Quanto Tudo Começou A Mudar. escrita por Lina Pond


Capítulo 30
Me deixa ser quem vai facilitar tudo.




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- Então vocês terminaram? – Lizzie perguntou, devorando seu pote de sorvete.

- Sim – respondi cabisbaixa – Quer dizer, eu sei que o amo. Mas é complicado. Ele está indo para a universidade.

- Você também. Em três meses.

- Sobre isso – respirei fundo – Não sei se quero ir para a universidade tão cedo. Primeiro, tem o bebê e eu não sei se quero estudar perto de Aaron. Depois de tudo.

- Existem outras universidades e você pode voltar sempre.

- Sobre isso, também... Quando nós fomos para Nova York. Por favor, não me julgue. Você é a primeira pessoa que eu vou contar isso.

- Emma, você está me deixando em pânico. – Mas o pânico não a fazia soltar o sorvete.

- Eu me inscrevi na Columbia. História. Quer dizer, você tem noção de quantos escritores saíram de lá?

- Você se inscreveu na universidade que o Aaron rejeitou? Meu Deus Emma, você faz tudo errado.

- Você não está ajudando bonitinha.

- Emma, faz esse pirralho parar de me chutar? Quer dizer, eu estou dando sorvete pra ele, ele tinha que me amar.

Arranquei a embalagem da mão dela.

- É claro que ele vai te chutar, você está entupindo ele de chocolate. Ele provavelmente está sem dormir a horas. Sossegue um pouco e deixa ele descansar.

- Sabe o que é estranho? – Lizzie disse sorrindo – Olhando pra minha barriga agora, eu não consigo imaginar que um dia pensei em tirar ele de mim.

Eu sorri.

- Ele vai ser o garoto mais bonito da terra, mas não vai partir o coração de ninguém, nunca. Nem vai para a universidade com a ex namorada e vai deixar a atual para trás.

- Nem vai engravidar ninguém até os 30 – Lizzie disse rindo.

***

- Animado para seu primeiro dia na escola? – perguntei para Dylan que estralava os dedos sem parar.

- Eu estou surtando – ele respondeu com um sorriso forçado.

- Meu Deus Dylan, isso não é a cidade grande. Você só precisa fazer mais três meses de colegial, se formar e ir para a universidade.

- Você também – dessa vez ele sorriu de verdade.

- É, a vida real... Me assusta um pouco. Ok, agora eu entendo porque você está em pânico. E você está passando isso pra mim – nós estávamos rindo quando meu celular tocou.

- Emma? – a voz me arrepiou inteira. Naquele momento tudo o que eu queria fazer era sentar no chão e chorar tudo o que eu não tinha chorado depois da nossa última noite. Eu amava como meu nome soava na boca de Aaron.

- Oi Aaron – eu disse sorridente – Bom dia.

- Bom dia – ele riu – Indo para a escola?

- Saindo de casa. Indo para a aula?

- Tenho uns minutinhos livres. Se você puder conversar comigo os trinta minutos que você leva até a escola.

- É, eu vou de carro hoje, mas nós podemos conversar todos os minutos que a viagem levar.

- Você vai dirigindo?

- Não – respondi mordendo os lábios, querendo não contar a verdade.

- Seu pai vai te levar?

- O Dylan – eu disse entre os dentes – Nós estamos na mesma classe agora.

- Ah, vocês moram juntos e estudam juntos? – Aaron parecia muito bravo agora.

- Não é como se nós morássemos juntos. Nós somos vizinhos.

- Emma, por que tudo tem que...

- Eu sinto sua falta – eu disse fechando os olhos com força e querendo evitar uma briga.

- Eu também sinto sua falta – ele respondeu um pouco mais baixo – Todo santo dia. Faz três semanas que nós não nos vemos. Vem me visitar Emma.

- Eu vou... Próxima semana, certo?

- Certo – ele disse ainda mais silencioso – E como está sua irmã?

- Muito grávida – eu ri – Sete meses e meio. O James está gigantesco e bagunceiro. Eu mal posso esperar para ver o rostinho dele.

- Vai ser uma droga ele nascer e logo depois você ter que ir para a universidade, né?

- Sobre isso – engoli seco e ouvi Dylan buzinando para que fossemos para a escola – Eu não sei se vou para a universidade agora Aaron. Quer dizer, minha irmã vai precisar de mim mais do que tudo agora.

- Ah – a voz de Aaron sumiu e eu pude ouvir ele batendo em algo – Ok. Nos vemos depois então.

- Aaron...

- Emma, não me faça ter raiva de você. Eu não consigo ter raiva de você. Mas dói. Você está me matando.

Aaron desligou o telefone e eu cai em lágrimas. Escorreguei na lateral do corredor e coloquei a cabeça entre as pernas, chorando tudo que não tinha chorado naquela manhã, depois de dormirmos juntos pela última vez. Quando ele disse que me amava e eu não disse de volta. Quando nós decidimos dar um tempo e ele foi para a universidade, dormir com outras garotas e beber legalmente com pessoas que também podiam beber legalmente.

- Emma – Dylan entrou correndo pelo corredor e lançou seu corpo sobre mim. Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e ele me abraçou enquanto eu molhava seu ombro com minhas lágrimas.

- Tudo bem, tudo bem – Ele me levantou – Nada de aula hoje.

Eu ainda estava com os olhos marejados quando me sentei na cama de Dylan, na garagem.

- Você não precisa faltar por mim – eu disse enquanto me debruçava em um de seus travesseiros.

- Emma, Emma... Você é muito tola.

- Péssimas palavras para uma garota que está chorando no seu travesseiro agora – eu disse entre soluços.

- Emma, olha pra mim – levantei meus olhos e encontrei os olhos de Dylan me secando. Sua mão passeava pelo meu rosto e esquentava onde ele tocava. Seus lábios eram carnudos e desenhados e eu amava aquele sorriso. Mas não era... Não era o que eu queria. – O Aaron te ama. Ele está confuso agora. Mas que fiquei claro: ele te ama. E eu também te amo. Desde que nós éramos pequenos. Desde nosso verão junto, nessas três semanas em que você meio que me usou como melhor amigo gay. Eu estou tão apaixonado por você. E eu quero que fique claro. Seu ex namorado ainda é louco por você. Mas ele é tão complicado. E eu estou bem aqui, do seu lado. Me deixa ser quem vai facilitar tudo.

E então eu fiz a maior burrada da história das burradas.

Puxei o rosto de Dylan e o beijei como beijava Aaron. Coloquei minha língua dentro de sua boca enquanto ele me deitava em seu colchão. Sua mão bagunçou meus cabelos enquanto eu o puxava sobre mim. Eu puxei sua camisa e nós nos encaramos por dois segundos. Ele continuou beijando meu pescoço enquanto eu fechava os olhos, tentando me dar conta da burrada que eu fiz. Dylan soltou meu sutiã e começou a arrancar minha blusa quando ouvi o barulho da maçaneta.

Joguei Dylan para o lado quando encontrei Mariana nos encarando, pasma.

- Emma – ela disse de boca aberta, seus lábios secos, seus olhos lacrimando. E então ela saiu correndo.

Coloquei minha mão sobre meus seios e sai correndo, pensando em quantas besteiras eu podia fazer em um dia.


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Notas finais do capítulo

Vocês foram muito ingênuos achando que a Emma e o Aaron iam simplesmente se entender assim, né?! Então sim, eles terminaram. Não, não me odeiem. E o Dylan tá pegador ahahaha. Beijos!



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