Pov. Dick

Mesmo ainda irritado, eu estava aliviado por Lis. Eu já estava quase pronto para sair da minha sala, no trabalho, quando Andy entrou.

– Algum problema, Andy?

– Ah, não. - Ela sorriu caminhando até mim – Eu só queria confirmar sobre o almoço executivo amanhã. O horário...?

– Acredito que seja à uma da tarde. Mas eu não estarei lá, Bruce é quem vai.

– Ah. - Ela falou um tanto... decepcionada?

Ela me observou enquanto eu colocava a jaqueta.

– Deixe-me adivinhar! Vai sair com a namorada?

– Você acertou.

– Sou boa nisso. Que bom que continuam juntos. Ela parece perfeita para você. - Ela falou e eu sorri, surpreso.

– Obrigada, Andy. É bom ouvir isso.

– Eu tenho certeza que ela sabe! Embora ela seja um pouco...

– Complicada. - Eu suspirei, me esquecendo completamente que eu estava falando com a minha secretária.

Ela se aproximou devagar enquanto falava:

– Complicada?

– Você não imagina o quanto...

– Bom... Ela parece mesmo um pouco complicada...

– E confusa. Ela me deixa louco. Como pode não perceber o que eu tento fazer?

– Mesmo assim, acredito que vocês são perfeitos. Esse esforço todo vale apena... Não vale? - Ela já estava olhando em meus olhos, perto o suficiente para eu sentir sua respiração.

– Sim... Mas, às vezes, eu... - Eu perdi a fala. Andy me olhava profundamente. Eu não sabia explicar como.

Ela parecia sexy e, ao mesmo tempo, doce. Fechei os olhos, tentando me concentrar no que eu estava dizendo. Abri os olhos.

– O que eu estou dizendo? Eu... - Fechei os olhos mais uma vez.

Foi mais rápido do que eu podia imaginar. Andy me beijou. Ela tocou o meu rosto com os dedos e eu senti meu corpo congelar. Assim que tomei consciência, eu a afastei rigidamente.

– Eu estava dizendo que todo e qualquer esforço vale a pena. Que eu a amo.

Lágrimas surgiram nos olhos de Andy. Saí da minha sala apressado. Quando entrei no elevador, deixei um soco atingir a parede de aço, deixando-a levemente amassada.

Pov. Lis

Suzi subiu as escadas da casa para me avisar que Dick havia chegado. Pontual como sempre. Eu desci as escadas e o vi sentado no sofá, sozinho.

– Senhor Grayson. Sua dama chegou. - Anunciou Suzi, brincando.

Dick se aproximou, curvou-se e deu um beijo em minha mão. Fiz uma reverência desajeitada e ele sorriu.

– É uma honra acompanhá-la esta noite, senhorita. - Ele falou e abri um sorriso animado

– Ah, quanta melação. - Reclamou Suzi

– A culpa é sua – Disse Dick à Suzi

Nós saímos de casa ao som de trovões. A chuva havia parado e, agora, a noite estava quente com brisas frescas ao mesmo tempo. Estava perfeito – mesmo com trovões fora de hora. Entramos em seu carro e ele começou a dirigir.

– Bom, eu saí cedo da SHIELD e Suzi me encontrou no shopping para me ajudar a encontrar um vestido que não tenha virado cinzas... - Comecei a falar na intenção de puxar assunto

– Você está linda – Ele olhou para mim e sorriu, seus olhos brilhavam.

Dick estava estranhamente animado depois da nossa discussão há horas. Isso me deixava aliviada, mas parte de mim, estava achando estranho. Nós jantamos num restaurante diferente, longe dos lugaras aos quais eu estava acostumada. O jantar foi leve, não falamos sobre Black Angel ou Asa Noturna, apenas coisas cotidianas e planos para as férias.

– Então nós vamos para a Itália ou Brasil? - Ele perguntou

Eu estava pronta para responder, mas algo tirou a minha atenção. Vi de longe, atrás de Dick. Era ela e um homem, sentados algumas mesas de distancia. O homem estava de costas para mim, mas ela me encarava. Parecia furiosa com a minha existência.

– Lis? - Dick chamou minha atenção

– Ah, oi, me desculpa.

– Está tudo bem?

– Sim, eu só me distraí. Do que estávamos falando?

– O que você viu? - Ele me encarou. Suspirei pensando em como enganá-lo era difícil.

– Aquela ali, atrás de você... É a sua secretária, Andy? - Ela continuava a me encarar. E aquilo estava me irritando profundamente.

Dick arregalou os olhos e se virou esquecendo de “disfarçar”. Ele voltou a olhar para mim. Dick estava claramente preocupado.

Pov. Dick

Suspirei. Andy e Lis no mesmo ambiente. Principalmente depois do que houve. Como eu explicaria que fiquei paralisado quando Andy me beijou? Como eu explicaria que o beijo dela “mexeu” comigo? Mas, acima de tudo, como eu explicaria que ter beijado outra mulher fez com que eu entendesse que eu não queria mais ninguém além de Alicia? Antes de Andy ter me beijado, eu já havia me pegado olhando para ela mais do que profissionalmente e que já havia a desejado. Mas isso não era parecido com o que eu sentia por Lis. Eu a desejava consideravelmente mais, e o beijo de Andy me fez entender isso de uma vez por todas.

– Sim. É ela. - Respondi

– E por que ela está olhando para mim daquele jeito?

Virei para trás novamente. Andy olhava apenas para Lis, como se não houvesse nada em volta, e olhava furiosamente.

– Eu estou começando a ficar constrangida. - Lis sorriu forçadamente olhando para baixo

– Então vamos embora! - Falei e Lis olhou para mim, parecia surpresa.

Eu chamei o garçom e saímos dali o mais rápido que podíamos, sem olhar para trás.

Eu sabia que não devia esconder isso dela, mas ainda não havia bolado um plano de como contar sobre o que havia acontecido no escritório. Quando entramos no carro, lembrei de uma coisa:

– Eu trouxe algumas coisas suas que estavam na minha casa. Não é muita coisa, mas você pode precisar enquanto não vai fazer as compras que Suzi tanto espera.

– Obrigada, Dick. E... Eu esqueci de dizer que não sei escolher entre Itália ou Brasil.

Nós retomamos o assunto. Ela dizia tudo o que queria conhecer nos dois países com tanta animação que me fazia querer entrar no primeiro avião para qualquer lugar com ela. Parei o carro em frente a casa dos Lane, estávamos no meio da semana, eu não podia levá-la comigo ainda.

Ficamos encostados no carro, apenas juntos. Vimos Theo e Mike pela janela, chamando a nossa atenção, como se Lis fosse uma adolescente e eu, o namorado badboy.

– É melhor eu ir. Sabe, eles são um pouco ciumentos. - Ela se afastou de mim, falando como se aquilo fosse real.

– Sinto que o Dave devia estar ali. - Comentei

Ela mordeu o lábio inferior, olhando para mim. Eu a puxei novamente e nos beijamos, aproveitando o fato de estarmos sozinhos numa rua deserta. Ela se afastou, prevendo o que aconteceria se não fosse embora.

– Nos vemos depois? - Ela perguntou, assenti. - Certo. Tchau. - Ela se foi, andando rápido e sem olhar para trás.

Eu a observei entrando em casa e decidi que contaria a ela o mais rápido possível.

Pov. Lis

Depois de falar com a família, vi Mike arrumando seu sofá.

– Mike, obrigada por me deixar ficar em seu quarto! Você sabe que pode voltar a hora que quiser, não sabe?

– Não se preocupe, Lis! Pode ficar com o quarto, sem problema. - Ele parecia sincero, mas... - É sem segundas intenções! - Ele falou levantando os braços em sinal de rendição e parecendo ler meus pensamentos. Eu ri.

Eu agradeci e subi para o quarto. Quando abri a porta, eu me assustei, mas sorri. Dick estava lá, de costas para mim arrumando alguma coisa sobre a cômoda onde eu guardava meus poucos pertences. Ele já estava sem camisa.

– Posso ajudar? - Perguntei quase sussurrando. Ele se virou para mim, quase assustado.

– Você esqueceu de cobrar as coisas que eu trouxe de casa e eu achei que seria legal trazer para você – Ele falou casualmente

– Ah, você achou legal? - Perguntei enquanto me aproximava. Ele sorriu maliciosamente.

– Achei – Ele enlaçou minha cintura

Segurei seu pescoço e ele me beijou. Quando estávamos... Intensificando as coisas, ele me afastou.

– Lis, nós precisamos conversar.

– Tem certeza? Eu não quero conversar – Eu olhei para ele. Olhei de um jeito que não devia olhar, fazendo-o perder a concentração.

– Você... É... Mas... Que droga. – Ele me agarrou enquanto eu ouvia a chuva forte recomeçar