– Quero.

Disse olhando pra ele séria e o desafiando. Saí da frente do Nick, e estendi a mão como se desse passagem, o Nick tava sorrindo e encostado no balcão, como se dissesse “Vem, que to esperando”. O Vitor me olhou novamente.

– Então, ta esperando o que?

O Nick perguntou rindo fraco.

– Cala a boca, idiota.

O Vitor respondeu com raiva.

– Do mesmo jeito que você pode trazer quem quiser nessa casa, eu posso, pois também moro aqui e se quiser reclamar procure seu pai, mas aposto que já sabe qual vai ser a resposta dele.

Olhei séria pro Vitor e puxei a mão do Nick nos tirando dali e indo para o caminho da piscina.

– Gostei, gostei.

Ele dizia rindo enquanto o puxava.

– Cala a boca, Nick.

Ri também.

– Vem calar com um beijo.

Ele parou, eu me virei e ele fazia bico. Revirei os olhos e nós rimos.

– Então, como vai ficar a situação de vocês?

Sentamos-nos na área de serviço que tinha ali, onde tinha churrasqueira e tals.

– Não, só sei que to apaixonada por ele.

Fiz bico de novo, assim como quando contei pro Gui.

– Coitada, apaixonada por quem não vale nada.

– A mesma coisa se tivesse apaixonada por você.

Retruquei.

– Ah, posso não valer nada, mas tenho minhas qualidades.

Ele piscou.

– Ai velho, como se acha. E o Vitor também tem suas qualidades, por isso estou apaixonada por ele.

– Se conhecesse pelo menos três das minhas qualidades, já estava apaixonada por mim.

– Até parece, Nick. Você é chato demais.

– É uma das minhas qualidades.

Ri de novo, até que ele era um ótimo amigo quando não estava encrencando com o Vitor e acabando com a minha noite.

– Nick você é um ótimo amigo, sabia? Lógico que quando não ta estragando minha noite.

– Viu, mais uma qualidade, só descubra mais uma que eu sou todo seu.

– Como você é besta.

Disse rindo.

– Pronto, ta apaixonada já.

Ficamos conversando sobre assuntos bestas.

– Olha gata boa, vou ter que sair agora, tenho um encontro.

Ele riu, já tinha horas que estávamos conversando.

– Ta bom, aproveite muito.

– Poxa, pensei que ia me impedir de ir e ia pedir para ficar com você.

– Vai embora, Nick.

Rimos, ele me abraçou pelos ombros e voltamos pra dentro de casa.

– Cara, eu já passei dessa fase.

Ele me largou e correu até onde os meninos estavam jogando videogame.

– Não consigo sair daqui, como passou?

O Gui que tava lá agora, perguntou.

– Faz assim...

E ele começou a explicar, fui na cozinha tomar água. Senti um puxão no meu braço fazendo com que derramasse água em mim.

– Não gostei nada do que fez.

O Vitor segurava em meu braço e tinha empurrado meu corpo na pia, fazendo eu me virar pra ele.

– Olha o que você fez, idiota.

Disse olhando minha blusa toda molhada.

– To nem aí pra sua blusa.

– E o que eu fiz mesmo, porra?

– Não gosto que me humilhe na frente dos meus amigos, assim como fez quando chegou, gosto muito menos quando isso acontece na frente de pessoas que não gosto como o Nicholas, não to aqui pra ser mandado ou humilhado por nenhuma garota.

– Já disse que não humilhei ninguém e se deixar de ser tão idiota talvez pare de ser tratado assim.

– É, mas é por esse idiota que você diz estar apaixonada.

Ele disse olhando nos meus olhos, será que tinha ouvido minha conversa?

– Diz estar?

– É, diz estar já que não acredito em um pingo do que diz.

– Assim como não acreditei no seu "eu te amo".

Nesse momento estávamos nos encarando com raiva.

– Lia... Ops!

Escutei o Nick que me fez parar de encarar o Vitor.

– Licença.

Disse seca me soltando do Vitor e indo até ele.

– Filho da puta, um dia ainda te dou uma surra.

O Vitor  disse passando por nós.

– Quer ir lá fora?

O Nick provocou. O Vitor parou se virou sorrindo e foi saindo de casa, seguido pelo Nick.

– Idiotas! - disse correndo para segui-los - dá pra vocês ajudarem?

Falei para os meninos que nem reagiram.

– Deixa o Vitor apanhar um pouco.

Escutei o Gui dizer. Quando cheguei lá fora eles já estavam no chão se batendo, algumas pessoas que passavam por ali, pararam para assistir.

– PAREM VOCÊS DOIS!

Gritei com eles que não estavam nem aí pra mim. Entrei em casa novamente.

– Venham me ajudar, ou quem vai apanhar...

Nem terminei e eles se levantaram reclamando. Saíram e separaram o Vitor e o Nick com dificuldade.

– NÃO APANHOU NADA AINDA, FILHO DA PUTA.

O Vitor gritou com o Nick, estavam bastante machucados os dois, mas não deu tempo pra muita coisa, só a boca que sangrava e algumas outras partes vermelhas, o Vitor parecia estar só um pouco mais machucado.

– VEM CÁ BATER ENTÃO, PORRA!

O Nick gritou de volta.

– EU VOU!

– CALA A BOCA, VITOR. VOCÊ NOS FEZ SAIR DA FRENTE DO VIDEOGAME, AGORA ENTRA NO CARALHO DESSA CASA E DEIXA DE BOIOLAGEM.

O Gui realmente tinha se estressado, com raiva, mas o Vitor entrou juntamente com os meninos.

– Você ta legal?

Perguntei chegando perto do Nick.

– To.

Ele disse sorrindo, lhe dei um tapa na cara.

– Ai.

Ele se queixou.

– Isso foi pela briga desnecessária. Idiotas.

– Ele quem começou.

– Perguntei?

– Como vou pro meu encontro agora?

– Do mesmo jeito que ia antes.

– Só que não sei se percebeu, mas estou com o rosto sangrando em alguns lugares.

Ele falou como se fosse obvio.

– Bem feito, tchau Nick.

Mandei um beijinho pra ele e entrei em casa, subi para meu quarto e encontrei a porta do Vitor  aberta, será que ele precisa de ajuda? Não deveria, mas continuo apaixonada, né?

– Vitor?

Entrei no quarto.

– Sai daqui.

Ele disse rude.

– Só vim saber se precisava de ajuda, traste. Mas não precisa, né? Que morra, então.

– Vem logo aqui.

– Fala direito comigo, porra.

Disse entrando no banheiro, ele tava sem camisa e limpando o rosto com uma toalha.

– Senta aí, eu te ajudo, nem merece, mas fazer o que?

Empurrei ele para o vaso sanitário, e ele se sentou por cima da tampa. Peguei algumas coisas para curativo que tinha em uma maleta e comecei a limpar os ferimentos, confesso que abusei um pouco.

– Ai, cadela.

Ele reclamou e passei mais remédio.

– Ai isso dói, merda.

– Então fala direito comigo.

Limpei tudo, ficamos o processo todo calados, quando terminei guardei as coisas.

– Agora você se vira.

Disse me virando e acabei dando de cara com ele que estava perto demais.

– Dá licença?

Pedi sem nem olhar na sua cara e querendo desviar dele que não deixou. Esperei ele dizer algo, mas nada falou. Olhei para ele que apenas me encarava.

– Quer alguma coisa?

Perguntei, não queria olhar naqueles olhos.

– Quero.

E antes que pudesse fazer alguma coisa ele me agarrou, uma de suas mãos foram para a minha nuca e a outra pra minha cintura me puxando mais pra perto. Ia retribuir, mas não podia fazer isso, fiquei paralisada esperando que ele me soltasse e assim fez depois de um tempo.

– Terminou?

Olhei para ele séria depois de ter me soltado.

– Lia sai daqui, agora, sai.

Ele disse furioso.

– De nada pelo curativo.

Ri e fui saindo. Quando cheguei no meu quarto, tranquei a porta, sentei na cama e coloquei as mãos na cabeça. Queria ter retribuído aquele beijo, já sentia saudade de sua boca na minha, seu corpo no meu... ah, não posso ficar pensando essas coisas. Me joguei na cama e acabei dormindo. Quando acordei, tomei um banho, troquei de roupa e desci. Os meninos estavam sentados na mesa tomando café, milagre isso.

– Mentira, vocês acordados já?

Disse dando um beijo na bochecha de cada um e me sentando, só faltava o Vitor.

– Quer ovos mexidos?

O Dinho perguntou.

– Nossa, aceito.

Realmente tava surpresa, eles nunca fazem nada por aqui.

– Bom dia gente.

O Vitor chegou todo sorridente com a Luana toda sorridente também, aquilo me doeu um pouco, mas não podia deixar isso aparecer.

– Bom dia.

Todos responderam juntos.

– E aí Lia, como foi sua noite?

A Luana disse rindo, assim como o Vitor e se sentaram.

– Muito boa, e a sua, Luana?

– Ótima.

Ela riu mordendo o lábio e olhando pro Vitor.

– Olha, pensei que o estepe era a Kika, já tem um estepe do estepe agora?

Falei pro Vitor e logo a Luana tirou o sorriso da cara.

– Ui, poderia ter passado o dia sem essa.

O Lucca  colocou mais lenha.

– Então, tenho uma novidade querida, não sou estepe, sou namorada do Vitor agora.

Ela disse com um sorriso maior ainda, isso me doeu muito mais, só fiquei melhor porque sabia que ele não sentia nada por ela, era só pra me provocar.

– Agora não, ainda.

Disse pensando em sábado já.

– O que você quer dizer com isso?

– Nada Luana, sejam muito felizes enquanto dure.

Sorri enquanto comia, vi pelo canto do olho o Vitor me olhar confuso.

– Pensei que fosse ficar com raiva.

Ela disse surpresa, acho que colocou o pensamento do Vitor.

– Ficaria... se fosse a segunda opção como você.

Mandei um beijo para ela e me levantei da mesa rindo.