P.O.V. Gina

Tinha acabado de ler a carta que uma coruja tinha trazido há poucos minutos quando Harry entrou na cozinha e se sentou na cadeira na minha frente na mesa com ar de cansado. Continuei encarando o pedaço de pergaminho pensando em o que fazer.

– O Profeta Diário me ofereceu um emprego. – Disse olhando para Harry. – Para cobrir a coluna de quadribol.

– Isso é ótimo!

– É sim. Acho que vou aceitar. Vai ser legal.

– Vai. Ainda mais se isso significa que poderemos ir a alguns jogos de graça.

Olhei para ele e revirei os olhos. Perfeito. Nem aceitei o emprego e ela já está pensando em ir a jogos de graça.

– Então você vai ser tipo... jornalista?

– É.

– Hum... – Ele fez uma pausa me olhando com ar de riso. – Igual à Rita Skeeter.

Olhei para ele com a boca aberta e os olhos arregalados, e antes que eu percebesse eu estava em pé e correndo atrás dele pela cozinha. Consegui pular nas costas dele e comecei a bater em cada parte de corpo que eu conseguia alcançar.

– Nunca. Mais. Repita. Isso. Harry. James. Potter! – Pontuei cada palavra com tapas enquanto ele não sabia se ria ou chorava. Mentira, ele estava quase chorando.

– Foi só uma observação!

– Eu vou matar você se não calar a boca agora! – Continuei batendo nele enquanto ele tentava, sem sucesso, me tirar das suas costas.

– Mãe! – Lily apareceu na porta da cozinha. – Por que você está tentando matar o papai?

– Porque ele é um idiota! – Disse e pulei das costas dele para o chão.

– Igual o James e o Al?

– Mais ainda.

– Ah. – Ela parou de falar e ficou encarando os pés dela.

– O que foi, Lils? – Harry perguntou.

– Er... sabe o James? Então... ele é mesmo um idiota... e... hum... ele quebrou aquele dragão de brinquedo que o tio Charlie mandou para mim no meu aniversário e... eu meio que... bom... sem querer... tinha...

– Lily, fala logo!

– Tinha uma aranha pequenininha na parede do quarto dele e eu sem querer... bom... a aranha está gigante agora e o James não consegue sair do quarto por que ela está meio que prendendo ele lá dentro...

– Ah, Lily! Agora ele vai ficar igual ao Ron! – Falei balançando a cabeça e sai apressada para o quarto de James.

James estava parado no canto do quarto, quase chorando, enquanto uma aranha gigantesca o ameaçada batendo as pinças.

– Aragogue! – Harry exclamou atrás de mim. – Devíamos chamar o Hagrid para ver isso! E, definitivamente, chamar o Ron também.

– Reducto! – Exclamei apontando a varinha para a aranha e ela logo sumiu.

James soltou um suspiro de alivio e logo depois olhou com os olhos semicerrados para Lily que estava atrás de mim.

– Você! – Ele apontou para ela. – Eu vou matar você, Lily!

James saiu correndo e Lily gritou e correu se escondendo atrás de Harry. James estava quase passando pela porta do quarto quando pus o braço na frente e o segurei.

– Você não vai matar ninguém, James.

– Mas ela quase me matou!

– Não exagera. Era só uma aranha.

– Era uma aranha gigante, mãe!

– O que está acontecendo? – Albus abriu pouco a porta do seu quarto e saindo rapidamente fechou-a outra vez.

– A pergunta é: O que você está fazendo, Al?

– Eu? Na-nada, mãe.

– Ei! A Lily quase me matou! – James disse chamando novamente a atenção. – Alguém pode fazer alguma coisa?

– Você quebrou meu dragão! – Lily disse saindo de trás das pernas de Harry e indo furiosa em direção a James, que eu ainda segurava.

– Já chega! Os três de castigo! Para o quarto já!
– Por quê? – Eles perguntaram juntos.

– James por quebrar o brinquedo da Lily. Lily por tornar uma aranha gigante para atacar o James e você, Albus, por que está com uma cara muito suspeita. Eu não quero nem saber o que está fazendo, mas para agora e se livre de qualquer vestígio do que você tenha feito.

– Mãe! – Os três continuaram parados no corredor me olhando.

– Agora!

Finalmente eles entraram cada um no seu quarto e fecharam as portas. Eu e Harry voltamos para a cozinha, peguei a carta d’O Profeta Diario e guardei em uma gaveta.

– Acho que a gente devia comprar crianças novas, Harry. Essas estão quebradas.

– Como é que a Lily conseguiu deixar uma aranha daquele tamanho?

– Ótima pergunta. Mas devíamos ter chamado o Ron para acabar com a aranha. – Eu ri.

Não se passaram nem quinze minutos, enquanto conversávamos sobre a proposta d’O Profeta, quando uma gritaria começou no andar de cima.

– Eu vou matar esses três. – Falei entre os dentes e subi as escadas. A cena no corredor não estava nada bonita.

James estava caído de costas no chão enquanto Lily, sentada em cima da barriga dele batia, arranhava e puxava os cabelos do irmão. Albus estava tentando segurar Lily e também ganhava uns tapas dela por isso.

– Para, Lily!

– Você não vai quebrar mais nada! – Ele gritou sem para de bater nele.

Harry passou na minha frente e tirou Lily de cima de James.

– Lily Luna Potter, não faz isso! – Ele exclamou levantando-a até a altura dos olhos dele.

– Mas, pai, ele ia...

– Não quero saber, Lily. Volta para o seu quarto.

Harry a colocou no chão e emburrando a cara Lily entrou no quarto e fechou a porta com força.

– Se bater outra vez essa porta juro que você fica ai dentro uma semana, Lily! – Falei em voz alta. – E você? – Me virei para James. – O que você está fazendo fora do seu quarto?

– Eu só ia...

– Você ia provocar sua irmã. – Falei levantando as sobrancelhas.

– Não. Eu só...

– Volta para seu quarto, já.

– Mas eu só ia...

– Eu não vou falar outra vez, James Sirius Potter!

Ele deu meia volta sob meu olhar e entrou mais uma vez no quarto, para o bem dele sem bater a porta. Albus continuou parado no corredor correndo os olhos de mim para Harry.

– Eu não fiz nada! – Falou antes que disséssemos qualquer coisa para ele. – Eu só estava tentando separar os dois! Eu juro!

– Eu sei. – Falei tentando não rir da cara de desesperado dele. – Você já pode sair do seu quarto se quiser.

– É... eu acho que vou lá para fora então. – Ele disse e saiu correndo.

– Eu acho que ele só quer ficar o mais longe possível dessa casa agora. – Harry riu.

– Nós definitivamente precisamos comprar crianças novas. – Suspirei.

– Vocês vão comprar uma Lily nova? – A voz de Lily veio abafada e assustada do outro lado da porta.

– Se você não se comportar muito bem vou pensar seriamente nisso. – Respondi rindo.

Desci até a sala com Harry e depois que ele se sentou no sofá me joguei do lado dele apoiando a cabeça nas pernas dele.

– Ótimo. Agora o James vai ficar com medo de aranhas e a Lily com medo de vendermos ela ou coisa parecida.

– Mas medo de aranha pode até ser legal. Eu ria bastante da cara do Ron cada vez que uma aranha chegava perto dele.

– Bom, e uma hora a Lily vai perceber que não vamos vender ela, mas até lá até que vai ser bom porque ela vai se comportar bem melhor.

– Devíamos falar para o James e para o Albus que vamos vender eles também, então.

– Devíamos mesmo. A casa ficaria bem mais silenciosa. – Fiquei encarando o teto por alguns segundos enquanto Harry mexia no meu cabelo. – Merlin! Nós somos péssimos pais!