Clarity escrita por Mafê


Capítulo 14
It's Good To Be Back


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora e blá blá blá. Sei que fui uma pessoa horrível por ficar um tempão sem postar, mas tive meus motivos, só não posso falar okay?
Espero que vocês entendam e gostem do capítulo



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“This morning I said we should talk about it

Cause I read you should never leave a fight unresolved”

–Stay Stay Stay

P.O.V Amy

Senti meus olhos abrindo, e quase me ceguei com a visão de um quarto totalmente branco. Meus olhos estavam pesados, e de primeira não consegui abri-los totalmente. Meu corpo estava pesado e meus dedos presos com fios e aparelhos esquisitos.

Quando levantei minha cabeça, senti uma dor aguda e a deitei novamente. Respirei por alguns minutos e consegui levantá-la, mas só isso. O resto do meu corpo estava tão doído que eu não conseguia nem movê-los. Quando minha visão ficou totalmente clara, consegui ver uma pessoa sentada em um sofá também branco no canto do quarto. A pessoa estava com a cabeça abaixada, mas no momento que a levantou, lagrimas surgiram em mus olhos.

–Amy? Amy você acordou! – falou Dan vindo até minha cama. Ele também tinha lágrimas nos olhos, mas estava bem pior do que eu. Tinha olheiras profundas e parecia que não dormia há dias. Eu queria muito dizer alguma coisa, mas parecia que minha voz tinha sumido. Eu só consegui sorrir e abraça-lo. Foi a melhor sensação do mundo.

–Poxa, você tem ideia de como nos deixou preocupados? Você saiu daquela maneira... – eu gesticulei mostrando que queria papel e caneta, para podermos conversar. Ele demorou a entender, mas quando eu finalmente ameacei dar um tapa em sua cabeça, ele entendeu. Dan foi até a bancada e pegou um bloquinho e uma caneta azul. Eu escrevi e mostrei a ele.

–“Quanto tempo você dormiu”? Três meses, duas semanas e um dia. – ele disse sorrindo. Uau. Ele contou mesmo. Escrevi outra pergunta.

–Mal acordou e já quer ficar sozinha com seu namoradinho né? Uma vez Amy, sempre Amy. – Dan sorriu e se levantou – Ele está com os outros na sala de espera, vou chama-lo. – quando Dan saiu, respirei fundo. O que iria falar para Ian? Nada que eu pensava fazia sentido numa situação dessas.

Com meus olhos fechados escutei a porta sendo aberta e fechada, e alguém sentando na ponta da minha cama. Abri os olhos lentamente e tive a melhor visão até agora. Mesmo depois de tudo isso, e com tantas olheiras, Ian ainda era perfeito.

–Oi Amy... – Ian começou, mas eu o puxei para um abraço e ele nem conseguiu terminar. Lágrimas escorriam dos meus olhos, molhando toda a lusa de Ian, mas ele parecia nem notar. Quando o soltei, ele sorriu e sentou um pouco mais perto. - Senti sua falta Amy.

Fiz o maior esforço para falar, mas tudo que eu consegui foi sibilar um “eu também” com as minhas últimas forças. Ele segurou a minha mão e começou a mexer no meu cabelo, e então eu adormeci.

POV Nat

Dan tinha ficado naquela sala todo o tempo que havíamos ficado no hospital, até mais. Quando ele apareceu sorrindo daquele jeito e com lágrimas nos olhos eu soube. Corri até ele e dei o abraço mais apertado que já havia dado em toda a minha vida. Depois de um tempo ele se soltou e disse:

–Ian, ela quer falar com você.

Ninguém parecia mais surpreso que Ian, que levantou ainda espantado e foi em direção ao quarto.

–Ei amor, como ela tá? – perguntei, sentando junto a ele em um dos sofás. Toda a família estava ali, e a sala de espera parecia mais uma fila de brechó meia boca. Ai meu Deus, aonde eu vim parar?

–Ela acordou, mas só mexeu a cabeça e não conseguiu falar. Ela escreveu em um bloquinho, mas acho que está tudo bem, e ela parecia estar consciente do que fazia. – acho que nunca tinha visto Dan tão sorridente em toda a minha vida.

–Quem vai contar pra ela? Sabe, que só ela e aquela outra sobreviveram e tudo mais... – falou a sempre-delicada Reagan. Todos olharam pra ela a censurando e Reag murmurou um ‘desculpa’ bem baixinho. Ninguém sabia o que dizer, pois se foi horrível pra nós, como Amy reagiria?

Depois da ligação do médico, descobrimos que quatro morreram no local, logo após a batida. No primeiro mês que Amy ficou internada, mais dois se foram. Alguns minutos atrás, nós recebemos a notícia de que o sétimo havia morrido. Só restavam Amy e Savannah, as duas sobreviventes. Pelo que soubemos Savannah ainda estava em coma, mas os médicos disseram que qualquer notícia nova viria para nós rapidamente.

–Espera ela se estabilizar, Reag, ela acabou de acordar – disse Meg, dando um tapa na cabeça da irmã. Elas começaram uma mini guerrinha de tapas e eu só pude revirar os olhos. Mulheres agressivas são tão... Bléh.

–Ei, Nat, vamos sair daqui? Agora que a Amy tá bem, eu ficou mais tranquilo pra sair. Vamos comer alguma coisa, estou MORRENDO de fome. – Dan disse pra mim sorrindo. Ah, aqueles sorriso...

–Você não come nada além de comida de hospital a dias... Vamos comer algo saudável... Um hambúrguer.

–Natalie Kabra quer comer um hambúrguer? E os quilinho extras hein? – disse me levantando – Você não pode se dar ao luxo de sair comendo besteiras menininha.

–Mas hoje eu estou feliz e vou comer o que eu quiser – disse lhe dando um beijo – Vamos que eu estou louca por um milk-shake! – eu o puxei até a saída do hospital e atravessamos a rua, onde acabava de abrir um McDonald's.

***

–EU NÃO ACREDITO! – gritei enquanto sentia a batata com ketchup vindo parar na minha mais nova blusa da mais nova coleção da Chanel.

–AI meu Deus, desculpe minha linda, eu não queria! Ou queria? – diz Dan rindo de mim. Ele ria tanto que era até irritante enquanto a minha blusa manchava todinha.

–Vai ter volta Cahill.

–Tenta – aquele sorriso me deixava um pouco fora da realidade, e quando percebi que o estava encarando por tempo de mais, já tinha outra batata em mim, dessa vez no meu cabelo. Gritei em frustração e atirei uma caixinha de ketchup inteira nele.

–Ei! Não precisava apelar – ele tentando se limpar era TÃO bonitinho que dava até dó. Mas eu ria tanto que mal tinha tempo de respirar, quem dirá pra ter dó. Mas dessa vez, eu estava mais atenta e vi a batata vindo em minha direção. Abaixei bem na hora e por pouco me livro da segunda que veio tão de repente que não tinha como se preparar.

Minha blusa já estava arruinada e minha bolsa toda manchada. Sim, meu cabelo estava imundo de molho e tinha uma plateia atrás de nós, mas naquele momento eu não ligava, por que estava com o amor da minha vida e estava tudo bem. OMG eu acabei de dizer amor da minha vida?

–Ah! – eu comecei a jogar pedaços de batata nele e vi que todo o restaurante nos encarava, rindo junto. Estava tudo certo até que o gerente chegou.

–Por favor, terei que pedir para se retirarem.

Nós saímos rindo e eu tinha certeza que aquele tinha sido o melhor dia da minha vida. As pessoas na rua nos encaravam como se fossemos loucos, mas se a situação fosse contrária faria o mesmo. Estávamos muito sujos, com batatas nos cabelos e rindo como loucos, mas não tinha importância naquele momento.

***

P.O.V Amy

Acordei e percebi que a cama do hospital devia ter encolhido, pois não me lembrava de ter tão pouco espaço quando acordei pela primeira vez. Mas quando olhei para o lado, percebi que Ian havia dormido ali, juntinho a mim. Aquilo seria muito romântico se eu não estivesse toda espremida e morrendo de vontade de ir ao banheiro. Não tive outra opção, precisei acorda-lo.

–Ian... Ian acorda. – ele me puxou pra perto dele e ficou agarrado em mim, ainda dormindo – Ian me deixa sair... Eu preciso ir ao banheiro, me larga! – a essa altura eu já estava rindo um pouco mais alto e Ian acordou. Ele olhou pra mim sorrindo, se levantou e deu um beijo em minha boca.

–Desculpa Amyzinha, mas tava tão bom ali – Ian me abraçou e me puxou mais pra perto. Ele tinha razão, tava tão bom ali. Mas eu precisava ir ao banheiro, mesmo. Se eu ficasse ali mais um segundo, eu ia explodir.

–Ian amor, tá ótimo aqui, mas eu realmente preciso ir ao banheiro. Alguém se lembrou de trazer roupas pra mim? – perguntei me desvencilhando dele.

–Sim, a Nat colocou umas roupas ali – ele apontou para uma bolsa rosa enorme no canto do quarto.

–Umas roupas? Ela deve é ter trazido meu guarda roupa inteiro, olha o tamanho dessa bolsa! – eu ri.

–Ela também comprou umas roupas novas, disse que iria precisar de modelitos novos quando acordasse.

Nós dois rimos e eu entrei no banheiro, que não era lá essas coisas, mas estava de bom tamanho para um quarto de hospital. Tinha um box, não tão grande como o meu, um vaso sanitário e uma pia, com um espelho bem grande. Disso eu gostei.

Abri a mala e me vesti. Até que Natalie não tinha gosto tão ruim ou nojentinho assim. Coloquei o short, a blusa (que, só para constar, eu a m e i), os óculos, os brincos e a bolsa, que já eram meus. Passei a maquiagem e lá estava ele: o colar que Ian havia me dado.

Eu estava muito em duvida se colocava ou só ignorava o pedido nada discreto de Natalie para que voltássemos. Fiquei encarando aquele colar e me lembrei de muitas coisas. Do dia em que Ian me deu, e como eu estava feliz. Até eu ouvir batidas na porta.

–Amy? Amy, você morreu aí dentro? Não faz isso comigo, já foi suficientemente ruim você ficar em coma todo esse tempo, nem quero pensar em... – eu abri a porta e vi um Ian preocupado parado em minha frente. Eu tinha um sorriso estampado no rosto. Em uma reação nada pensada, eu o beijei.

–Coloca pra mim? – eu estendi o colar e Ian sorriu em resposta, me virando e tirando meu cabelo de minha nuca. Finalmente ter aquele colar de volta foi muito bom, parecia que estava faltando alguma coisa ali esse tempo todo.

–Eu te amo – Ian sussurrou em meu ouvido enquanto me abraçava por trás. Eu fechei os olhos e experimentei a sensação de ouvir aquelas três palavras novamente. Abri meus olhos, sorri e me virei. Fiquei encarando aqueles olhos perfeitos por um om tempo e o beijei de novo.

Não era um daqueles beijos desesperados de sempre, era mágico. Era como se fosse o primeiro e eu não queria que fosse o ultimo. Era a melhor sensação da minha vida. E finalmente, por causa da merda da biologia, a falta de ar veio e tivemos que nos separar.

–Eu também te amo – e o beijei de novo – Mas nós precisamos discutir isso depois. – vi o sorriso dele desaparecer por um momento, mas logo após ele voltou a sorrir e sussurrou em meu ouvido.

–Podemos discutir isso no quarto.

Eu o olhei incrédula e lhe dei um tapa no ombro, mas óbvio que ele não sentiu nada por que né, com aqueles músculos... Foco, Amy, foco.

–O resto do povo ta aí? – perguntei já indo até a porta. Ele mal teve tempo de responder por que eu já estava lá fora correndo para abraçar todo mundo.

–Ai meu Deus! Que saudade de vocês, parece que não os vejo há décadas!- eu sumi em um bolo de gordos que subiu em mim, e mal consegui ver Dan entrando no hospital carregando Natalie no colo e rindo como eu nunca tinha visto antes. Eu sorri e vi que ele me olhou também, mas feliz que nunca.

Quando todos me largaram, senti meus olhos queimando e lágrimas molhando meu rosto. Todos vieram com aquele papo de ‘ah, não chora!’ e eu comecei a rir. Aquela cena era tão esquisita, se isso tivesse acontecido alguns meses atrás, ninguém estaria nem olhando nos meus olhos.

–Ah, Amy, é bom ter você de volta! – Nat veio batendo palminhas em minha direção. Ela olhou para a minha roupa, disse que estava ótima e olhou meu colar. O sorriso de Natalie aumentou e ela me abraçou forte. – Ainda bem! Senti sua falta, comadre!

–É bom estar de volta, Nat. Até que eu gostei das roupas que você separou. – me aproximei dela e cochichei – Depois eu quero saber tudo sobre seu encontrinho com meu irmãozinho, viu?

–Pode deixar cunhadinha. E eu sei muito bem que você e meu irmão acertaram as coisas e eu também quero saber tudinho, darling. – ela disse sorrindo e voltando a dar pulinhos.

–Tá, agora chega de dar pulinhos né, tá esquisito.

Todo mundo em volta ficou sem entender nada quando começamos a rir quase tendo convulsões. Eu olhei pra trás e vi Ian olhando feio para Dan e ele retribuindo o olhar na mesma intensidade.

–Mas enfim.

Mary se levantou e reparei que Bariel tinha os braços em volta dela e a cabeça na curva de seu pescoço. Eu a olhei de cima a baixo umas mil vezes e comecei a abrir a boca em surpresa, e vi o sorriso no rosto dos dois. Quando vi aquela cena, baixou a Natalie em mim e comecei a dar pulinhos e gritinhos.

–Era isso que eu queria te contar, Amy, mas pelo visto você já entendeu. – eu corri e dei um pulo nela e nos abraçamos. Eu estava tão feliz por ela, porque claro, fui eu que tive que ficar ouvindo ela falar desse guri a noite inteira todos os dias. Me separei dela e arregalei os olhos. Senti meu estômago virar e perguntei.

–Que horas são hein?

–Oito da noite. – Ian respondeu olhando no relógio.

–MEU DEUS! Estou morrendo de fome! Por favor, alguém me leva pra comer! – falei e ninguém respondeu nada. Eu estranhei e todos começaram a rir e deram um passo para trás. Olhei em volta e Ian ria com a mão cobrindo o rosto.

–Ta bom gente, vocês podiam ser mais discretos. Vamos Amy, eu te levo ao Mcdonalds aqui do outro lado da rua.

Eu vi Dan e Nat se olharem e levantei a sobrancelha. Esses dois estavam escondendo alguma coisa e eu vou descobrir, ah se vou.

–Ah, então, acho melhor vocês não irem lá não, sabe... A gente meio que tá com uma má reputação lá. Talvez vocês sejam reconhecidos, acho melhor escolher outro lugar para ir...

Olhei para ela, olhei para as outras meninas e todas pensavam a mesma coisa. Acho que é um negócio de família sabe ler a mente das primas e tals. Fiz que sim com a cabeça e olhei para Nat. No verão passado, tínhamos feito tatuagens iguais na nuca, um sol, e nosso sinal era esse: passar a mão pela nuca e olhar para a outra. Pra isso ficar mais fácil fizemos um sistema de duplas e tals, mas isso não vem ao caso agora.

–Bem Ian... Se vamos comer em algum restaurante – frisei bem a palavra só pra ele saber que eu queria ir jantar, com ele. – Vamos, logo, porque hoje à noite eu tenho um... Compromisso.

–Amy, caramba, você acabou de acordar, vai com calma! – disse meu namorado-não-sei-o-status-mais me abraçando.

–Vamos logo, eu to faminta!

Eu agarrei a mão de Ian e o levei até fora do hospital, parando em frente ao carro dele. Quando eu vi aquele caro todo arrumadinho, lembrei de tudo o que passei nele e quantas vezes já o roubei.

–Deixa eu dirigir?

–Nunca mais! Você fez um estragão nele, viu? Ficou no concerto um tempão. Não deixo mais ninguém dirigir o meu carro.

–Ah por favoooor deixa de ser chatoo!

***

–Meu DEUS, nunca comi uma torta tão boa! – disse enquanto aquela coisa dos deuses derretia na minha boca.

–Calma Amy, é só torta de maçã.

–Ian, não ria da minha cara! Não tem graça, é só que depois que eu consegui sair daquela cama infernal tudo é mais gostoso. Mas isso daqui... Isso não é de Deus! – sério mesmo, eu não estava aguentando aquela coisa maravilhosa. Opa engordei.

–Bem, eu já acabei. Posso pagar a conta? – perguntou Ian já rindo da minha cara no meio da torta.

–Já? – ele olhou pra mim incrédulo – Ta...

Nos levantamos e pagamos a conta. Lá fora estava frio, e eu estava tremendo. Ian me deu seu casaco e me abraçou. Eu me aconcheguei em seus braços e fomos andando até o carro. Eu entrei e liguei a rádio.

O caminho foi quieto, quase não falamos, eu só deitei no ombro dele e relaxei o caminho de volta inteiro. Aquela sensação era ótima, de voltar à vida. E principalmente, a sensação de estar deitada no ombro do garoto mais gato da cidade, fala sério. Quem não gostaria disso?

–Ô de casa! – gritei ao chegar em casa, esperando que as meninas ainda estivessem acordadas. Elas sabiam que coçar a nuca era o sinal de noite das meninas, ‘preciso confessar que... ’, todas essas coisas.

Entrei em meu quarto e vi um montinho de meninas em minha cama, comidas, refrigerante, chocolate, filmes do Nicholas Sparks...

E eu ri. Só pude rir. Como era bom voltar pra essa vida.


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Notas finais do capítulo

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