–Já chegamos? – Molly tentou retirar novamente as mãos de Lawrence de seus olhos, não aguentava mais o suspense.

–Ainda não – ele disse próximo ao seu ouvido sorrindo, o que só a fez bufar de impaciência.

Eles deram mais alguns passos para algum lugar a qual ela não fazia ideia de onde era. Desde que chegaram ao litoral de uma floresta ele não a deixara ver para onde estavam indo e passou a guiá-la, alegando ser uma surpresa.

A única coisa que sabia sobre o local até agora era que seu ar era bem mais úmido do que o do deserto e os cheiros e sons eram completamente diferentes do que já havia ouvido ou sentido.

Ele parou subitamente e retirou as mãos de seus olhos lentamente. A pequena piscou os olhos algumas vezes seguidas rapidamente para focalizar os portões de ferro recém pintados de dourado e atrás um pequeno jardim decorado com diversos espécimes de rosas, lírios e narcisos seguido de um casarão que ocupava o resto do terreno.

Molly ficou boquiaberta com aquilo, nunca tinha visto uma casa tão grande e bonita como aquela, o celeiro não se comparava, mesmo que fosse grande o bastante para caber uma matilha, com a beleza e riqueza de detalhes de uma verdadeira casa de tijolos, pedra e mármore.

Deu uma olhada em volta enquanto Lawrence abria o portão e observou a rua de ladrilhos de pedra, os postes de luz espaçados pela calçada e as casas que se estendia pela estreita rua além de sua visão.

Grandes objetos metálicos e carroças moviam-se pela rua, poucas pessoas andavam sozinhas, aos pares ou em pequenos grupos pela calçada, devido ao horário. Molly sentiu o olhar de alguém sobre si e vislumbrou a face do que parecia ser um garoto de no máximo seis anos fitando-a, mas não obteve tempo o bastante para vê-lo direito, pois sua face sumiu acompanhada de sua sombra lançada pela luz do poste de esquina logo que a mesma virou-se para ele.

–Venha. – chamou Lawrence já entrando portão adentro.

Olhou durante mais alguns instantes para a esquina onde estivera o garoto e depois deu de ombros indo atrás de Lawrence. Pararam em frente à porta em forma retangular e alguém a abriu antes que tivessem a chance de bater.

–Há quanto tempo.

O homem que estava parado na porta deveria ser do tamanho de Lawrence ou até um pouco mais alto, seus ombros eram largos e era onde seus cabelos cor de petróleo batiam, o corpo estava todo coberto com roupas de veludo escuras. Ele mantinha uma expressão séria, porém levemente zombeteira que logo se transformou em curiosidade ao fixar os olhos em Molly.

–Vejo que temos uma nova hospedeira – ele abriu a passagem para entrarem. –Alguém ficará contente em saber disso, já faz tempo que ela não tem uma boneca para enfeitar.

–Também é bom rever você, Luigi – Lawrence puxou Molly para dentro da casa.

Passaram por uma sala rapidamente e Molly conseguiu reparar na lareira acesa e no tapete felpudo que havia no chão antes de irem para um corredor. Ela diminuiu um pouco o passo e olhou para trás, focalizando os olhos amarelados de Luigi que ardiam com o reflexo das chamas sobre eles.

Rapidamente andou para perto de Lawrence e decidiu que evitaria ficar perto de Luigi.

Chegaram em outra sala, porém nesta não havia lareira e sim uma roda formada por sofás e poltronas, como se fosse um lounge.

–Senhora – Lawrence fez uma leve reverência para uma poltrona que estava virada de costas para os dois.

Molly tentava espiar quem estava atrás do forro de veludo, esticando-se na ponta dos pés e usando a mão de Lawrence como apoio. Ele nem pareceu se importar com a pressão da mão dela.

Costas cobertas apenas em sua parte inferior por um vestido roxo e cabelos castanho-claros caindo em cascatas até a cintura se ergueram da poltrona e logo depois se revelou uma exuberante mulher de olhos mais claros que os cabelos e sorriso perfeito, porém uma mancha negra que parecia ter brotado de seu peito e se espalhado por seu tórax enfeava sua pele extremamente cuidada.

–Eu sabia que iria voltar um dia, entretanto não tão cedo como eu esperava. – seus longos cílios piscaram e seus olhos miraram Molly – E quem é esta?

Diversas emoções pareceram passar pelos olhos dela, porém não transpareceu nenhuma, sem jamais quebrar seu semblante de ser perfeito.

Lawrence se retesou durante um instante antes de chegar mais perto de Molly e puxar gentilmente sua mão.

–Quero que conheça Molly, eu a trouxe comigo do deserto e tirei-a das mãos de Scott.

Ela ergue uma sobrancelha ao ouvir o nome de Scott, provavelmente reconhecendo o nome, enquanto Molly não conseguia desviar os olhos dela, cada vez querendo saber mais sobre todo aquele desconhecido que a rondava.

–Molly, esta é Chloe, ela é dona desta casa e irá me ajudar a cuidar de você agora.