Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 12
I confess that I'm only holding on by a thin, thin thread


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Mais um capítulo a vista!
Sugestão de música: Sad - Maroon 5

Aproveitem!! ♥



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Dias se passaram desde que Susan e Savannah se encararam. Ambas não se falavam, apenas se fosse necessário. A amizade entre elas pareceu desaparecer e ficava cada vez mais difícil para Mike e Andrew viveram pacificamente. O garoto nem implicava mais com Savannah para que o clima tenso não ficasse pior. A sensação naquela casa era sempre a de estar pisando em ovos. Tudo ficava mais fácil quando não estava em casa, então Savannah passou a ficar cada vez mais tempo na escola nas últimas seis semanas, ainda que Susan precisasse muito da filha para organizar o casamento, que seria logo depois da formatura da garota.

O relacionamento de Savannah com o Peter também não ia bem. Os dois, antes sempre juntos, mal se falaram na última semana. Ela havia contado do beijo roubado de Andrew e ele reagira bem no momento. Mas depois sempre se dizia ocupado, organizando-se para a semana de verão em Stanford. Savannah, no entanto, sentia algo apertar em seu peito, como um aviso: havia algo errado com Peter. E não era só pelo episódio do beijo.

Novamente num sábado, ela e Peter estavam em seu ponto de sempre na praia. Ela sentada na canga e ele meio deitado na areia, apoiado em seu braço. Não havia muito que dizer entre eles; a cabeça do garoto parecia estar em outro lugar enquanto Savannah falava sobre o que faria para convencer a mãe de sua ida para a faculdade.

— Eu estava considerando arranjar um emprego de meio período nessas férias. Sei lá, pro caso da minha mãe continuar tentando me impedir de ir para Harvard. – suspirou – Ter o dinheiro da passagem, pelo menos e... – voltando o olhar para o namorado, Savannah que percebeu que ele não ouvira uma palavra do que ela dissera nos últimos momentos.

A garota simplesmente parou de falar e o encarou. Não tentando fazê-lo perceber que ela estava falando, mas querendo entender o que se passava na cabeça de Peter ultimamente. Ele olhava para o mar e, vez ou outra, sorria e balançava a cabeça. Savannah apenas o olhava, procurava vestígios, pistas do que estava acontecendo. Ficaram assim por vários minutos até que Peter olhou para a namorada e seu rosto se fechou ao encontrá-la o encarando.

— O que você dizia mesmo? – ele indagou. Savannah apenas balançou a cabeça em negação e voltou seu olhar para o mar.

— Nada demais. Só estava no blábláblá de sempre. – disse, voltando a olhar para Peter – O que tanto tem roubado os seus pensamentos ultimamente, Pet?

O garoto, que antes estava quase deitado, agora sentava na mesma posição da namorada, apenas com as costas mais retas do que o normal, quase como se estivesse tentando disfarçar algo ou entrando na defensiva. Savannah odiava quando Peter entrava nesse jogo. Fechado como num casulo, era impossível arrancar qualquer coisa dele quando estava assim.

— Só a faculdade, Sav. Sabe como é, eu tenho que me organizar, não tenho muito tempo até ir para a semana de verão.

— É, eu sei. – suspirou. E odiou. Andava suspirando mais que o normal ultimamente – Quer ir pra casa? Não vou te prender mais se não quis...

— Você me acha bonito, Savie? – ele a interrompeu.

— Como assim, Pet? – ela quis rir – É claro que eu acho. Que pergunta é essa?

— Não, eu quis dizer desde sempre. – ele olhou sério para a garota – Antes de você me mudar.

Savannah segurou o rosto de Peter e olhou no fundo dos olhos do garoto. Castanho-dourados, sempre tão brilhantes, tão vivos, agora pareciam escuros como um beco sem saída, como um dia nublado.

— Eu sempre te achei um máximo, meu amor. Mesmo quando você era um nerd bem zoado. – ela riu. Ele não. Tirou as mãos dela de seu rosto e se levantou.

— Vamos, eu preciso terminar mais algumas malas.

— Mas Peter, o que est...

— Vamos, Savannah. – ele a interrompeu de novo – Não tenho muito tempo para perder.

A garota concordou e se levantou, seguindo o namorado. “Então eu sou uma perda de tempo para ele?” era só o que pensava. Mas do caminho da praia até sua nova casa – e atual inferno particular – ela não conseguiu proferir uma palavra. Apenas se despediu e saiu do carro. Foi correndo para o seu quarto, tão rápido que ainda viu de sua janela Peter ligar para alguém. Alguém que o fez sorrir e sair logo em seguida.

“Quem será?” pensou.

— Assistindo o príncipe sair em seu cavalo branco, princesa? – Andrew riu. Savannah pulou para longe da janela, tamanho o susto que levou com a repentina aparição do garoto.

— Você não cansa de ficar aparecendo do nada, Andrew? – disse, levando a mão ao peito – Nossa, meu coração está enlouquecido. Quer me fazer ter um ataque?

— Só se for ataque de amor, gatinha – Andrew continuou rindo, enquanto entrava no quarto da garota e se jogava em sua cama, assistindo-a bufar com seu comentário.

Mesmo Savannah tendo explicado seus motivos no dia em que se beijaram, Andrew não desistia. Nem o clima ruim estabelecido na casa o deixava menos disposto a conquistá-la de qualquer forma. Sabia do namoro da garota, mas contava com a ida de Peter para o outro lado do país e ele e Savannah se tornando de vizinhos de faculdade para as coisas virarem ao seu favor. Ele não era do tipo que iria desistir de seu sonho, ainda mais depois de beijá-la (e desejar repetir o momento mais vezes).

— Nossa, como ele é engraçado. Quer um prêmio por isso também? – disse, revirando os olhos.

— Só se for outro beijo seu – sentou-se e piscou para a garota, que agora estava vermelha até à raiz dos cabelos.

— Você é impossível, Andrew.

O sorriso faceiro não fugia do rosto de Andrew. Ele, no entanto, parou para observá-la. Percebeu que Savannah não chegara com a mesma alegria que ele via nela quando estava com Peter.

— O que está acontecendo com você, Savannah? – ele indagou.

— Como assim, garoto? – ela desistira de encará-lo e resolveu arrumar à cômoda enquanto ele falava.

— Você não está feliz – ele disse, fazendo-a parar com a organização, sem olhá-lo ainda assim – Não como sempre fica quando está com Peter. E não é de hoje.

— Isso não interessa, Andrew. – ela tentou esconder a frustração que andava carregando em seu peito – Vai arranjar o que fazer ao invés de me investigar.

— Você quer dizer que eu tenho razão, então – ele a provocou, depois de levantar-se da cama e ir caminhando lentamente rumo à garota – Sou um bom investigador, devo dizer.

— Não, isso quer dizer que você é louco! – ela riu, ainda de costas para o rapaz – Mas nós sabemos que isso não é novidade.

Andrew tocou o braço da garota levemente, fazendo-a se virar para ele.

— Anda, me conta o que está acontecendo com você. – o rapaz apontou a cama e sorriu. Os dois caminharam até a beirada e se sentaram. Savannah suspirou.

— Você já quis fugir? Sair por aí, sair de onde você conhece tudo, sumir das vistas de todos que você conhece só pra… Pra tentar ser diferente. Uma vez na vida, não ser o que todo mundo espera de você. Você já tentou ser… só você? – Andrew pareceu surpreso com o tsunami de emoções da garota – Eu estou pirando, não é?

— Não – ele a abraçou – Não está, Savannah. Qual é? Você está há quase sete semanas sem falar com a sua mãe que, até onde eu sei, é a sua melhor amiga no mundo. A escola está acabando e tudo o que você mais quer é ir para Harvard, mas sua mãe não apoia. E agora, pra completar, aparentemente Peter não está dando a mínima atenção para você. Eu também estaria pirando.

A interpretação de Andrew chocou Savannah.

— Uau… – Ela encarou o chão por longos segundos para voltar a encarar Andrew– Está tudo tão claro assim?

— Mais que claro. Quer dizer, todos os dias, eu assisto de camarote a “guerra fria” entre você e sua mãe. Você sai, some o dia todo e todas as vezes que volta com o Peter, sua expressão parece pior do que quando você saiu.

— Eu não sei nem o que dizer… – Savannah se jogou em sua cama e passou a encarar o teto – Parece que está tudo desmoronando e eu não sei como parar…

— Você não tem que parar isso, Savie. – Andrew deitou ao lado da garota, também encarando o teto – Talvez a melhor solução seja deixar toda as coisas ruins fluirem e ver no que dá…

— Eu não posso simplesmente esquecer minha mãe e abandonar meu namorado, Andrew. – a garota olhou para ele, brava – O que você acha que vai acontecer se eu simplesmente largar tudo e for pra Harvard?

— A vida, Savannah. – ele a encarou, mas ao contrário dela, sorrindo – Tudo passa, as coisas boas e as coisas ruins. Você só tem que ser paciente.

Savannah levantou abruptamente da cama, rindo sarcásticamente.

— Você é o pior conselheiro do mundo, Andrew! Não tem como levar a sério os seus conselhos. – ela continou rindo enquanto caminhava até a janela onde mais cedo observara Peter ir embora. Andrew foi até ela.

— Mas você deveria. – ele a encarava – Eles vêm de uma pessoa que realmente se importa com você. Alguém que, mesmo tendo feito tudo o que fez, quer o melhor pra você.

Savannah se virou de costas para o rapaz, olhando a janela, uma vez que não podia mais olhar naqueles olhos azuis que um dia ela tanto amou…

— Como eu disse mais cedo, você é completamente maluco. – ela riu.

— É, eu sou maluco. – sorriu e puxou Savannah pelo braço, fazendo-a encará-lo, rostos a poucos centímetros de distância – Maluco por você, garota.

Ela não conseguia respirar. “Não, não posso beijá-lo novamente” era o que passava por sua mente. Foi recostando-se na cômoda e assistindo Andrew chegar cada vez mais perto e colocando os braços em torno dela, apoiados na cômoda.

“Não, Savannah, de novo não!” sua mente gritava, mas seu corpo simplesmente não reagia. Queria fugir, mas não conseguia resistir. O cheiro, o olhar, o sorriso, tudo a prendia aos braços do garoto.

— Savannah, Andrew, o almoço está na mesa! – ambos ouviram Susan gritar.

— Estamos indo! – o rapaz respondeu, ainda sustentando o olhar da garota.

— Andrew, me deixa ir, por favor – Savannah sussurrou.

Ele foi se afastando do corpo de Savannah lentamente, enquanto ela voltava a respirar. Nunca esteve tão agradecida por ouvir sua mãe chamá-la para almoçar. Mas quando esperava que ele fosse sair finalmente, ele a agarrou forte e mais perto do que estavam antes e, encostando seus lábios na orelha dela, sussurrou:

— Você pode até fugir agora, mas isso não vai durar para sempre – e a soltou, se virando e indo em direção à porta.

— Por que agora, Andrew? – ela o assistia pelas costas – Por quê? Depois de tanto tempo me xingando, me fazendo passar vergonha, jogando meus sentimentos no chão e pisando em cima, por que se aproximar assim? O que você quer de mim?

— O que eu sempre quis, Savannah – ele respondeu, sem encará-la – Você.

E saiu, deixando uma Savannah pior do que encontrou.


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Notas finais do capítulo

Tenso........... Não sei o que dizer, apenas sentir! E olha que fui eu quem escrevi. Até agora, estou olhando pro texto e me perguntando: "o que vem agora?"
Se preparem... Enquanto isso, deixem seus comentários ♥

Até a próxima!