Fix You escrita por Leh Linhares


Capítulo 38
Capitulo 35


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente, meus primos estavam aqui em casa só deu pra vir hj.
Beijo



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Pov' Clarisse La Rue

— Não sei nem por onde devo começar, nunca contei essas coisas há ninguém, Percy. Bem... Minha mãe não é como a sua mãe, nunca foi. Olhando pra ela é fácil entender, porque Ares se interessou, uma mulher bonita, desinibida e impulsiva. Resumidamente, o tipo de mulher que não passa uma noite sem beber ou sair para se divertir. Marissa era jovem era de se esperar, que seus hábitos mudassem quando eu nascesse, mas não mudaram. Logicamente eu não me lembro dessa fase, porque eu era só um bebê, mas segundo minha tia, que foi quem cuidou de mim por muito tempo, quando ela estava grávida ela bebia e se drogada descontroladamente e o ciclo apenas se seguiu como se nada tivesse mudado. Basicamente, minha mãe nunca estava presente, e os anos foram passando e nada mudando. Isso sempre revoltou minha tia, Zoe achava um absurdo o tanto de desprezo que minha mãe sentia por mim e elas brigavam muito por causa disso. Eu tenho flash da última discussão delas, eu tinha três ou quatro anos e lembro de estar na sala tentando abafar o som com uma almofada. Minha Tia Zoe gritava muito alto, coisas como ela é sua filha, você tem que cuidar dela, é sua responsabilidade. E minha mãe respondia dizendo que cuidava de mim quando podia, e que minha tia não tinha o direito de se intrometer na minha educação, porque eu era filha dela. Não sei como, mas em algum momento a discussão transformou-se em uma espécie de briga, eu ouvi gritos e apesar de medo eu fui ver, alguns amigos da minha mãe estavam batendo na minha tia, com muita força eu lembro que eu só conseguia chorar e tentar defendê-la eu a amava, ela realmente se importava comigo…. Comecei a gritar, mas eu defendê-la só pareceu irritar ainda mais, ninguém nunca tinha me batido até aquele dia, minha mãe me deu um tapa tão forte no rosto que eu me calei, com o rosto ardendo. Eu sempre me lembro dessa cena, queria ter feito algo para defender minha tia.

— Eles a mataram?

— Não, mas foi por pouco. Tia Zoe passou bastante tempo no hospital para se recuperar.

— E enquanto isso quem cuidou de você?

— É essa questão, Percy. Ninguém cuidou, eu sempre tive apenas a minha tia, com ela num hospital, eu ficava em casa sozinha. Você não tem noção de quantas vezes eu passei fome, porque minha própria mãe nunca estava em casa, ocupada demais em farras de noites e madrugadas.

— Mas sua tia voltou?

—Não. Marissa, minha mãe, não permitiu. Zoe teve que ir morar em outro lugar, minha mãe simplesmente proibiu de eu ir vê-la e fez o máximo para que nós não nos encontrássemos com a velha desculpa que ela cuidava muito bem de mim sozinha não precisava de Zoe. Resumidamente, minha vida até o jardim de infância era basicamente isso, eu passava as noites em casa sozinha e os dias com uma mãe tão bêbada que não tinha condição de arrumar um prato de comida, isso sem falar dos amigos dela. As piores pessoas que eu já conheci na minha vida, piores que a minha mãe eu diria, eles tinham um prazer em me torturar que eu nunca entendi, eu era só uma criança, nessa época se eu tinha quatro anos era muito, mas eles gargalhavam, riam sem parar enquanto me batiam, jogavam coisas em mim ou mesmo quando apagavam seus cigarros na minha pele. Eu tenho cicatrizes até hoje...

—E sua mãe onde estava quando essas coisas aconteciam?

—O estranho de lembrar de tudo isso, é que eu me recordo perfeitamente de choramingar e implorar pra que ela mandasse que eles parassem, porém ela nunca falava nada. Como se eu sofrer fosse uma espécie de show.

—Eles fizeram alguma outra coisa de você?

—Abuso sexual? Você diz?

—Eu realmente não sei, Percy, Acho que não, espero que não, já me perguntei isso vezes demais, essa ideia me assombra só de imaginar. Mas não me lembro, as cenas dessa época se embolam na minha mente e às vezes eu tenho a impressão que muita coisa não foi decodificada.

— E como você foi levada ao Acampamento?

— Minha tia Zoe, é uma semideusa, filha de Deméter, ela sempre soube que eu era filha de Ares e mesmo sem poder me visitar sempre me protegeu de monstros. Ela tentou contar a Marissa, mas bem minha mãe nunca acreditou. Tia Zoe conhecia Cisseus e a melhor amiga da minha tia era minha professora no jardim de infância, o que a ajudava a ficar de olho em mim. Ela pediu a Cisseus que me levasse, porém ele não acreditou nela, ele duvidou que eu fosse uma semideusa e por isso deixou o meu caso em análise. E foi quando tudo aconteceu.

— Tudo o quê?

— Tem um motivo para Quíron ter tanta pena de mim. Quando eu cheguei no Acampamento eu não estava bonita, eu tinha hematomas e machucados em toda a parte, isso sem falar nas velhas cicatrizes. Bem, minha mãe e seus amigos estavam no sofá bebendo e usando cocaína, e eu comecei a avisá-los que tinha um monstro. Eu o via claramente, mas a névoa não permitia que eles vissem, eu derrotei o monstro sozinha, como minha tia tinha me ensinado. Minha mãe e seus amigos ficaram muito muito irritados, na minha luta eu joguei toda a cocaína no chão, e eles estavam revoltados nunca vi ninguém daquele jeito. Eles me bateram, minha mãe me bateu como se não me conhecesse, como se eu fosse alguém digna de ódio. Marissa costumava me bater, mas nada como aquele dia, eles passaram dos limites. Era verão, estávamos quase nas férias e sabe eu cresci na Califórnia, Percy, estava realmente muito quente, mas minha mãe envergonhada e com medo me obrigou a vestir um agasalho que tampasse os hematomas e mesmo assim haviam alguns no rosto, eu lembro dela me xingar, como se a culpa fosse minha, dela mesmo ter me agredido. Eu fui para a escola esse dia, com a ordem expressa de não comentar com ninguém o que tinha acontecido. E eu tentei seguir essa ordem, estava com tanto medo, Percy. Nunca senti tanto medo na vida, nem mesmo na guerra. Mas minha professora suspeitou, e me fez mostrar os braços. Ela ficou muito assustada com o que viu, ligou para minha tia e me levou para um hospital mais rápido que pode. Meu braço estava quebrado, Percy, por pouco não precisou de cirurgia o médico não entendia como eu podia ter aguentado tanto tempo sem reclamar, eles cuidaram de mim, até Cisseus e minha tia virem me buscar. No dia seguinte os dois me levaram para o Acampamento Meio Sangue, não sem antes presenciar outro escândalo da minha mãe, que tentou impedir eles de me levarem, eu nunca entendi esse comportamento, minha tia sempre disse que do jeito estranho dela minha mãe me amava, mas eu nunca soube se acreditava. Como alguém que me ama poderia ter feito tantas coisas ruins?

—E sua tia, Clarisse? Por que não mantêm contato com ela?

— Não há vejo desde então, ela se mudou para o outro lado do país. Ela vive me convidando para passar um tempo com ela, mas sei lá tia Zoe tem sua própria vida e eu simplesmente não faço parte dela, não tem lugar pra mim.

— Como sabe? Não perca uma família por achar que não tem uma. Você é mais parecida com Annabeth do que deixa transparecer.

— Desde quando você acha que pode me xingar desse jeito, moleque? Eu parecida com a Annabeth? Nunca.


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Notas finais do capítulo

reviews??