– Olá Lia.

– Hoje não, Nick.

Ele chegou rindo perto de mim, o Vitor tinha ido buscar bebida para nós e os meninos estavam por aí, assim como a Luana.

– Desculpa, prometo que não perturbo hoje se você dançar pelo menos uma música comigo.

Ele sorriu.

– Não, o Vitor não vai deixar.

– Tem que pedir permissão agora?

Olhei para ele com os olhos semi cerrados, lógico que tava querendo me convencer.

– Não, mas não to a fim que vocês briguem, que eu e ele acabemos brigando também e que acabe com a minha noite mais uma vez.

– Okay, okay.

Ele riu, vi o Vitor chegando.

– Acho melhor você ir.

Ele seguiu meu olhar, depois me olhou, piscou e saiu.

– O que ele tava fazendo aqui?

O Vitor  chegou me entregando a bebida e olhando por onde o Nick tinha saído.

– Nada.

Ele ficou me olhando desconfiado.

– Que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara?

Perguntei rindo.

– Não, mas acho que você perdeu sua educação por aí.

– Perdi não meu amor, você sabe que sou grossa assim mesmo.

– Não sei por que te escolhi.

Ele riu e me abraçou.

– Porque eu sou fabulosa.

– E linda, e chata... – ele dizia e me dava um selinho em cada palavra – e encrenqueira... Ah não posso esquecer, e muito gostosa.

Sua mão sem a bebida desceu pelas minhas costas e apertou minha bunda.

– Hey, esperem chegar em casa.

O Dinho chegou rindo perto da gente.

– Nossa vocês tinham que nos amar menos, toda vez que estamos em um clima ótimo um de vocês chega para interromper.

O Vitor disse fazendo careta.

– Não temos culpa se em todo canto vocês estão se agarrando.

– Ta vamos dançar  Vitor.

Mostrei a língua para o Dinho e puxei o Vitor para dançar, tocava uma música agitada, mas pra falar a verdade nós estávamos mais namorando do que dançando. Só “dançamos” uma música mesmo. Fomos nos sentar em um sofá que tinha ali perto.

– O Nick me pediu pra dançar com ele.

Comentei apreensiva, não sei se devia falar, mas falei.

– Mas você não vai.

– Eu sei, não vou porque não quero, mas só comentei.

– Também, mas mesmo se quisesse eu não ia deixar.

Ele disse olhando pra mim sério, só o que me faltava era ele querer mandar em mim, tudo bem entendo o lado dele, mas ser mandada por namorado, pra mim não rola.

– Se eu QUISESSE iria sim, mas acontece que não quero porque vocês iriam acabar discutindo.

– Nem adianta mesmo se quisesse você não iria, Lia. Você é minha namorada tem que fazer o que eu disser.

– Como é que é?

Olhei pra ele incrédula.

– Vitor eu não sou a Kika, que você mandava e ela abaixava a cabeça e fazia.

– Mas você é minha namorada.

– Ta Vitor, vou dar uma volta.

Me levantei e saí, não queria brigar.

– Discutindo a relação?

Tinha que ser.

– Não Luana, estávamos falando sobre a crise.

Olhei pra ela brava.

– Ai Lia, conforme-se o Vitor não sabe namorar e nem nunca vai ser de uma garota só, se for essa garota será eu e não você.

– Aham Luana, senta lá.

Saí de perto dela também.

– E aí, nossa dança ainda ta de pé?

O Nick chegou perto de mim.

– Não sei, agora estou pensando na possibilidade.

Fiquei pensativa, até que vi a última cena que queria ver no momento. O Vitor dançando com a Luana, só o que me faltava. Então ele podia dançar com quem bem entendesse, até mesmo com a Luana que se eu tivesse oportunidade esquartejava, e eu não podia dançar com o Nick?

– Sim, nossa dança ta mais que de pé.

Disse puxando o copo da mão do Nick e tomando de uma vez sem ao menos saber o que era.

– Eita, com calma.

– Cala a boca Nick, vamos dançar.

Puxei sua mão.

– Gosto de você brava, se torna mais sexy.

Ignorei o que ele disse e fui dançar, ele me puxou para que dançássemos mais juntos. Nem olhava para o Nick, ficava encarando o Vitor que nem me viu dançando, até agora...

– HEY!

Ele disse puxando meu braço e me levando para longe do Nick.

– Hey, ela tava dançando comigo.

O Nick veio atrás de nós.

– Sai daqui filho da puta, meu assunto é com ela.

– Sai Nick, depois a gente conversa.

Disse sorrindo para ele.

– O que você acha que tava fazendo?

Tínhamos saído da festa e estávamos do lado de fora da casa, perto do carro dele.

– Dançando com o Nicholas, você não viu?

– E por que tava dançando com ele quando eu disse que não era pra dançar?

Ele parecia bravo.

– Ah então VOCÊ pode dançar com a Luana biscate 2 e eu não posso dançar com o Nicholas? Perdão Vitor, mas não sou idiota.

– Você sabe que não tenho nada com ela.

– Você sabe a mesma coisa sobre mim e o Nicholas.

Disse olhando para ele.

– MAS O PROBLEMA É QUE ELE QUER TER, ENTENDEU?

Ele disse já gritando.

– E ELA TAMBÉM? SENTIU ALGUMA DIFERENÇA?

– AH  LIA VÁ SE FUDER, SE QUISER IR LÁ COM ELE, VAI CARALHO, TO NEM AÍ.

– TCHAU!

Saí de perto dele, ah que ódio.

– Briga de novo?

O Gui disse chegando perto de mim.

– Como adivinhou?

– Sua cara de quem quer matar alguém agora.

– Não é “alguém”, são “alguns”.

Disse sorrindo.

– Vitor  e  Luana?Acertei?

– Aham.

– É, eu vi eles dançando.

Fiquei conversando com o Gui que me distraiu um pouco, procurei o Vitor e não consegui achar, não queria falar com ele, só queria saber onde ele estava.

– Steve, onde é o banheiro?

Perguntei pra ele que tava conversando com uns amigos.

– Oi Lia, pode subir a escada e virar na segunda porta a esquerda.

– Obrigada.

Sorri. Fui até lá, quando estava saindo me deparo com a melhor cena do mundo, o Vitor entrando em um quarto com Luana   e os dois aos maiores beijos, não acredito nem um pouco nisso. Esperei que eles entrassem e fui até lá.

– QUE PORRA É ESSA?!

Perguntei entrando no quarto e fechando a porta, se controla e respira fundo.

– Lia?!

O Vitor perguntou assustado e empurrando a Luana.

– É... hãn...

Ele procurava o que dizer.

– PUTA QUE PARIU VELHO, É ASSIM QUE VOCÊ QUER TER ALGUMA MORAL COMIGO? VÁ PRO INFERNO VOCÊ E ESSA VADIA, DESGRAÇADA, FILHA DA PUTA E MENTIROSA.

– MENTIROSA O CARALHO?!

– QUE CARALHO? MENTIROSA VOCÊ MESMA, OU PENSA QUE EU NÃO SEI QUEM É O PAI DO SEU FILHO?

– Lógico que sabe, o pai é o Vitor.

Ela disse mudando o tom de voz rápido, enquanto o isso o Vitor  ficava só assistindo que nem bocó.

– Não sabia que o Vitor tinha mudado de nome, sobrenome e até lugar. Mas pode deixar que o “Vitor” vai assumir a paternidade.

Disse dando ênfase no “Vitor”.

– Do que você ta falando?

Ela perguntou sem entender nada.

– Logo você vai entender, mas antes...

Me aproximei dela e lhe dei um tapa bem dado na sua cara.

– Isso não é nem o que você merece vadia, e você – olhei para o Vitor – nunca mais me dirija a palavra, acabei de confirmar que continua sendo o mesmo filho da puta que conheci anos atrás.

– Mas...

– Mas o que, Vitor? Vai dizer que não era nada do que eu tava pensando? Quem dera tivesse só pensando, mas eu vi. E ainda quer ter moral pra me falar as coisas, quer saber? Cansei. Vão se fuder vocês dois ou melhor... voltem a fazer o que eu interrompi.

Disse dando o sorriso falso e saindo do quarto. QUE ÓDIO, SE EU PUDESSE MATAVA ESSES DOIS. Entrei no banheiro e me encostei na pia, eu não podia chorar de novo por esse idiota, tinha prometido pra mim mesma que não deixaria ele me magoar como fez quando fui embora, prometi que não ia deixar ele me fazer mal de novo. Essa lágrimas não vão cair, pelo menos não essa noite. Enxuguei as lágrimas que se formavam, ajeitei o cabelo e saí do banheiro.

– LIA  ESPERA.

O Vitor estava saindo do quarto no mesmo instante, sozinho.

– Disse para não me dirigir a palavra.

Nem me virei para falar com ele.

– Queria pedir des...

Me virei rapidamente.

– O que? Vai pedir desculpas agora? Depois da merda que fez? Não mesmo, Vitor. Confiei em você, pensei que tinha mudado por mim, mas não, na nossa primeira briga mais séria você foi lá se agarrar com a Luana.

– Mas, foi você quem começou a nossa briga.

– Agora a culpa é minha, me poupe.

Saí sem nem olhar mais pra trás, fui até o bar e peguei uma garrafa de vodka logo para afogar as magoas.

– Eita, to vendo que a situação ta pior.

Escutei a voz do Gui e ele e os meninos estavam sentados no sofá atrás de mim, onde tinha acontecido a briga com o Vitor.

– Pois é, ele tava se agarrando com a buchuda em um quarto.

Disse calma e tomando um gole da vodka, sei que tudo isso vai doer muito mais amanhã, mas quero saber é de hoje.

– NÃO ACREDITO!

O Lucca  disse surpreso e indignado.

– Fazer o que, né?

Fingi que não me importei, mas sei que eles me conhecem como ninguém.

– Vou dar uma volta, até depois.

Dei tchau pra eles e saí andando pela festa, na verdade não queria estar aqui, estava com ódio e magoada, mas não queria parecer fraca na frente dele.

– Eu disse, Lia.

Escutei a última voz que queria.

– Cala a boca, Luana.

– Ele é só meu.

Estávamos perto da piscina, então juntei todas as minhas forças e lhe dei o maior empurrão da história.

– Ops, mais cuidado, LuVaca.

Disse rindo e voltando pra onde todos estavam dançando, até que começou “Birthday Cake” da Rihanna ft. Chris Brown. Lembrei de quando dancei para o Vitor.

– UHUUUUUU!

Gritei e fui para a pista de dança, cantava e dançava sem nenhuma vergonha, parecia mais uma louca, vi de relance o Vitor  encostado na parede, bebendo e parecia me olhar.

Lembra-se de como você fez?

Lembra-se de como você encaixou?

Se você ainda quer beijar aquilo

Venha, venha e pegue

Mais doce do que bolo de arroz, esse bolo vale a pena comer

Acabe com isso, incline, bolo, preencha

Rebolei rindo, o olhei e ele parecia triste sei lá. Ri mais ainda, tava com raiva e queria ver ele sofrendo.

Se você é sexy e você sabe,

E não tem medo de mostrar

Coloque uma vela nas minhas costas, baby, assopre

Amo como você faz quando você faz desse jeito

Exiba-se com os números, ponha seu peito contra o meu

Prepare-se, prepare-se, garoto

Enquanto me livro disto

Faça mais do que falar, eu sei que sou uma exibida

Papai, faça um pedido

Eu vou botar esse bolo no seu rosto

E nem mesmo é meu aniversário

Eu já estava meio alterada, pisquei para ele sorrindo. Vi o Nick atrás dele só rindo da cena. O chamei com o dedo e o Vitor ficou confuso, o Nick fez que “não” com a cabeça. Corri um pouco e fui até lá, o puxei pela mão para dançar comigo.

– Lia eu acho melhor não, você não parece no seu melhor estado.

Ele disse já comigo.

– Ta vendo ele ali?!

Apontei pro Vitor, que já estava bravo.

– Foi um idiota comigo, agora não to falando mais com ele. Você não vai ser um idiota comigo, vai?

Realmente eu estava bastante alterada.

– Não, claro que não.

– Ah bom.

Dei um abraço nele, tocava uma música mais lenta então dançamos juntos. Passei o resto da festa com o Nick, até os meninos vieram me pegar para irmos embora. Fui no carro com os meninos, nem bêbada queria ficar perto do Vitor. Eles tiveram que me levar até o quarto. Caí na cama e dormi, ainda bem, porque a última coisa que queria era pensar no que aconteceu, aposto que amanhã acordo muito mais magoada, muito mais sorridente e muito e muito mais irritada.