Back To Wonderland escrita por Ju Black


Capítulo 1
Prólogo




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ALICIA BLACK CORREU COMO SE sua vida dependesse disso. Provavelmente realmente dependia.

            “Não olhe para trás, não olhe para trás...” disse a si mesma.

            Ela olhou pelo canto do olho, contrariando todas as instruções que haviam lhe dado.

            “Nunca, em hipótese alguma, vire o olhar. Nunca. Só corra.”, lhe dissera Eduart, o garoto misterioso que aparecera na porta do seu quarto de noite.

            Tarde de mais.

            Mas talvez seu maior erro não fosse ter olhado para trás - ou para o outro lado da janela, tanto faz -, talvez tivesse sido ter ficado tão hipnotizada com a figura à provavelmente 40 metros dela.

            Cabelos vermelhos e bagunçados, olhos azuis, um sorriso sexy brincando nos lábios. Oh, Deus! Nem parecia que o garoto estava com uma faca em sua mão. Nem parecia que queria mostrar sua verdadeira intenção ao atraí-las ali.

            Alicia ficou observando o garoto dizer alguma coisa. Tentou ler seus lábios, “Não é você quem eu quero”. Ele levantou a faca cravou-a no peito de Emily.

            A loira de mechas roxas tentou não chorar, porque sabia que se Emily estivesse ali diria a ela que estava sendo estúpida em não correr.

            Então percebeu: Era tarde demais. Era tarde demais porque, afinal, ela tinha virado o olhar e estava perdida.

            O garoto arrancou a faca do peito de sua melhor amiga e desapareceu. Sentiu um frio na espinha.

            Ele estava ali.

            “Não olhe para trás, não olhe para trás.” disse a si mesma.

            - Tarde demais... Você já me viu uma vez...

            Era verdade, se não tivesse visto-o, se não tivesse olhado para a maldita janela talvez não estivesse nem o escutando.

            Ou talvez não. Ela já o vira nos sonhos estranhos semanas e semanas antes.

            Ele riu.

            - Alice Black...  

            - Alicia. - corrigiu, subitamente irritada.

            - Não estou me referindo a você. - ele continuou com seu sorriso psicopata no rosto - Sua avó não ficaria orgulhosa, você foi tão estúpida...

            Sua avó? De que diabos aquele cara estava falando? Alicia era uma órfã, como poderia conhecer sua família?

            Ele a observou por alguns minutos, depois riu alto.

            - Então é verdade? A grande e famosa Alicia Black não sabe de nada?

            - Mas que droga você está dizendo? - “Grande e famosa”? Ela era uma perdedora, isso sim.

            Ele riu mais alto e, subitamente, cravou a faca em sua barriga. Aquele garoto devia parar de ser tão súbito.

            Mas, sinistramente, ela tinha desaparecido um milésimo de segundo antes que aquela faca espetasse sua barriga.

            “O Mundo Subterrâneo faz parte da terra, mas se encontra em algum lugar abaixo do nosso mundo. A única maneira de chegar lá é caindo na toca de um coelho”.

            As pessoas cometem erros grandes ao escreverem livros de vez em quando.

            O mundo estava girando e girando, fora de controle. Alicia abriu os olhos e só enxergou escuridão à sua frente.

            Perguntou-se se tinha morrido. Não, provavelmente não, o tempo depois da morte deveria ser mais claro, não? Como nos filmes? E ela teria sentido a dor, certo?

            Ela abaixou a mão para o seu bolso e deu um suspiro. Seu iPod estava ali, ela estava bem.

            Seus olhos varreram o local. Uma mesa circular estava no meio do um aposento todo disposto em xadrez vermelho e amarelo - paredes, teto, piso - e, no fim, uma portinha que provavelmente só deixaria sua cabeça passar.

            Mas ela não ligou se aquilo estava muito Alice no País das Maravilhas, aquele ainda era o seu livro preferido. Não ligou se daquela vez, tudo mudara e nada era um sonho. Só se importou com uma coisa: sabia o que fazer.

            - Ela não é a Alice! - falou alguém da sala. - Primeiro, ela não caiu na toca, ela foi simplesmente materializada do nada...

            - Por favor, - pediu Dormidongo - alguém cale a boca dele antes que diga que é a Alice errada de novo...

            - Claro que não é! - disse Eduart, revirando os olhos azuis. Aquelas pessoas eram tão estúpidas?

            - COMO ASSIM CLARO QUE NÃO? - berrou o Coelho Branco.

            - Calem a boca! - pediu alguém com voz sonolenta.

            - Mas nós pedimos Alice, e agora você vem me dizer que não é ela?  

            - Alice, a Alice que nós conhecemos.

            Uma voz interrompeu a de todos os outros. Annelise entrou na sala.

            Sua postura era séria, e ela praticamente não tinha nenhuma expressão no rosto.

            - Alice Black. - disse ela - Essa Alice morreu há muito tempo.

            Todos fizeram um silêncio. Como morreu? Tinham se passado somente cinquenta anos. Era muito pouco tempo...

            - Aparentemente, eles, os humanos do mundo de cima, têm um tempo diferente do nosso.

            - Nossa, minha, linda e loira Alice, morta? - o Chapeleiro abaixou os olhos, que pela primeira vez nos últimos cinquenta anos parecendo tempestuosos, e tirou o chapéu. Ela prometera que voltaria, não? Ela sempre voltaria, sim?

            - Ótimo. A Rainha Branca foi sequestrada, o herdeiro da Rainha Vermelha reapareceu, o Jaguadarte está renascendo e temos uma Alice errada no mundo subterrâneo. Que adorável. - reclamou alguém.

            Eduart ignorou Bandersnatch, a Lebre de Março, que tentava jogar xícaras de chá nas pessoas e colocou a mão no ombro do Chapeleiro.

            - Sinto muito, Chapeleiro. Ela me disse que na hora certa apareceria alguém que iria assumir o seu lugar... E que seu nome era Alicia Black... Sua neta... Ela saberia a hora de vir, seria avisada...

            - Só tem dois erros. - uma voz ecoou na sala - Eu não tenho família, e ninguém me avisou de nada.


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Notas finais do capítulo

E entãão? c:



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