Minha vez de contar a história- Peeta Mellark escrita por Levi42


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Galera, mil perdões pela demora! Eu tava muito atolado de trabalhos e provas. Pois é, primeiro ano não é facil! Mas enfim consegui finalizar mais um capítulo dessa história. Obrigado pela paciência e pelos comentários, eu realmente amo vcs! Então, aproveitem.



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Uma, duas, três vezes o telefone toca. O som do vento que entra pela fresta da janela e a luz acinzentada de inverno que percorre pela parede fazem eu me despertar os sentidos.

Sete horas, suponho.

Levanto-me calmamente da cama. A noite foi difícil para mim, o medo de pegar no sono e perder Katniss, mesmo que por apenas uma noite, me assombra. Todas aquelas vozes, todos aqueles pedidos de socorro são inquietantes para mim durante a noite solitária. Eu tenho vontade de chorar e desabar completamente, mas eu simplesmente não consigo mais, dei o meu melhor para manter Katniss a salvo e faria de novo, carregaria o mundo por ela, e isso que importa.

Percorro os olhos para o meu corpo, estou ensopado de suor, por mais que eu tente, não posso me manter acordado para sempre e os pesadelos vem inevitavelmente. Estico o meu braço sob minha desgastada escrivaninha para atender ao telefone. Provavelmente é Portia, e há essa hora deve estar apreensiva por eu demorar tanto assim para atender.

Não costumo falar muito ao telefone, quer dizer, sempre tivemos o telefone comercial da padaria, que ficava no canto da sala empoeirado por não receber muitas ligações, mas hoje, Portia praticamente me obrigou a por um novo ao lado da minha cama para me manter “atualizado” à Capital.

− Olá, Portia.

− Arrg, não. É o Haymitch.

− Haymitch?! Por que está me ligando tão cedo? O sol ainda nem apareceu! – digo.

− Desculpe interromper o seu sono de beleza, mas pediram-me para lhe dizer que sua casa na vila dos vitoriosos já está disponível desde a sua volta ao Distrito 12. Na verdade está disponível desde sempre – ele comenta – Por que você ainda não foi pra lá?

− Ah... é que eu... – hesito em falar. A verdade é que eu estou receoso em relação à Katniss. Estaríamos mais próximos do que nunca, e, eu tenho certeza que nenhum de nós está confortável em virar vizinho um do outro. Sou um completo fracasso, por que afinal ela iria me querer? Sou covarde até mesmo para falar com ela. O amor é estranho. Ela salvou nossas vidas, eu sei disso, mas eu não consigo viver atuando para as câmeras e então ignorar um ao outro como se somente conhecidos. O que na verdade é o que somos: apenas conhecidos que tiveram o azar de participar dos jogos vorazes e precisaram fazer o necessário para sobreviver.

“Os Jogos Vorazes continuam.”

─ Desculpe-me qual era a pergunta? ─ pergunto despertando-me novamente dos meus pensamentos.

─ Esquece. – Haymitch responde ─ Mas um dia você terá de enfrentá-la, não pode escapar disso.

Silêncio

─ “Arre vuá” – Haymitch se despede numa tentativa fracassada de parecer culto falando em francês, pelo menos eu acho que era francês.

─ Bêbado – penso alto. – Ele está certo.

Tento voltar a dormir fixando o olhar para o teto e observo a luz do sol se tornando mais intensa, mas ainda assim de uma forma acinzentada. Mais um maravilhoso dia nublado do distrito doze. Viro meu corpo para uma parte mais fria da cama, e, assim, observo a minha cortina amarelo claro que se tornou mais escura com o tempo, uma metáfora da minha vida. Um amarelo vívido, alegre, despreocupado e agradável, que com tudo, se transformou em algo mais amargo, talvez mais maduro, mas ainda sim continuando a ser o mesmo amarelo. De repente, não sou metade do homem que costumava ser. Ontem o amor era um jogo tão fácil de jogar, agora eu preciso de um lugar pra me esconder.

Escuto um ruído agudo, diferente do barulho do vento. Parecem gotas, como quando não se deixa a torneira totalmente desligada, mas o ruído vem de cima e como meu quarto fica na parte de cima da casa significa uma coisa. Minha vontade para dormir se foi com o primeiro toque do telefone, levanto-me da cama, abro a cortina, e o sol invade o meu quarto com seus raios fracos de inverno. Ponho minhas mãos sobre a madeira da janela e sinto o vento gélido que passa pela madeira. Eu tinha razão, a neve já está derretendo, e logo terei que me mudar para a vila dos vitoriosos. Só de pensar meu estomago embrulha. Pode parecer que para alguém que venceu aos jogos vorazes, o amor não é algo amedrontador. Mas não, é a mesma coisa.

Olhando para a macia neve que cobria todo o distrito doze, me desperto dos meus pensamentos com a voz de meu pai atrás de casa com Gale. Provavelmente para que minha mãe não desconfie, ela não gosta quando compramos algo que seja ilegal. Ele está sozinho. Obviamente porque Katniss agora tem mais dinheiro do que precisa, assim como eu. Observo a conversa, ele tem um olhar frio mostrando a mercadoria e decretando o seu preço, como se sua mente não estivesse ali, diferente do pai de Katniss. Sim, eu me lembro de um dia ter avistado ele oferecendo suas caças, uma feição simpática como se tivesse a convicção certeira de o que estava fazendo, como sempre um sorriso que demonstrava tranqüilidade o que me despertava curiosidade já que é um ato totalmente ilegal com punições severas.

“Está na hora de me mudar” – digo a mim mesmo.

...

Enquanto desço as escadas, ouço o hino de Panem tocando e encontro minha família reunida na sala. Meus irmãos já jantando e meus pais apenas atentos as notificações da Capital.

─ Precisamos arrumar a mala. Vamos para a vila dos vitoriosos – pronuncio.

Todos olham atentamente para mim e logo em seguida uns pros outros.

─ Peeta... – Meu pai diz com uma feição sugestiva – Nós decidimos que você vai sem nós.

─ O que?

Você ganhou o Jogos Vorazes. – Meu irmão mais velho complementa

─ Como assim?!

─ Nós estamos muito bem aqui e você sabe se virar sozinho – Minha mãe acrescenta

─ Estão me mandando embora?

─ Ouça filho, eu e sua mãe não podemos deixar a padaria, e, seus irmãos não querem ficar dependendo de você, mesmo que você tenha dinheiro para mais dez famílias. É o seu dinheiro. É a sua vida. Você demonstrou muito bem na arena que sabe se virar sozinho.

─ Com a ajuda de Katniss.

─ Sim, com a ajuda de Katniss – Meu pai completa com um sorriso no rosto. Assim que ele disse isso, pude perceber que eles não tinham a mínima noção de que meu romance com Katniss é totalmente falso. A não ser minha mãe.

─ Ouça pai ... – Sou interrompido por minha mãe

─ Peeta, você já está maduro para isso. Não deixe que esse medo lhe impeça de fazer o que você deseja. – Percebo o olhar interrogativo de meu pai a ela.

─ Tudo bem. Amanhã de manhã estarei me mudando para a vila dos vitoriosos. Mas isso não impede vocês de me visitarem.

E assim a nossa conversa termina, deixando apenas o som da televisão no ar.

“E por isso, o solo do distrito treze continua inabitável. Fim da transmição”


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Notas finais do capítulo

Obrigado por tudo, gente! Até a próxima.