso me perseguiria pelo resto da vida. Nova cidade, nova escola. Mas eu ainda era a mesma. Mesmos sonhos, mesmas estranhas premonições.

Com um nó na garganta, lembrei de como papai sempre dizia que eu era especial. E que pessoas especiais tinham um propósito grande nesse mundo. Tudo acontecia por uma razão. E eu só precisava descobrir qual era o motivo para eu ter esse dom. Eu sorria e agradecia sempre que ele tentava me animar, porém, em minha cabeça, a frase “maldição, não dom” ecoavamdolorosamente.

Maldição, não dom.

Por que o que exatamente o poder de prever o futuro tinha me ajudado até agora? Eu podia prever, mas não impedir.

Você salvou Lucas.

Suspirei. É. Eu salvei. Tinha que me dar esse crédito. Era a única coisa que me redimia. Mas a maldição era grande demais, forte demais, e as coisas ruins superavam as boas. Amber, meus pais, o cara que foi atropelado quando eu tinha dez anos... A lista de coisas era muito extensa. Mortes, catástrofes, desastres naturais... Tudo estava na minha conta. Era como se eu devesse ter ajudado aquelas pessoas. Mas novamente, eu posso prever, mas não impedir.

Quer droga de propósito é esse que não me ajuda, e nem ajuda as outras pessoas? Eu não posso me salvar, nem posso salvar mais ninguém. Maldição, não dom.

Antes que a ardência nos cantos dos meus olhos começasse a se transformar em lágrimas, peguei meu frasco laranja – que continha as pílulas que me impediam de pirar – e coloquei duas para dentro da boca. Assustei-me quando a porta do quarto se abre, e Lucas aparece.

– Mamãe vai levar a gente para se matricular na escola. Vamos lá. – ele sorriu, mas depois franziu a testa ao olhar o frasco em minhas mãos. – Quantos desses você toma por dia?

Dei de ombros.

– O necessário. – murmurei.

Ele não se convenceu. Levantei-me.

– Anda, vamos lá.

Só de pensar que na próxima segunda-feira eu teria de começar a estudar novamente, eu já sentia uma fisgada no estômago. Estávamos no mês de abril. Mais da metade do ano letivo já havia passado. Todos já teriam seus grupos de amigos, e todas essas coisas... Como eu deveria tentar viver quando as condições eram sempre as piores possíveis?

Eu estava completamente alheia ao que acontecia ao meu redor, quando tia Jane me tirou da introspecção – para variar.

Ela havia ido até a secretária, enquanto Lucas e eu caminhávamos pela escola, e agora retornava com alguns papeis na mão e uma expressão irritada.

– Não há mais vagas! Acreditam nisso?

– Como assim mãe? – perguntou Lucas.

Ela respirou fundo.

– Lucas, como há poucos alunos no último ano, a sua vaga foi garantida. Mas, Cass, infelizmente, não havia como matricular você.

Eu genuinamente tentei não dizer que essa era a melhor notícia que eu já havia recebido.

– Então... quer dizer que eu vou ficar sem escola?

– Não, é claro que não.

Merda.

– A moça da secretária disse que talvez possamos arranjar uma vaga na escola da reserva indígena que tem aqui perto.

Sozinha. Eu teria que ir para uma escola estranha sozinha.

Revirei os olhos, e perguntei de mau humor:

– E onde fica isso?

Ela pensou um momento, tentando se lembrar.

– Na reserva Quileute.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam???Digam a verdade, por favorzinho *--*Beijoooos :))