Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 13
Comida... Uns querem, outros não.




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Dean e Samantha dormiram embalados pelo balançar monótono do caminhão em movimento. Só foram acordados tempos mais tarde, quando Larry resolveu parar para um lanchinho.

– Hei, acorda... – chamou o caminhoneiro. – Vamos comer alguma coisa?

Dean estava faminto, mas estava completamente sem dinheiro. Todos os seus pertences estavam na mala que deixou para trás, inclusive a carteira. A única coisa que levava consigo era a pequena pochete de pano onde guardava linha, agulha e um frasquinho pequeno de água oxigenada: itens essenciais para qualquer mãe humana de um bebê Bicudin. Estava de fato apostando todas as suas fichas na hospitalidade dos familiares de sua filha.

– Não estou com fome... – mentiu.

– Tem certeza? – O caminhoneiro perguntou incrédulo, e Dean assentiu. Larry já estava fazendo demais por ele, não queria lhe pedir mais um favor. Com certeza o pobre homem mal tinha o suficiente para pagar por suas próprias refeições.

Larry foi comprar um lanche enquanto Dean aproveitou para ir ao banheiro. Teve a sorte de encontrar uma mãe solidária que lhe forneceu uma fralda e um restinho de talco, itens necessários para garantir a higiene e conforto de sua filhinha por mais algum tempo.

– Logo encontraremos com a sua familia, meu anjo! E eles haverão de nos acolher bem... – o caçador suspirou, falando com Samantha, enquanto passava talquinho no chumacinho louro que saía do seu bumbum. Era incrível como o amor que tinha por aquela criança lhe dava forças para continuar a sua jornada... Sentia falta de Sam e de Castiel, mas não podia voltar atrás...

Logo já estavam de volta ao caminhão. Dean com a sua “bonequinha” no colo, e Larry com um sanduiche de carne, de aspecto horrível, nas mãos.

– Quer um pouco? – perguntou de boca cheia.

O estômago de Dean tentou responder por ele... Gritou desesperado implorando por ao menos uma migalha daquele sanduba. Não importava se a comida era feia e fedida. Bastava ser comida para ser desejável...

– Não, Larry. Obrigado... – O caçador respondeu, contrariando a vontade do seu pobre e faminto estômago, que doeu frustrado.

Larry não perguntou uma segunda vez. Traçou tudinho, quase sem mastigar.

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– Sammy, vem jantar! – gritou a vovó da cozinha.

Sam, que estava emburrado, nem respondeu. Estava cansado, cansado de tudo... Castiel estava com a velhota na cozinha, servindo-lhe de ajudante.

– Vem, Sam! Vem provar o macarrão que eu fiz! – chamou o anjo entusiasmado. Estava de avental, aprendendo tudo que a vovó Hilary ensinava.

– Não estou com fome! – grunhiu ele. – E se você quer saber, acho ridículo você aí na cozinha fazendo macarrão... Você tem super poderes, Cass! Deixe a cozinha para os mortais e vá buscar o meu irmão!

A vovó surgiu na sala, onde o caçador jazia esparramado no sofá.

– Sammy, o seu irmão vai voltar logo. Você tem que comer, querido... – Ela disse se aproximando do rapaz com uma colher de pau nas mãos. – Prove o molho da carne. Veja se não está gostoso...

Sam não teve como recusar. Hilary era uma pessoa agradável, e até que estava sendo boa para eles afinal. Abriu uma boca bem grande, colocando toda a colher para dentro. Estava um delicia... Talvez estivesse com fome afinal.

Hilary colocou a mesa e serviu carne assada com molho e batatas, o macarrão feito por Castiel e alguns legumes assados. Sam acabou não resistindo, e sentou-se para comer com a velha. Apenas Castiel permaneceu de pé, olhando para eles.

– Cass, meu querido, vem comer também! – pediu Hilary.

– Eu não como, vovó... Lembra? Sou um anjo...

A velha rolou os olhos. Meu Deus, como aqueles rapazes doidinhos davam trabalho... Quando não era um, era o outro... Castiel não havia comido nada desde que chegara, já estava começando a perder a paciência.

– Pois conversei com Deus agora a pouco, ele me disse que é para você comer... – ela disse severa.

Castiel olhou para a vovó abismado. Não disse nenhum palavra, apenas obedeceu. Sentou-se ao lado de Hilary e espetou uma batata com o garfo. Nem tinha certeza de como comer aquilo. Por que seu Pai estava enviando ordens tão estranhas?

Sam, que sabia muito bem das intenções da vovó, achou tudo muito engraçado. Castiel fitava a batata interrogativo e a velha parecia nervosa ao olhar para ele. O Winchestar caçula acabou por soltar o rizo, se afogando com coca-cola, e cuspindo o liquido por toda a mesa.

Hilary olhou para os rapazes com compaixão. Enquanto Castiel mordia a bata apreensivo, Sam gargalhava sem nenhum motivo aparente. Tão malucos, pobrezinhos... O tal Dean fora de fato muito cruel em deixá-los sozinhos. Torcia para que fosse logo encontrado. O irmão de Sam merecia um belo castigo...

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Para sorte ou azar de Dean, o caminhão de Larry não custou muito a deixá-lo em seu destino. O caçador agradeceu muito a ajuda do amigo abobalhado, que tinha lhe ajudado bastante.

– Muito obrigado, Larry! Vou ficar por aqui...

– Mas Dean... Aqui só tem floresta... Vai fazer o que aqui?

O rapaz deu de ombros. O que poderia explicar a Larry que fizesse sentido? O caminhoneiro, entretanto, o olhava como a pedir explicações. Não o deixaria ir embora assim sem mais nem menos.

– Visitar a familia dela... – Ele respondeu com um sorriso amarelo, apontando para Samantha. Até que era bom poder falar a verdade de vez em quando...

– Cara... Você é maluco, sabia? Nunca vi ninguém mimar tanto um papagaio...

O caçador sorriu e se despediu, e Larry seguiu seu caminho desejando-lhe boa sorte. A toca da mamãe Bicudin não ficava longe dali. Dean seguiu até lá o mais depressa que pôde. Seu coração batia acelerado. Estava com medo do que iria encontrar... Será que o corpo da mãe de sua filha ainda estaria por lá? Sentiu um enorme remorso ao se lembrar do ato que cometera. Deixara aquele pobre filhote sem sua mãe biológica... Agora o mínimo que podia fazer por Samantha era ser a melhor mãe do mundo para ela.

Entrou na toca, mas, para seu alívio, o corpo não estava mais lá. Encontrou o ninho ainda intacto e quase chorou de emoção ao se lembrar da primeira vez que viu sua filhota, ainda dentro do ovo branquinho. Nunca poderia imaginar que sua vida mudaria tanto depois daquele momento mágico...

O rapaz começou a vasculhar a toca toda, e quando já estava quase desistindo de encontrar alguma pista, viu um envelope no chão. Dean o abriu cuidadosamente e achou um convite. Convite de aniversário de 15 anos da uma princesa Bicudin... O envelope continha o endereço Real, também na floresta, que estava indicado por um mapa. Continha também a data do evento, que seria dali a uma semana.

– Samantha, que sorte, filhinha! Nós vamos diretamente falar com o rei! E ele há de se derreter com a sua formosura. Tenho certeza que seremos bem acolhidos...

Em resposta, a pequena e bicuda criança mordeu Mama Dean com força, tirando-lhe sangue.

– Com fome, meu anjinho... – o caçador sentou-se no ninho e foi lá mesmo que amamentou sua filha. Seu bebê estava cada vez maior e mais insaciável. Era bom mesmo arranjar outra fonte de alimentação para ela, e depressa... Dean achou que fosse desmaiar de fome e cansaço, mas aguentou firme. Suturou o pulso novamente e pôs-se a caminho. Não estava muito longe agora...

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– Cass, come tudinho. Seu Pai mandou! – insistia Hilary enquanto o pobre anjo, sem muita prática, se esforçava para terminar o prato que ela havia feito para ele.

Sam já estava alimentado, de banho tomado, dentes escovados... Prontinho para ir para cama.

– Sammy, vai deitar que a vovó já vai. Vou contar uma historinha para vocês antes de dormirem... – disse a velha, que apesar de cansada, estava adorando cuidar das “crianças”.

Sam obedeceu, mas esperou bastante até que Hilary conseguisse que Castiel acabasse de comer, tomasse banho e escovasse os dentes também. A vovó conseguiu convencê-lo a fazer aquilo tudo dizendo que eram ordens de Deus. Cass estava de fato muito confuso. Por que seu Pai queria que ele treinasse para ser humano afinal?

– Não sei, Castiel. Só sei que você precisa obedecer ao Pai... – Respondeu Hilary quando o anjo lhe fez a pergunta.

A pobre senhora ainda precisou ajudar Cass a se secar, já que ele não levava o menor jeito para a coisa. Também teve que impedir o anjo de colocar as mesmas roupas no corpo. Vestiu-o com um pijama de Dean.

Quando já estavam todos prontos, reuniu os rapazes para lhes contar uma história. Mas não era uma história qualquer... Era uma daquelas histórias cheias de moral, para ensinar as crianças a serem tolerantes e aceitarem diferenças. Queria que os dois percebessem que não podiam detestar a filha de Dean, que afinal era apenas um bebê.

Hilary contou a história de Morgan, um garoto que tinha um nariz muito grande e feio. Todos os coleguinhas riam dele, e ninguém queria brincar com ele. Mas Morgan era um menino adorável, e com o passar do tempo, todos foram percebendo isso. Ao fim, todos ficaram amigos do menino, e ninguém mais se importou com o fato dele ser diferente.

Sam já estava quase dormindo quando a história terminou.

– E então, o que entenderam da história? – perguntou ansiosa. Torcia para que a lição lhes tivesse servido.

Sam bocejou. Cass levantou o dedo e sorriu. Queria responder a pergunta.

– E então, Cass? – perguntou a velha sorrindo.

– Eu entendi que o nariz não indica o caráter de um ser humano!

– Muito bem, Cass! Mas não só o nariz... O nariz foi só um exemplo... Certo, Sammy? Me dê outro exemplo, Sammy!

– Ninguém deve julgar os outros pelas aparências... – Sam então respondeu sonolento, doido para ser deixado em paz. Queria dormir.

Hilary sorriu. Sam havia compreendido muito bem.

– E vocês, já julgaram alguém pelas aparências?

Os rapazes se entreolharam.

– Provavelmente... – respondeu Sam com sinceridade.

– A filha do seu irmão?

Ahh não, então era aí que ele pretendia chegar... Sam ficou enervado.

– Esse conto da carochinha não se aplica a monstros devoradores de sangue! – respondeu com raiva.

Hilary assustou-se com a reação de Sam e olhou para Castiel. Esperava que ele, pelo menos, pudesse ter um pouco mais de bom senso. O moreno de olhos azuis olhou para ela sério. Talvez tivesse compreendido alguma coisa afinal...

– Vovó, Morgan era feio mais era humano... A filha de Dean é um monstro. Acho que o Sam tem razão...

Hilary suspirou. Teria que pensar em um história sobre monstros bonzinhos da próxima vez. Quem mandou não levar em consideração que os dois eram pirados?


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