Never Let Me Go escrita por Line Martins


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com os comentários do último capítulo ♥ ♥ Não tenho o que dizer aqui, só que ta sendo muito legal ter tempo pra postar capítulo novo todo dia fjkdsljdlg
Boa leitura ♥



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POV - Gina

Depois que as meninas me ligaram confirmando que eu poderia fazer minha mudança no sábado, fui correndo falar com minha mãe. Saí do meu quarto e desci correndo até a enorme sala de estar da casa, onde minha mãe tranquilamente lia um livro e bebia seu chá de camomila diário.

– Mãezinha... - cantarolei e parei em frente a poltrona em que ela estava

– Oi meu amor. - ela disse, fechando o livro e colocando a xícara com o chá na mesinha ao lado da poltrona - Que sorriso de orelha a orelha é esse?

– Hermione e Luna acabaram de ligar. Elas disseram que no sábado de manhã os técnicos da loja de móveis vão montar o guarda-roupa e a cama que eu comprei. E depois disso eu já poderei me mudar.

– Ah, meu anjinho, que bom! - ela se levantou e me deu um abraço - Você sabe que você está levando uma parte do meu coração com você, não sabe?

– Ah, mamãe, eu vou ficar bem. Eu estou muito animada para me mudar. É a primeira vez que eu sinto que realmente pertenço à um lugar. A primeira vez que sinto que estou ao redor de pessoas que gostam de mim de verdade.

– Como assim? Você não acha que eu gosto de você de verdade? - mamãe ficou séria

– Não, mãe, não foi isso que eu quis dizer. Eu sei que sou amada nessa casa. A questão é que eu nunca tive amigos que realmente gostassem de mim, todos sempre se importavam mais com minhas origens que comigo mesma. Queriam ser meus amigos por que eu sou filha de Arthur Weasley. Mas dessa vez, eu sinto que Luna, Cho e Hermione realmente gostam de mim por quem eu sou, gostam de mim como Gina. Só Gina, sem o Weasley.

– Ah meu amor, eu fico feliz que se sinta assim - mamãe começou a chorar

– Não mãe, não chora - enxuguei os olhos dela

– É que agora eu ficarei sem Ronald e sem você também. Não terei mais nenhum filho sobre minhas asas, vocês todos voaram para longe de mim.

– Calma mãe - a abracei

Papoula entrou na sala, então

– Desculpem interromper. Mas é que vi sua mãe chorando e...

– Venha cá - a chamei - me dê um abraço

Papoula veio em minha direção e me envolveu com seus braços amáveis.

– Você já está preparando sua mudança, não é? - ela perguntou

– Sim. Eu irei no sábado.

– Perdemos Rony e agora você. Vocês dois eram a alegria dessa casa. - e então a governanta também se pôs a chorar

– Gente, calma, não precisa disso tudo. Eu virei sempre ver vocês. Vocês continuarão sendo as pessoas mais especiais da minha vida. E eu só vou no sábado, ainda tenho dois dias com vocês - as abracei ao mesmo tempo

– Acho melhor guardarmos as lágrimas para sábado, então - mamãe disse, e todas nós rimos

– O que está acontecendo aqui? - a voz firme surgiu atrás de nós e nos separamos rapidamente - Que tanto choro é esse? - meu pai falou ao perceber as lágrimas nos olhos de Papoula e minha mãe

– E-eu vou partir no sábado - expliquei, gaguejando

– Partir pra onde?

– Eu vou me mudar, esqueceu?

– Ah sim, é verdade. Eu esqueci dessa sua nova loucura. - ele me encarou por um segundo com uma expressão de desdém, e então se voltou para as escadas

– Ignore-o. - mamãe falou - Vamos esquecer isso. Que tal começarmos a arrumar suas malas?

– Tudo bem - eu disse, tirando a imagem do meu pai da minha mente - Vocês me ajudam?

– Claro - mamãe disse

– Ah Gina, você comentou que queria doar algumas de suas roupas, certo? Separei umas caixas pra você colocar as roupas que vão para doação. - Papoula disse - Vocês duas vão subindo enquanto eu pego as caixas

– Ok

Eu e mamãe fomos ao meu quarto e esperamos Papoula chegar com várias caixas.

– Olhe, vamos fazer o seguinte. A gente pega as roupas do closet e vamos colocando tudo em cima da minha cama, quando a cama estiver cheia eu separo o que eu quero e o que eu vou doar. Coloco o que eu vou doar nas caixas e o que eu quero nós arrumamos nas malas. - sugeri

Elas concordaram, e colocamos a mão na massa.

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– Ufa, acabou! - Papoula suspirou aliviada

– É, eu nem lembrava que eu tinha tanta roupa - fechei o zíper da última mala e me joguei em cima da cama

– Filha, você colocou mais roupas nas caixas de doação do que nas malas. Tem certeza disso? - mamãe perguntou

– Tenho sim. Eu não preciso de tanta roupa assim.

Acabou que eu só usei duas malas grandes para levar as roupas, duas caixas para levar sapatos, e uma mala para levar outros objetos, como: livros, meu notebook, minha câmera, porta-retratos, minhas maletas de maquiagem, joias e materiais para a faculdade.

– Olha mãe, eu estive pensando em ir sábado pela manhã para o loft do Ron, e ficar lá até os técnicos terminarem de montar tudo no apartamento.

– Tudo bem, eu peço para um dos motoristas te levar. Ligue pro seu irmão e avise.

– Ok - peguei o telefone em formato de scarpin rosa do meu quarto e disquei o número do loft

– Alô? - algum dos amigos de Rony atendeu

– Oi, boa noite, é a Gina, a irmã do Rony

– Ah, oi Gina. É o Neville, como vai?

Lembrei dele, então, eu já o havia conhecido. Ele era amigo de Rony e namorado de Luna.

– Oi, eu vou bem e você?

– Eu estou ótimo. Você quer falar com o Rony?

– Sim, por favor

– Só um instante - ele disse, e gritou - RONY, TELEFONE PRA VOCÊ

Ouvi passos apressados e depois meu irmão atendeu

– Alô

– Oi Ron, é a Gina

– Gina, ah, que bom que você me ligou. Eu estava mesmo querendo me desculpar por ontem à noite.

– Maninho, relaxa, eu sei que você ta arrependido. E eu te perdoo. Mas não é sobre isso que quero falar. Sábado eu posso ir pro seu loft antes de me mudar?

– Claro que sim. Você vai se mudar no sábado?

– Vou. Eu queria levar todas as minhas coisas praí, e depois que os móveis fossem montados no apartamento, eu levaria tudo de vez para lá.

– Ok, ficarei te esperando.

– Obrigada.

– Por nada

– Tenho que ir, tchau maninho

– Tchau maninha

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No sábado de manhã, Gina acordou animada para finalmente sair da casa dos pais. No café da manhã, sua mãe havia mandado ser preparado um banquete de despedida para sua filha. A mesa estava repleta de pães, bolos, sucos, biscoitos, geleias, etc. Depois se despediu de sua mãe e de Papoula em um momento de muitas lágrimas.

Mesmo com todos os conflitos, Gina queria se despedir de seu pai, então ficou esperando que ele voltasse para que ela pudesse partir. Arthur teve que fazer uma viagem rápida à negócios na sexta e voltaria pela manhã.

Gina já estava impaciente quando seu pai finalmente chegou em casa.

– Pai - ela correu até ele

– O que é? - ele respondeu, ríspido

– Eu estou indo embora - ela disse com um olhar suplicante, esperando pelo menos um abraço do pai

– Eu vou tomar um banho, você vai ficar aqui me esperando. Temos que conversar - ele disse, e subiu as escadas

Gina deu um suspiro triste e foi avisar ao motorista para esperá-la por mais alguns minutos. Ela foi até a cozinha e se sentou, ficou conversando com as cozinheiras enquanto seu pai não aparecia.

Esperou algum tempo quando ouviu seu pai a chamando da sala de jantar

– Oi, estou aqui - ela disse, ao encontrá-lo

– Que diabos estava fazendo na cozinha?

– Te esperando. Eu estava conversando com as cozinheiras.

– Conversando com as cozinheiras? Qual o problema com você? - ele olhou a filha de cima abaixo, como se procurasse por algum defeito

– Nenhum. Elas são gentes como a gente. Você também conversa com Papoula. - ela argumentou

– Isso é completamente diferente. Papoula é nossa governanta, nossa amiga, trabalha para mim desde muito antes de você nascer, antes de eu ganhar tudo isso. - ele fez menção à casa - Não há sentido algum em você resolver passar seu tempo conversando com serviçais.

– Olha pai, eu não vou ter essa conversa com você. O senhor sabe muito bem que meus princípios são diferentes dos seus e eu não quero discutir. Só quero me despedir.

– Tanto faz. Olhe, agora que você vai morar no subúrbio, eu...

– Não é um subúrbio pai - Gina suspirou, cansada de tentar convencê-lo

– Pra mim é. Continuando, agora que você vai morar naquele lixo de prédio, sem nenhum policiamento, eu vou contratar um segurança particular pra você.

– Um o quê?

– Segurança particular. Você está surda?

– Não. Pai, por Deus, eu não preciso de um segurança particular!

– Eu não vou deixar você morar junto com os pobres sem nenhuma proteção.

– Eu não estou morando junto com os pobres. Aqueles prédios são de classe média. E mesmo que eu estivesse junto aos pobres, não é por que as pessoas não tem dinheiro que não tem caráter.

– Não estou falando de caráter, estou falando de fatos. Quem não tem dinheiro, rouba.

– Nem todo mundo é assim

– Cale essa boca! - ele berrou - Você só tem 18 anos, não sabe nada sobre a vida. Nenhum pobre presta, mas você não entende isso. Acho que só vai entender quando algo de ruim acontecer com você. Então vá morar com aquela gentinha! Eu não me importo. Quando você for assaltada, sequestrada, estuprada, ou sabe-se lá o que mais... não venha pedir consolo!

– Pai, nada disso vai acontecer comigo.

– Não vai mesmo, porque eu vou contratar um segurança pra você. Você não vai andar por aquele lugar sem proteção.

– Não, eu me recuso! Não quero nenhum segurança, eu sei que não preciso. O lugar é seguro, não há perigo.

– Você é uma menina tola, não entende nada da vida. Quer morar em um lugar onde pode levar um tiro a qualquer momento, sonha em ter uma profissão que não dá dinheiro algum e acha que vai conseguir viver disso... Eu não entendo aonde eu errei. Eu sempre te dei tudo, você é filha de Arthur Weasley, um dos empresários mais sucedidos da Inglaterra - ele disse, com um orgulho exagerado - e prefere trocar a mansão que eu construí com tanto trabalho por um apartamentozinho xexelento

Gina tentou se controlar, mas ao ouvir os comentários do pai, sua raiva só aumentava. Até que ela explodiu.

– QUER SABER? EU NÃO ME IMPORTO DE TROCAR A MANSÃO EM QUE EU VIVO POR UM APARTAMENTOZINHO XEXELENTO, COMO VOCÊ DISSE. E EU TAMBÉM NÃO SEI ONDE VOCÊ ERROU, PAI, MAS EU NÃO SOU COMO VOCÊ! E EU AGRADEÇO TODOS OS DIAS POR NÃO TER DEIXADO O DINHEIRO ME SUBIR À CABEÇA. EU AGRADEÇO TODOS OS DIAS POR NÃO TER ME TORNADO ALGUÉM COMO VOCÊ. QUE MAL PASSA TEMPO COM A FAMÍLIA, CHEGA EM CASA DO TRABALHO E NÃO DÁ UM SIMPLES BOA NOITE À ESPOSA, QUE NÃO DÁ CARINHO AOS FILHOS E SÓ SE IMPORTA COM O TRABALHO, COM O DINHEIRO. EU NÃO QUERO SER COMO VOCÊ, POR QUE EU QUERO SER FELIZ! EU QUERO FAZER O QUE EU GOSTO, EU QUERO TER AMIGOS QUE ME AMEM POR QUEM EU SOU E NÃO PELO MEU SOBRENOME. E EU NÃO QUERO SEU SEGURANÇA, EU NÃO PRECISO. NÃO QUERO NADA QUE VENHA DE VOCÊ, MUITO MENOS SEU DINHEIRO. NÃO PRECISA MAIS ME DAR A MESADA QUE VOCÊ SEMPRE ME DAVA, EU VOU TRABALHAR E GANHAR MEU PRÓPRIO DINHEIRO. E OUTRA COISA, VOCÊ DIZ QUE GENTE POBRE NÃO PRESTA, MAS ELES PRESTAM SIM. NA VERDADE, VOCÊ NÃO CHEGA AOS PÉS DE MUITOS DELES. VOCÊ DIZ QUE SE EU ME MUDAR VOU ESTAR SUJEITA A LEVAR UM TIRO, POR QUE PRA VOCÊ QUANDO AS PESSOAS NÃO SÃO RICAS ELAS SÃO CRIMINOSAS. MAS EU PREFERIA MIL VEZES LEVAR UM TIRO NA CABEÇA HOJE A VIVER MAIS UM DIA DESSA MORTE! - Gina encarou por alguns segundos o homem perplexo parado em sua frente. E então saiu porta afora em direção ao carro que a esperava.

– Pronta para ir? - o motorista perguntou quando ela entrou no carro

– Estou. Minhas malas já estão no porta-malas? - ela perguntou

– Estão sim.

– Então vamos logo, não quero passar mais nenhum minuto aqui.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? A Gina finalmente enfrentou o pai né? hahaha
Amanhã posto o próximo, com Gina finalmente se mudando