Homens também amam. Homens também choram. escrita por greenpanda


Capítulo 1
CAPÍTULO UM - ENCONTRO


Notas iniciais do capítulo

"Eu tinha o desejo de estar com ela a todo instante. Me fazia bem. Como se o mundo não existisse mais. A risada dela, tudo era bom. Os momentos falando da vida dos outros... para nós não existia tempo ruim. Então, tudo acabou. Do nada, de repente. E ela se foi. O que eu podia fazer? Ela simplesmente partiu, me deixou para trás, sozinho. E levou minhas forças. Tudo. Meu sorriso. Só deixou comigo o frio de uma noite de inverno qualquer e o medo do futuro."



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Era mês de junho. Estava frio. Eu assistia tv, entediado, cochilando. Meu cachorro começou a latir desesperadamente em um ritmo desconhecido. Até eu me lembrar que não tinha ido caminhar com ele ainda. "É óbvio né, Lucas!" - resmunguei comigo. Peguei uma roupa quente no armário, coloquei meu par de tênis de todos os dias. Olhei no relógio.

Nove e quarenta e sete. - disse me desesperando por um segundo Tudo bem. É domingo.

Domingo era o pior dia para mim. Não tinha nada para fazer e no outro dia eu precisaria acordar cedo para trabalhar. Ficar em uma padaria dia após dia não era legal.

Mas foi lá que a vi pela primeira vez. Tão linda. Seus olhos cor-de-mel me hipnotizavam todas as vezes em que ela pisava na padaria e pedia três pães amanteigados e uma caixa de leite. Será que já tinha filho? Era casada? Parecia ter seus vinte e dois anos. Não usava aliança alguma ou qualquer outro tipo de objeto que dissesse a alguém: "se chegar perto, vai levar fora". E era incrivelmente simpática. Todos os dias chegava sorrindo, com aqueles olhos enormes, cobertos por lápis de olho e rímel. Aquilo destacava ainda mais o mel de seus lindos e grandes olhos.

Na primeira vez que nos falamos, ela pediu um café. Parecia triste. Foi a única vez que não a vi sorrindo. Mas ela não gostava de demonstrar. Sorria forçadamente. Mas eu vi. Seus olhos tinham um brilho diferente...

Ele estragou tudo. - disse ela olhando para baixo. Eu não sabia o ue responder. Ninguém nunca tinha desabafado comigo antes. Cachorros não falam.

Se você conhecesse uma moça nova, trocaria sua namorada de três anos para ficar com ela?

N-não... - vasculhei minha mente. Nunca tive um namoro tão duradouro assim... o que tive duraram uns dois meses. O que mais durou foram sete meses. Parei, olhei em seus olhos. Ela queria chorar. Sorri tentando alegrá-la. Parece que funcionou. Ela sorriu para mim também. Depois disso, todos os dias nos vemos, apesar de não termos alguma amizade...

Peguei a coleira do Marley, meu casaco e fomos. Como é domingo, as pessoas aproveitam para andar a toa, caminhar ou olhar as pessoas.

A cidade tinha alguns turistas de vez em quando. Era um saco. A cidade não tinha nada a oferecer e eles insistiam em vir aqui. Fui andando enquanto eu pensava na possibilidade de encontrá-la. Olhei para o lado e vi alguém vindo. Parei. Era ela. Alguém vinha atrás dela. Quem era? Nunca o tinha visto. Ela vinha em minha direção, mas não para mim. Agarrei em seu braço.

Precisa de ajuda? - sussurrei em seu ouvido. O que eu estava fazendo?

Ela apenas balançou a cabeça, negando. Sim, ela precisava de ajuda. O homem estava mais perto.

Vamos. - puxei ela pelo braço. Ela realmente precisava de ajuda. Veio sem falar nada. Olhei para trás, o homem tinha sumido. Sentamos em um banco da praça.

Você está bem? - estava preocupado.

Quem é você? - perguntou, depois de assentir com a cabeça.

Eu queria dizer mil coisas a ela. Queria dizer que a observava há tempo, que não conseguia tirá-la da cabeça, que só via o futuro ao lado dela. Não consegui.

Lucas. - fiquei nervoso.

Carla. - estendeu a mão e eu peguei, tremendo um pouco. - Já te vi em algum lugar antes?

Não consegui falar. O sangue corria rápido em minhas veias. Senti meu rosto queimar, minha garganta arder. As palavras me sufocavam. O que estava acontecendo?

Sim! - acho que falei alto.

Ela me olhou, seus olhos estavam apertados, como de alguém que tenta lembrar de algo.

Padaria. - tentei facilitar. Sucesso!

Você ue me fez rir no dia em que meu noivo me traiu... - ela sorriu - Obrigada por aquele dia.

Não foi nada. - o quê? Ela tinha sido traída? - Quem era...

Acho que ela entendeu. Olhou para o chão, depois olhou para mim.

Era ele. Ele era meu noivo. Até hoje me persegue. Me ameaça às vezes. Nunca acreditei nele. Não mais. Desde aquele dia...

Será que ele não está falando a verdade? - já estava louco, queria tirá-la da cidade o mais rápido possível. Queria evitar qualquer coisa que a machucasse.

Não sei. Às vezes ele parece tão sincero...

Olhei a hora. Três e dezesseis. Marley! Almoço! Tinha que ir, mas não queria deixá-la.

Desculpa te incomodar. Já almoçou?

Não, mas ia te chamar para irmos lá em casa para isso... - sorri para ela, me sentindo um idiota atirado.

Ok. Se assim preferir... - ela sorriu de volta. Espera, ela aceitou? Não posso acreditar!

B-bom, então... vamos. - chamei. Queria gritar, dançar, sei lá! Mas me mantive no lugar. Ela não podia desistir. Não agora.

No caminho, conversávamos sobre a vida. Ela tinha vinte e um anos, estava prestes a se Casar, quando o encontrou com outra, no sofá da sala, gostava de Shakespeare, mas não era totalmente dramática - pelo menos não parecia -, amava crianças, gostava de animais, era louca por lasanha - descobri quando dei as opções para o almoço -, seus pais moravam na França e todos os dias ligavam umas três vezes - no mínimo - para saber como ela estava, se tinha comido, se tinha dinheiro - como se ela não trabalhasse -, se estava tudo em ordem, trabalhava em um escritório administrativo, não gostava de redes sociais, preferia ir para um sítio qualquer a ficar na cidade. Ela era incrível.

Quando chegamos na minha casa, soltei o Marley, que já foi direto atrás de água e trouxe a vasilha de comida.

Espera um pouco, preciso fazer a comida ainda, seu esfomeado. - brinquei com ele.

Liguei a tv e fui para a cozinha.

Fique a vontade, ok, Carla?

Já estou. - disse vindo atrás de mim.

Gosta de cozinhar?

Nem um pouco. - balançou a cabeça negando e rindo. - Só gosto de ver.

Sim, eu fiz lasanha. E ficou gostosa. Ela era linda até comendo. É, acho que eu estava começando a ficar apaixonado...


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