Safe & Sound escrita por Gistar


Capítulo 7
Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! Espero que curtam e deixem comentários. Bjs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/410346/chapter/7

“Deixei meu coração cair

E enquanto ele caia, você tentou pegá-lo

Estava escuro e eu estava acabada

Até que você me beijou e me salvou...”

Sara

Eu estava num lugar escuro, perdida na inconsciência e gostei de estar lá. Lá eu estava segura, não havia dor, nem gritos, não havia nada! Mas algo estava me puxando das profundezas da minha inconsciência para a superfície e eu não queria ir, não queria acordar, eu queria dormir para sempre.

– Sara, acorda. Olha pra mim!

Eu abri os olhos e vi que não estava mais no refeitório e podia perceber que estava deitada em uma cama. Sentei, cruzei os braços sobre o peito e tentei lutar contra as ondas de dor que vinham cada vez mais intensas conforme eu ia me lembrando do que havia acontecido.

– Jared, o Jared está... – eu comecei a repetir enquanto lágrimas voltavam a cair dos meus olhos.

– Não pode ficar assim, você tem que superar isso! – ouvi a voz de Pedro e senti seus braços ao meu redor.

– Sara olhe pra mim!

Eu olhei dentro daqueles olhos verdes e vi preocupação neles. Mas ele havia me impedido de proteger Jared, de salvá-lo...

Eu o empurrei.

– Sai daqui! Você me impediu de ajudar o Jared e agora ele está morto por minha causa...

– Você não tem culpa, você não poderia fazer nada, apenas iria irritá-los mais!

– Não interessa, você não entende? Eles o mataram e eu não pude fazer nada!

Caí no choro novamente. Pedro sentou-se ao meu lado.

– Eu sinto muito Sara, sei que ele era seu amigo, mas ele se foi e não podemos fazer nada.

Deitei a cabeça em seu peito e chorei até não haver mais lágrimas para cair. Ele ficou em silêncio, apenas me abraçando e afagando meus cabelos até me acalmar.

Quando finalmente me acalmei, levantei a cabeça e o olhei, fiquei surpresa ao perceber que seus lindos olhos verdes estavam vermelhos, ele também havia chorado.

Quando dei por mim, percebi que seus olhos estavam perto demais dos meus e nossas bocas se tocaram. Nós nos beijamos, eu tinha esquecido o quanto o beijo dele era bom...

O que nós estávamos fazendo? Aquilo não era hora de ficar se agarrando enquanto pessoas estavam morrendo, quebrando minha vontade de continuar a beijá-lo eu o afastei.

– O que você está fazendo?

Ele me olhou espantado com a minha reação repentina.

– Foi você que me beijou e estava gostando...

– Eu não estou bem e... não fique tão perto de mim! Pare de tentar se aproveitar da situação.

– Eu não estou tentando me aproveitar de nada...

Nesse momento Mandy, Jess e Rosane entraram no quarto.

– Como você está? – Mandy perguntou.

– Como você espera que eu esteja? Eu perdi meu melhor amigo...

Se meus olhos não estivessem tão secos eu teria chorado novamente.

– Pedro, você precisa ir, é hora do toque de recolher. – avisou Mandy.

Ele se levantou e saiu.

– Onde vocês estavam?

– Estávamos no refeitório para a contagem das oito. O Pedro não quis ir e deixar você desacordada com um dos caras te cuidando, discutiu com o Daniel e quase levou porrada, por fim ele o convenceu a deixá-lo ficar com você.

– Ele fez isso? – perguntei espantada. Agora eu estava me sentindo mal por ter brigado com ele.

– Fez – respondeu Jess – não esperava essa reação dele, me surpreendeu.

– O Pedro é um cara legal, acho que ele gosta de você. – disse Mandy.

– Não sei do que está falando, ele teria feito o mesmo por qualquer outra garota. - argumentei

Ele pode ter feito isso só pra se aproveitar da situação também, pensei comigo mesma.

Mandy me deu um calmante para dormir e tomou um também, apaguei logo e graças a Deus não tive sonhos.

No outro dia, porém, eu estava péssima. Não queria levantar de jeito nenhum.

– Mandy, não adianta! Eu não vou à aula! – gritava.

– Mas você tem que levantar! São quase oito horas e você tem que estar lá pra contagem. Quer que morra mais alguém?

Aquilo foi a gota da água para eu começar a chorar de novo.

– Ah, flor me desculpe, eu não queria...

– Tudo bem Mandy, você tem razão. Vou lá pra fazerem aquela maldita contagem, mas vou voltar depois. Tô sem saco pra assistir aula!

Eu levantei e estava de pijamas, abri a porta e fui saindo. Dei de cara com os garotos que estavam nos esperando na porta.

– Sara! – Pedro me olhou confuso – Aonde vai assim?

– Pra contagem, aonde mais eu iria a uma hora dessas?

– Peraí, você não pode sair assim – Mandy disse e já ia me arrastando de volta para o quarto, eu me soltei.

– Me deixa! Eu quero que essa merda de escola se exploda! Eu quero que todo mundo se exploda! Não tô nem aí pra essas merdas, eu estou na MINHA escola e se eu quiser sair pelada para o refeitório, eu saio! Não faz mais nenhum sentido usar uniforme quando não se está tendo aulas de verdade. Isso tudo é mentira! Eu perdi meu melhor amigo e a última coisa com a qual eu me importo agora é o traje que eu vou vestir para tomar o café da manhã e se o meu cabelo está bem penteado. Se quiserem que eu vá eu vou assim!

Todo mundo ficou me olhando apavorado, não era para menos, eu estava fazendo papel de doida de pedra, mas não estava nem aí.

Eles haviam matado o meu amigo e duas crianças, eu tinha que extravasar a dor que eu estava sentindo de alguma forma.

– Cara, a guria endoidou de vez. – comentou Emerson – mas ela tá certa, não faz sentido a gente querer usar uniforme se a gente está só fingindo, ninguém está assistindo as aulas de verdade!

Mandy e Pedro me olharam com pena.

– Está bem, vamos.

Mandy me abraçou e nós fomos andando até o refeitório. Quando chegamos, Daniel já ia começar a contar. Quando chegou em mim, parou e me olhou, depois disse.

– Parece que alguém esqueceu de trocar de roupa hoje...

Ele começou a rir.

– Tá rindo de que palhaço? – eu perguntei e Pedro me deu um cutucão de advertência.

Ele ficou sério.

– Eu é que vou rir da sua cara quando você sair daqui e ir direto para a cadeira elétrica e vou ter o prazer de assistir! – acrescentei.

– O que a faz pensar que eu vou ser preso?

– Pode matar quantas crianças quiser que eles nunca vão dar o que vocês querem. Nunca vão libertar um bandido... E SE eles libertarem, te garanto que vão acabar de pegando e duvido que esse tal Leonardo faça algo para te livrar da sentença de morte! Você está ferrado! – pronto falei.

Eu não sabia de onde eu tinha tirado tanta coragem para dizer aquilo, acho que era da raiva que eu sentia por aquele homem que tinha matado três crianças e o meu melhor amigo.

Ele se aproximou de mim e encostou a arma na minha testa. Eu estremeci...

– Quem está ferrado agora? Hein? Sua vida está em minhas mãos, eu decido aqui quem vive e quem morre. Se os seus amiguinhos lá de cima não cumprirem as nossas exigências até amanhã, nós vamos matar mais pessoas e vamos continuar todos os dias até conseguirmos o que queremos, e tenha certeza de que você e seus amigos vão se os próximos da lista a morrer...

Ele baixou a arma e saiu, se Pedro não tivesse me segurando, teria caído.

Eles me levaram até uma mesa e me sentaram.

– Ficou louca? Quer morrer também? – perguntou Pedro.

Eu comecei a chorar.

– Desculpa gente, eu não tô bem! – disse - não queria que ele ameaçasse vocês, mas eu estou com tanto ódio dele que...

Eu peguei uma bandeja que estava em cima da mesa e a grudei no chão.

– Pedro, leve-a para cima antes que ela faça outra besteira. – pediu Mandy.

Pedro, Pedro... sempre o Pedro! Queria que Jared estivesse aqui.

– Não precisa Mandy, eu sei o caminho.

Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Pedro me pegou no colo e me levou pra cima. Eu tentei descer, mas ele me segurou. Droga! Ele é forte, claro, joga futebol, eu queria o quê?

Ele entrou no quarto e me soltou em cima da cama.

– Agora você vai ficar quietinha aí até esfriar essa cabecinha. – disse, saiu, fechou a porta e... me trancou? A porta estava trancada!

Eu fiquei lá a manhã toda, chorando, gritando e jogando tudo o que via pela frente na parede. Até que me acalmei e adormeci.

– Sara, acorda.

Eu abri os olhos e vi que era a Mandy.

– Está melhor?

– Estou – respondi – agora que extravasei um pouco da dor e da raiva que eu sentia.

Eu olhei para o estrago que tinha feito.

– Desculpe, acho que quebrei algumas coisas suas...

– Tudo bem, isso não tem importância, agora é melhor você pôr uma roupa e descer que já é quase meio-dia.

Eu fiz o que Mandy pediu e depois descemos para o almoço. Daniel veio novamente para fazer a contagem, mas dessa vez me ignorou e não fez nenhum comentário. Apesar disso, eu sentia que meu comportamento dessa manhã não seria esquecido.

Apesar de Mandy e até Jess não se importarem de ter algumas coisas quebradas, dessa vez foi Rosane quem fez um escarcéu por causa de seu estojo de maquiagem que eu tinha espatifado no chão.

– Primeiro minha Armani, agora minha maquiagem! Você vai pagar, juro que vai.

Levou um tempo até Emerson conseguir acalmá-la.

O resto do dia passou sem grandes acontecimentos e nessa noite eu jurei para Mandy que não precisaria de calmantes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!! :)