POV - Ronald

Depois do beijo que dei em Hermione, ela saiu correndo pelo corredor e eu fiquei na sala, esperando todos voltarem.

Não falei nada sobre o beijo com ninguém, queria guardar aquele momento só para mim, nem que por pouco tempo.

Depois de algum tempo os meninos decidiram ir embora, me despedi de minha irmã, de Cho e Luna e desci com os meninos. Fomos andando pela rua, que já estava escura, os meninos na frente conversando e eu atrás. Não cansava de repassar a cena de meu beijo com Hermione na minha mente, de novo e de novo. Eu acho que nunca havia beijado ninguém com tanta delicadeza, doçura... com tanto amor. Não foi um beijo, digamos, selvagem, como eu costumava fazer com todas as outras. Foi diferente, especial, como se fosse meu primeiro beijo.

– Não é, Ronald? - Alguém interrompeu meu falatório interno

– An, oi?

– Tá no mundo da lua? E que cara de felicidade é essa?

Só então percebi que estava sorrindo de orelha a orelha

– Ah, nada. Ei gente, a lua não está bonita hoje? - apontei para a lua cheia que brilhava no céu

– Qual o seu problema, cara? - Harry perguntou

– Nenhum, eu não posso mais apreciar as coisas? Deixe-me apreciar você, Harry. Você está tão lindo hoje - corri até meu amigo e dei-lhe um beijo na bochecha

– Sai Ronald, eu gosto de mulher - ele riu, me empurrando

– Pra quê essa felicidade toda? - Neville perguntou

– Nossa, por que tanta implicação com minha felicidade? Vocês querem me ver triste?

– Não, é só que você está animadinho demais - Draco falou

– Ah, vamos gente! Se animem também!

– Dá pra você falar mais baixo? - Harry reclamou

– FALAR MAIS BAIXO? ASSIM ESTÁ BOM? - Gritei, de propósito

– Você é um idiota

– SIM, EU SOU UM IDIOTA. SER IDIOTA É MUITO BOM. VAMOS GENTE, VAMOS CANTAR, VAMOS DANÇAR PARA A LUA. ELA ESTÁ LÁ EM CIMA, LINDA, NOS OBSERVANDO. VAMOS GENTE! - Puxei meus amigos

– Sai, Ronald. Você bebeu alguma coisa enquanto não estava com a gente? - Neville perguntou

– NÃO! - gritei ainda mais alto. Fui correndo e dançando pela rua, não fazia a mínima ideia do que estava fazendo. Uma mulher passeava com suas duas filhas gêmeas, de no máximo uns 7 anos, as meninas riam do meu show.

Fui correndo em direção a elas, puxei as duas crianças pelas mãos e comecei a pular

– VAMOS, PULEM COMIGO! - gritei

As menininhas começaram a rir e a pular, enquanto a mãe me encarava como se eu fosse algum maluco.

– VAMOS, PULEM MAIS ALTO!

E elas me obedeceram, quase chorando de rir.

– Moça, me perdoe, eu não sei o que está acontecendo com meu amigo. - Harry disse para a mãe das meninas, me puxando pelo braço

– ME DEIXE PULAR, HARRY

– Não Ronald, você já pulou demais.

A mãe das meninas as puxou rapidamente e saiu andando, mesmo que as crianças reclamassem pedindo pra voltar.

– Qual o seu problema?!?! - Draco veio até eu e Harry

– É, não sei o que está acontecendo com ele... - Harry disse

– Não. Estou falando com você, Harry. Qual o seu problema? Eu estava me divertindo horrores assistindo o Tio Rony e suas amiguinhas. - Draco riu

– É, estraga-prazeres, Ronald brincando com crianças não é algo que veremos todo dia. - Neville veio rindo

– Até parece que eu ia deixá-lo com aquelas crianças, Deus sabe o que ele ia fazer.

– Calma Harry, eu não sou nenhum estuprador ok? Você também não sabe aproveitar o lado bom da vida. Sorria! - estiquei a boca dele, formando um sorriso

– Tira as mãos da minha cara. - ele me afastou - Você está bêbado, não há outra explicação

– Eu já disse que não bebi. Quer saber, vamos voltar pra casa logo ok? Harry está enchendo minha paciência.

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Neville trancou a porta do loft assim que entramos, me joguei no sofá e comecei a cantarolar uma música.

– Olha, ainda não tirou o sorriso do rosto. - Draco apontou pra mim - Anda, fala logo o que aconteceu pra você estar tão felizinho

– Nada, gente. Eu não posso estar feliz?

– Assim? De uma hora pra outra? - Neville se sentou no braço do sofá

– Ah gente, vocês são chatos - reclamei

– Não, mas é sério, o que deixou você tão feliz assim? Primeiro você começa a dizer que a lua é linda, depois começa a dançar e correr na rua, depois começa e gritar e por último agarra duas crianças do nada e começa a pular com elas. Você, Ronald Weasley, o cara que odeia crianças. Eu confesso que fiquei muito assustado. - Harry falou

Suspirei

– Vocês são insuportáveis, então vou contar o que aconteceu porque sei que não vão me deixar em paz.

– Então conta logo!

– Eu e a Hermione... nos beijamos

– O QUÊ? - Meus amigos gritaram em uníssono

– Isso mesmo

– Espera, você a agarrou a força né? A única explicação possível pra vocês se beijarem - Neville falou

– Eu não a agarrei a força, mas eu que tomei a atitude.

– Traduzindo, você a agarrou a força. - Draco disse

– Já disse que não! E olha, ela até retribuiu.

– Bem, então parece que você conseguiu o que queria. Se ela retribuiu é porque finalmente caiu ao seus pés. - o loiro falou

– É, agora você vai ficar com ela por um tempo, usá-la e depois jogar fora. Como fez com todas as outras. - Neville falou, com um ar de tristeza

– É uma pena, ela parece ser uma garota legal apesar de ter ficado toda emburrada hoje - Harry disse

– Ei, calma gente. Eu não vou fazer nada disso com ela. Sei lá, ela é diferente. Eu não me sinto capaz de magoá-la como fiz com as outras - me sentei, tentando mostrar que falava sério

– Aham - Draco falou com tom irônico

– É verdade. É estranho dizer, mas... ah, deixa pra lá

– Não, agora fala - Neville pediu

– Não, vocês vão rir de mim

– Não vamos não, fala logo - Harry falou

Hesitei, e então disse:

– Eu estou apaixonado por ela

Meus amigos me encararam por alguns segundos e então começaram a rir feito loucos

– Eu sabia - sussurrei, enquanto eles gargalhavam alto

– Você... apaixonado? Conta outra... fala... sério... você não se... apaixona por... ninguém - Draco falava em pausas, tentando parar de rir

– Eu estou falando sério, vocês são uns otários

– Ai Ronald, próxima piada

– É, eu acho que tenho que arrumar amigos melhores - me levantei, com raiva. Saí andando a passos firmes até meu quarto, onde bati a porta com força.

Me joguei na cama e fiquei escutando os risos cessarem aos poucos. Então eles começaram a conversar, não conseguia entender o que diziam mais ouvia suas vozes. Enquanto eu tentava apurar minha audição eles entraram em meu quarto.

– O que querem? - perguntei, ríspido

– Cara, você estava mesmo falando sério? - Draco perguntou

– Estava, será que é difícil vocês entenderem?

– Na verdade, é. Nós te conhecemos há anos, quando é que iríamos acreditar que você está apaixonado? - Neville falou

– É, eu entendo... deve ser difícil levando em conta meu passado. - me acalmei - Mas é verdade, eu realmente estou apaixonado por Hermione. E é isso que é estranho, eu me apaixonei pela única garota que me rejeita. Isso é meio inaceitável.

– Olha, - Harry se sentou ao meu lado na cama - você não acha que Hermione entrou na sua vida justo pra te fazer ter essa reflexão?

– Que reflexão?

– Cara, ela é a única garota que te rejeita. Na faculdade, pra qualquer lado que você olhe as garotas estão babando por você. E você se aproveita de todas elas. Mas você nunca realmente reparou em nenhuma delas, porque todas são iguais. Todas só estão interessadas em seu dinheiro e aparência, nenhuma delas está interessado em quem você é de verdade. E a única que realmente olhou pra você foi Hermione. Tudo bem que ela te despreza, e que tudo o que ela vê em você é futilidade. Mas você tem a chance de provar pra ela que você não é só isso. Só cabe a você.

Fiquei por alguns minutos pensando no que Harry havia me falado, enquanto meus amigos me encaravam.

– Obrigado, cara - dei tapinhas no ombro de Harry

– Por nada. Acho que você tem muito pra pensar essa noite, vou deixar você sozinho. - Harry se levantou e saiu do meu quarto, os meninos fizeram o mesmo.

E realmente, eu tinha muito para pensar. O que eu faria com Hermione?

Eu tinha certeza de que ela sentia algo por mim, eu percebi durante o beijo que ela estava tão entregue quanto eu àquele momento. Mas também sabia que ela não cederia tão fácil. Eu não podia simplesmente chegar e estalar os dedos, ela não viria correndo pra mim como qualquer outra faria. Eu sabia que teria que fazer muita coisa para conquistá-la. A pergunta era: O quê? O que é que deixaria Hermione confiar em mim a ponto de querer namorar comigo?