Eu não aguentava mais ficar aqui e acho que só tinha algumas horas, não consigo dormir e não sei que horas são, se está de manhã ou ainda é de madrugada, não tem uma janela aqui.

– Com fome, Lia?

O James entrou sorrindo.

– Lógico, idiota.

– Sabe, você é uma garota bem bonita. Ele mudou seu tom de voz e foi se aproximando de mim. Se não fosse tão marrenta eu até que poderia querer alguma coisa com você.

Ele segurou no meu rosto com um pouco de força e depois soltou rindo.

– Primeiro, eu sei que sou linda e gostosa. Segundo, se for me estuprar use camisinha, pelo menos, não quero ser a responsável pela merda de colocar outro de você no mundo. E terceiro, o difícil seria eu querer algo com você, James.

– Às vezes eu acho que essa sua marra é até sensual.

– Eu sou sensual até vestida com uma burca, James. Eu exalo sensualidade.

Disse me achando e ele riu.

– E muito modesta também.

– Com certeza. - Dei um sorriso falso. Tá, por que você está fazendo isso mesmo? To sem assunto, nunca fui sequestrada, sabe como é? Não sei como puxar assunto.

– Você sabe o porquê, Lia. Não gosto que me desafiem e não gosto de como seu namorado me tratou.

Ele se sentou na cadeira perto da porta.

– Querido, eu não gosto de quiabo e nem por isso eu acabo com todos os quiabos do mundo. Você precisa aprender a lidar com isso!

– Você é uma idiota.

– Não mais que você que sequestrou a filha adotiva do Paulo e namorada do Vitor. Você não conhece os Machados.

Fiz uma careta e ele sorriu.

– Você não sabe do que eu sou capaz.

– Sabe James, eu poderia até ter medo de você, assim como eu poderia ter uma Ferrari, mas são duas coisas que não tenho, a segunda eu até que queria ter.

Disse pensativa e ele revirou os olhos.

– Lia por que você é desse jeito? Ele perguntou mais para si mesmo. Você está com muita fome e sede?

– Sim, James. Muita.

– Que ótimo porque você não vai ganhar nada, por causa das suas piadinhas.

Seu sorriso aumentou. Filho da puta!

– Então se prepara que vou morrer aqui, morro de fome, mas morro com classe.

Pisquei e a Luana entrou.

– James preciso falar com você.

Ela parecia preocupada.

– Que foi, Luana? Acabou o milho da sua casa?

– Vai se fuder, Lia.

– Queria ir fuder com o Vitor, mas você me sequestrou, poxa.

Fiz uma cara triste e ela me fuzilou com os olhos. O James saiu com ela de dentro da sala. Tomara que sejam boas noticias para mim e ruim para eles.

Vitor PDV

– VITOR EU VOU TE BATER, VOCÊ TEM MERDA NA CABEÇA? COMO DEIXOU A LIA SER SEQUESTRADA?

Meu pai gritava comigo quando descobriu a verdade, estávamos no escritório dele já que me chamou até aqui.

– Pai fui eu que sequestrei ela por um acaso? O senhor queria que fizesse o quê? Coloca-se um chip nela? Por que tenho que levar culpa em tudo nesse caralho?

Me joguei na cadeira, puto da vida.

– É, mas você tinha que prestar mais atenção e cuidar dela, seu idiota.

– Pai, lembre-se que estamos falando da Lia, tá? Não tem como cuidar dela, ela não deixa.

– Eu estou com vontade de bater em você.

Ele estava realmente furioso, mas eu não tenho culpa de nada.

– Para de me culpar, merda.

Disse com raiva e ele arremessou um porta caneta bem na minha cabeça, bem no meio da minha testa.

– A culpa é sua e cala a boca, acéfalo. - O encarei sem rir, às vezes meu pai é irritante. Queria saber da Lia, não tenho nenhuma novidade e já são 3 da manhã. - Vitor eu vou caçar esse filho da puta e essa trepadeira de esquina e juro que vou matar os dois.

– Eu ajudo, pai.

– Você tinha que ter ajudado não deixando a Lia ser sequestrada.

Ele pegou o telefone, meu pai é um idiota. Ele ligou para o Sal que é um amigo dele que mexe com investigações e pediu para tentar localizar o telefone do James ou da Luana.

– Pai eu vou indo pra casa, vou falar com os meninos e saber se algum deles tem noticia, qualquer coisa te ligo.

– Me ligue mesmo.

– Pai eu estou preocupado.

Desabafei e ele se levantou e me abraçou.

– Nós vamos pegar eles, Vitor.

– Você já avisou para a mamãe e os tios o que aconteceu?

Quando os pais da Lia souberem vão pirar assim como a minha mãe.

– Não, eu ainda imaginava que era uma brincadeira sua.

– Por que o senhor é assim comigo?

– Isso é amor.

Ele riu e eu fiz uma careta. Fui para casa, mas não consigo parar de pensar na Lia, ela deve estar com fome, com sede e aturando aqueles idiotas, ou irritando eles. Estava no sinal perto do beco onde eu a ela nos divertimos ontem, sorri com a lembrança. Enquanto esperava o sinal abrir vi a Luana entrando em um carro, não acredito. Arranquei no sinal vermelho mesmo e parei na frente do carro dela. Nem desliguei o carro, eu fui descendo.

– CADÊ A LIA , VADIA?!
Ela saiu do carro assustada.

– V-Vitor?

– CADÊ A LIA, LUANA FALA ANTES QUE EU BATA EM VOCÊ.

– Vitor...

– FALA LOGO CADÊ ELA, CARALHO!

Segurei em seus braços a empurrando no carro dela.

– Eu não vou dizer, Vitor. Você não quis ficar comigo, não vai ficar com ela também.

Ela me encarou. Filha da puta, minha vontade era bater nela, mas não podia fazer isso.

– Pois então, você vai embora comigo e vou te deixar trancada, assim como a Lia, vamos ver quem aguenta mais.

A segurei forte pelo braço e ia a colocar no meu carro, mas ela estava lutando contra mim, acabei sendo atingido por algo e desmaiei.

Lia PDV

– Por favor alguém me mate antes que eu morra de tédio.

Gritava dentro da sala, eu não aguentava mais, não tinha nada pra fazer.

– Cala a boca, Lia.

A Luana parecia irritada.

– Teve uma noite de trabalho ruim, Luana?

– Eu quero matar você, Lia!

– Me faça esse favor mesmo.

Pedi e ela me olhou mais furiosa.

– Vamos ligar para o seu namoradinho.

Ela sorriu e ligou para o telefone fixo da casa, acho que não queria que o Vitor soubesse o número dela. Colocou no viva voz.

– Alô?

Parecia ser a voz do Gui.

– Eu gostaria de falar com o Vitor.

– Gui, amor. To com saudade!

Falei depois da Luana.

– Lia como você está? Esses idiotas estão te dando comida? Nós vamos te encontrar, não se preocupe.

– Cadê o Vitor? Eu quero falar com ele.

A Luana disse sem paciência.

– Espera.

O Gui disse.

– O que você quer com meu namorado?

Fingi que estava com ciúmes e ela revirou os olhos.

– LUANA SUA VADIA, CACHORRA FILHA DA PUTA, EU VOU TE MATAR QUANDO TE ENCONTRAR, CADÊ A LIA?!

O Vitor atendeu revoltado e eu comecei a rir.

– Ta fudida!

Comentei gargalhando.

– Cala a boca. Vitor querido, sua namoradinha vadia ainda vai passar um tempo comigo.

Bem na hora o James entrou na sala, sorrindo. Não suporto mais olhar para a cara desses dois.

– LUANA, QUANDO EU PEGAR VOCÊ E O VIADO DO JAMES, JURO QUE MATO OS DOIS!

– Quero ver.

O James comentou para o Vitor.

– Vitor será que dá pra acelerar o processo pra me encontrar? Ser sequestrada tudo bem, mas vou acabar morrendo de tédio, nem uma revistinha eles me dão.

– Lia meu amor, eu estou trabalhando nisso, logo, logo você vai estar aqui do meu lado.

– Acabou o papo.

A Luana desligou o telefone.

– Ta. Fui sequestrada, vocês não querem dinheiro, me matam de tédio e ainda ficam fazendo ligações sem sentido para o meu namorado, vocês mereciam um oscar pelo prêmio mais cocô do universo.

– Lia para o seu bem, você devia calar a boca.

James disse irritado.

Vitor PDV

– Dá pra ser mais rápido?

– Vitor, cala a boca antes que eu te bata até você ficar inconsciente.

Sal estava aqui em casa tentando localizar meu celular. Bateram em mim quando estava com a Luana, para proteger ela, e acabei desmaiando, mas o mendigo que assistiu nossa transa ontem no beco me ajudou e colocou meu celular dentro do carro dela e agora estamos tentando localizá-lo.

– Então você é o mendigo pervertido?

O Gui estava sentado junto com o Hanson, o mendigo, no sofá. Trouxe ele pra cá já que me ajudou muito.

– Pervertidos são as pessoas que fazem sexo em um beco, na rua.

– Isso é verdade.

O Dinho riu. Se a Lia estivesse aqui estaria trancada dentro do quarto sem coragem de olhar para o Hanson.

– Você reconheceu o Vitor, Hanson?

– Sim, eu escutei a briga dele com a tal garota, aí um cara veio e bateu nele por pensar que estava batendo na menina e ela agradeceu, fui ajudar ele e enquanto a menina agradecia ao cara peguei o telefone dele e joguei no carro dela.

– Lia vai ficar muito feliz em saber que você ajudou.

O Biel disse rindo. Ela vai ficar morrendo de vergonha.

– Ela parece ser uma boa garota.

– E é, muito boa.

Acrescentei e eles riram.

– Falta pouco.

Sal comentava, já estava amanhecendo. Meus pais e tios estavam discutindo para saber se chamavam a policia ou não, acho que nunca vi essa casa assim. Estava os meninos, o Biel, a Sophia, o Sal, meus pais e tios todos aqui. Fui para a cozinha tomar água, estava com uma sensação ruim.

– Preocupado?

A Sophia perguntou se aproximando.

– Muito.

– Não vai acontecer nada, V. Aposto que aqueles idiotas não vão fazer nada.

– Tomara que não, Soph.

– CONSEGUI!

Escutei a voz do Sal e corremos para a sala. Olhei para o notebook e vi o endereço, sabia onde era.

– Eu vou até lá.

Peguei a chave do carro e ia saindo, mas meu pai me interrompeu.

– Eu vou, Vitor. Acho melhor você ficar por aqui.

– Nem adianta falar, pai.

Ele pensou e concordou, saímos eu, ele, o tio e alguns seguranças para o endereço encontrado. Agora eu pego esses filhos da puta!