Lizzie e eu estávamos sentadas no sofá, esperando nosso pai chegar. O clima em casa continuava agradável, mas não dava mais para esconder a barriga que crescia cada dia mais. Nós inventamos um milhão de desculpas, mas estava ficando complicado.

- E o que eu digo? – Lizzie perguntou enquanto estralava os dedos nervosa demais.

- Só conte tudo. Você está com quase cinco meses, nós precisamos começar a arrumar as coisas para esse bebê.

- Se nós ficarmos com esse bebê.

- Sim, claro.

Nosso pai abriu a porta bruscamente e respirei fundo, apertando com força a mão de Lizzie. Ela gritou pedindo que nossos pais se sentassem na sala, e eles a observaram atentos enquanto ela tentava sentar tipo um índio, mas não conseguia. Seus olhos se encheram de lágrimas e meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu apertava com força sua mão.

- Mãe, Pai – ela respirou fundo – Eu juro que não queria decepcionar vocês mais uma vez...

Minha mãe já tinha começado a chorar e meu pai abaixou a cabeça, com seu pesar inconsolável. Eles já sabiam.

- Eu vou ajudar – eu disse – eu vou ajudar a cuidar do bebê.

- Como você só nos contou isso agora Elizabeth? – Meu pai estava quase chorando também.

- Eu estava com medo – ela sussurrou e se jogou em meus braços.

- Nós vamos conversar sobre isso amanhã. – Minha mãe disse segurando a mão do meu pai.

Lizzie se levantou e subiu as escadas correndo. Me levantei para ir atrás dela, mas meu pai me parou.

- Emma. Isso é um caso sério...

- Eu sei pai.

- E eu não quero que aconteça duas vezes.

 - Como assim? – perguntei confusa.

- Emma, eu não quero você namorando o Aaron.

- O que? – praticamente gritei.

- Ele é mais velho, vai para a universidade e... Claramente nós não teremos como cuidar de você com um bebê em casa.

- Você não pode me punir por isso – eu disse chorando – Não é um erro meu.

- Você escondeu isso de nós – minha mãe sussurrou.

- Era assunto dela, eu não podia contar.

- Emma, está decidido.

- Pai – eu estava em prantos – Por favor.

- Não se fala mais sobre isso.

Foi então que eu sai correndo sem olhar para trás, chorando como uma louca e parei na praia. Fazia tanto tempo que eu não ia para praia. Já era tarde da noite e eu estava sentada, olhando para o mar, querendo mais que tudo sumir.

- Conversando com seu melhor amigo? – Aaron se sentou ao meu lado e beijou minha cabeça.

- Você é meu melhor amigo – eu disse chorando.

- Você é minha melhor amiga – ele disse e me abraçou. – Eu trouxe algo para você.

Puxou meu braço e tirou do bolso vários pingentes.

- Eu estava te devendo.

Aaron começou a colocar os pingentes na minha pulseira. Um balanço, o lugar do nosso primeiro beijo depois de tornar nosso namoro oficial. Uma estrela, que era sua coisa favorita no mundo. Um pequeno porta retrato, que o lembrava do meu presente. Eu não conseguia parar de chorar, até ele colocar uma chave na minha pulseira.

- Uma chave?

- Emma, nós temos que conversar. Lizzie me ligou para me falar sobre o que houve e é muito provável que eu tenha perdido meu emprego.

- Você pode conseguir outro, eu te ajudo...

- Emma... Eu acho que está na hora de ir para a faculdade.

Meu mundo parou.

- A faculdade há duas horas daqui? – Comecei a chorar novamente.

- Emma, não... – Aaron me abraçou, mas eu continuava com a cabeça baixa, tentando me controlar.

- Nós não vamos conseguir – eu disse olhando para ele – Não vamos conseguir manter isso ficando longe.

- É claro que nós vamos, é claro que...

- Aaron, eu amo você – e disse e só então notei como aquilo tinha me escapado. Eu nunca tinha falado isso.

Aaron me olhava como se tivesse encontrado uma pedra preciosa no meio do lixo.

- Eu amo você – ele disse segurando minha mão – E eu quero estar perto de você. Emma, eu sei dirigir agora. Eu venho para cá, você vai para lá.

- Sim, vamos esquecer o fato que eu estou proibida de ver você.

- Você está proibida de me namorar.

- Então nós não namoramos mais Aaron?

O silêncio era aterrorizante.

- Sabe – eu continuei – Antes da gente namorar, eu vivia aqui. Contava tudo para o mar. Mas ai você se tornou meu mar. E eu só queria a calmaria de estar perto de você. E agora é como se o mar estivesse... Secando.

- Emma – Aaron me puxou mais para perto e me deu um beijo no rosto. – Nós não precisamos parar de namorar.

- Vai dar tudo certo – eu disse.

- Vai dar tudo certo – Aaron me disse, me puxando para seu colo.

Aaron puxou meu rosto para perto do seu e me beijou. Minha mão deslizou pelas suas costas enquanto os beijos dele desciam pela minha clavícula.

- Quando você vai? – sussurrei em meio aos beijos.

- Não importa – Aaron respondeu voltando para minha boca.

- É sério Aaron.

- Semana que vem – ele disse olhando nos meus olhos e deslizando sua mão pelo meu rosto.

- Então nós precisamos nos despedir direito.