Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 19
Capítulo 19




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Assim que Sam acordou, não conseguiu pensar em nada além de encontrar Seu Romero. Precisava arranjar um tempo para ir atrás do homem. Tinha que aprender com ele, a qualquer custo, a chamar seu amigo fantasma. Não podia acreditar que deixara Castiel partir sem nem mesmo perguntar a ele como deveria fazer quando quisesse se comunicar. E só Castiel poderia lhe contar o que acontecera a ele em sua vida passada...

Quando encontrou com os outros meninos na cafeteria para tomar o café-da-manhã, parecia no mundo da lua.

– Daqui a pouco vão colocar no corredor a lista dos alunos escolhidos para fazer parte do time de basquete... – comentou Garth. O menino tinha ouvido alguns professores falando sobre isso, e sabia que essa informação era do interesse de seus amigos.

– Vai sair hoje? Já? – Dean ficou surpreso. Sentiu um friozinho na barriga. Não queria ser escolhido, de jeito nenhum... Ele só se sentia seguro mesmo perto de seus amigos, e sabia que Sam não haveria de estar na lista, pois errara tudo de propósito. Só de pensar em passar horas ao lado de garotos com quem não tinha a menor intimidade o fazia estremecer.

Garth acenou afirmativamente, e notou a expressão assustada que se formou no rosto de Dean.

– Deixa de ser bobo, Dean... Se você for escolhido, vai ser legal! Fazer parte do time deve ser o máximo. Só de poder sair desse Castelo para as competições já vale a pena... Queria eu ter tido essa chance, mas o desgraçado do treinador nem me chamou para fazer o teste... – o garoto suspirou. Achava revoltante que fosse descartado sempre só porque era magro demais. Injustiça total...

O louro nem tentou explicar. Como explicar para um garoto expansivo como Garth como ele se sentia? Era impossível que compreendesse... Olhou para Sam a procura de algum conforto, mas o namorado parecia estar em outro lugar.

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A primeira aula do dia era inglês. Depois teriam geografia, um pequeno intervalo, e mais geografia... Depois matemática e em seguida uma pausa para o almoço. Depois do almoço teriam aula de história. Era o dia da entrega do trabalho. Depois disso um tempo livre. Sam já tinha combinado de estudar física com Dean... Depois ia explicar matemática para Clark. Depois era a hora do jantar... Que droga, quando ele poderia ver Seu Romero? Precisava arrumar uma brecha...

– Sam, acorda! - Foi Clark quem chamou a atenção do amigo - Vamos ver se já colocaram os nomes no corredor antes que o Dean tenha um treco... – o menino falou de maneira afetada, puxando Sam pelo braço.

O cartaz já estava lá. Dean escaneou os nomes com os olhos e em desespero viu o seu no meio da lista. Era azar demais.

– Sammy, eu não quero ir pro time... – foi tudo o que o louro conseguiu dizer, olhando aterrorizado para o namorado.

Sam também não gostou da novidade. Nem um pouco... Mas não podia deixar seu amado ainda mais aflito.

– Calma, Dean. Vai ficar tudo bem... Quem mandou você ser bom em tudo? – ele deu uma piscadinha que fez Dean sorrir ruborizado. Imagina... Logo ele bom em tudo? Só podia ter vindo de Sam mesmo...

– Parabéns, seu sortudo! – disse Garth dando um tapinha nas costas do louro. Clark apenas lançou-lhe um olhar de “sinto muito”.

Estavam os três ali, ainda olhando o quadro de avisos, quando foram surpreendidos por uma voz feminina.

– Olha o horário, meninos! Não vão se atrasar para a aula! - Os quatro amigos se viraram para encarar a professora Laura Baker, de história, que se aproximara por trás.

– Bom dia, professora. – cumprimentaram eles. – Pode deixar que já estamos indo para a sala... – Completou Clark.

– Vocês tem aula de quê agora, meninos?

– Geografia. – novamente foi Clark quem respondeu.

– Ahhh, então está explicado. A sala de geografia é bem pertinho... – respondeu ela sorrindo. De fato não precisariam caminhar muito para chagar até lá.

– E então? Tudo pronto para a entrega do trabalho hoje?

Os quatro acenaram afirmativamente.

– Ótimo – disse a professora – A aula hoje vai ser só sobre isso... Cada dupla vai ter um tempo para apresentar seu trabalho na frente da turma. Todo mundo vai ter que falar um pouco – E dizendo isso, ela se retirou, se despedindo displicente.

Nããããããoooooo! Dean gritou por dentro. Como um dia que mal havia começado já podia ser assim tão terrível? Primeiro a triste notícia de que ele ia entrar pro time de basquete. Agora o desespero de descobrir que precisaria falar na frente da sala. Ele não sabia falar em público. Gaguejava, as palavras não saiam... Era sofrimento demais...

Quem sabe se todos os alunos implorassem, e dissessem para a professora que não podiam cumprir tão árdua tarefa? Olhou então para os amigos, e, em pânico, percebeu que caminhavam em direção à sala de aula como se o mundo não houvesse desabado sobre eles.

– Eu não quero apresentar o trabalho na frente da turma! – Ele anunciou então nervosamente.

– Deixa de besteira, Dean. – respondeu GARTH sem lhe dar muita bola.

– Não precisa ficar com vergonha não, Dean... Vergonha de que? – Dessa vez foi Sam quem se dirigiu a ele. – Ninguém da turma vai saber apresentar direito também. Relaxa... – O moreno deu um tapinha nos ombros do namorado e sorriu para ele. Sam estava tranquilo entretanto. Pelo jeito ninguém compreendia o desespero de Dean.

A aula de inglês começou. Enquanto Garth e Clark prestavam atenção, Dean sofria pensando no trabalho de história, e Sam tentava arquitetar um plano para encontrar Seu Romero ainda naquele dia. A aula terminou, e a de geografia começou. Depois veio a de matemática. Garth, sentado ao lado de Clark, ajudou-o a entender as equações que o professor punha no quadro. Clark não era bom em matemática...

“Eu vou falar um pouco agora sobre a arquitetura do colégio... Esse prédio majestoso foi construído no ano de...” Não... Majestoso não... Que palavra besta... Que tal “O Castelo foi construído?” Arghhh... Dean olhava para o quadro, sem prestar a menor atenção. O relógio em seu pulso parecia acelerar de propósito. Talvez ele não conseguisse dizer nada em frente a turma... Todo mundo ir rir da cara dele. Seu único consolo é que teria Sam ao seu lado para apoiá-lo...

Enquanto isso Sam balançava as pernas nervosamente. Não ia aguentar muito tempo, estava ansioso. Almoçar para quê afinal? Correria dali direto para ir ao encontro do homem que podia livrá-lo de seu suplício.

– Estão liberados. – Foi só o professor anunciar a hora do almoço que todos os alunos puseram-se a arrumar seu material apressadamente. O quanto antes chegassem ao restaurante do colégio, melhor. Àquelas alturas estavam todos com fome.

– Eu tenho que ir até ali e já volto! – Sam anunciou esbaforido.

– Ali onde? – Dean perguntou surpreso, mas Sam já se retirava. Gritou novamente “já volto”, e saiu de lá em disparada.

Sam correu pelos jardins da escola olhando em todas as direções a procura de Romero. Demorou bastante tempo, até que finalmente avistou o homem e partiu ao seu encontro.

– Seu Romero! – chamou ele já sem fôlego. – Eu preciso muito falar com você...

O homem, que parecia estar em um momento de folga, contemplou o garoto curioso.

– Sim, filho. Pode dizer...

– Eu queria... – o moreno parou um segundo para tomar fôlego e continuou – saber como eu faço para chamar um fantasma...

– Como? – o funcionário apertou os olhos, tentando entender o que aquele garoto de fato estava querendo.

– Vem cá, Seu Romero... – Sam disse, puxando o homem para um canto mais privado. – É que eu tenho um amigo que é desencarnado, e você é espírita... Deve saber como invocar os mortos...

– Deixa de maluquice, garoto. Só porque eu sigo a doutrina espírita não quer dizer que fico invocando espíritos! E que história é essa de amigo desencarnado?

– É uma longa história... – suspirou o menino.

– Eu estou com tempo... Você quer me contar? – seu Romero estava curioso, e além disso, gostava de ajudar os alunos quando precisavam. E Sam parecia precisar bastante, estava visivelmente perturbado com alguma coisa.

Seu Romero convidou Sam para entrar em sua casa, que ficava nas dependências do colégio. Era um quarto e sala simples, porém aconchegante. Lá o garoto, mais calmo, contou a ele tudo o que lhe ocorrera desde que entrara para aquele colégio. O sonho, seu amor por Dean, a gruta, os quadros, a doença e morte do louro, a confusão em sua cabeça quando acordou, a visita a Stephen Guilbert, até finalmente a aparição de Castiel. Contou também que Castiel não quis lhe contar mais sobre sua vida passada. Falou tanto que nem viu o tempo passar.

O funcionário ficou boquiaberto. Aquela história era mesmo incrível. Ele não duvidava do garoto, sabia que coisas como aquela, apesar de muito raras, podiam sim acontecer.

– Você tem sorte, Sam, de poder conversar com um amigo desencarnado... Esse privilégio é para poucos... – o homem comentou apreciativo.

– E como eu faço para chamar Castiel para conversar comigo, seu Romero? Ele precisa me contar o que houve comigo depois da morte do Ross...

– Bem... Você já tentou rezar? Chamar por ele?

– Claro que já!

– Talvez ele não possa vir então, Sam... E talvez ele realmente não possa te dizer mais nada... É besteira insistir.

– Mas então que pelo menos me dê o endereço do Oliver para eu poder ir lá perguntar para ele! – Sam estava um tanto indignado. – E eu também preciso que ele me diga onde o pai do Dean está... Dean precisa resgatar seu karma com o pai...

– Garoto, você não acha que está querendo ter tudo nas mãos muito facilmente? Por que não os procura você mesmo?

Sam fechou a cara. Seu Romero não o estava ajudando em nada... Tinha perdido seu tempo indo procurá-lo.

– Que droga! Jura que não pode mesmo fazer alguma coisa? – finalmente perguntou, colocando agora um tom suplicante na voz.

– Eu gostaria de te ajudar, Sam, gostaria mesmo... Mas as coisas não são tão simples assim... Eu realmente não posso chamar o Castiel para você... Eu nem sei como fazer isso. – O homem disse com sinceridade. - Mas por que você não procura pelo nome de Oliver Queen e Roger Campbell nas listas telefônicas da região, assim como fez com o Stephen Guilbert?

Sam teve que concordar, mas estava desanimado. Queria descobrir logo sobre sua vida passada. Já ia se despedindo e saindo cabisbaixo quando Seu Romero o chamou de volta. Lembrou-se de algo que com certeza interessaria ao garoto. Anos atrás, existia um museu dentro do Colégio. Um museu que exibia alguns objetos históricos, coisas que fizeram parte, de alguma forma, da história daquele lugar. O museu estava fechado há alguns anos, com a promessa de ser reaberto já a algum tempo. Pelo jeito faltava alguém naquele Colégio com gás para colocar o projeto adiante.

Seu Romero sabia onde os objetos estavam guardados, e lembrava-se de ter visto alguns belos quadros retratando pessoas trajadas com roupas antigas. Quem sabe não tinha algum quadro de Ross no meio?

– Os quadros de Ross!!! – Sam nem pôde acreditar no que ouviu. Só de pensar que talvez pudesse olhar aqueles quadros outra vez deixavam seus olhos cheios d’água.

O menino abraçou Seu Romero com força. Estava feliz por aquela conversa ter servido para alguma coisa afinal. O funcionário prometeu que levaria Sam até o depósito do Museu assim que possível.

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Enquanto isso, Dean tremia apavorado, encarando o grosso trabalho de história sob sua carteira. Onde Sam havia se enfiado? Será que alguma coisa tinha acontecido a ele? O moreno sumira durante o almoço e não voltara a tempo do início da aula. Como poderia apresentar o trabalho sozinho?


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