Clarity escrita por Mafê


Capítulo 23
City Of Angels


Notas iniciais do capítulo

Um dos meus preferidos!
Lembrando do meu probleminha com o b desse teclado, então sorry se faltar algum aí.
O que vocês acham de outra recomendação na fic antes dela acabar? #contagemregressiva
Enjoy!



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“Don't you worry, don't you worry child

See heaven's got a plan for you”

–Don't You Worry Child, Swedish House Mafia

–Eu olho ou você olha?

Estávamos eu e Natalie, duas jovens adultas num banheiro de uma cafeteria com medo de olhar dentro da pia. Quando Ian desligou o telefone e fomos olhar, o palitinho estava de cabeça para baixo. O que deu bastante tempo para discutirmos quem olhava.

–Sabe você ainda pode tomar a pílula, lembra?

–Eu nem sei se estou realmente grávida. Mas, se você não quer olhar eu olho. Muito bem, todo meu futuro será decidido em um banheiro. Pra que o medo?

Fui com a mão vagarosamente até o palitinho, e quanto mais perto minha mão chegava, mais ela tremia. Finalmente toquei a coisa que (aleluia!) não estava mais úmida de urina e o troço quase escapuliu da minha mão de tanta tremedeira.

–Amy, não derruba o teste. Ai garota olha logo!

De repente, sem aviso prévio, Nat virou a minha mão deixando o ado com o resultado para cima. Fechei os meus olhos rapidamente e respirei fundo, sabendo que Natalie fazia o mesmo. Abri-os devagar, com meu coração quase saindo pela boca.

E olhei a varetinha. Primeiro a parte onde fiz xixi, depois indo mais para perto do resultado. Eu conseguia sentir as batidas do meu coração ecoando na minha cabeça no momento em que olhei o resultado.

Ali, onde antes não havia nada, estavam me aguardando paradinhos dois risquinhos que mudariam a minha vida. Eu soltei minha respiração, que nem sabia que havia prendido e feche meus olhos tentando processar o que aquilo significava.

Enquanto toda a minha infância passava pela minha cabeça, meu telefone tocou. Outra vez.

–Ah, oi Ian. Tá tudo bem, claro. Chorando? Eu não estou chorando. Sim, sim, eu lembro que seu café é esquisito, com aquelas coisas bizarras que só britânicos esquisitos colocam. Já disse que está tudo bem, eu e Nat já voltamos. Também te amo, Ian.

Eu tremia sem parar e nem percebi quando comecei a deslizar pela parede e sentei ali naquele chão nojento chorando como um bebê. AI que ótima comparação, Amy. Agora um bebê chorão vai cuidar de outro bebê.

Um filho. Ou até mesmo uma filha.

Eu me senti sem chão, como se tudo que eu queria e acreditava tivessem desaparecido, me deixado na mão. Como eu poderia ser uma mãe se mal tive tempo com a minha para aprender como ser uma?

–Ei, Amy. Não fica assim. Você sabe que todo mundo vai te ajudar e tudo vai dar certo. Meu irmão te ama...

–Mas se ele não amar o suficiente? E o casamento...? Ai que mané casamento, aposto que nem vai ter casamento mais, já que provavelmente meu suposto marido quando descobrir vai fugir do pais e eu vou ser mãe solteira.

–Amy, você enlouqueceu? O Ian é louco por você desde sempre, ele nunca te abandonaria, principalmente com um filho. Já pensou, um mini-Ian ou uma mini-Amy correndo pela casa, bagunçando tudo? Ah, a Nellie vai ficar louca!

Começamos a rir naquele banheiro, e foi como se não tivesse amanhã. Só nós duas criando histórias de como seria se isso ou aquilo, se eu deixaria ou não Natalie vestir a minha filha, porque ela tinha muito mais estilo que eu, em suas palavras.

Acho que passamos um bom tempo naquele banheiro, porque quando saímos os restaurantes já estavam movimentados com clientes famintos que sonhavam com um almoço delicioso.

–Sabe Amy... Você ainda pode usar a pílula, se você não achar que está pronta, ou coisa assim.

Eu pensei em todas as fantasias que havíamos criado naquele banheiro e como eu me sentia capaz de criar um filho agora. Pensei em todo isso sendo destruído e, principalmente, pensei em todas as aulas que tive sobre a pílula do dia seguinte ser abortiva e tudo mais. Respirei fundo e dei uma resposta para minha cunhada.

–Não, Nat. Esse filho está dentro de mim já, e eu não teria coragem de mata-lo. Agora, eu vou arcar com minhas responsabilidades.

Entramos no carro, com os cafés dos preguiçosos em nossas mãos, eu segurando os testes de gravidez (havíamos feito mais alguns depois, só pra ter certeza) e Nat segurando uma sacolinha com vários sapatinhos de bebê embrulhadinhos, azuis e rosas.

Chegamos a casa dando risada, porque Nat não parava de cantar a minha musica favorita, que ela sempre dissera odiar.

–Ai estão as bonitinhas, já estava pensando em ligar para a polícia. – Ian veio e tirou os cafés da minha mão, me dando um beijo. Eu fiquei meio sem reação e não acompanhei o beijo, e acho que todos notaram porque ficou um clima meio ruim na sala.

Distribuímos os cafés aos seus donos e eu peguei a sacola de Natalie e coloquei lá dentro o teste de gravidez.

–Ian, ahn... A gente precisa conversar.

Todos observaram enquanto eu subia as escadas em direção ao mesmo quarto onde havíamos dormido e Ian me seguia logo depois, cauteloso como se eu fosse lhe dar uma bronca.

Apoiei a sacola na penteadeira e sentei na cadeira esperando que ele entrasse. Ian se ajoelhou ao meu lado e já se precipitou.

–Amy, o que foi? Eu sabia que tinha alguma coisa errada com a sua voz no telefone... E quando Natalie sai para comprar roupas nunca volta com uma sacola só. Isso é por causa de ontem à noite? Eu fiz alguma coisa que você não gostou, ou...

–Calma Ian, calma. Você não fez nada, eu só tenho uma pergunta para te fazer.

–Qualquer coisa – e eu olhei em seus olhos e soube que ele responderia qualquer pergunta com sinceridade.

–Você me ama?

–Claro Amy, eu amo mais que qualquer coisa nesse mundo... Mas você já sabe disso, por que está perguntando de novo?

–Olha dentro da sacola.

E eu observei enquanto Ian se dirigia calmamente para a sacola, como se eu tivesse escondido um bicho ali dentro. Ele abriu a sacola e olhou um pouco chocado, mas principalmente confuso.

–O que é isso tudo, eu não entendo...

–Eu estou grávida, Ian.

Observei enquanto a expressão em seu rosto mudava. Primeiro choque, depois surpresa, tristeza e por fim um sorriso que expressava a maior felicidade que alguém poderia sentir sem explodir.

–É sério isso? Eu vou ser pai? Amy, não brinca com essas coisas, porque eu acredito mesmo.

–É verdade, Ian.

E então ele me abraçou. Me abraçou com mais vontade do que eu jamais havia sido abraçada e eu senti como se nada no mundo me preocupasse mais.

–Mas... Você não vai fugir do país, não é? Tipo, voltar pra Inglaterra, pra sua namoradinha de infância que é inteligente o suficiente para não ficar grávida e...

E ele riu. A risada mais gostosa e mais engraçada que alguém poderia dar. Sem explodir, é claro.

–Amy, você está louca? Lógico que não! Eu não quero mais ninguém nesse mundo. É com você que eu quero ficar o resto da minha vida, pelo amor de deus é com você que eu vou me casar! Eu amo você.

Ele segurou na minha mão e me puxou lá pra baixo, onde todo mundo conversava e pararam quando a gente chegou. Desci e fui andando até Dan. Acho que ele merecia saber antes de todo mundo.

–Dan, eu posso falar com você? Só vai levar um instante.

–Olha eu to com muita preguiça, não tem como você falar aqui não, tipo no meu ouvido, ninguém vai escutar não.

Me abaixei e sussurrei no seu ouvido:

Bebês.

Ele me olhou assustado e depois se levantou e foi direto pra cima de Ian. É claro que ele não chegou a bater, porque sabemos que Ian ganharia a luta. Ele olhou para mim, e depois para Ian de novo.

Você o que?!

Na mesma hora todos começaram a reclamar que também queriam saber e que isso não era justo, e tudo mais. Comecei a rir e olhei para Nat, que fez que sim com a cabeça, indicando para eu contar.

–Tá bom, tá bom, eu conto. Mas só se todo mundo calar a boca.

O silêncio que se seguiu foi tão repentino que até assustou. Estavam todos calados esperando que eu contasse a grande novidade. Fui para perto de Ian e segurei na sua mão.

–Nós... Bem, nós vamos ter um filho.

Eu pude ver em câmera lenta todos os queixos caindo em surpresa, os olhos arregalados de minhas primas e as risadas dos meus primos. Eu sorri involuntária involuntariamente e um segundo depois fui arrastada para um abraço esmagador, com todos me pressionando contra o corpo de Ian, estava ficando sem ar já.

–Mas então... Vai ser menino ou menina?

Respondi que não sabia ainda, mas assim que soubesse contava. Todo mundo sentou e ficamos ali conversando até alguém gritar que estava morrendo de fome, e já eram duas horas da tarde, sendo que só podíamos ficar naquela casa até às cinco e meia.

Todas as primas foram para a cozinha quando concordamos que seria um desastre deixar os homens fazerem a comida e seria injustiça deixar a grávida cozinhar sozinha.

Fizemos macarrão enquanto discutíamos nomes de bebês.

–Se for menino, eu daria George, porque é nome de príncipe – disse Juliet – mas se for menina... Eu realmente não sei.

Cada nome apareceu que eu acho melhor nem repetir aqui, mas por final, eu disse:

–Se for menina, eu quero Charlotte. Se for homem, eu ainda não sei. Mas eu só vou descobrir o sexo daqui a uns três meses, e ainda tem o pai nessa história: acho que ele merece um voto, não?

Todas concordaram enquanto o macarrão ficava pronto. Voltamos para a sala com uma travessa de pene à bolonhesa e sentamos todos para comer.

–Amy, eu e os meninos decidimos um nome – disse Dan. – Ian, quer fazer as honras?

–Se for menina... A gente não sabe ainda.

–O que ele quis dizer foi, surgiram nomes que preferimos não comentar na frente de vocês – todos riram.

–Mas – continuou Ian – Se for homem, vai ser Dylan.

–“Vai ser”? E se ­eu não quiser Dylan? Lembrem-se que o filho está na minha barriga.

Todos murmuraram umas reclamações e soltaram umas risadinhas enquanto Nat dizia:

–Bem, mas a gente também decidiu um nome. Se for menina, vai ser Charlotte. E não, vocês não palpitam nesse nome.

Todos reclamaram dizendo que eu não poderia dar palpite em “Dylan” também então, e que blá blá blá. Minha cabeça começou a doer com aquela faladeira toda e eu explodi.

–Calem a boca, que a grávida com nervos alterados está tentando comer pelo amor de Jesus Cristo!

Todos pararam de falar imediatamente e voltaram a comer.

Uma ideia começou a matutar na minha cabeça, uma coisinha lá no fundo, e eu comecei a imaginar. Até que não seria tão ruim, sol, praia... Parecia bem legal.

–Ei – chamei – O que vocês acham da gente se mudar para a Califórnia?


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Notas finais do capítulo

Ai meu deeeus 23/25 já!
You will go to the paper towns and you will never come back.



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