Mas não falei. Ao invés disso fui em sua direção. Quando ela sorriu, mascando seu chiclete de boca aberta, avancei sobre ela e apertei meu braço em seu pescoço, a prendendo na parede.

- O que – ela dizia tentando se soltar – O que você...

- Isso – eu disse usando minha outra mão para lhe dar um tapa – É por ter apresentado alguém para minha irmãzinha.

Mariana estava ficando roxa e começou a chutar, mas prendi suas pernas com as minhas.

- E isso – eu dei um tapa no outro lado do seu rosto – É por ser uma droga de melhor amiga.

Soltei Mariana e ela escorregou no chão, segurando seu pescoço.

- Você – ela sussurrava – Você é louca.

Me ajoelhei e a puxei pelo cabelo, até ela se sentar.

- Nunca mais chegue perto da minha família.

Dei meia volta e só então notei como minhas mãos estavam roxas. Tentei segurar, mas as lágrimas que eu sufoquei tanto começaram a descer no meio do caminho. Eu estava tão brava e só queria gritar e voltar lá e bater na Mariana até ela se desculpar por todas as besteiras. Mas só então eu notei como tudo ia mudar e como eu tinha perdido minha única amiga, fora as pessoas da minha família. E me senti tão vazia que quis voltar e me desculpar, mas eu não podia. Quando me dei conta, estava entrando em casa em prantos e subindo as escadas correndo até sentir um braço me puxar levemente e acariciar meus cabelos.

Aaron estava me olhando, branco como papel, secando os borrões pretos que saiam dos meus cílios e segurando minha cintura para que eu não desmaiasse e simplesmente rolasse escada abaixo.

- Respira – ele disse me puxando para longe da escada.

Minhas mãos tremiam e eu repetia para mim mesma que eu precisava me acalmar, que estava agindo como uma louca perto do garoto que eu gostava e que ele provavelmente fugiria de mim após isso.

Nós descemos a escada, Aaron praticamente me arrastando e me fazendo uma água com açúcar. Ele se ajoelhou a minha frente e colocou suas mãos em meus joelhos.

- O que houve? Agora eu estou bem preocupado.

E então eu contei basicamente tudo. Sobre como a Mariana sempre foi uma péssima amiga e sobre como eu sempre pensei que ela só precisava de amor e sobre como ela tinha apresentado um universitário para minha irmãzinha, apenas deixando de fora o que provavelmente ele saberia em alguns meses.

Aaron me abraçou e não disse nada. Eu não queria que ele falasse mal da Mariana ou que dissesse que o que eu fiz foi certo, pois não foi. Mas ele não fez.

- Nós vamos superar isso – Aaron disse e beijou minha testa. Eu sorri e abaixei meu rosto levemente, até encontrar seus lábios. Ele deixou seu rosto bem colado ao meu e voltou a falar – Eu não sei se o que você fez foi certo, mas sei que, pelo menos foi pelos motivos certos. E eu estou do seu lado, e na verdade estou até um pouco aliviado sabendo que você é boa de briga, me deixa mais tranquilo sobre deixar você sair por ai sozinha. Você é uma garota durona.

Eu finalmente sorri.

Me levantei, bati levemente em minhas roupas e fui em direção ao calendário.

- Terça-feira – disse com a voz rouca.

- O que? – Aaron respondeu confuso, me abraçando e beijando meu cabelo.

- Terça-feira. O dia em que eu soube que estava completamente apaixonada por você.