O Corvo Negro escrita por V M Gonsalez


Capítulo 18
Capítulo 17 - O Palácio dos Corvos Pt. 1


Notas iniciais do capítulo

A Primeira Parte do Final. Não tem tanto sangue... ainda. Para entender esse começo, lembrem-se do Prólogo, é uma continuação direta.



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O som do metal serrando a madeira cantava dentro do pequeno celeiro.

Bernardo Leussen trabalhava em uma pequena peça de madeira qualquer, sobre uma mesa de metal gasta e enferrujada. Seus cabelos negro-esbranquiçados balançavam ao ritmo do serrote que usava, pingando de suor. Seus olhos azuis estavam tão absolutos no trabalho que realizava que não notou a pequena figura entrando no celeiro.

A figura era pequena e franzina, com cabelos negros bagunçados, usando uma roupa simples e amarrotada. Ele tinha um dos olhos morbidamente azul e o outro era vermelho como o sangue que secava sobre seu rosto, roupa e cabelos. Ele trazia um machadinho de cortar lenha em uma das mãos e um sorriso cruelmente feliz no rosto.

O serrote cantava alto.

O garoto se aproximou mais, mas seu pai estava vidrado demais no trabalho. Ele se aproximou ainda mais e se pôs na ponta dos pés, de forma que sua boca alcançava de leve o pé do ouvido do homem.

– Você deveria ter me matado, seu velho maldito – a voz do garoto vinha carregada de um tom risonho e divertido, de forma que mal conseguia pronunciar as últimas palavras

Bernardo sentiu a espinha gelar e o corpo tremer. De súbito, ele olhou para trás com os olhos arregalados, apenas a tempo de ver um borrão acinzentado voando sobre seu rosto.

A canção do serrote teve um fim abrupto.

Heitor retirou o machado do rosto do pai e depois olhou para a figura desfigurada. Era insanamente divertido. Os olhos estavam parcialmente enterrados sob a ferida, que sangrava em um ritmo acelerado. Era impossível reconhecer aquele rosto que tanto odiava, com tanta força e com tanto vigor... Mas o corpo ainda estava inteiro.

Quanto tempo se passou? Horas? Dias? Minutos? Segundos? Não importa. Golpe após golpe, Heitor libertou sua fúria sobre o corpo inerte do pai. Respingos de sangue voavam pelas paredes e pelo teto, o rio de sangue que saia do corpo desfigurado de Bernardo corria para fora do celeiro e banhava a grama do lado de fora.

Heitor parara de contar após o 15º golpe. O sangue de seu pai se misturava ao próprio e, quando acabou, sem fôlego e com a garganta seca, estava vermelho da cabeça aos pés. Ele sentia a sensação do sangue fresco sobre a pele, sobre o rosto, dentro da boca. Era tão bom. Seus olhos estavam arregalados como duas bolas de golfe e a boca arfava de puro deleite. Estava com tanta sede... Ele lambeu o sangue em volta da boca, experimentando o saber. Era o suficiente, por hora.

Ele largou o machado e virou-se para trás. Sua mãe estava parada a porta, olhando horrorizada para a cena. Heitor a encarou brevemente, depois abriu um largo sorriso:

– Ele não vai mais machucar você, mamãe

Após dizer isso, Heitor saiu andando normalmente do celeiro vermelho para o mundo lá fora, que não havia mudado quase nada desde que entrara. A mulher ficou encarando a papa desfigurada jogada no chão, imersa no próprio sangue. Aquele era seu marido. Ela lançou um último longo olhar e fechou as portas do celeiro, mergulhando na escuridão a Verdadeira Primeira Vítima.

A canção do serrote acabou.

...

– Então é isso?

–É... Depois de tanto tempo, esse é o final.

– Como podem ter certeza de que ele estará lá? – Merlim ainda vestia as roupas do hospital, mas já conseguia andar sozinho. Ele estava sentado na cama olhando para Johnson que estava vestido com colete à prova de balas e uniforme da policia para operações de cerco.

– Ele estará. – A voz de Johnson era cansada e preocupada. O uniforme era pesado e meio desajeitado, mas não tinha ideia do que poderiam encontrar lá – Paul confirmou isso ontem. O Corvo vem colaborando com as investigações, o que é estranho.

– Eu ainda acho que vocês deveriam explodir esse maldito lugar e seguir em frente – resmungou Merlim, ajeitando-se na cama

– Nossas ordens são para prendê-lo e levá-lo à justiça. Somos policiais, é o nosso trabalho – Johnson deu de ombros. Secretamente queria fazer a mesma coisa que Merlim, mas sua curiosidade era muito maior que o ódio – Precisamos saber como ele fez tudo isso.

Merlim bufou. Ele não entendia como aquilo podia ser importante. Tanto tempo em repouso o tinham deixado ainda mais irritado. Johnson se despediu e disse que precisava ir, pois a operação começaria logo. Merlim tinha alguns detalhes, mas não todos, mas sabia como consegui-los.

“O garoto que pense que vou deixar toda a diversão para ele” sorriu o velho detetive

...

– Comunicadores? Certo. Equipamentos? Certo. Conexão com a base? Certo. – Hernesto fazia a terceira checagem em menos de 10 minutos. Era de importância máxima que tudo estivesse perfeito.

Aquela era de longe a operação mais importante na qual participara. Para tornar a coisa toda ainda mais difícil, ele era o líder. Olhou para a grande estrela dourada que ostentava no colete, ela nunca pesara tanto. Cerca de 110 agentes treinados estavam presentes na operação, incluindo quase toda a equipe do Corvo Negro, com exceção de Paul, que coordenava a missão da base, como suporte. Se alguma coisa desse errado lá dentro, Paul poderia ser a diferença entre a vida e a morte. Hernesto respirou fundo.

A fábrica abandonada era enorme. Sua estrutura curva de metal já estava enferrujada à muito tempo, mas ainda tinha uma forma imponente e assustadora. Aves negras, provavelmente corvos, voavam acima dos tetos e das torres, observando e rindo dos recém chegados. Havia um grande portão duplo na parte da frente, feito de aço reforçado, mas estava fechado. As poucas janelas que ainda estavam lá estavam sujas e empoeiradas, sem que fosse possível ver do outro lado.

Hernesto olhou à sua volta. A primeira coisa que viu foi Glalcon. Sob o colete preto ele estava vestindo uma versão alternativa do uniforme da policia, completamente verde-fluorescente. “Ótimo, Glalcon será nossa lanterna” brincou mentalmente, mas se perguntou se aquilo seria seguro. Ao lado de Glalcon estava David, vestido de preto e azul. Ele checava a pistola que levaria, para garantir que estava tudo de acordo. Ele seria seu ajudante durante a empreitada, o que era um pouco reconfortante.

Johnson acabara de chegar, também vestido de azul e preto. Estava no hospital com Merlim, que parecia se sentir bem melhor. Ele também tinha uma pistola, embora a sua fosse levemente customizada. O equipamento padrão era uma pistola e alguns ainda carregavam armas mais potentes de escolha própria, uniformes da policia preto ou azul, coletes à prova de balas, comunicadores com a base e com o restante da equipe, câmeras, além de lanternas e muita munição. Quando solicitara apoio na Central, haviam lhe designado pouco mais de 30 agentes, mas com algum apelo e considerações de amizade, outros se juntaram à causa. Ao todo eram 110 agentes, 8 ambulâncias e suas respectivas equipes (além de muitos ajudantes), 10 caminhonetes e alguns carros pessoais. Havia também cerca de 20 voluntários que ajudavam Paul a monitorar todas as câmeras e mapas.

Hernesto respirou fundo.

Ele mesmo carregava uma submetralhadora MP5, além dos demais equipamentos padrão. Ainda usava seus eternos óculos escuros, mas ele parecia pesar ainda mais. Aquilo estava errado. Ele não devia ser o líder daquela missão. Ele pedira para alguém mais experiente tomar seu lugar, ligara para Raul, mas tudo fora em vão. Seus superiores o haviam escolhido e Raul ainda estava cuidando do pobre Mandregas.

Hernesto arrumou o colete.

Ao todo eram 5 equipes. Ele e David liderariam a Equipe Azul, a principal. Johnson estava com a Vermelha e Glalcon com a Verde, ironicamente. A Equipe Amarela e Laranja estavam com Jon Brave e Willian Pay, respectivamente. Hernesto olhou para todos os presentes. Estavam conversando e se arrumando, mas a tensão era quase tão visível como as nuvens cinzentas.

Hernesto apertou o botão do comunicador, ouviu a leve estática da conexão com os demais e disse, calmamente:

– Hoje, meus amigos, enfrentaremos um inimigo diferente de tudo o que já vimos. Esqueçam a ideia de que será fácil ou rápido. Muitos podem não voltar hoje. Mas confio em cada um de vocês, agentes da lei, defensores da justiça, confio que seremos capazes de fazer esse maldito maníaco pagar por todos os seus crimes!

A multidão clamou em apoio. Alguns bateram palmas e outros gritaram qualquer tipo de coisa em apoio, abafado pelo rugido da multidão. Hernesto pode ficar um pouco mais relaxado, afinal seu grupo o apoiava. Agora o segundo problema, como entrar?

Não havia mais portas além do grande portão duplo. As janelas eram altas e, sem ver o outro lado, poderia ser arriscado demais. A única ideia até agora era derrubar as grandes portas e entrar, mas ainda assim era uma decisão arriscada.

O ‘acampamento’ se alinhava na frente da fábrica, sob sua imponente sombra. Todos a olhavam angustiados, sem saber o que fazer. Quando Hernesto estava prestes a dar a ordem para começar os preparativos para derrubar os portões, o chão começou a vibrar, de forma leve e lenta. Um ruído agudo veio da fábrica, o ruído de metal enferrujado sendo forçado. Lentamente, os grandes portões se abriram, revelando um interior imerso na escuridão. Perplexos, os agentes levaram as mãos às armas, esperando um ataque, mas nada aconteceu.

– Venham, podem entrar, serão meus convidados hoje – uma voz veio de dentro da escuridão, misteriosa e zombeteira

Todos ficaram parados. Johnson estremeceu, ele conhecia muito bem aquela voz. Heitor estava lá dentro. Ele olhou para Hernesto e acenou com a cabeça. Relutante, Hernesto deu a ordem para que entrassem.

O interior tinha cheiro de mofo e sangue. A escuridão parecia maciça e os rodeava, os enforcava e os observava. Uma escada se bifurcava dando acesso a corredores superiores e sob seus degraus outros dois corredores levavam à ainda mais escuridão. Uma figura vestida completamente de preto estava descendo pela escada da direita, sorrindo insanamente. Era difícil vê-lo na escuridão. Mas o intenso brilho vermelho emanando de sua cabeça já era o suficiente para deixar todos apreensivos.

– Sejam muito bem vindos. Presumo que já sabem quem eu sou, não é mesmo? – O Corvo foi descendo até atingir o ponto onde a escada se bifurcava, o que fez um pouco da luz de fora iluminá-lo.

– Atirem! – Hernesto deu a ordem já pegando sua arma e disparando

Poucos segundos depois, o ar pareceu entrar em um frenesi, pois balas vieram de todas as direções contra o corpo magro de Heitor. Ele não se mexeu nem se assustou, apenas encarou os projéteis com indiferença e aborrecimento. Quando o primeiro projétil estava prestes a rasgar sua carne, ele simplesmente desapareceu.

Onde ele estava centenas de penas negras de corvos apareceram e se espalharam com as centenas de balas que as atravessavam. Quando se deram conta do que estava acontecendo, os agentes pararam de disparar e encararam aquilo de bocas abertas. Depois de a última bala atingir a parede, as penas se reagruparam em sombras e Heitor emergiu novamente da escuridão.

– Pronto? – ele perguntou desdenhoso, mas se virou de costas para a multidão e Johnson julgar ter visto sangue escorrer de seu nariz

– Certo, certo. Antes de começarmos o jogo eu vou dizer quem eu sou exatamente, não quero que morram sem saber. Bem, como sabem, sou Heitor, e eu mato pessoas. Por quê? Porque elas me chateavam e irritavam quando eu era criança. Pronto, acho que é isso.

– Que tipo de coisa é você? – Cuspiu Hernesto, ainda atordoado

– Eu? Última vez que eu vi eu era humano... Mas eu gostaria de ser um panda, está bem na moda ultimamente – o Corvo ponderou por algum tempo – Bem, se querem saber sobre meus truques... Bem, um mago nunca revela seus truques, não é mesmo? Bem, podem perguntar à Rhagayr, se o encontrarem.

Quando ele pronunciou o nome do Primeiro Corvo, um grande grasnado coletivo emanou dos fundos da fábrica. Enquanto os convidados levam as mãos aos ouvidos, para tapar o barulho, as pesadas portas se fecharam tão inexplicavelmente quanto haviam sido abertas. Uma serie de pequenas e fracas lâmpadas foram acessas, fazendo sombras assustadoras serem projetadas por todos os lados. Com a nova luz, os presentes puderam ver um enorme placar de vidro negro, desligado.

– Ótimo, agora que estamos todos acomodados, vamos ao jogo. Ele é bem simples – ele mexeu no placar e ele acendeu, lançando sobre o Corvo uma leve luz alaranjada. No placar, era exibido o número 100 – Como podem ver, existem exatamente 100 salas nesta fábrica. Eu estarei em uma delas, uma única. Todas as outras têm armadilhas e pequenas surpresas. Se me encontrarem e me matarem, vocês vencem, caso contrário, eu ganho e vocês morrem. Simples não é?

Aquilo ultrapassava os limites do insano. Glalcon refletiu sobre aquilo. As chances de eles encontrarem eram de 1% e a de possivelmente morrerem era de 99%. Animador.

– Algumas outras informações. Os grandes salões não contam como salas. As salas dentro das salas também não contam. Banheiros igualmente. Haverá outros placares como este espalhados, para cada porta aberta, será subtraído um número. Certo? Ótimo. Que comece o jogo!

Um grande sino soou pelos corredores e o Corvo simplesmente desapareceu.

Quando o Corvo desapareceu, a sala pareceu se iluminar. Os agentes se entreolharam, confusos e assustados. Hernesto ainda encarava a parede fuzilada pelos tiros. Como poderiam matar alguém como ele? Era quase certeza de que todos morreriam. Mas era o líder e forçou-se a ser forte.

– Certo. Equipe Vermelha, pela esquerda de cima, equipe Verde, esquerda de Baixo. Amarela, Direita de Cima e Laranja embaixo. Azul, sigam-me pela esquerda por cima, vamos ao fundo da fábrica. – ele usou o comunicador para alertar todos

– Mas, Hernesto, devemos ou não abrir as portas? – Johnson perguntou, pelo comunicador

– Não temam. – Hernesto vacilava – Se não abrirmos, não o encontramos. Abram.

O próprio Hernesto estava relutante sobre aquela decisão, mas não havia muito a fazer. Ele subiu as escadas com sua equipe e a de Johnson vinha logo atrás. Os corredores eram escuros e úmidos, com pequenas lâmpadas gastas como única iluminação.

Johnson decidiu deixar três agentes para cada porta em uma pequena porta do corredor. Elas seguiam uma ao lado da outra, portas sujas e quebradiças. Algumas estavam manchadas de sangue.

– Certo, porta 1, abrir! - ordenou

Dois agentes ficavam aos lados da porta e um terceiro chutou-a, para arrombá-la. Por um segundo, nada aconteceu. Mas, poucos instantes depois, o ar ficou quente e um clarão emanou de dentro da porta. O rugido do fogo engoliu os três agentes e ofuscou a visão dos demais. A parede oposta à porta ficou preta de fuligem e os agentes correram inutilmente tentando apagar o fogo, mas era forte demais e logo pereceram.

Havia ainda 99 portas e 107 agentes.

...

Merlim fugira do hospital.

Fora relativamente fácil. Os médicos que o viam diariamente trabalhavam apenas no período da noite, sendo assim, a grande maioria dos funcionários não o conhecia. Ele só precisou fingir que ia ao banheiro, pegar as roupas que Johnson (que não sabia de nada) trouxera para ele e sair normalmente pela porta da frente.

Depois conseguira o endereço da fábrica com Paul, que concordou gentilmente em cedê-lo após ser erguido no ar pelo colarinho da blusa. “Um bom garoto” pensou Merlim, divertido.

Ele dirigia seu velho carro alucinado pela estrada, mas o transito não colaborava muito. Ele não estava armado nem protegido, mas isso não importava muito. Sua barriga ainda doía onde recebera o tiro, mas forçava-se a ser forte. “Eles precisam de mim” pensava, enquanto xingava alguém que decidia que o meio da rua era o melhor lugar para estacionar o carro.

...

Glalcon estava aterrorizado.

Seu rosto estava sujo de suor, fumaça e um pouco de sangue. Já escapara da morte três vezes, todas por muito pouco. Já havia perdido 10 de seus companheiros e toda a noção de direção. Aquele lugar era simplesmente um labirinto, com corredores, escadas e salas iguais. Fora os corpos e as portas abertas era difícil dizer se já haviam ou não passado por determinado corredor.

Ao todo ainda restavam 74 portas e 86 agentes, sem nem mesmo uma pista do Corvo. Pelo que sabia, seus companheiros de investigação ainda estavam todos vivos, mas isso não retirava o peso de seus ombros pelos outros mortos. Como líder da Equipe Verde, ele se sentia diretamente responsável pelas mortes.

Paul tentava, sem muito sucesso, construir um mapa mais exato da fábrica com base nos relatos e vídeos dos agentes, mas parecia uma tarefa impossível. A única coisa que ele podia fazer, no momento, era alertar os agentes que alguns corredores já haviam sido limpos.

Glalcon já passara por uma grande sala, e era assustador a quantidade de Corvos que ali havia. O cheiro de fezes de pássaros e carne podre era tão insuportável que fora obrigado a passar correndo por ali. Agora estava em uma das partes mais profundas do local, ou era isso que julgava, pelo menos.

Lá, encontrou finalmente um fim para os corredores. O corredor sem saída que encontrara levava para uma única porta. Ele quase pulou de alegria, mas lembrou-se de que ainda podia ser uma armadilha. Olhou para trás, mas não havia ninguém. Eles ainda estavam vasculhando o grande salão. Ele respirou fundo. Já se salvara 3 vezes, podia fazer uma quarta.

Lentamente, ele girou a maçaneta e abriu a porta. Primeiro, só uma pequena fresta. Estava escuro lá dentro. Um pequeno buraco no lado oposto, gradeado, dava um pouco de luz ao local, mas não muita. Nada aconteceu. Ele abriu mais um pouco a porta, sem sinal de mudança. Quando ele foi abrir mais, tropeçou em um pequeno desnível que havia no chão e escorregou. A porta foi aberta com força revelando uma pequena estrutura de madeira dentro da sala.

Glalcon viu um fio de náilon balançando e o som de rodas de metal, mas não conseguiu identificar de onde, até que identificou o objeto de madeira. Uma besta. E o náilon estava espalhado pela sala, ligado à porta.

– Não! – teve tempo de gritar, tentando escapar, mas o corredor era estreito demais para que tentasse qualquer coisa.

Ele ouviu o som de uma flecha sendo disparada. O baque o jogou no chão, sem saber o que aconteceu. Ele não sentia dor, nem viu o sangue. Só percebeu que tinha sido atingido quando tentou respirar e não conseguiu. Em pânico levou as mãos à garganta e constatou que ela estava empapada em sangue. Suas mãos escorregavam com o líquidos viscoso, mas ele não demorou à encontrar o projétil entalado na garganta.

Era impossível respirar e o sangue escapou-lhe pela boca. Sentia o próprio sangue entalado na garganta, preso, tentando desesperadamente sair. Ele voltava de onde viera e saia pela boca, em uma espécie de vômito vermelho. Glalcon ouviu os passos de Emma e Roberto, dois dos agentes de sua equipe. Eles corriam em sua direção, mas era inútil, estava acabado.

Ele pensou em tudo o que havia feito. Pensou nos amigos e na família. Pensou no Caso. Sua vida valera à pena. Estava feliz. Algo dentro de si estava em paz, sua voz interior dizia que tudo ficaria bem.

Quando Emma se abaixou ao lado de Glalcon, ele já estava quase fora de si. Ela gritava e chorava, mas ele não ouvia. Era uma moça sensível, mas ótima policial. Glalcon tentou sorrir, não conseguia falar, mas seu pensamento era forte:

“Vocês conseguem”


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Notas finais do capítulo

Ainda não acabou, ainda tem mais um pouco de sangue =w= Bem, graças à boa e velha música eu consegui escrever esse capítulo que estava custando à sair. E bem, já decidi como a próxima parte vai ficar então... Talvez no próximo fim de semana já esteja pronta... Quem sabe?



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