P.O.V. Ronald

– Finalmente acabou! – Exclamou Hermione jogando a bolsa e depois ela mesma no sofá no final da tarde de sábado. – E fizemos alguns progressos com os direitos dos Elfos!

– Que bom! – Disse sorrindo e me sentando do lado dela no sofá colocando os pés da morena sobre as minhas pernas. – Agora você pode finalmente descansar um pouco. Pode começar seu descanso assim que fizer alguma coisa para eu comer.

– Vai sonhando! – Ela riu.

– Não acredito que você vai me deixar com fome!

– Vou sim. – Ela me olhou sorrindo calmamente e ficou me encarando por um tempo.

– Que foi?

– Ah... nada. – Disse balançando a cabeça. E depois continuou me olhando.

– Eu sei que sou lindo e gostoso, Hermione, mas não precisa ficar me encarando assim.

– Iludido. Hum... sabe de uma coisa? – Ela falou abrindo um grande sorriso. – Tenho que ir até o Beco Diagonal.

– Agora?

– Sim. O Natal já é terça-feira.

– Mas nós já compramos tudo! – Tinha a convencido a ir comprar os presentes no fim de semana antes daquela conferência com representantes dos elfos. – A não ser que você queira comprar outro presente para mim? Alias o que você comprou? – Nós tínhamos nos separado depois de comprar as coisas para nossa família pra comprarmos um o presente do outro.

– Mais uma vez: iludido. Não, não vou comprar nada para você. Tenho que comprar... uma outra coisa.

– O que?

– Nada.

– Mas eu não quero ir até o Beco Diagonal agora!

– E não é para você ir mesmo! – Ela falou se levantando do sofá e pegando a bolsa. Depois foi embora pela rede de flu sem dar mais nenhuma explicação. Louca.

Acho que eu vou comer, ou dormir, ou continuar fazendo absolutamente nada. O que será que a Hermione foi comprar? Eu podia ir atrás dela. Não, estou com muita preguiça para isso, e provavelmente eu acabaria sendo morto por ela. Pouco depois que ela saiu ouvi alguém batendo na porta de casa. Será que não posso nem ficar sem fazer nada?

– Oi. – Harry disse quando abri a porta e já foi entrando. Ok, magricela, não lembro de ter te convidado.

– Oi. – Falei fechando a porta. – Tudo bem?

– Tudo, só estava sem nada para fazer em casa, a Gina foi com o James para A Toca. – Ele se sentou no sofá. – Cadê a Hermione?

– Saiu. Foi até o Beco Diagonal, ela decidiu que precisava comprar sei lá o que. Acho que ela poderia aproveitar e comprar comida também.

– Quer dizer que não tem nada para comer aqui?

– Tem umas bolachas, feijõezinhos de todos os sabores e cerveja amanteigada. E umas frutas. Vai lá pegar.

Harry foi até a cozinha e voltou com duas garrafas de cerveja amanteigada e uma caixa de sapos de chocolate que eu nem sabia que existia. Ficamos algumas horas conversando e jogando xadrez, que até hoje Harry nunca conseguiu ganhar de mim, até que Hermione apareceu na lareira sorridente, espanando o pó das roupas e com uma pequena sacola na mão.

– O que você comprou? – Perguntei espichando o pescoço.

– Nada que te interesse, Ron. – Ela colocou a sacola atrás do corpo. – Oi, Harry!

– Oi. – Ele acenou e voltou a se concentrar no jogo.

– Cara, desiste, você perdeu!

Depois de perder umas sete vezes para mim no xadrez Harry disse que precisava ir embora, pouco tempo depois eu e Hermione fomos dormir, ela ainda sem me dizer o que tinha ido comprar no Beco Diagonal.

Três dias depois, na manhã de Natal, acordei com Hermione me chacoalhando um pouco.

– Acorda, Ron. Levanta. – Ela estava com a cabeça um pouco acima da minha, os cabelos castanhos caindo em volta do meu rosto. – Feliz Natal!

– Feliz Natal! – Falei colocando as mãos na cintura dela e a beijando. Me sentei na cama e vi duas pilhas de presentes na beirada e logo comecei a abrir minha parte e Hermione a dela. Ganhei um suéter Weasley como todo ano de mamãe, Hermione também ganhou um. Acho que minha mãe deve passar o ano inteiro tricotando.

O ultimo presente da pilha era de Hermione, ela me deu uma jaqueta de couro de dragão.

– Obrigado, Mione! – Disse a derrubando na cama e me deitando em cima dela para beija-la.

– Obrigada pela pulseira! Eu amei, Ron! – Dei a ela uma pulseira de ouro com algumas pedrinhas vermelhas em forma de rosas penduradas.

Depois de tomarmos café-da-manhã saímos para A Toca, mais abarrotada do que nunca, até os pais de Hermione estavam lá. Minha família só aumenta a cada ano. Falando em aumentar, Gina está ficando enorme por causa de gravidez, mas ela não ficou muito feliz quando eu disse isso a ela. Angelina então, que, aliás, anunciou que está gravida de uma menina desta vez, parece que vai explodir a qualquer momento. Como alguém consegue ficar tão enorme assim?

Bom, mas o importante mesmo é que a comida estava maravilhosa. Sem contar a quantidade! Acho que cada um poderia encher uns dez pratos que ela não acabaria, mas de qualquer forma, eu me esforcei para não deixar nada sobrar, estragar comida não é legal.

– Merlin, Rony! Você não cansa de comer não? – Perguntou Hermione rindo na hora da sobremesa quando peguei o terceiro pedaço de bolo.

– Estou comendo a sua parte, você só comeu um pedaço. – Ri. – Na verdade você nem terminou seu pedaço. – Falei olhando para o prato dela.

– Isso por que ainda não deu tempo! Você come rápido demais! Você é o único que já repetiu!

– Desse jeito você vai acabar mais gordo que eu, Roniquinho. – Gina provocou. Quer dizer que quando eu falo que você está ficando enorme você fica brava, mas quando é você mesma que fala tudo bem?

Passamos o resto do dia n’A Toca com minha família rindo, conversando e é claro comendo. Já era noite quando fui pra casa com Hermione que parecia um pouco agitada.

– Hum... espera aqui, Rony. – Ela disse quando entramos na sala e saiu subindo as escadas. Acendi as velas e a lareira e a morena logo voltou com a sacola que ela trouxe do Beco Diagonal alguns dias atrás. – Senta. – Ela me puxou para o chão e se sentou sobre os joelhos ao meu lado.

– Sabia que tem uma poltrona bem ali, não sabia. – Ri.

– Cala a boca. – Ela parecia realmente nervosa. – Bom... esse é o seu outro presente de Natal. – Ela falou, me entregou a sacolinha e começou a torcer as mãos.

Dentro da sacola tinha um pacote amarelo preso por uma fita vermelha. Abri devagar olhando para Hermione que parecia que ia vomitar.

– Você está bem? – Perguntei franzindo a sobrancelha.

– Sim. Abre logo, Ronald!

Acabei rasgando o papel por que não conseguia desfazer o nó da fita e dentro tinha um pedaço de pano laranja que assim que desdobrei vi que era uma camiseta do Chudley Cannons. Mas era pequena demais, acho que servia na minha mão. Por que Hermione comprou isso para mim?

– Ah... Hermione... eu não acho que vá servir em... – Espera. Calma. NÃO É PARA MIM! De repente percebi que estava sorrindo muito e com os olhos arregalados. – Hermione! - Ela sorria e ainda torcia as mãos enquanto eu olhava incrédulo para a pequena camiseta. – Hermione! Você... você... Hermione você está gravida!

– Sim! – Ela exclamou.

Então eu a puxei para perto de mim e ainda sorrindo imensamente a beijei.

– Esse com certeza foi o melhor presente de todos, Hermione!