- Vitor eu já não aguento mais ficar presa aqui contigo, e olha que só tem algumas horas que estamos aqui. 

- É nem eu, mas fazer o quê? Nós nunca vamos parar de discutir mesmo. 

- É verdade. 

Disse já com sono, fui para a cama dele, peguei um dos travesseiros e a coberta e joguei para ele. 

- Pra quê isso? 

Ele disse olhando o travesseiro e a coberta. 

- Para você dormir, ou você acha que vai dormir na cama comigo? 

- Ou você acha que vai dormir sozinha na MINHA cama? 

Ele disse jogando o travesseiro e a coberta em cima da cama. 

- Não Vitor, você não vai dormir na cama comigo. 

- Então dorme no chão, você que sabe. 

Ele deitou na cama e se aconchegou. 

- Eu não vou dormir com um maníaco sexual. 

- Eu não vou te atacar, eu bem que poderia, mas não vou, relaxa. 

Ele disse e parecia estar falando sério, como eu não tinha outra opção me deitei na cama do lado dele. 

- Mantenha distancia de mim. 

Disse me deitando de costas para ele. 

- Tem medo de não conseguir resistir Lia? 

Ele disse debochando. 

- Não, tenho medo de você não resistir a mim e me atacar no meio da noite. 

- Confesso que é uma tentação, mas não vou nem mais beijar você nunca mais, desisto você é uma garota muito difícil mesmo. 

- Duvido você desistir de alguma coisa Vitor, principalmente se for garota. 

- Quer apostar? 

Me virei e ele estava falando sério. 

- O que eu ganho se você perder? 

- Eu faço o que você quiser. 

- E se por um acaso, se um milagre acontecer e você ganhar? 

- Você faz o que eu quiser. 

Não parecia ser uma má aposta, sabia que ele não ia ganhar mesmo, então... 

- Feito. 

Disse me virando inteiramente e apertando a mão dele. 

- Pera aí. 

Ele disse e do nada me beijou, retribui o beijo mesmo sem entender nada, quando já estávamos sem fôlego, ele se separou de mim e apertou minha mão. 

- Feito, começando agora. 

Agora entendi o motivo do beijo. 

- Tudo bem. 

Voltei a me deitar como estava e em questão de alguns minutos dormi. Acordei e eu e o Vitor  praticamente brigávamos por espaço, mesmo a cama sendo de casal sempre fui espaçosa assim como ele que estava quase deitado por cima de mim. Eu o empurrei assim que vi uma bandeja com comida. 

- AI! 

Escutei ele gritar e me levantei. 

- Por que você me empurrou? 

- Comida. 

Disse como se estivesse falando com a comida e ignorando ele. 

- Comida.  

Ele disse se levantando do chão e indo para perto da bandeja. Começamos a comer, estávamos com muita fome. 

- Por que você não ouviu quando o Gui ou algum deles, sei lá quem trouxe isso aqui, veio deixar a comida? Era nossa chance de sair. 

- Porque eu não durmo eu morro, assim como você que também não ouviu nada. 

- E o que é aquilo ali? 

Ele disse apontando para um canto perto da porta, fui até lá e vi que eram roupas minhas, nelas tinha um bilhete. 

“Lia meu amor, os meninos me contaram o que fizeram com você e o Vitor, tenho pena deles, principalmente do Gui, quando você sair daí de dentro, eles não me deixaram abrir a porta para libertar vocês então só pude ir deixar comida e peguei algumas roupas suas para você poder tomar banho. Espero que estejam bem. 

Beijos, Nina.” 

Tinha que ser a Nina, minha fada madrinha. 

- O que é isso? 

- Roupas minhas e um bilhete da Nina dizendo que veio deixar comida para nós, mas não pôde nos libertar. 

- Olha só, se dependesse desses vadios viados piriguetos e putos, ainda estaríamos morrendo de fome. 

- E eu ainda ia estar sem roupas para tomar banho. 

Disse com minhas roupas nas mãos. 

- Você vai tomar banho agora? 

- Vou, me empresta uma toalha. 

- Tem dentro do armário embaixo da pia do banheiro. 

Assenti e fui para o banheiro, fechei a porta e ia trancá-la para tomar banho em paz, mas adivinha? Não tem chave nessa porra. 

- Ô Vitor, eu vou tomar banho. 

Disse colocando a cabeça para fora do banheiro. 

- E eu com isso, quer que eu vá ajudar você a se ensaboar? 

Ele disse com aquela cara maliciosa. 

- Não idiota, não tem chave na porta lembra? Então fique bem longe do banheiro, se eu descobrir que você está espiando eu acabo com a sua  Vida de Mulherengo. 

- Então eu posso espiar, você só não pode descobrir? 

Ele disse zoando comigo. 

- Experimenta aparecer nessa porta, eu te mato. 

Disse rindo e entrando no banheiro, não tinha nada para colocar na porta então tinha que confiar nele mesmo. Fiquei um bom tempo enrolando, no banho checava ás vezes a porta e parecia não ter ninguém. Terminei de tomar meu banho e vesti minha roupa ali no banheiro mesmo. Quando saí o Vitor estava deitado na cama assistindo TV. 

- Ta assistindo o quê? 

Perguntei me referindo ao filme que passava. 

- Sei o nome não, quando liguei a TV já estava passando. 

- LIA?! 

Escutei um grito do lado de fora do quarto, eu conhecia aquela voz. 

- BIEL?! 

-Lia amor da minha vida, flor do meu jardim, limão da minha limonada, minha metade da laranja você está bem? 

- Mais ou menos Biel, não sei se você reparou, mas estou presa emum quarto com o bobão do Vitor se você ta perguntando fisicamente, sim estou bem. 

- Limão da minha limonada? 

Olhei para o Vitor disse isso e estava com uma cara meio “que porra é essa?” 

- Eu tentei convencer os viadinhos aqui... 

- VIADINHO A GENTE, NÉ? 

Escutei o Gui  gritar, 

- COMO EU IA DIZER... eu tentei convencer os idiotas á soltar vocês, mas eles não querem me escutar. 

- Deixa para lá Biel, eu e o Vitor vamos morrer trancados aqui dentro. E ESSES PUTOS VÃO SER PRESOS POR TENTATIVA DE SUICIDIO, POR CARCERE PRIVADO E VÃO PASSAR O RESTO DA VIDA NA CADEIA. 

- Ah não vão mesmo, antes de morrer eu mato eles um por um. COMEÇANDO PELO GUILHERME. 

O Vitor disse e eu ri. 

- VÃO DORMIR VOCÊS DOIS, NINGUÉM VAI ME MATAR NÃO. 

O Gui gritou do lado de fora. 

- ENTÃO AGUARDE EU SAIR DESSE QUARTO. 

Gritei para ele. 

- Docinho, eu vou indo já que não posso falar com você mesmo. 

- Ta Biel, mas volta depois. 

- E É LIA E NÃO DOCINHO. 

- EU CHAMO ELA DO QUE EU QUISER CARALHO, FICA CALADO AÍ. 

O Biel  gritou e o Vitor  fez careta. 

- Tchau Docinho, depois eu apareço um beijo nessa boca gostosa. 

- Tchau Biel, outro beijo. 

Ele foi embora e eu me joguei na cama do lado do Vitor. 

- Ta pensando em quê, açúcar? 

- Açúcar? 

Disse olhando para ele. 

- Ele pode te chamar de Docinho, então eu posso te chamar de açúcar.  

- Você é muito chato, na boa. 

- Nem sou. 

Ele disse me dando um empurrão fazendo eu cair da cama. 

- Vitor  seu viadinho, eu te mato. 

Me levantei, ele riu e correu para dentro do closet e eu fui atrás dele, consegui entrar antes que ele fechasse a porta. 

- E agora, hein? 

- E agora o quê? 

Ele disse ainda rindo e jogando, blusa, boné tudo o que via pela frente em mim. 

- Vou te matar. 

Corri na direção dele, eu sei que nisso acabamos bagunçando todo o closet, tinha roupa por tudo o que era canto. Quando cansamos nos sentamos no chão para regular a respiração. 

- Idiota. 

- Feia. 

- Eu sou linda. 

- Quem te iludiu?

- Vai cagar. 

- Não to a fim. 

Fiz uma careta para ele. 

- O QUE FOI TODO ESSE BARULHO? ESTÃO FAZENDO A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL AÍ DENTRO? 

Escutei o que parecia ser a voz do Dinho. 

- FOI A LIA, ELA É UMA SELVAGEM NA CAMA. 

O Vitor  disse do meu lado e começou a rir da minha cara. Peguei um dos tênis dele que estava no chão e bati no desgraçado.