Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 24
All of the lights land on you, the rest of the world fades from view


Notas iniciais do capítulo

Setembro chegou e com ele veio o quê? Mais um capítulo, pra começar o mês com o pé direito!! Espero que gostem!

Sugestão de música: The Words - Christina Perri (vai na playlist no Spotify que tem!! O link é https://open.spotify.com/user/22oo2ycublodrzblv2et4l6vq/playlist/7fy6qkproOUW4unD6IbIce)

Aproveitem!! ♥



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Acordar ao lado de Andrew estava se tornando um hábito para Savannah. Ver aquele cabelo arrepiado, a luz da janela fazendo a pele dele ficar mais dourada. Ouvir a respiração dele trazia uma sensação de paz para ela. Mas depois do que acontecera na noite anterior, isso tudo pareceu se intensificar. E quando ele deu seu costumeiro sorriso, alertando que estava acordado e que sabia que ela estava o encarando, Savannah sentiu seu coração parar por alguns segundos.

— A senhorita gosta mesmo de me encarar enquanto eu durmo, não é? – ele ria baixinho, falando ainda de olhos fechados.

— Você dorme de um jeito engraçado. – ela ria também – Não consigo evitar.

Ele abriu os olhos para encontrar os dela. Pareciam tão… mais azuis. Como se isso fosse possível. “Até parece que tinha como isso acontecer, seria como ela estar mais bonita” ele pensou. Não tinha como, na concepção dele, porque ela já era a garota mais linda do mundo para ele.

Mas enquanto Andrew encarava Savannah, ele percebeu que era possível. Seus olhos estavam mais azuis, assim como ela estava mais bonita. Muito mais bonita. Talvez fosse o cabelo, mais bagunçado que o normal, tão escuro, contrastando com seus olhos. Certa vez, ele lera, numa aula de português, um livro onde o protagonista descrevia sua amada e dizia que ela tinha “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Ele nunca entendera muito bem o sentido daquela frase. Mas ali ele viu. Savannah era sua cigana.

“Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca…”— Andrew recitou a passagem de que se lembrava, enquanto puxava Savannah para mais perto.

— O que você disse? – Savannah o olhou confusa. Para o rapaz, esse tom de confusão a fez ficar mais amável ainda.

— Apenas recitando o trecho de um livro que me lembra você… - ele disse, encarando-a encantado. Ela sorriu.

— Eu não faço ideia do que você disse, mas parece bonito. – Ela acariciou o rosto de Andrew. Ele fechou os olhos e se permitiu sentir aquela sensação de pertencimento.

— É de um livro brasileiro que li há um tempo, na aula de português. Esse cara, Bentinho, era muito apaixonado por sua amiga de infância, a Capitu. Nesse trecho, ele descrevia como os olhos dela eram expressivos, de tal forma que ele sentia como se fosse a correnteza puxando ele para dentro.

Savannah inclinou-se levemente para trás, surpresa com as palavras de Andrew.

— Nossa… Eu não sabia que eu era tão… –  ela não sabia qual adjetivo usar.

— Maravilhosa? – ele respondeu, sorrindo e puxando-a de volta – Deusa? Rainha da perfeição? Ou talvez apenas Savannah?

Os dois caíram na gargalhada. Estar assim era tão fácil, tão natural. Parecia que sempre tiveram aquele nível de intimidade, como se cada pedaço de Savannah foi parte de Andrew e vice-versa. Ele a beijou, suavemente.

— Não, Andrew – ela continuou – Eu ia dizer sombria. Essa história toda de correnteza parece tão perigosa, até meio assassina. Você sabe, uma vez que a corrente do mar de puxa, dificilmente você consegue… - e então, seus olhos se arregalaram um pouco. Ela havia entendido. – Você sempre esteve preso na minha corrente?

— Sempre. – ele sorriu em resposta – Mesmo quando eu fazia todas aquelas maldades, mesmo quando você estava com Peter, mesmo com todas as oportunidades que tive de encontrar outra pessoa. Eu estava preso a você. – ele a encarava, enquanto Savannah acariciava o rosto dele.

— Nadando contra a correnteza, naturalmente. – ela disse e ambos riram.

— Claramente – ele respondeu – Eu não queria ficar preso a alguém que eu acreditava que nunca teria. Mas com o desenrolar das coisas, como tudo mudou nos últimos meses, eu simplesmente parei de lutar contra as ondas e me deixei arrastar até você.

Ela continuou a encarar o rapaz, sem dizer nada. Ela não conseguia. Aquilo era provavelmente a demonstração de amor mais profunda que ela já recebera. Ela sabia que isso envolvia anos e anos de história. E mesmo assim, ele esteve sempre lá. Mesmo que não pudesse tê-la, ele estava sempre por perto.

— Savannah? – Andrew disse, tirando-a do transe. Ela piscou algumas vezes e, antes de responder, beijou o rapaz.

— Eu não sei o que dizer… - e o abraçou, enterrando seu rosto no peito de Andrew – Isso é lindo e eu… eu acho que… eu te amo, Andrew. Sempre te amei, desde quando você me colou naquela maldita cadeira no jardim-de-infância. – os dois riram – E eu acho que nunca deixei de amar, só aprendi a viver sem você. Achei que Peter era o amor da minha vida e vi nele um companheiro que jamais vi em você.

— Mas e agora? – ele indagou, sério.

— Agora eu vejo que estava certa. Peter era o amor da minha vida. – ela disse, deixando Andrew confuso – Mas você é minha alma gêmea. Você sempre foi o meu destino. Eu amei Peter profundamente, e vou sempre respeitar minha história com ele, por mais que ele tenha me magoado daquela forma. Mas meu coração sempre pertenceu à você.

Andrew agora encarava Savannah com uma expressão maravilhada. Ela disse as palavras que traduziam o que ele sentiu a vida toda: Savannah era mesmo sua alma gêmea. Ele se sentiu bobo por pensar de uma forma tão sentimental e a beijou em resposta. Nada poderia traduzir tão bem o que ele queria dizer. Continuaram ali até que ouviram seus pais descendo para a cozinha. Estava na hora de voltar a realidade.

— Nãaaaooo… - Andrew disse, manhoso, abraçando Savannah – Quero ficar aqui o dia todo…

— Não podemos, maluco. – Savannah sorriu – O casamento é amanhã e temos muito que fazer ainda. Minha mãe já está enlouquecendo e nós precisamos controlar pra que tudo não vá para o ralo.

— OK, mas hoje à noite você é minha de novo! – ele disse, beijando-a novamente. Ele amava saber que, finalmente, ela era só dele.

Ela se levantou e pegou sua roupa jogada no chão. Ela já estava quase saindo quando ele percebeu que esquecera de algo. Correu até a garota e fechou a porta, prensando Savannah contra ela.

— O que você está fazendo? - ela sussurrou - Quer que eles nos escutem?

— Não, não quero - ele sussurrou de volta e a beijou. Um beijo apaixonado, cheio de sentimentos, mas finalmente livre. Andrew agora podia amar Savannah livremente.

— Era só isso que queria? - ela o olhava e sorria depois do beijo.

— Não - ele disse sério, mexendo no cabelo da garota - Eu percebi que não tinha dito que te amo. Até porque não sinto isso.

Savannah congelou. "Ele não me ama?" sua mente gritava, mas seu corpo não reagia e as palavras ficaram entaladas em sua garganta. Ela só olhava para ele, um olhar profundamente assustado.

— Eu não apenas te amo, Savannah - ele disse, olhando nos olhos dela - Eu sou completamente apaixonado, maluco e embasbacado por você. Eu amo você desde o primeiro momento, quando eu nem sabia o que era amar alguém. Eu sempre te amei e sempre vou amar, aconteça o que acontecer. Eu sou seu, Savannah, seu e de mais ninguém.

Savannah voltou a respirar. Ela não tinha percebido, mas prendera a respiração desde que achou que ele tinha dito que não a amava. Aquelas palavras eram muito mais do que o simples "eu te amo" que ela esperava ouvir. Ela o abraçou apertado, tentando esconder o rosto por causa das lágrimas (de felicidade) que teimavam em querer descer.

— Eu também, Andrew - ela disse, voltando seus olhos merejados para o rosto dele - Eu sou sua e de mais ninguém. Para sempre.

Ele sorriu.

— Então vamos, garota! Temos um casamento para organizar! - ele jogou as mãos para o alto, fazendo Savannar rir.

— Tá bom, Andrew, não precisa me apressar. - ela se virara para sair, ainda rindo dele.

— Não estou te apressando, mulher! Só quero ter certeza que você vai estar presente na organização de tudo.

— E por que isso agora? - ela disse, se voltando mais uma vez para ele, agora com os braços cruzados e uma expressão sarcástica.

— Ué, - ele deu de ombros, com cara de inocente - porque provavelmente o próximo será o nosso, não?

Savannah caiu na gargalhada e correu para fora do quarto. Ela não tinha certeza se aquilo era um pedido de casamento, mas não quis ficar para confirmar. Até porque, se ficasse, teria que aceitar.


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Notas finais do capítulo

EITAAAAA! Será? O que vocês estão achando desse casal?
Me contem nos comentários! Estou esperando, hein?

Beijos e até o próximo ♥