Evanna - A Outra Potter [HIATUS] escrita por Yas


Capítulo 2
O Vidro Que Sumiu


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK! Novo capítulooooooooooobg a linda da LunaEverdeenChase pelo review, e a Leticia Boeno por favoritar a história, bigadaaaa lindass !Desculpem os erros por causa da bosta do meu teclado hsauhsauhs



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O vidro que sumiu

Quase dez anos haviam se passado desde o dia em que os Dursley acordaram e encontraram os sobrinhos no batente da porta, mas a rua dos Alfeneiros não mudara praticamente nada. O sol nascia para os mesmo jardins cuidados e iluminava o número quatro de bronze à porta de entrada dos Dursley; e penetrava sorrateiro a sala de estar, que continuava quase igual ao que fora na noite em que o Sr. Dursley ouvira a funesta notícia sobre as corujas. Somente as fotografias sobre o console da lareira mostravam o tempo que já passara. Dez anos antes havia uma porção de fotografias de uma coisa que parecia uma grande bola de brincar na praia, usando diferentes chapéus coloridos - mas Duda Dursley não era mais bebe; e agora as fotografias mostravam um menino grande e louro na primeira bicicleta, no carrossel de uma feira, brincando com o computador do pai, recebendo um beijo e um abraço da mãe. A sala não continha nenhuma indicação de que havia mais duas pessoas na casa.

No entanto Evanna e Harry Potter continuavam lá, no momento adormecidos, mas não por muito tempo. Sua tia Petúnia acordara e foi sua voz aguda que produziu o primeiro ruído do dia.

– Acordem! Levantem-se! Agora!

Os irmãos acordaram assustados. A tia bateu à porta outra vez.

– Acordem! - gritou. Eles ouviram-na caminhar em direção à cozinha e em seguida uma frigideira bater no fogão. Os gemeos se viraram de costas, ambos tentando lembrar do sonho que tiveram. Era um sonho gostoso. Havia uma motocicleta. Os dois tiveram o mesmo sonho, e a mesma sensação de que já o viram antes.

A tia voltara à porta.

– Voces já se levantaram? - perguntou.

– Quase - responderam em uníssono.

– Bem, andem depressa, quero que voces tomem conta da comida. E não se atrevam a deixá-la queimar. Quero tudo perfeito no aniversário de Duda.

– Já entendemos cara-de-cavalo, não posso mais dormir em paz, CARALHO? Ninguém liga pro aniversário da baleia gorda, é tão difícil de entender? - disse Evanna gemendo baixinho, mas não baixinho o suficiente para que Harry não ouvisse, fazendo o mesmo dar uma risada baixa.

– Que foi que vocês disseram? - perguntou a tia com rispidez

– Nada, nada...- responderam os dois juntos, sonolentos.

O aniversário de Duda - como podiam ter esquecido? Cada um se levantou e foram procurar as meias. Encontraram-nas debaixo da cama e em cima da lampada, Harry retirou uma aranha da sua, e as calçaram. Harry estava acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas, mas Evanna não havia. Ela tinha aracnofobia desde que duas aranhas pularam em cima dela. Então toda noite, Harry tinha de espantá-las para Evanna se sentir segura e ir dormir.

Já vestidos, pegaram seus óculos, deram 'bom dia', ainda um pouco sonolentos, um para o outro e saíram para o corredor que levava à cozinha. A mesa quase desaparecera tantos eram os presentes de aniversário de Duda. Pelo que viam, Duda ganhara o novo computador que queria, para não falar na segunda televisão e na bicicleta de corrida. Para o que, exatamente, Duda queria uma bicicleta de corrida era um mistério para os gemeos, porque Duda era muito gordo, ou bola de queijo que era como Evanna o chamava, e detestava fazer exercícios - a não ser, é claro, que envolvessem bater em alguém. O saco de pancadas preferido de Duda era Harry, ele só não batia na Anna (n/a: o apelido da Evanna é Anna, porque SIM u.u) por ser uma garota, mas nem sempre Duda conseguia pegar o Harry. Os irmãos não aparentavam, mas eram muito rápidos.

Talvez fosse porque viviam num armário escuro, mas Harry e Anna sempre foram pequenos e muito magros para a idade. Parecia ainda menores e mais magros do que realmente eram porque só lhes davam para vestir as roupas velhas de Duda, sim, porque Evanna não ficava de fora, e Duda era quase quatro vezes maior do que eles. Evanna e Harry tinham rostos magro, joelhos ossudos, cabelos negros e olhos muto verdes. Harry usava óculos redondos e Evanna óculos quadrados, ambos remendados com fita adesiva por causa das muitas vezes que Duda socara Harry no nariz e das vezes e que Evanna se metera na frente levando o soco por ele. A única coisa que os irmãos gostavam em suas aparencias era uma cicatriz fininha na testa de cada um que tinha a forma de um raio. Existia desde que se entendiam por gente e a primeira pergunta que se lembravam de ter feito à tia Petúnia era como as arranjaram.

– No desastre de carro em que seus pais morreram - respondera ela. - E não façam perguntas.

Não façam perguntas – esta era a primeira regra para levar uma vida tranquila com os Dursley.

Tio Vernon entrou na cozinha quando Harry estava virando o bacon e Evanna fritando os ovos.

– Penteiem o cabelo! - mandou, à guisa de bom-dia.

Mais ou menos uma vez por semana, tio Vernon espiava por cima do jornal e gritava que os irmãos precisavam cortar os cabelos. Anna e Harry devem ter feito mais cortes que o resto das crianças de suas classes somadas, mas não fazia diferença, seus cabelos simplesmente cresciam daquele jeito - para todo lado, ou no caso de Evanna, sempre muito longos.

Harry tinha começado a fritar os ovos junto da irmã na altura em que Duda chegou à cozinha com a mãe. Duda se parecia muito com tio Vernon. Tinha um rosto grande e rosado, pescoço curto, olhos azuis pequenos e aguados e cabelos louros muito espessos e assentados na cabeça enorme e densa. Tia Petúnia dizia com frequencia que Duda parecia um anjinho - Evanna dizia com frequencia que Duda parecia um porco de peruca.

Os irmãos botaram os pratos de ovos com bacon na mesa, o que foi difícil porque não havia muito espaço. Entrementes, Duda contava os presentes. Ficou desapontado.

– Trinta e seis - disse, erguendo os olhos para o pai e a mãe. - Dois a menos do que no ano passado.

– Querido, voce não contou o presente de tia Guida, está aqui debaixo deste grandão do papai e da mamãe, está vendo?

– Está bem, então são trinta e sete - respondeu Duda ficando vermelho. Evanna e Harry, notando que Duda estava preparando um enorme acesso de raiva, se olharam e começaram a engolir a comida o mais depressa possível, caso o primo virasse a mesa.

Tia Petúnia obviamente também sentiu o perigo, porque na mesma hora disse:

– E vamos comprar mais dois presentes para voce quando sairmos hoje. Que tal, fofinho? Mais dois presentes. Está bem assim?

Duda pensou um instante. Pareceu um esforço enorme. Finalmente respondeu hesitante:

– Então eu vou ficar com trinta... trinta...

– Trinta e nove, anjinho - disse tia Petúnia.

Evanna prendeu o riso vendo que o primo mal sabia contar.

– Ah. - Duda largou-se na cadeira e agarrou o pacote mais próximo. - Então está bem.

Tio Vernon deu uma risadinha

– O baixinho quer tudo a que tem direito, igualzinho ao pai. É isso aí garoto! - E arrepiou os cabelos de Duda com os dedos.

Naquele instante o telefone tocou e tia Petúnia foi atende-lo, enquanto Harry, Evanna e tio Vernon assistiam a Duda desembrulhar a bicicleta de corrida, a camara de filmar, um aeromodelo com controle remoto, dezesseis jogos de computador e um gravador de vídeos. Estava rasgando a embalagem de um relógio de ouro quando tia Petúnia voltou do telefone parecendo ao mesmo tempo zangada e preocupada.

– Más notícias, Vernon. A Sra. Figg fraturou a perna. Não pode ficar com eles. - E indicou os gemeos com a cabeça.

Duda boquiabriu-se de horror, mas ambos corações dos irmãos deram um salto. Todo ano, no aniversário de Duda, os pais dele o levavam para passar o dia com um amiguinho em parques de aventuras, lanchonetes ou no cinema. Todo ano deixavam Evanna e Harry com a Sra. Figg, uma velha maluca que morava ali perto. Os irmãos detestavam o lugar. A casa inteira cheirava a repolho e a Sra. Figg lhes mostrava fotografias de todos os gatos que já tivera.

– E agora? - perguntou tia Petúnia, olhando furiosa para Harry e Evanna como se eles tivessem planejado tudo. Eles sabiam que deviam sentir pena da Sra. Figg que quebrara a perna, mas não era fácil quando lembravam que iam passar um ano sem ter que olhar para Tobias, o Néris, Seu Patinhas e o Pompom outra vez.

– Podemos ligar para a Guida - sugeriu tio Vernon.

– Não diga bobagem, Vernon, ela detesta eles.

Com frequencia, os Dursley falavam de Anna e Harry assim, como se eles não estivessem presentes - ou melhor, como se eles fossem alguma coisa muito desprezível que não conseguisse entende-los, como lesmas.

– E aquela sua amiga, como é mesmo o nome dela, Ivone?

– Está passando férias em Majorca - respondeu Petúnia, com rispidez.

– Voces podiam nos deixar aqui - arriscou Harry esperançoso, junto da irmã.

Tia Petúnia parecia que tinha engolido um limão.

– E quando voltarmos, encontrar a casa destruída? - rosnou.

– Não vamos explodir a casa - prometeu Evanna, mas os tios não estavam mais escutando.

– Talvez pudéssemos levá-los ao zoológico - disse tia Petúnia lentamente -e deixá-los no carro...

– O carro é novo. Não vou deixá-los sentados no carro sozinhos... especialmente a garota. - falou tio Vernon apontando com a cabeça para Evanna e a mesma soltou um sorriso maroto.

Duda começou a chorar alto. Na realidade não estava chorando, fazia anos que não chorava de verdade, mas sabia que se fizesse cara de choro e gritasse a mãe lhe daria o que quisesse.

– Dudinha, querido, não chore, mamãe não vai deixar eles estragarem o seu dia! - exclamou, abraçando-o.

– Não... quero... que... eles... vão! - Duda berrou entre grandes soluços fingidos. - Eles sempre estragam tudo! - E lançou um riso maldoso por entre os braços da mãe, fazendo Anna revirar os olhos e mandar um olhar assassino à Duda.

Naquele instante a campainha tocou.

– Ah, meu Deus, são eles chegando! - disse tia Petúnia nervosa, e um minuto depois, o melhor amigo de Duda, Pedro Polkiss, entrou acompanhado da mãe. Pedro era um menino magricela, com cara de rato. Em geral era quem segurava para trás os braços dos garotos enquanto Duda batia neles. Na mesma hora Duda parou de fingir que estava chorando.

Meia hora depois, os irmãos, que não conseguiam acreditar em sua sorte, estavam sentados no banco traseiro do carro dos Dursley, com Pedro e Duda, a caminho do jardim zoológico, pela primeira vez na vida deles. O tio e a tia não tinham conseguido pensar no que fazer com ele, mas antes de saírem, tio Vernon puxara os dois para o lado.

– Estou-lhes avisando - disse, aproximando a cara grande e vermelha dos irmãos. - Estou-lhes avisando, moleques, a primeira gracinha que fizerem, a primeira, vão ficar presos naquele armário até o Natal.

– Não vamos fazer nada - disseram juntos -, juramos...

Mas tio Vernon não acreditou neles. Ninguém nunca acreditava.

O problema era que sempre aconteciam coisas estranhas à volta dos gemeos e simplesmente não adiantava dizer aos Dursley que não era culpa deles.

Uma vez, tia Petúnia, cansada de ver Harry voltar do barbeiro como se não tivesse estado lá, apanhara uma tesoura de cozinha e cortara o cabelo dele tão curto que o deixara quase careca, exceto por uma franja, que ela deixou "para esconder aquela cicatriz horrorosa" . Duda morrera de rir de Harry, que passou a noite acordado imaginando o que seria a escola no dia seguinte, onde já riam dele e da irmã por causa das roupas folgadas e dos óculos emendados com fita adesiva, falando na irmã, nem mesmo Evanna conseguiu se segurar quando viu o irmão daquele jeito, riu que se acabou e fez piadas dele também. Ri daquele dia até hoje. Na manhã seguinte, porém, quando os irmãos se levantaram, os cabelos de Harry estavam exatamente como eram antes de tia Petúnia cortá-los. Tinham deixado os dois presos uma semana no armário, Harry por causa do cabelo, e Anna por ter sido acusada de o ajudá-lo, mas ela realmente não ligava, apesar de suas tentativas de explicar que não saberiam explicar como é que os cabelos dele tinham crescido tão depressa.

Por outro lado, Evanna se metera numa grande encrenca quando a encontraram no telhado da cozinha da escola. A turma de Duda a estava perseguindo por ela ter chamado Duda de "baleia gorda Jr. com gastrite" para defender o irmão, como sempre, e tanto para a surpresa de Anna quanto de Harry e dos outros, ela apareceu sentada na chaminé, e tudo o que ela fez foi rir deles, fazer caretas e mandar um "vai tomar no cu" para o Duda e sua gangue. Os Dursley receberam uma carta muito zangada da diretora dos irmãos Potter, contando que Evanna andara escalando os prédios da escola e tendo um comportamento horrível. Mas só o que tentara fazer ( conforme gritou para tio Vernon, meio que rindo, através da porta trancada do armário ) fora saltar para trás das grandes latas de lixo à porta da cozinha. Harry supunha que o vento devia te-la apanhado na hora em que saltou. Já Evanna... digamos que ela é mais desconfiada das coisas estranhas que acontecem ao seu redor e do seu irmão...

Evanna, sim, era um imã de encrencas maior do que seu irmão, sempre explodindo as privadas e pias do banheiros, colocando tachinhas nas cadeiras dos colegas e da professora, colocando baldes com gosmas nojentas dentro e deixando-os em cima das portas para cair na cabeça dos professores e colegas, atirando bolinhas de gude para Duda cair (isso tanto na escola quanto em casa), sempre chamando as encrencas como velhas amigas, deixando-as aparecerem livremente.

Evanna realmente era uma completa marota.

Mas hoje nada ia dar errado. Valia até a pena estarem em companhia de Duda e Pedro para passar o dia em outro lugar que não fosse na escola, o armário, ou a sala com cheiro de repolho da Sra. Figg.

Enquanto dirigia, tio Vernon se queixava à tia Petúnia. Ele gostava de se queixar de tudo: das pessoas no trabalho, dos irmãos, do conselho, dos irmãos, o banco e os irmãos eram seus dois assuntos preferidos. Esta manhã eram as motocicletas.

–...roncando pelas ruas como loucos, os arruaceiros - disse, quando uma moto emparelhou com eles.

– Tive um sonho com uma motocicleta - falou Evanna, lembrando-se de repente. - Ela voava.

Harry a olhou espantado por ter tido o mesmo sonho que ele. Tio Vernon quase bateu no carro da frente. Virou-se para trás e gritou com Anna, seu rosto parecendo uma beterraba gigante e bigoduda:

MOTOCICLETAS NÃO VOAM!

Duda e Pedro deram risadinhas.

– Sei que não voam - respondeu ela com um calma inexplicável para alguém que acabou de ser repreendido, Harry que já estava acostumado mal ligou. - Foi só um sonho.

Mas desejou que não tivesse dito nada. Se havia alguma coisa os Dursley detestavam mais do que as suas perguntas e as do irmão, era de quando falavam de coisas que faziam o que não deviam, não interessava se era sonho ou desenho animado - pareciam pensar que eles poderiam arranjar ideia perigosas.

Era um sábado muito ensolarado e o zoo estava cheio de famílias. Os Dursley compraram grandes sorvetes de chocolate para Duda e Pedro à entrada e, então, porque a mulher sorridente na carrocinha perguntara o que os gemeos iriam querer antes de afastá-los depressa dali, eles lhes compraram dois sorvetes baratos de limão. Não era ruim, ambos irmãos pensaram, trocaram olhares e continuaram a lambe-lo enquanto observavam um gorila que coçava a cabeça até que Harry comentou baixinho só para a irmã ouvir:

– É impressão minha ou esse gorila tem um irmão gemeo chamado Duda? - perguntou risonho.

– Não, que isso, muito insulto ao irmãozitcho lindo do Duda ! - os dois começaram a rir baixinho, baixo o suficiente para os Dursley e Pedro não ouvirem. - E para de zuera, mano, Deus tá vendo essa zuera, viu? Depois não diga que eu não avisei.

Harry teve que se segurar para não cair na gargalhada pela cara, e voz e gestos que a irmã usou nessa frase. Se segurou somente para não passar vexame com os Dursley no meio do zoo, porque, basicamente, se ele começasse a rir, Evanna riria junto, trazendo todas as atenções para eles e uma bronca daquelas. Coisa que eles, Harry pelo menos, não queriam. Esquecendo esse lapso os dois voltaram a observar o animal.

Os irmãos passaram a melhor manhã que já tiveram em muito tempo. Cuidaram de andar um pouco mais afastados dos Dursley de modo que Duda e Pedro, que ali pela hora do almoço estavam começando a se chatear com os bichos, não recaíssem no seu passatempo favorito de bater nos primos. Almoçaram no restaurante do zoo e quando Duda teve um acesso de raiva porque seu sorvete não era bastante grande ("Bebezão chorão que ainda deve usar fraldas e não deve nem saber cagar num penico" pensou Anna reprimindo a vontade de gritar com o primo), tio Vernon comprou-lhe outro e deixou os irmãos dividirem o primeiro.

Depois Anna e Harry acharam que deviam ter adivinhado que estava bom demais para durar muito tempo.

Terminando o almoço, foram visitar o alojamento dos répteis. Era fresco e escuro ali, com quadrados iluminados ao longo das paredes. Por trás dos vidros, rastejavam e deslizavam em pedaços de pau (n/a: maliciei hsuahsu) e em pedras todos os tipos de cobras e lagartos. Duda e Pedro queriam ver as enormes cobras venenosas e as grossas pitones que esmagavam um homem. Duda logo encontrou a maior cobra que havia. Poderia dar duas voltas no carro de tio Vernon e amassá-lo até reduzi-lo ao tamanho de uma lata de lixo - mas naquela hora ela não ela não estava disposta a fazer nada. Na realidade, estava dormindo a sono solto.

Duda parou, o nariz comprimido contra o vidro, observando as espirais marrons e reluzentes.

– Faz ela se mexer - choramingou para o pai. Tio Vernon bateu no vidro, mas a cobra não se mexeu.

– Faz outra vez - mandou Duda. Evanna revirou os olhos impaciente com aquela baleia gorda Jr. Tio Vernon bateu no vidro com os nós dos dedos, mas a cobra continuou dormindo.

– Que chato - queixou-se Duda. E saiu arrastando os pés.

Os irmãos vieram se postar na frente do tanque e estudaram a cobra com atenção. Não se admirariam se a própria cobra morresse de tédio - não tinham companhia a não ser aquela gente idiota que batucava no vidro, tentando incomodá-la o dia inteiro. Era pior do que ter um armário por quarto, onde a única visita era tia Petúnia esmurrando a porta para acordá-los, mas ao menos eles podiam visitar o resto da casa.

A cobra inesperadamente abriu os olhos, que pareciam contas. Devagarinho, muito devagarinho, levantou a cabeça até seus olhos chegarem ao nível de Evanna e Harry.

E piscou.

Os dois arregalaram os olhos, Harry olhou para irmã com um olhar do tipo "eu fui o único que vi isso?" e ela respondeu em negação com a cabeça. Os dois olharam depressa a toda volta para ver se havia alguém olhando, além deles. Não havia. E retribuíram o olhar da cobra, piscando em sincronia também.

A cobra acenou com a cabeça na direção de tio Vernon e de Duda, depois levantou os olhos para o teto. Lançou um olhar aos irmãos que dizia com todas as letras:

Isso é o que me acontece o tempo todo.

– PUTA QUE PARIU, A COBRA FALA, HARRY!! TU VIU ISSO, MANO?? EU TO TENDO UMA ILUSÃO OU É VERDADE MESMO??? - se exaltou, "um pouquinho", Evanna.

– É VERDADE SIM, AGORA TE ACALMA ANTES QUE PENSEM QUE SOMOS ANORMAIS !! - respondeu Harry no mesmo tom que a irmã. Sorte que ninguém os ouviu.

– Nós sabemos - murmurou Evanna, repondendo a afirmação da cobra, chegando mais perto do vidro com Harry do lado, embora não tivesse muita certeza se a cobra poderia ouvi-la, fazendo como se a sua crise de agora a pouco não tivesse acontecido -, deve ser bem chato.

A cobra concordou com um aceno de cabeça enfático.

– Mas de onde é que voce veio? - se pronunciou, pela primeira vez à cobra, Harry.

A cobra apontou com o rabo uma placa próxima ao vidro. Os gemeos espiaram.

Boa Constrictor, Brasil.

– Era bom lá? - perguntou Anna.

A jiboia apontou novamente a placa com o rabo e os dois leram: Este espécime nasceu em cativeiro.

– Ah, entendo, então voce nunca esteve no Brasil? - Anna e Harry perguntaram.

A cobra sacudiu a cabeça, mas um grito ensurdecedor atrás dos irmãos fez os tres pularem:

DUDA! SR. DURSLEY! VENHAM VER ESSA COBRA! VOCES NÃO VÃO ACREDITAR NO QUE ESTÁ FAZENDO!

Duda veio bamboleando até onde o amigo estava o mais depressa que pode.

– Caiam fora - falou dando um soco nas costelas de Harry e Anna. Apanhados de surpresa, os dois caíram com força no chão de concreto. Evanna e Harry mandaram os seus olhares mais mortais possíveis na direção de Duda. O que se passou em seguida aconteceu tão depressa que ninguém viu como foi: num segundo, Pedro e Duda estavam encostados no vidro, no segundo seguinte, estavam saltando para trás soltando uivos de terror.

Os irmãos sentaram-se e pararam de respirar: o vidro da frente do tanque da jiboia tinha sumido. A grande cobra se desenrolou depressa e escorregou pelo chão - as pessoas no alojamento dos répteis gritaram e começaram a correr para as saídas.

Quando a cobra passou rápido por eles, os gemeos poderiam jurar que uma voz baixa e sibilante tinha dito: "Brasil, aqui vou eu... Obrigada, amigos." Harry estava com os olhos arregalados, em choque, enquanto Evanna tinha um sorrisinho no rosto e falou no mesmo tom que a cobra "De nada, seja feliz!"

O zelador do alojamento dos répteis ficou em estado de choque.

– Mas o vidro - ele não parava de repetir -, para onde foi o vidro?

O diretor do zoo em pessoa preparou uma xícara de chá forte para tia Petúnia enquanto se desculpava mil vezes. Pedro e Duda só conseguiam balbuciar. Pelo que os irmãos viram, a cobra não fizera nada a não ser fingir abocanhar os calcanhares deles quando passou, mas quando chegaram finalmente ao carro do tio Vernon, Duda estava contando que a cobra quase lhe arrancar a perna a dentadas, enquanto Pedro jurava que a cobra tentara apertá-lo até matar, Harry só ficava segurando a irmã para não partir pra cima dos dois. Mas o pior de tudo, pelo menos para os dois, foi Pedro ter se acalmado o suficiente para perguntar:

– Evanna e Harry estavam conversando com ela, não estavam?

Tio Vernon esperou até Pedro estar longe da casa para brigar com os irmãos. Estava tão zangado que mal podia falar. Conseguiu apenas dizer:

– Vão... armário... gemeos... sem comida - antes de desmontar em uma cadeira e tia Petúnia ter que correr para lhe servir uma boa dose de conhaque.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Muito mais tarde, deitados no armário deles, os irmãos desejaram ter um relógio. Não sabiam que horas eram e não tinham certeza se os Dursley já estariam dormindo. Até que estivessem, eles não poderiam se arriscar em irem escondidos até a cozinha buscar algum coisa para comer.

Viviam com os Dursley havia quase dez anos, dez infelizes anos, desde que se lembravam, desde que eram bebes e seus pais tinham morrido naquele acidente de carro, do qual Evanna duvidava de que realmente tivesse acontecido. Não conseguiam se lembrar de terem estado no carro quando os pais morreram. Já haviam discutido sobre isso, mas às vezes quando forçavam a memória durante longas horas no armário, só conseguiam lembrar da mesma coisa, uma estranha visão: um lampejo ofuscante de luz verde e uma queimadura na testa. Isto, supunha os irmãos, era o acidente embora não conseguissem lembrar de onde vinha toda aquela luz verde. Não conseguiam lembrar nada dos pais. A tia e o tio nunca falavam neles e naturalmente tinham proibido os dois de fazer perguntas. E não havia fotografias deles na casa.

Quando eram mais novos, os irmãos sonharam alto muitas vezes com um parente desconhecido que vinha levá-los embora, sempre compartilharam esse mesmo sonho, mas isto nunca acontecera; os Dursley eram a única família dos dois, os irmãos somente poderiam confiar um no outro, sempre foram muito unidos. Ainda assim, eles achavam (ou talvez fosse só uma esperança) que estranhos na rua os conheciam. E eram estranhos muito estranhos. Um homenzinho de cartola roxa se curvara para ele uma vez quando estava fazendo compras com a irmã, tia Petúnia e Duda. Depois de perguntar a Harry, furiosa, se ele conhecia o homem, tia Petúnia tinha empurrado os meninos e Evanna depressa para fora da loja sem comprar nada. Outra vez eles estavam no banco com tia Petúnia para retirar dinheiro, Evanna estava do lado de fora enquanto Duda e Harry junto de tia Petúnia, uma velha amalucada toda vestida de verde esbarrou em Anna e depois de olhá-la, lhe deu um forte e grande abraço dizendo "obrigada" freneticamente e saiu feliz da vida deixando a garota completamente confusa. A coisa mais estranha nessas pessoas era a maneira com que pareciam desaparecer no instante em que os irmãos tentavam ve-los melhor.

Na escola Anna e Harry não tinham ninguém a não ser eles mesmo de companhia, mas para eles já era legal o suficiente. Todos sabiam que a turma de Duda odiava os estranhos irmãos Harry e Evanna Potter com suas roupas velhas e folgadas e os óculos remendados, e ninguém gostava de contrariar a turma do Duda.

To be continued...


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Notas finais do capítulo

ATÉ O PRÓXIMOOOOOOBesitos meus e do meu alterego EVANNA!SHAUSHAUSHA