Joseph correu com a arma em mãos, precisava se esconder, viriam atrás dele e saberiam onde é o esconderijo, entrou de baixo de um caminhão, colocando a arma ao seu lado, engatinhada para qualquer movimento em falso, a rua com latões pegando fogo e sujeira espalhada pelo local era tão diferente do antigo mundo em que viveu, uma civilização humana não sobrenatural.

Escutou os passos se aproximarem, roupas brancas, ternos brancos, como se fossem algo angelical, mas não, eram monstros, demônios, seus olhos brancos denunciavam isso, humanos possuídos por eles nunca mais teriam volta, seus corpos viraram cascas enquanto suas almas sofriam no inferno, ainda não sabia como tinha acontecido, mas no meio da noite sua mãe adoentada havia levantado da cama saudável, ele a viu segurar o bebê nos braços antes de quebrar o pescoço do pequeno, quando virou-se para olhá-lo havia apenas um branco oco em seus olhos ao invés do azul que sempre existiu ali, não sabendo como agir ficou paralisado até escutar o tiro acertando em cheio a cabeça da jovem senhora, seu pai parado atrás dele, segurava uma espingarda na mão, apontando para a esposa agora morta ao lado do recém nascido também ao chão, não ouve gritaria nem explosões, apenas um zumbido baixo ecoando por todo canto, como se fosse um sinal, um despertar para os demônios, pegando o irmão mais novo, seu pai fugiu com eles levando-os para uma caverna onde sempre se abrigavam ao acampar, levara contigo um rádio este que noticiava ataques a recém nascidos em todo mundo, pessoas que antes estavam doentes haviam se transformado em algo, não zumbis que comiam carne ou extraterrestres que absorviam vida, estes possuíam corpos e enviavam almas para o inferno, sem escapatória, agora ali escondido meses depois do primeiro ataque, procurava alimentos para os refugiados que se escondiam em uma antiga escola longe da cidade, um lugar abandonado, porque demônios só enriqueciam e tinham como hobby caçar caçadores, hunters como eles os chamavam, seus corpos estavam pendurados nas arvores ao redor da cidade, mostrando que se fortaleciam cada vez mais, humanos estavam em extinção.

O garoto prendeu a respiração quando dois homens pararam na frente do carro onde estava escondido, escutando a conversa que talvez pudesse ajudar em alguma forma de matá-los.

– Preciso de um humano para minha filha, ela tem que procriar servir ao mestre com mais um de nós. – comentou o homem voz mais grossa.

– Como fará isso? Todos os humanos estão sendo usados atualmente. – disse o outro mexendo a perna impaciente – Não acho sensato deixá-la a sós com um mortal.

– Não a entendo, pretende procriar, mas acredita que deve ter sedução antes da cópula.

– Diversão. – riu o segundo – Como a conheço, sei que vai deixar qualquer humano doido para tê-la, se pudéssemos procriar entre nós, ela seria a minha primeira opção.

– Respeito jovem.

– Desculpe senhor. – implorou o mais jovem – Sabe que tenho apreço por tua filha.

– Deve se por no seu lugar, não é feito para te sentimentos, muito menos desejo por minha filha. – afirmou o mais velho friamente.

– Sim senhor.

O garoto se remexeu no chão, o perigo havia passado, mas ele estava enganado, com mais uma respiração algo o puxou do chão, um deles o havia pegado, capturado mais um humano, ele seria um animal enjaulado. Debatendo-se contra o homem de olhos brancos, Joseph via a arma muito distante, não tinha escapatória, estava rendido, suspenso no ar sendo asfixiado sem chance de conseguir ar, a ultima coisa que ouviu antes de desmaiar foi.

– Achamos um humano para Lilin. – disse o dono da voz que desejava a jovem demônio – A filha de Lilith ficará contente com seu novo brinquedo.