As Gêmeas Campbell escrita por Queen M


Capítulo 4
O Reencontro.




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Permanecia sentada no trem, o coração sempre calmo, naquela manha parecia querer saltar-me pela boca. Desde que havia sido mandada para a França após o enlouquecimento de minha mãe, havia perdido todo e qualquer contato com minha família, havia adotado nome e sobrenomes diferentes dos que realmente me pertenciam, tudo para manter o sigilo de quem eu era, de onde vinha, e de que família pertencia. Talvez, por uma sorte do infortúnio, havia recebido uma coruja na noite anterior, em que contava de forma detalhada o falecimento de minha mãe, a qual não via desde os cinco anos de idade. Minha madrinha Lana havia pedido para que eu retornasse a Londres e frequentasse Hogwarts ao invés de Beauxbatons, por causa de tudo que havia acontecido comigo no ano anterior. Eu finalmente encontraria minha irmã gêmea, e alguns parentes que eu nem sequer tinha contato. Depois da noticia, havia feito minhas malas o mais rápido que podia, e sem sequer despedir-me de alguém, comprei a primeira passagem de trem até Londres onde estava sendo aguardada.

Pela janela era possível ver a neblina dos campos que me levariam até Londres, eu já havia despedido-me do sol que fazia na França, do calor principalmente, e de todas as coisas boas que eu havia tido nos últimos anos vivendo lá. Também tentava esquecer certas coisas, que ainda me assombravam sempre que dormia. Eu precisava de uma vida nova, e Londres parecia ser o lugar mais adequado para isso.

Cochilei pela maior parte do caminho, acordando algumas vezes um pouco assustada, com a impressão de que havia perdido a hora ou passado da estação que deveria descer. De tempos em tempos, fitava o relógio que ficava no centro de uma das passagens, indicando que eu já estava quase no final de meu destino. Tentava imaginar como Katherine estava, apesar de sermos gêmeas, tínhamos traços diferentes, enquanto meus cabelos eram loiro escuros, os dela eram mais claros, minha pele era mais branca que a dela, mas apesar disso, era ela quem tinha os olhos azuis herdados de nossa mãe, assim como a habilidade de metamorfomagia, em contrapartida, tudo que tinha herdado, eram os olhos castanho-claros de nosso pai, que costumavam mudar de cor quando minhas emoções afloravam bastante, se tornando por diversas vezes, um perigo para o mundo bruxo. Meus cabelos que sempre foram curtos, estavam cumpridos, e levemente encachiados, me fazendo pensar na cara que ela faria quando me visse. Aos cinco anos, eramos do mesmo tamanho, mas não tinha certeza se continuaria sendo assim agora que já estávamos com treze.

O trem começou a desacelerar, pouco antes de visualizarmos a estação de Londres, com os olhos tentei encontrar minha madrinha junto de minha irmã, mas senti uma leve pontada de tristeza ao perceber que não estava as vendo. A estação estava lotada, com sua maioria de trouxas, que nem sequer sabiam da existência do mundo em que eu havia crescido, nunca havia gostado muito dessa raça, que quase sempre acabava com o próprio mundo e nos julgava por sermos diferentes. Esperei as pessoas descerem do vagão em que estava situada, não queria de forma alguma descer no meio daquela confusão, ou acabaria sendo levada para outros lugares sem querer. Ajeitei meu casaco de couro negro e meu cachecol cor-de-uva, tinha a ligeira sensação de que congelaria naquele lugar, mas por morar em um lugar relativamente mais quente, não havia nada mais grosso para vestir. Peguei minha bagagem de forma desengonçada, e desembarquei na estação. Olhei a minha volta com a sensação de estar novamente em casa, e com um certo receio sussurrando em meus ouvidos.

-Maggie! Aqui! Maggie! --Escutei a voz familiar de minha irmã gritando meu nome. Ela estava recostada sobre as grades, ao lado de uma mulher vestida de forma elegante, ela esboçava um pequeno sorriso para mim, enquanto Katherine parecia estar prestes a passar pela grade apenas para abraçar-me. A sensação de consolo ao vê-la foi simplesmente inexplicável, e o sorriso que surgiu em meus lábios simplesmente não havia explicação. -Kath! É você mesma Kath? --Gritei de felicidade. Corri em sua direção, arrastando as malas da melhor forma que podia, apesar do peso que estava carregando, não conseguia conter a vontade de abraça-la. Enquanto eu empurrava a multidão para encontra-la, a vi passar pela grade usando magia, e sendo repreendida por nossa madrinha, que apenas a olhou feio. Corremos de encontro uma a outra, e nos afogamos em um abraço cheio de saudade, felicidade, angustia e tudo que duas irmãs podiam ter depois de tantos anos separadas.

Algumas lágrimas escorreram de meus olhos assim que nos olhamos, ela chorava descontroladamente, e parecia tão feliz quanto eu. Podia ver seus olhos brilharem com um tom roxo, que sempre haviam indicado felicidade. Ela parecia lutar contra seus sentimentos para que as pessoas não a olhassem, mas tanto para ela, quanto para mim, a vontade que tínhamos era de que o mundo todo visse. -Kath, eu senti tanto sua falta. --Choraminguei enquanto a abraçava com força. -Eu espero por isso a anos. --Sussurrei. Kath começou a balbuciar alguma coisa que não conseguia entender, senti braços protetores rodeando nossos corpos, e olhei a tempo de ver Lana sorrir. Ela parecia ainda mais contente do que nós duas.

Não sei dizer exatamente quanto tempo ficamos paradas ali em um abraço triplo, sei apenas que quando meus braços já estavam bastante cansados e não chorávamos mais, Lana com a maior calma do mundo, distribui minhas bagagens para que nós três as carregássemos de forma cômoda até que ela pudesse usar magia para irmos para nossa casa. -Vamos passar pela livraria que tem virando o corredor, existe uma lareira para pessoas como nós lá no fundo, podemos ir pra casa assim. --Ela disse pratica enquanto guiava Kath e eu até a tal livraria.

O lugar parecia ser bastante discreto, e pouco frequentado pelas pessoas que sempre andavam com pressa pela estação. A vendedora que já parecia conhecer as duas fez apenas um cumprimento sútil e apontou em direção aos fundos, indicando que provavelmente elas tinham vindo por lá. Descemos alguns lances de escadas e chegamos em uma sala completamente vazia, o chão parecia estar polido, e mesmo com toda a escuridão pela falta de lampadas pelo local, a lareira podia ser vista, e emanava uma luz azul-clara bastante agradável. -Maggie, nós iremos para a mansão Hool essa noite, pois a tia de vocês não está em casa, e vocês ficaram comigo. --Lana avisou-me. -Vá primeiro, para que caso se perca eu possa busca-la. --Ela falou com naturalidade. Fiz que sim com a cabeça e me posicionei debaixo da lareira, peguei o pó de flú que havia nos potinhos em volta da lareira e fechei os olhos. -Mansão Hool,  sala de entrada, nº254. --Mal pronunciei as palavras e senti aquele horrível puxão no umbigo que parecia dominar todo meu corpo em milhares de círculos. Tudo sumiu e apareceu rapidamente, e quando vi, já estava dentro da mansão, com o elfo domestico puxando minhas bagagens de forma apressada. Quase no mesmo segundo, Kath e Lana chegaram, entregando o restante das malas para o elfo. -Ele chama Snoop. --Kath sussurrou quando o elfo se retirou. -Nós podíamos passear pelo mundo bruxo, tomar sorvete, ver filmes, brincar! --Ela gritava alegremente pela sala. Senti Lana a olhar de forma autoritária, e vi minha irmã parar no mesmo instante. -Sua irmã deve estar cansada, ela viajou muito, e precisa descansar, vocês ainda tem dois dias antes de irem pra Hogwarts, deixe-a descansar ao menos por hoje. --Ela sorriu de uma forma "doce". Escutei minha irmã suspirar e concordar com o pedido da madrinha. -Posso leva-la até o quarto pelo menos? --Kath ainda parecia animada. Nossa madrinha fez que sim com a cabeça, e quase no mesmo instante, senti as mãos de minha irmã me puxarem escadaria a cima, sem que eu pudesse dar boa noite para Lana. -Ela parece uma chata, mas ela é bem legal, eu a adoro. --Kath comentou enquanto passávamos por alguns corredores. -Acho que seu quarto é esse! --Kath empurrou a porta com violência. -Oh! --Uma garota morena só de toalha se pronunciou. -Desculpa, erramos o quarto. --Minha irmã berrou e logo voltou a me puxar. -Meu deus gêmea! Calma. --Falei rindo. -Quem era ela? --Perguntei sem entender. -Digamos que é uma "prima" nossa, Kathlenn, uma sonserina. --Ela suspirou. Realmente não entendi porque sua expressão havia mudado do nada, mas nem sequer tive tempo de perguntar, pois ela já me empurrava porta a dentro de um quarto. As paredes eram brancas, na verdade, quase tudo no cômodo era desse tom, com exceção das cortinas que tinham o mesmo tom verde da Noble, juntamente com o tapete felpudo e os travesseiros que estavam sobre a cama. Me lembrava muito minha antiga "vida" e me dava uma sensação familiar e ao mesmo tempo sombria. -Poxa! Seu quarto é incrível. --Kath pareceu estar chocada. Continuei parada na porta, ainda olhando tudo ao meu redor, ao mesmo tempo que era estranho, era agradável. Kath zanzava por todo o quarto observando minhas coisas com extasiada felicidade. -Ai que lindo! Quem é esse?! --Ela gritava e apontava para o mural de fotografias que havia ao lado de minha escrivaninha. Andei de encontro a ela, tentando entender de quem se referia. Senti meu coração parar por alguns segundos, e minha respiração ficar pesada, aquela foto era a minha e de Oliver quando fizemos um pique-nique em um dia de sol pelo colégio. Olíver... Eu nem sequer queria pensar. -Quem é ele Maggie! É o seu namorado? --Ela me olhou com uma cara de censura. Engoli em seco e continuei em silencio, enquanto ela chacoalhava meus ombros. -Kath... Eu... Ele morreu. --Segurei o choro. -A poucos meses atrás, nós estávamos juntos a algum tempo. --Continuei, me lembrando de tudo que havia acontecido. -Me desculpa! Não sabia disso, não queria magoa-la. --Choramingou minha irmã. -Não tem problema, mas posso ficar sozinha? Eu estou mesmo cansada, quero tomar um banho e me deitar. --Falei de uma forma não muito agradável. -Certo! Qualquer coisa, meu quarto é o do lado. --Ela sorriu e desapareceu rapidamente do lugar. Certifiquei-me de que estava sozinha e tranquei a porta, fitei por alguns instantes a fotografia de Olíver sorrindo ao meu lado. -Me perdoe Olíver. --Murmurei enquanto ia até o banheiro.

Não demorei muito tomando banho, mas havia sido o suficiente para que eu me sentisse cansada. Vesti meu pijama de frio cheio de desenhos de coruja, e deitei-me na cama. Eu não queria pensar em mais nada, não queria me lembrar de mais nada. Fechei os olhos e adormeci quase que instantaneamente.


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