Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 2
'Cause you're my king and I'm your lionheart


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Aqui vai mais um capítulo para vocês!

Sugestão de música: King and Lionheart - Of Monsters And Men



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— Está na hora, pequenina! - dizia John - Hora da minha princesinha ir pra cama.

Savannah protestava.

— Princesa não, papai, guerreira! E eu não quero ir dormir agora, tenho que salvar meus amigos! - ela falava com firmeza. Para uma criança de 4 anos, a garotinha sabia bem o que queria. Jonh riu.

— Meu bem, nós já salvamos seus amiguinhos hoje! - apontou para os bichinhos de pelúcia em frente a cama da menina, enquanto a colocava debaixo das cobertas. - Está vendo? Estão todos aqui!

— Mas e o Andrew? Cadê o Andrew? - ela se sentou na cama, sobressaltada - Papai, não posso deixar ele para trás!

— Ele está bem do seu lado, meu amor - e mostrou o ursinho, colocando deitado ao lado da filha. - Podemos dormir agora?

— Agora sim, papai, meu príncipe está aqui. - o pai a olhou sério - O que foi, papai? Guerreiras também precisam de um príncipe, né?

Savannah riu e seu pai também. Ela não sabia o quanto aquela risada fazia bem a Jonh.

Ela abriu os olhos para o mar. Sentou-se, meio confusa. Vinha tendo esses sonhos com seu pai frequentemente, apesar de nunca conseguir ver o rosto dele. Via a forma da qual se lembrava bem: um homem alto, pele morena, cabelos negros como os dela, magro, com um sorriso que fazia tudo se encaixar em seu devido lugar. Mas era só. Se, algum dia, ele passasse ao seu lado, ela não o reconheceria, não caso ele não sorrisse.

A imagem de seu sorriso fez Savannah sorrir para o mar a sua frente, mas o acontecido a poucas horas voltou como um tsunami em sua cabeça e ela voltou a sentir a raiva borbulhar em seu peito. Procurou por Peter, que estava logo atrás dela, exatamente como o ursinho em seu sonho. "Mas por que diabos o meu ursinho preferido tinha que se chamar Andrew? Criança burra!"

Sentado como estava, Pet puxou a namorada para seu colo novamente e a abraçou.

— Como está a minha princesinha? - disse, beijando-a no topo de sua cabeça. Savannah sorriu, lembrando-se novamente do sonho.

— Princesa não, rapaz, guerreira! - e gargalhou. O rapaz entrou na brincadeira e, levantando-se, puxou uma espada.

— Guerreira? Então eu, príncipe Peter, a desafio para uma batalha!

E lá foram os dois, praia afora, lutando com suas espadas imaginárias, rindo como crianças. Savannah pulou nas costas de Peter e os dois caíram, rolando na areia e gargalhando mais alto. Ele a puxou e, por cima dele, ela o encheu de beijos.

— No final das contas, a guerreira também precisa de um príncipe - disse, olhando naqueles olhos cor de mel que tanto amava.

— E o príncipe precisa treinar mais pra dar conta dessa guerreira - Peter riu e acariciou o rosto de Savannah - Você está melhor?

Ela se jogou de costas na areia, ao lado dele.

— Um pouco, sonhei com o meu pai enquanto dormia e isso me acalmou. Estar com você também ajudou muito. - sorriu, aninhando-se em Peter - Por quanto tempo eu dormi?

— Por uma hora e pouco, depois daquela choradeira toda. Fiquei preocupado porque, depois que você caiu no sono, nem se mexeu. Só respirei mais aliviado quando ouvi sua risada.

— Eu ri enquanto dormia?

— Sim, riu, ficou séria, murmurou e, pouco antes de acordar, gargalhou. O que tinha de tão divertido nesse seu sonho?

— Um pouco da nossa batalha, mas com meu pai e bichinhos de pelúcia - Savannah riu, mas logo em seguida corou, lembrando do maldito nome que dera ao ursinho-príncipe.

— Sério? Você não está meio velha pra ursinhos e sapinhos? - ele riu e ela deu um murro em seu ombro, meio rindo, meio brava.

— Não, seu idiota! Eu era pequena em meu sonho.

— Será que foi só um sonho, Sav? - ele perguntou, mudando para uma expressão séria.

— Como assim? - ela franziu o cenho.

— Já pensou que esses seus sonhos podem ser lembranças da sua infância? Sei lá, alguma coisa que você tentou bloquear, mas que continua voltando quando está com a guarda abaixada?

Ela se sentou, ajeitando algumas mechas atrás das orelhas. O que Peter disse fez com que seu coração batesse mais forte. A pergunta que parou de se fazer há anos atingiu-a como uma bala de canhão: "e se meu pai estiver vivo ainda?"

John sumira do mapa quando Savannah completou cinco anos. Ninguém sabe como, ninguém viu. Ele era casado com Susan, e os dois se amavam tanto. A garota não se lembra, mas a alegria que agora via estampada no rosto de sua mãe quando ela está com Mike era muito próxima a que podia se ver quando ela vivia com John. Mas nunca igual. Na noite em que o marido sumiu, ela havia pedido que ele fosse ao mercadinho comprar leite para Savannah, que chorava inconsolavelmente. Susan pensou que um leite morno poderia acalmá-la, mas a última caixa acabara naquela tarde. Antes de sair, John beijou a esposa e a filha, dizendo "eu te amo" para ambas. A garota deu birra ao ver o pai saindo. Parecia que já sabia o que estava por vir.

Duas horas depois, Susan estranhou a demora de John e ligou para seu celular, mas as chamadas caíam direto para a caixa de mensagens. Pegou a filha, entrou no outro carro que tinham e dirigiu por toda a cidade, depois de passar no mercadinho e o Sr Morrison, dono do lugar, afirmar que John não passara por ali em momento algum naquele dia. Chamaram a polícia, mas ninguém parecia saber o que ocorrera ao marido de Susan. Três anos se passaram sem pista alguma, até um senhor que morava perto do mercadinho afirmar aos investigadores que vira John encontrar com alguém que parecia ser conhecido, antes de ambos entrarem no carro. Na parte dos fundos da loja, econtraram a camiseta que o pai de Savannah usava na noite em que sumiu, completamente ensanguentada e com furos que pareciam ser de balas de fogo. A investigação concluiu que se tratava de sequestro seguido de morte e deram John como morto.

Susan quis morrer junto, mas Savannah e seu doce sorriso impediram-na. Por muito tempo, se sentira culpada pelo que aconteceu, mas não tinha como prever. Era algo tão comum para eles, ir ao mercadinho comprar algo para a filha em qualquer hora do dia que, com o tempo, ela acabou por culpar o destino e seguiu a vida. Nunca mentiu para a filha sobre o que havia acontecido com seu pai, que pouco tempo antes de entrar na adolescência, acreditava que John podia estar vivo. A pergunta de Peter reacendera essa chama.

— Eu não sei, Pet, isso sempre me incomodou porque eu não sei realmente o que aconteceu com meu pai - disse, levantando-se - mas não quero pensar nisso agora, não quero encher minha cabeça de perguntas sem respostas.

— Então o que vamos fazer? É sábado, afinal, temos que aproveitar - Peter se levantou, e Savannah logo pulou de novo em suas costas, deixando suas dúvidas de lado por um instante.

— Avante, cavaleiro, vamos para o meu palácio! - e "fugiram" novamente, às gargalhadas.


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Notas finais do capítulo

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