Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 52
Capítulo 52: Um destino para dois


Notas iniciais do capítulo

Oi caros leitores.demorei de postar mas foi por luto, minha mãe teve uma parada cardíaca e morreu faz dois dias, mas consegui postar. Espero que gostem.



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–Agora? –Perguntava Cam olhando para o garoto azul caminhando despreocupado pela sala.

–Não.

Fez-se um minuto de silencio até que o moreno passasse pelo arco de madeira para a outra sala.

–Agora? –O anjo estava impaciente remexendo a perna como tique nervoso.

–Não. –Segui os passos do garoto estranho levando até após a mesa de bufe.

Por trás daquele smolking, cabelo castanho curto caindo pela orelha e olhos azuis pálidos, estava a criatura fria e azulada como um morto.

O rapaz era um pouco desajeitado e sua pele já aparentava a pútridão consumindo seu interior. O garoto seguiu até a porta no outro corredor da sala, ele estava rumo a cozinha e procurava por algo.

–Isole-o. –Falei a Molly em quando involuntariamente cruzava os braços e levava um dedo aos lábios mordendo a ponta da unha, era um tique nervoso que fazia com frequência quando estava pensativa e com certo entretenimento.

Por um breve instante pensei no vestido que tive de jogar fora graças a uma cega que derramou café preto em mim, mas aquela imagem desapareceu assim que Molly se moveu.

A anja rapidamente caminhou por entre a multidão com a graça de um anjo e a fúria de um demônio. A cada passo uma rouca batida do salto alto contra o chão. Mesmo de longe podia sentir aquela chama interna se acender, era oficial, Mary Margaret Zane estava sedenta para se divertir, depois de tanto tempo esta seria seu momento de empolgação.

O cadáver penetra fechou a porta atrás de si. Molly entrou logo em seguida e a única coisa que ouvi nesse súbito momento foi o barulho de algo metálico caindo com força no chão. A porta se fechou e Cam correu na mesma hora.

–Phoebe... –Meu olhar ergue-se fitando a escada que levava para o segundo andar, não me contive, corri derrubando bandejas, pessoas e sem querer empurrei um garotinho que corria para as escadas.

A cada passo podia ouvir meu coração se acelerando e com um peso na mente alcancei a maçaneta do quarto da filha de Afrodite.

Cobertas cobriam a semideusa. Os cabelos negros sempre ficavam lindos não importa pelo que ela passasse. Ela ficava linda não importa o que acontecesse. Pena ela não ver o próprio potencial, poderia ficar admirando-a dormir pelo resto da madrugada e eu não me importaria. Mas tinha algo a ser feito.

Aproximei-me da cama discretamente, o vestido de seda branca abria-se em uma leve cauda que caia alguns centímetros a baixo dos meus pés, o decote gola V fazia-me ter mais frio do que de costume. Meu longo cabelo castanho com mechas azuis era soprado para longe do rosto pelo vento noturno. A janela do quarto dela estava aberta.

Sentei-me a beirada da cama observando a face serena da garota. Os lábios vermelhos, as lindas maçãs do rosto perfeitas, até mesmo o jeito que seus cilho eram curvados em leves ondas negras. As sobrancelhas perfeitas que nunca haviam precisado da atenção de uma pinça ou algo do gênero.

Só precisava sentir, pelo menos uma única vez... sentir aquilo de novo.

Reclinei-me sobre ela levemente, meus cabelos caíram dos ombros e roçaram no rosto da garota, me aproximei mais ao ponto de sentir a respiração dela no meu rosto. Desci a cabeça e toquei seus lábios nos meus com sutileza.

Algo estava errado, não podia fazer aquilo, parecia maligno, algo... perverso. Me levantei as pressas quando vi alguém na porta.

Uma mulher morena de pelo menos 1,67 metros de altura. Vestido preto colado, óculos pretos redondos de vidro e uma bengala branca. Estava parada na porta batendo levemente a bengala no chão tentando se aproximar da cama.

–Oi Ariane. –Ela esbanjou o sorriso pálido que eu jamais poderia esquecer.

–Chris. –Minha mente vagueou sem rumo em quanto tentava manter-me de pé sem chorar. –Mostre-me.. –Aproximei-me dela e repousei a mão em seu ombro. –Por favor, me mostre.. –Lagrimas desceram dos meus olhos em quanto eu tentava me recompor.

Chris levou a mão aos óculos sem pressa alguma. Tirou-os expondo os olhos que mais pareciam duas bolas de gude brancas. Lagrimas frias escorriam por eles, aqueles olhos congelados que nunca mais iriam voltar a funcionar, já estavam mortos e não havia milagre que desfizesse o que tinha acontecido.

–Queria poder mostrar a você tudo, até os mínimos detalhes, como sabe os anjos tem de permanecer cegos perante o futuro. Mas posso dizer a você que as portas não estão só abertas, foram escancaradas. Do céu chove anjos aos montes. Os mortos voltam assim como Gabrielle.

–Chris, tem de sair daqui, mandaram um errante atrás de você, onde esta seu irmão? –Apertava seu ombro com força sem saber o que fazer.

–Isso é mais importante do que minha vida. Ariane. –Ela suspirou recuperando o tom de voz. –Ouça com atenção. Sabe como Lucinda e Daniel morreram. Não irão voltar a vida jamais.

–Mas... Gabbe, ela, ela conseguiu achar uma maneira!

–Morreram humanos, seus anjos foram mortos antes disso. Suas asas não mais voarão por este céu. –Chris engoliu em seco.

Abaixei a cabeça e soltei seu ombro, já sem poder dizer nada. Eles tiveram um final feliz mas morreram no meu desses felizes para sempre. Se não fosse aquele acidente de carro... Luce e Daniel ainda estariam vivos, com uma família inteira, nada os impediria.

–Há um porém. –A voz neutra da cega ecoou em minha mente.

Levantei a cabeça olhando em seus olhos cara a cara.

–As almas podem ser restauradas, pelo menos a de Luce.

–O que devemos fazer? –Uma chama de esperança ardeu em meu peito rapidamente.

–Gabbe agiu certo até agora, mas Lúcifer atrapalhou seus planos. Eu vim por isso. Não só os anjos passam pela ressureição e vagam, mas também almas humanas estão se aproveitando disso, as que guardaram rancor e arrependimento.

Uma forte rajada de vento invadiu o local fazendo-me arrepiar.

–Luce e Daniel permanecem felizes no céu, mas nunca poderão ter a chance de uma vida se continuarem lá. A filha de Afrodite deve subir cada escada dos céus e enfrentar a Estrela do Amanhã, no ventre de sua amante carregará Daniel, no ventre da amada de Hermes carregará Lucinda.

–Então foi isso... esta gravidez, tudo, ela é quem será a mãe...

–Este destino se cumprirá apenas se Phoebe chegar ao paraíso, fazer com que Lucinda se lembre o lugar de direito entre os anjos e irrompa a casca da alma humana.

–Até agora só falou sobre Luce, e Daniel?

–Daniel foi condenado pela mãe antes mesmo de nascer.

Recuei alguns passos horrorizada pensando no pobre Daniel que perseguiu bilhares das encarnações da sua amada para no fim morrer num acidente de trânsito junto a ela.

–A mãe uniu-se como amante de Lúcifer, Daniel seria morto assim que o demônio soubesse sobre a identidade do feto.

–Fora estas circunstancias, o que precisaria ser feito para trazer a alma de Daniel para este mundo? –Os meus olhos encharcavam-se de lágrimas.

–O mesmo processo, eles foram exceções de Deus para tornarem-se humanos, se conseguirem lembrar de sua natureza em outra vida, conseguirão passar pelas portas da encarnação em quanto Deus dorme. Caso contrário, o bebê no ventre de Phoebe e da amante de Lúcifer nascerão mortos.

–Elas foram destinadas então... É a vontade de Deus ter feito as duas carregarem os dois não é? –A tontura me abateu, pensar em Gabbe posta sozinha contra Lúcifer me matava por dentro, mas aquilo era estranho, eu havia beijado a futura mãe de Luce.

–Sim, ou serão eles, ou não serão ninguém.

–Quem é a mãe de Daniel, diga. –A cega permaneceu calada. –Diga!

–A filha fantasma vagará sozinha, a luz não pode trazê-la de volta, agora somente as próprias trevas podem empurra-la de volta a salvação.

–O que isso quer dizer?

–Se a gestante de Daniel não estiver no portão do paraíso junto a Phoebe quando a hora chegar, o anjo de olhos violeta nunca mais voltará a vida, nem nesta e nem em nenhuma outra vida.

Ouvi um grito vindo do primeiro andar, passos, as pessoas estavam correndo para fora da casa aos berros.

–Vá, seus amigos precisam de você. -Chris foi até a beirada da cama de Phoebe lentamente tateando a cama e o chão, sentou-se numa cadeira felpuda que estava do lado da cama e lá ficou. Encarando a garota em quanto dormia mesmo sem poder ver nada. –É uma linda noite, e eu não posso vê-la.

–Sei que não irá me perdoar por tê-la abandonado em Nova Orleans, assim como não perdoarei aquela mulher que fez isso com você. Sempre estará comigo, filha de Hécate.

Com as palavras finais corri do quarto, não havia mais ninguém festejando, todos sumiram. Segui para o barulho na cozinha e no corredor encontrei o pai de Phoebe na porta, ele parecia perturbado, estava em choque.

Adentrei a porta e vi Molly caída no chão, um corpo esquartejado junto a trapos de roupas e Cam que tentava desesperadamente segurar as janelas e as portas fazendo barricadas com a mesa e as cadeiras da cozinha.

–Ela seguiu a Chris!


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