O sábado foi incrivelmente agitado, um churrasco que começou as duas tarde e se estendeu até a noite foi organizado pelos meus pais e minha sogra, para comemorar a merecida vitória da minha estrelinha. Nossos amigos e seus pais estavam presentes e a festa improvisada na casa dela se estendeu até o começo da noite. Enquanto todos ainda conversavam, entrei para ver o porquê ela havia ‘sumido’ e me deparei com uma cena fofa: Isabella estava sentada na poltrona da sala e ressonava, seu semblante denunciava seu cansaço e como já era de ‘casa’, peguei-a no colo e subi com ela para seu quarto, ajeitando-a na cama.

Nem sei quanto tempo passou ou quando peguei no sono, mas uma mão acarinhava meus cabelos e acabei despertando; olhei para o lado e me deparei com o sorriso mais lindo que já vi ela abrir.

– Bom dia namorado dorminhoco! – afaguei seus cabelos e sorri.

– Bom dia? – disse meio atordoado e ela riu.

– Sim, acho que estava tão cansado quanto eu e acabou dormindo aqui. – me espreguicei e ela aninhou sua cabeça em meu peito.

– A ficha já caiu? – perguntei sorrindo ao olhar para frente e ver a medalha sobre sua escrivaninha.

– Ainda vai cair de verdade... – disse rindo. – Mas já avisei Leah que não pretendo seguir carreira na natação. – franzi o cenho.

– Não? Mas você nada tão bem... Parecia uma sereia naquela piscina... – disse deixando minha mente vagar pelas imagens dela na competição. – Estava tão focada, decidida, forte... – me desmanchei em elogios e ela levantou o rosto para me encarar.

– Obrigada pelos elogios. – disse beijando a ponta do meu nariz. – Eu pretendo seguir outra carreira. – disse segura e eu fiquei curioso.

– E posso saber qual é? – ela sorriu e seus olhos brilharam.

– Quero muito, mas muito mesmo ser crítica literária. – sorri com sua escolha e ela parecia estar em êxtase.

– Uau! É uma profissão interessante! Mas já ouvi falar que você também escreve textos excelentes... Nunca pensou em ser escritora também? – ela mordeu de leve os lábios e sorriu de canto.

– Isso também, adoraria sabe? Poderia trabalhar em casa e teria tempo para cuidar do meu lar... – disse corando e eu ri.

– Hum... Interessante! Você quer trabalhar em casa para ter tempo para cuidar de mim? – perguntei manhoso e ela gargalhou.

– Bem, se você será meu lar... – disse piscando e eu sentei-me na cama e coloquei-a no meu colo.

– Assim eu me apaixono mais ainda... – falei em seu ouvido e logo minha boca já desceu beijos em seu pescoço e num movimento rápido ela virou-se e ficou de frente pra mim, mordeu de leve meu ombro e minhas mãos já passeavam livres por suas costas. Arrepiei ao sentir suas unhas em minhas costas e logo em seguida ela já agarrava meus cabelos. Éramos uma confusão de mãos, respirações ofegantes e nossas bocas se tomaram num beijo afoito e cheio de paixão. Estava ficando mais ‘animado’ que o normal quando ouvi passos no corredor e ela percebeu meu pânico e encerrou o beijo com selinhos. Sorrimos um para o outro e logo ouvimos batidas na porta.

– Bella, está acordada? – Renée perguntava com a voz meio baixa.

– Já acordamos mãe. – Bella respondeu descendo do meu colo e eu rapidamente peguei seu travesseiro para esconder a ‘animação’ do momento, Bella riu ao perceber que fiquei meio sem graça.

– Estão vestidos? – Renée perguntou rindo e vi minha namorada rolar os olhos.

– Sim, entra mãe! – Bella nem terminou de falar e sua mãe já irrompia porta adentro se sentando na beirada da cama.

– Até que enfim acordaram... – disse zombeteira e eu e Bella nos olhamos sem graça. – Já passa do meio dia e eu queria saber se vão almoçar comigo. – nos encaramos surpresos.

– Dormimos tudo isso? – Bella perguntou incrédula e sua mãe arqueou uma sobrancelha.

– Devem ter só dormido mesmo, porque não ouvi nada além da respiração tranqüila de vocês... – disse naturalmente e nós dois nos olhamos sem graça.

– Mãe... – minha namorada tentou adverti-la mas ela gargalhou e se levantou.

– Nem vem Bells, ele é lindo e tem cara de ter até tanquinho. – corei roxo berinjela com esse comentário. – E vocês são jovens, tem energia e namoram firme. – deu de ombros e Bella tapou o rosto com as mãos. – Bem, vou descer e por a mesa, espero os dois lá embaixo em dez minutos. – piscou e saiu do quarto.

– Dá pra acreditar no quanto dona Renée é desencanada? – Bella perguntou se levantando.

– Eu ainda fico sem graça quando ela dá a entender que isso é normal pra ela... – acho que me enrolei nas palavras.

– Eu entendo o que quer dizer, mas ela só fala assim porque sente que estamos seguros da nossa relação. – disse tranquilamente e entrou no banheiro. Aproveitei e fui no do corredor, voltei ao quarto dela e fui entrando, levei um susto quando vi ela de costas colocando um vestido. “Maldade esse soutien de renda branca... Ei, pára! Vira de costas!”, me obriguei a virar e escutei uma risada baixa.

– Pode virar, já coloquei o vestido. – disse sapeca vindo até mim segurando minha mão.

– Eu só vi suas costas, a propósito, gostei do soutien... Renda parece interessante. – disse piscando e ela corou de leve.

– Bobo. Isso que dá entrar no quarto da sua namorada sem bater! – disse fingindo estar brava e logo chegamos à cozinha. Almoçamos em meio à conversas e piadas, ajudamos Renée com a louça. Passamos o resto da tarde debaixo das cobertas, já que estamos em dezembro e o inverno em Forks é realmente tenso. Estava tranqüilo assistindo o filme quando Bella pausa de repente e se vira pra mim mordendo os lábios.

– Ei, porque está ansiosa? – ela fez uma expressão interrogativa e eu arqueei as sobrancelhas. – Eu conheço suas expressões Amor... Pode me dizer o que te aflige? – ela respirou fundo e segurou minhas mãos.

– Decidi que agora vou tomar atitudes que não tomei durante dois anos. – olhei surpreso pra ela, que apenas sorriu e continuou falando. – Andei pensando esses dias, teremos até depois do ano novo de ‘folga’ da escola e quando voltarmos farei estes últimos meses como estudante da FHS valer a pena. Vou compensar toda a dedicação que você, Jay e as meninas tiveram comigo.

– E como pretende fazer isso? – perguntei surpreso, ainda estava assimilando tudo o que ela havia dito.

– Simplesmente entendi o que sempre me disse sobre o medo que eu tinha dos gêmeos. Esses dias que estamos em casa eu pude refletir e compreendi que eu não tenho motivos para ficar com medo de algo que vai acabar quando eu pegar meu diploma. – disse num fôlego só e eu sorri.

– Sabe que eu não fiz nada demais né? – ela me olhou sem entender e eu afaguei sua bochecha. – Eu apenas abri seus olhos e te fiz enxergar o quanto é maravilhosa. – ela corou tímida e eu beijei a ponta do seu nariz.

– Ah Edward, eu não sou tão extraordinária assim... – disse sem jeito e eu a abracei forte. – Aliás, falei o que pretendo fazer no futuro e não te perguntei, o que pretende fazer após terminar a escola? – lhe dei um selinho e ela sorriu.

– Eu quero ser médico como o meu pai... Mas pretendo cursar a faculdade em Port Angeles, não quero ficar longe dos meus pais e gosto da tranqüilidade daqui. – ela me olhou encantada e eu sorri.

– Médico? Que lindo! Qual especialidade? – perguntou empolgada.

– Pediatria, adoro crianças. Quero atender em horários regulares, não pretendo ser um descuidado e ausente no meu lar. – disse piscando e ela me olhou de canto.

– Sabe que te admiro muito, não sabe? – assenti e ela passou sua mão pelo meu rosto, fechei os olhos para receber o carinho. – Tenho orgulho de você e me sinto sortuda por tê-lo ao meu lado.

– Uau, alguém anda ‘causando’ aqui... – disse e ela parou o carinho para me encarar.

– Causando?

– Sim, causando crises de orgulho múltiplo num certo cara. Sabe que ele está cada dia mais encantado por você? – disse e ela rolou os olhos.

– Acho que ele é quem me encanta todos os dias. Além de abrir meu olhos, me faz muito feliz. – disse sapeca e eu beijei sua testa.

– Bella, estou pronto e ansioso para vê-la brilhar mais ainda.

– Não mais que eu, acredite... Estou preparando um ensaio que o fará brilhar mais que eu. – disse piscando e eu fiquei curioso.

– Aliás, estou ansioso para ler este ensaio.

– E ficará mais ainda, só vai ter acesso à ele quando estiver finalizado e nas mãos da professora Carmen. – disse muito segura e decidida.

– Ah garota, porque judia de mim desse jeito? – fiz bico e ela riu.

– Porque quero lhe dar todo o destaque que você merece, mas pra isso eu preciso finalizar o texto sem sua interferência. – assenti derrotado e ela me abraçou.

– Não fica assim, essa Bella que está vendo estava escondida e graças a você estou conseguindo libertá-la. – disse emocionada e eu não resisti, apoiei minhas mãos em sua cabeça e tomei seus lábios num beijo calmo e amoroso, tentando ao máximo passar toda a paixão que sinto por ela; fui correspondido com entusiasmo e senti suas mãos em meus cabelos e logo estava envolvendo-a num abraço cheio de cumplicidade enquanto lhe dava muitos selinhos.

– Adoro seus beijos... – disse em seu ouvido e percebi seu corpo reagir satisfatoriamente.

– Sério? Vai ganhar beijos de presente de Natal. – disse ronronando e eu deitei puxando-a para apoiar sua cabeça em meu peito.

– Vou adorar ganhar beijos de presente de Natal! Posso te dar um amasso de presente? – perguntei naturalmente e ela gargalhou.

– Se minha mãe escuta você falando isso, te dá uma caixa de preservativos de presente. Na frente dos seus pais. – falou gargalhando e eu me mexi desconfortável.

– Sua mãe não me zoaria desse jeito... – falei meio hesitante, cara, eu juro que ficaria traumatizado. Renée daria motivos pra eu ser zoado o resto da vida.

– Acredite quando eu digo: sim, ela faria! – disse ainda gargalhando e eu virei meu rosto para encará-la.

– Ok, pode até ser... Mas você ainda não respondeu se gostaria de ganhar o que eu ofereci... – ela parou de gargalhar e levou seus lábios bem perto do meu ouvido.

– Por mim, está ótimo. Mas terá que deixar eu ver seu tanquinho. – sussurrou rouca e eu arrepiei. Ela riu baixo e se afastou.

– Ok, presentes normais. Nada de amassos e beijos. – falei fingindo estar sério e ela arqueou uma sobrancelha.

– Porque cortou o clima?

– Porque você estava me causando arrepios e as coisas estavam esquentando. – disse calmo e ela acariciou meu peito.

– Gosto da sua sinceridade. Sinto que ainda não estamos prontos. – disse calma e eu assenti.

–Nunca namorei e com você eu quero fazer tudo direito, não vou me precipitar. – disse sincero e ela sorriu.

– Você tem sido o melhor namorado, e não me arrependo de o ter deixado ser o primeiro. – disse corada e eu sorri.

Nossos dias de ‘folga’ passaram voando, e logo chegamos ao Natal. Jay e as meninas tinham viajado para Seattle e só nos falamos por telefone. A ceia foi feita na minha casa e o almoço na casa de Bella. Ficamos apenas com nossos pais e foi tudo perfeito. Meus pais me deram de presente uma coleção de HQ’s dos Avengers e eu como o fã que sou, quase chorei de emoção e todos riram por um bom tempo, eu e Bella presenteamos minha mãe e Renée com um final de semana num SPA, elas amaram e eu ganhei mais beijos do que estava acostumado. Dei para o meu pai um Box com as temporadas de Greys Anatomy, a série preferida dele.

Já passava da meia noite quando arrastei Bella para a varanda, que protestou muito por causa da neve e do frio.

– Quero dar seu presente de Natal! – disse abraçando-a por trás e ela sorriu.

– Só você para me fazer ficar numa varanda enquanto neva. – disse fingindo estar irritada e eu rolei os olhos.

– Espero sinceramente que goste, afinal, estamos todos muito empolgados com isso. – disse colocando a caixinha lilás em suas mãos. Estava tão ansioso que quase comecei a quicar no lugar. Bella abriu a caixinha e sua boca se abriu num ‘o’ surpreso ao ver a chave presa a um chaveiro de metal com várias estrelas penduradas.

– Meu Deus! – disse surpresa e eu puxei-a pelas mãos indo até a garagem da sua casa.

– É um presente meu, dos meus pais e da sua mãe. Feliz Natal minha linda! – disse tomando seus lábios num beijo casto e ela sorriu com a boca ainda colada na minha.

– Vocês são doidos! – disse admirando um volvo parecido com o meu, só que preto.

– Bem, você merece. Sua mãe disse aos meus pais o que pretendia e eles quiseram ajudar. Como ainda não trabalho, colaborei com o chaveiro. – disse envergonhado e ela sorriu.

– Como não gostar? Adorei tudo e principalmente o chaveiro. – disse balançando-o.

*********

O ano novo havia passado e com ele o fim da nossa ‘folga’. Hoje é nossa volta as aulas e ela está mais do que empolgada para ir dirigindo seu mais novo presente. Como não sou um namorado desligado, me ofereci para ganhar uma carona. Chegamos no estacionamento e ela me puxou para um beijo daqueles.

– Uau, adoro essa Bella decidida e cheia de atitude. – disse todo derretido e ela sorriu.

– Ainda bem, porque ela veio pra ficar. – piscou e eu ia abrir a porta quando ela me chamou.

– Amor?

– Diga linda. – me virei e ela me encarava hesitante. – Pode falar.

– Estou pronta para assumir nosso namoro diante de todos. Estamos juntos há quase seis meses e não tenho o que temer. – sorri e desci do carro segurando minha mochila e sua bolsa, fui até sua porta e a abri. Ela desceu e eu segurei sua mão entrelaçando nossos dedos. O estacionamento não estava vazio, mas devido ao frio todos entravam no prédio rapidamente. Ao passarmos pela porta alguns repararam e começaram a cochichar. Por um momento pensei que Bella soltaria minhas mãos e passaria por aquele corredor correndo. Me enganei completamente ao olhar pra ela e ver a seguinte cena: Isabella sorria de cabeça de erguida e ao passar por um grupo que cochichava algo olhando-a, ela simplesmente passou por eles e se virou pra mim sorrindo.

“Definitivamente ela vai causar surpresas em todos a partir de agora!”, pensei sorrindo enquanto caminhava ao seu lado segurando firmemente suas mãos.