Mama Dean escrita por Lady Padackles
Foi difícil entender a resposta do rapaz, que falou com a boca lotada de linguiças:
– Então oferece rápido, antes que o meu irmão volte!
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– Só se for agora, gostosão. Saiba que eu tenho muita carne para te oferecer... A Corey pode cuidar do bebezinho para você – Molly disse puxando uma de suas amigas, que estava sentada conversando com um grupo de pessoas.
A moça pareceu um tanto conformada com a situação.
– Sim, pode deixar que eu seguro a criança... – disse.
Dean levou o embrulhinho para mais perto de si.
– Ele não gosta do colo de estranhos... – disse o caçador, apreensivo.
– Hei, você não se manca não? – Raul peguntou a Molly, intervindo. – Ele gosta mesmo é de salsichas, não é mesmo, meu bem?
Dean acenou afirmativamente. As salsichas estavam mesmo gostosas... Quem sabe aquele cara não tinha mais um pouco para lhe oferecer.
– Pois eu tenho um salsichão enorme que pode ser seu! – exclamou a bicha, chegando mais perto.
Dean engoliu em seco. Aquele cara estava se insinuando para ele?
– Não obrigado. – ele respondeu sem graça.
– Cara, deixem o homem em paz... Não estão vendo que ele está com o filho? – Dessa vez foi Corey quem falou, em defesa do louro.
Dean sorriu para ela em agradecimento.
– É menino ou menina? – perguntou a moça.
Dean titubeou. Não sabia a resposta...
– É menino – chutou.
– Posso dar uma olhadinha?
Antes que Dean pudesse inventar alguma desculpa, Corey se aproximou, afastou a cobertinha e levou o maior susto.
– Ahhh! – ela gritou espantada, chamando a atenção de todos os clientes e atendentes da lanchonete, inclusive Sam.
– É... É um bicho! – anunciou ela.
– Isso é algum tipo de golpe? – perguntou Molly indignada. – Deixa eu ver o que você tem nas mãos.
Sam, que já estava pagando a conta, se apressou ainda mais. Precisava levar seu irmão embora dali o mais depressa possível, antes que ele fosse linchado.
Dean tentou proteger o filho como pôde, mas Raul havia se unido à Molly na tentativa de ver a “criança”. Tentaram puxar o embrulho das mãos do caçador. Tanto fizeram que ele acabou caindo no chão, revelando a todos a verdadeira identidade do neném: um ursinho de pelúcia.
Todos olharam assustados quando o rapaz mergulhou no chão atrás do filho, completamente desesperado. Instintivamente, Dean enfiou a mão por dentro do urso. Entrou em pânico ao sentir que seus dedos estavam úmidos.
Quando Sam finalmente voltou para perto do irmão, o encontrou aos prantos segurando o brinquedo sob milhares de olhares curiosos.
– O que vocês fizeram com o meu irmão? – vociferou Sam, encarando a multidão com ódio.
– Desculpa! – Molly estava sem graça. – Nós não sabíamos que ele era assim... hmmm... “doidinho”... A gente deixou o brinquedo dele cair no chão...
– Dean... – Sam já não sabia mais o que fazer. Molly tinha sido até muito delicada. Seu irmão já tinha passado dos limites de “doidinho” há muito tempo...
O louro correu para o banheiro com o filho e se trancou.
– Castiel!! Socorro! – ele chamou aos soluços.
Sorte do rapaz que o anjo não demorou a aparecer. Dean tirou o ovo de dentro do urso e esticou em direção ao amigo. Estava ligeiramente rachado.
– Salva o meu filho... – ele pediu em desespero.
– Seu filho? – Castiel pareceu confuso... – Hmmm, isso explica muita coisa... Mas Dean.... Como pode um humano pôr um ovo?
– Cas, salva o meu filho primeiro, e podemos conversar depois!!! – vociferou o louro.
Enquanto isso Sam batia na porta desesperado.
Castiel tocou na casca do ovo e consertou o estrago com um simples toque.
Dean abraçou o anjo aliviado e ainda fungando.
– Obrigado, Cas... Ele está bem?
– Ela está bem... – respondeu Castiel.
– Ela? Ela? É uma menina??? – Dean ria e chorava ao mesmo tempo.
Castiel acenou afirmativamente. Dean enfiou o ovo de volta no ursinho.
– O que é isso, Dean? De onde veio esse ovo? – o anjo perguntou curioso.
– É... Hmmm... Minha filha adotiva. Agora, por favor, Cas... Vai embora! Depois que a criança nascer eu te explico melhor...
Castiel olhou desgostoso para o amigo, mas obedeceu sua vontade. Bem na hora que Sam conseguiu arrombar a porta aos pontapés.
– Dean, pelo amor de Deus! Você enlouqueceu de vez!? – Sam parecia muito aflito, vermelho e descabelado.
Dean baixou os olhos, ainda segurando o ursinho com todo cuidado.
– Você está se comportando como um doido, sabia? – prosseguiu o moreno.
Dean ainda estava vermelho e fungava, de tanto chorar. Não disse nada.
– Vem comigo. – Sam então disse segurando nos ombros do irmão, com a voz um pouco mais calma. – Desculpa, você não tem culpa de nada... Eu vou cuidar de você, pode deixar...
– C... Cuidar como? – gaguejou o louro.
– Vamos ver um médico, ok? Você vai melhorar, prometo.
– N...Não... Eu estou bem, Sammy...
Sam não respondeu. Apenas conduziu o irmão de volta para o carro.
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Sam dirigia com Dean ao seu lado. O silêncio reinava desconfortável. Dean desconfiou que Sam estivesse dirigindo para o hospital psiquiátrico mais próximo.
– Sammy?
– O que foi?
– Eu não estou doido...
– Dean... Não se preocupe com isso... – a voz de Sam saiu mansa e protetora, fazendo Dean estremecer.
– É sério, Sammy... Eu estava chorando porque... porque... Aquele cara gay me deu um chute bem naquele lugar, doeu muito...
– Ele deu? Eu não vi nada... – Sam olhou para o irmão incrédulo. – Mas por que?
– Porque eu não quis sair com ele. Foi só isso...
– E por que correu para o banheiro feito um doido? – Sam parecia agora um pouco irritado.
– Eu precisava verificar a saúde do meu menino... Doeu tanto que fiquei nervoso. É serio, e se ele nunca mais voltasse ao normal? – Dean soltou uma risadinha.
Sam ficou um tanto aliviado e ligeiramente sem graça.
– Err... Você precisa ver um médico?
– Não, Sammy. Ele está inteiro. Estou bem...
Sam sorriu, mas depois voltou a franzir o cenho.
– E quanto ao ursinho? Dean... Essa história do urso ainda está muito mal contada...
– Sam... Eu já te expliquei... Mamãe me deu um ursinho igual a esse no meu aniversário de três anos... Quando estou com ele me sinto mais próximo a ela... É só isso. Me sinto protegido de todo mal quando seguro ele no colo.
– Tudo bem... – Sam suspirou. – Dean... você não quer dirigir um pouco?
Dean assentiu, mas fez questão que seu irmão fosse para o banco de trás. O ursinho ficou “adormecido” no banco da frente.
“Uma menina... Era uma menininha...” – Dean voltou a sentir seus olhos marejarem enquanto dirigia. Precisava comprar um enxoval para ela. As facas que enfeitavam seu quarto estavam com os dias contados. Sua princesa teria tudo o que uma garotinha sempre sonhou. Ele não se importava de dormir em uma quarto todo cor-de-rosa se fosse para fazê-la feliz.
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Estavam em casa já há dois dias, e a vida dos caçadores andava tranquila. Dean ainda sustentava para Sam a sua condição de vegan, mas comia escondido no quarto. Quando a campainha tocou, Dean fez questão de correr para atender a porta.
– Não precisa se incomodar, Sam. Eu atendo.
Dean sorriu de uma orelha a outra ao ver suas encomendas chegando. Sua filhinha já estava prestes a nascer, afinal a previsão de uma semana dada por Castiel se esgotaria dali a dois dias apenas.
Sam ouviu o barulho de passos no corredor e se assustou.
– Está tudo bem aí, Dean? Quem era? – o irmão caçula gritou de seu quarto.
– Tudo bem, Sammy. Apenas umas encomendas que eu fiz...
Encomendas? Sam ficou curioso, mas acabou deixando para lá. Tinha acabado de começar a assistir um filmaço na televisão.
Enquanto Sam estava entretido, Dean arrumou o quarto todinho. Colocou um lacinho de fitas na orelhinha do urso e deitou-o no berço com todo cuidado. Enfeitou estantes com lindos brinquedos. Estava tudo muito fofo e cor-de-rosa.
Depois, cansado, resolveu se deitar. Acordou com seu irmão falando com alguém ao telefone, aos sussurros.
– Sim, agora eu tenho certeza... Meu irmão foi possuído pelo espírito de uma criança. Uma menina!
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