O Segredo das Sombras escrita por Dark Scorpion


Capítulo 8
Negritude I


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou bem depressivo... '-' E vai deixar vocês mais confusos ainda... Kkkkkkkk' Desculpem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407099/chapter/8

Subimos na carroça após o meu pai desamarrar o cavalo da árvore. Árvore que por sinal, tinha estrias no caule que aparentavam se tornar um rosto. Não devo ter percebido antes pois estava concentrada demais na vovó; Aliás, nesses dias eu andei pensando tanto nela, que não me lembro de quase nada.
Continuei a olhar para a árvore que tinha um rosto singular e ao mesmo tempo, familiar. Parecia o rosto do meu tio Stephen, que raramente nos visitava, a última vez que ele veio para Viderry foi há algum tempo, quando papai o convidou para passar o natal lá em casa. Foi nesse dia em que eu me perdi na floresta. Nem queria me lembrar, mas... as antigas memórias me atormentam de qualquer forma. Bom, vou relatar o dia em questão:
Era um fim de tarde de natal, tinha quatro anos e meus primos e eu brincávamos com a neve. Já havíamos abrido os presentes, e minha avó me dera um brilhante amuleto prateado com uma safira brilhante. Lançávamos várias bolas de neve e eu me escondia atrás de um dos meus primos maiores do que eu, na época eles deveriam variar de uns seis a dez anos.
Sou a mais nova da família.
Depois de alguns minutos de diversão começávamos a voltar para casa, pois a neve estava caindo um tanto mais forte naquele dia. Então eu vi luzes brancas vindo da floresta, pareciam olhos que andavam rapidamente pelas árvores e sumiam, como vagalumes, só que bem mais rápidos.
Decidi investigar tal coisa... Me arrependo profundamente até hoje.
Ao dar meu primeiro passo adentro da floresta negra.
Um arrepio percorreu toda a minha espinha.
As luzes não cessaram.
Pelo contrário.
Se descontrolaram.
Comecei a andar desordenadamente pela relva e seguir as luzes que se distanciavam cada vez mais da luz da lua, por um bom tempo ficamos nesse jogo de luzes e ilusões, até que elas apagaram, de repente. E quando eu dei um passo em falso caí em um buraco e... Só me lembro de ter acordado em uma casa estranha de paredes quebradiças e móveis gastos, algumas frutas putrefatas e recheadas de vermes em uma cesta e limo e poeira por toda a parte.
Na casa, uma mulher.
Ela possuía cabelos acinzentados.
Olhos incrivelmente dourados.
Um nariz semelhante ao bico de um falcão: grande, imponente e curvo para baixo.
Um corpo decrépito e definhoso que afinal era bem compatível com a casa.
Mas apesar de tudo isso, sua pele estava bem conservada e lisa, nenhuma ruga ou mancha sequer.
A tal mulher - que provavelmente morava naquele casebre pútrido - Olhava para mim, diretamente, com aqueles olhos profundos, foscos e sem vida. Aqueles olhos sem pupila... Estava sentada em uma cadeira de balanço que balançava lenta e mecanicamente. Eu fiquei assustada e comecei a andar lentamente para a porta, sem parar de vigiá-la. Quando enfim toquei na maçaneta ferruginosa, e cessei meu olhar na direção da estranha bruxa, ela enfim começou a murmurar algo, começou a recitar o enigma:
– Sob o sol negro nasceram, sob o sol negro serão salvas. A chave escrita as salva, entretanto com um preço. Tal chave pode ser achada no habitat da negritude. E o sacrifício deve ser feito, antes da ira eterna. - Sua voz era rouca, porém firme.
Ela deu uma pausa.
Me virei, e seus olhos encontraram os meus, o que fez com que eu desse um passo vacilante para trás.
Então recomeçou, ainda me lembro de suas palavras:
– Cautela, criança. Os segredos são inestimáveis, a negritude é impiedosa; Os olhos da noite a acompanharão, por onde quer que vá. Obscuridade e Eternidade se encontrarão de uma vez por todas. A dama celeste selará o enigma, juntamente com a menina rubra. Sobreviverá quem possuir o tesouro da geração das guerras. A morte reinará o assassinato. A luz brilhará sobre a negritude. O brilho da vida se apagará por tempo indefinido. A destruição se eternizará. Até que a vingança seja completa. - Então a mulher começou a se dissolver e seu pó sumiu na lenha que crepitava lentamente em uma lareira que passou despercebida a meus olhos.
Comecei a girar a maçaneta, e ao sair do casebre, meu vestido prendeu em um prego mal-pregado e uma parte dele rasgou. Olhei para trás para pegar o pedaço de pano que se soltara e olhando para trás não vi mais a casa, que sumira em meio à escuridão suprema da floresta.
Comecei a andar às cegas.
Chorando.
Sentindo as lágrimas gélidas molharem meu rosto.
Sentindo o medo eterno das sombras.
Sentindo o imenso frio daquela noite nevada.
Até não sentir mais nada.
Passei alguns dias somente andando, andando e andando mais um pouco.
Sendo atormentada por sombras que me mutilavam mentalmente.
Me excruciaram por dentro.
E a partir desse dia não sei sorrir direito.
Tenho um eterno medo de entrar na floresta.
Não sou mais uma criança.
Sou... um fantasma invisível.
Que observa.
Que pensa demais.
Que perdeu a imaginação em memórias.
E é consumido pela solidão todos os dias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem!
Não gostaram? Comentem!
Críticas construtivas? Eu aguento, manda bala.
Leitores fantasmas? Ah! Qual é gente? Custa comentar um: " oi, gostei", ou então um: "oi, não gostei" só para eu saber que vocês existem?
Amaram? Recomendem!
Querem descobrir o porquê que eu faço esse suspense todo? Simplesmente porque eu AMO, fazer suspense. Kkkkkkk'



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Segredo das Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.