Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 5
I try to hold on, but it hurts too much. I try to forgive, but it's not enough to make it all ok


Notas iniciais do capítulo

Sugestão de música: Broken Strings - James Morrison ft. Nelly Furtado

Aproveitem!! Beijos ♥



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Andrew não sabia com o quê ficar mais pasmo. Com a Savannah batendo nele só de calcinha e sutiã ou se com o fato do óbvio ter sido esfregue na cara dele: ela e Peter dormiam juntos. Ele sabia que isso acontecia, todo mundo sabia, mas parecia pior vendo. Não os dois transando de fato, mas com todos os indícios de que estavam.

— VOCÊ É UM BABACA MESMO! VIVE SE METENDO NA MINHA VIDA! VAI EMBORA, GAROTO! - Savannah não parava de esmurrá-lo, mesmo sabendo que não estava machucando-o nem um pouquinho. Ela não ligava, só queria descarregar nele todo o ódio que sentia. Ele era o culpado de tudo de ruim que estava acontecendo com ela, não? Ele merecia isso, era só o que a garota pensava.

Peter interferiu, segurando ela pela cintura e levantando-a, enquanto ela chutava e esmurrava o ar, tentando alcançar Andrew novamente.

— ME SOLTA, PETER! ELE VAI TER TUDO O QUE MERECE! - ela insistia, aos berros.

— Amor, se você não parar, os vizinhos virão até aqui. E nós não estamos em condições de recebê-los - Peter apontou pra si e pra ela. Só então ela se tocou que ainda estava seminua. Seu rosto foi do moreno ao branco, do branco ao rosa, do rosa ao vermelho em segundos, e ela corria pro quarto a procura de uma roupa decente. Peter foi atrás.

Andrew estava tão desconcertado com o que acabara de ver que não sabia se ficava pra dar a bronca em Savannah ou se ia embora correndo, chorar as mágoas na balada com a primeira que visse. Você pode dizer que ele é um cafajeste, e tem razão. Mas era o único jeito de encarar tudo sem a garota que amava. Ele caminhou até a sala para ver essa mesma garota voltar com um olhar de cachorro raivoso, agora vestida, partindo pra cima dele novamente. Mas Andrew a deteve.

— Agora você vai me ouvir, garotinha. - seu rosto estava a centímetros do dela, e sua voz parecia mais um rosnado - Quem você pensa que é pra tratar a sua mãe daquele jeito? Em que mundo você vive? Você acha que tudo gira à sua volta? NÃO! NÃO GIRA! - ele gritava - VOCÊ ACHA QUE É A RAINHA DESSA CIDADE, FAZ TODOS TE TRATAREM DESSA FORMA COM ESSE SEU ROSTINHO BONITO E ESSE MALDITO JEITO MEIGO MEIO SACANA QUE TODOS TANTO AMAM. MAS NÃO ME ENGANA! VOCÊ É UMA FRACA, NÃO SABE O QUE QUER, NÃO LUTA POR NADA, SÓ QUER QUE TODOS ATENDAM À SUA VONTADE. MAS O MUNDO NÃO É ASSIM, SAVANNAH! VIRA GENTE! - e a soltou, com um empurrão. Ela ria sarcástica.

— Olha só quem fala! O garotinho de ouro do papai, o bonequinho das garotas. VOCÊ É QUEM É O FRACO, NÃO PASSA UM DIA SEM FARRA, SEM CURTIÇÃO. VOCÊ É QUEM NÃO SABE O QUE QUER. NÃO TEM OPINIÃO PRÓPRIA. E NÃO É VOCÊ QUEM VAI TER QUE ABANDONAR A DROGA DA CASA ONDE CRESCEU, O LUGAR ONDE TEVE OS MELHORES MOMENTOS DA SUA VIDA, O LUGAR ONDE ESTEVE COM O PAI QUE TANTO AMAVA E QUE NÃO ESTÁ MAIS AQUI. NÃO É VOCÊ QUEM VAI PERDER O ÚNICO FIO QUE TE LIGA A ELE! - e Savannah chorava, seu corpo se sacudia violentamente pela dor das lembranças de um assunto morto naquela casa - Sabia que ainda dói? Não posso nem falar dele com a minha mãe que começamos a chorar. Você não tem noção do vazio que ele deixou...

Ela caiu no chão, chorando, sentindo seu coração morrer mais um pouco. Peter sentou ao seu lado e a abraçou.

— Vai embora, cara, vocês não precisam se matar assim. - ele pediu a Andrew. Mas o moreno estava mais machucado do que ela pensava.

— Você acha que é a única que perdeu alguma coisa? Se esqueceu de que eu perdi a minha mãe? Ela me abandonou! Ela arrasou o coração do meu pai, largou um filho pra trás! Eu nem lembro como é o rosto dela, não lembro como é ter ela pra cuidar de mim e me dar bons conselhos. Eu nunca vou saber se ela cozinha bem ou mal, nunca vou ter ela pra me dar colo quando alguém pisar em mim, quando uma garotinha mimada mexer com o meu coração desde pequeno, e eu não saber o que fazer pra estar ao lado dela, e acabar sendo um idiota. - e então, ele começou a chorar. Savannah sentiu algo que nunca havia sentido por ele: compaixão. Mas ele não parou.

— Não tenho a minha mãe pra me dar uns tapas quando eu roubar comida da panela, ou pra me esperar acordada quando eu chegar tarde de uma festa. Ela não vai me acordar cedo num domingo e me mandar cortar a grama do quintal, mesmo eu estando de ressaca. Eu nunca vou saber o que o amor de mãe. E é por isso, só por isso, que eu vim aqui pra te falar umas verdades e te fazer ver o quanto a sua mãe te ama e se importa com você, caramba. Queria que você se tocasse de tudo o que ela enfrentou pra criar você, pra te dar tudo, pra te fazer feliz. Você é a razão da vida dela, Savannah. Nem meu pai significa tanto pra ela quanto você.

— Chega, Andrew! Vai embora, você já fez o suficiente por aqui. – Peter interviu, ouvindo o choro da garota só ficava mais alto. A consciência dela parecia ter o peso do mundo.

— Me desculpa… - ela sussurrou. Foi tudo o que pensou em dizer. Que conseguiu dizer.

— Não é pra mim que você tem que pedir desculpas, é pra ela. Só estou aqui pra te fazer enxergar isso. - ele limpou o rosto inchado - Tchau pra vocês.

— ESPERA! - Savannah gritou - Me deixa ir com você?

— Eu posso te levar, amor. - Peter sugeriu

— Não, meu anjo, vai pra casa, a gente já passou por muita coisa hoje. Agora é hora de resolver os problemas da minha nova família.

***

Foi um percurso silencioso até a casa de Andrew. Parece que todas as coisas não ditas estavam no ar ainda, esperando para virem à tona, mas ambos estavam com medo do que poderia acontecer. Havia uma coisa, porém, que estava martelando na cabeça de Savannah: a tal garota por quem Andrew disse ser apaixonado desde sempre. Ela achava que tinha o superado desde que Peter entrou em sua vida, mas aquelas palavras a machucaram. "Então houve outra garota? Eu era louca por ele, e era por isso que ele me desprezava?". Não conseguiu se conter.

— Então - pigarreou - e a tal garota? - disse com sutileza.

— Que garota? - Andrew respondeu automaticamente.

— Aquela sobre quem você falou mais cedo, quando disse que não teria a sua... - ficou com medo de dizer, mas precisava saber - a sua mãe pra te aconselhar sobre ela.

— Ah… - a pergunta dela o trouxe de volta a situação tensa dentro do carro - Essa garota. Não é nada. - desconversou.

— Como não é nada?! Você mesmo disse que é apaixonado por ela desde sempre e que agiu como um idiota com ela por não saber como... - e de repente, a verdade a atingiu em cheio.

— Como...? - ele temia que ela tivesse percebido. E estava certo.

— Andrew, essa garota sou eu?


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Notas finais do capítulo

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