A Verdadeira Hermione escrita por Giulia Lopes


Capítulo 5
House of pain


Notas iniciais do capítulo

house of pain - faster pussycat
Leiam as notas finais!!!



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   Se travesseiros pudessem contar histórias não precisaríamos de escritores. Teríamos um estoque inesgotável de histórias. Relatos de amizades fortalecidas, momentos de paixão, risadas, choros, noites passadas em claro, em angústia, em prantos.

   O travesseiro de Hermione teria muitas histórias, a maioria recheada de lágrimas e soluços, escondidos por meio de um abaffiato. A menina estava apavorada, como uma roedora em um covil de cobras. Ela não sabia direito o que fazer. Temia pela vida de sua mãe ao mesmo tempo que tentava entender como alguém que fizera tanta maldade na vida poderia ter um coração bom. Hermione pensou em como somos influenciados pelas pessoas ao nosso redor, em como nos deixamos levar pelas circunstâncias, em como uma única maçã podre pode contaminar um cesto inteiro. Pensou também em como nenhuma maçã é inteiramente podre, como por baixo das manchas e da casca grossa pode existir um fruto doce, machucado, mas doce.

   Outro soluço escapou por entre seus lábios e ela agradeceu pelo feitiço de silêncio. Hermione não saberia como agir se as outras sonserinas ouvissem seu choro. Por baixo de tanto verde seu coração ainda batia vermelho, grifinório. Mas para que serviu a lealdade grifinória quando ela mais precisou? O que fizeram seus antigos companheiros de casa além de ofendê-la e julgá-la? A marcaram como traidora sem ouvir sua história. A expulsaram de suas vidas sem pensar duas vezes. A lealdade grifinória realmente valia alguma coisa?

   Os sonserinos por outro lado tinham a acolhido, do modo deles é claro, mas tinham. Verdade que a única razão de não ter recebido um Crucio fora o fato que na verdade seu sangue era ouro e sua mãe uma das mais fiéis seguidoras de Você-sabe-quem. Isso já era mais que os grifinórios haviam feito, mas seu estômago se embrulhava só de pensar nas pessoas que a humilharam por anos. Como poderia ela ser amiga de Draco Malfoy se esse era o menino que a ridicularizava por causa de seu sangue? Como poderia ela ser amiga de Pansy Parkinson se  essa era a menina que conseguia fazer com que ela se sentisse menos que nada com um simples olhar? Como poderia ela ser amiga de Blásio Zabini se esse era o menino que nunca censurava os outros dois e ria de suas maldades?

#####

—Muito bem - disse o professor Slughorn animado - já passamos dos conhecimentos básicos e acho que está na hora de vocês tentarem algo um pouco mais avançado. A pessoa sentada ao lado de vocês será sua dupla neste projeto. Ele vai ser composto de duas etapas, sendo que a primeira…

A fala do professor fora interrompida por Blásio Zabini entrando afobado na sala de aula. Suas vestes estavam amassadas e seu rosto inchado entregava que ele havia dormido demais.

—Muito bem, senhor Zabini. Por causa da sua soneca vou ter que retirar 15 pontos da Sonserina - disse o professor sob protestos de vários alunos - sente-se ao lado da senhorita Gra… Black!

Hermione queria se encolher. Ela não gostava e nem estava com paciência para as tentativas de “aproximação amigável” dos sonserinos. Para sua sorte Zabini permaneceu quieto o resto da aula. Talvez fosse por vergonha, afinal ele havia feito sua cada perder pontos, ou talvez fosse por sono mesmo.

—Muito bem. Onde eu estava? Ah sim. A primeira parte vai ser um trabalho escrito, enquanto para a segunda parte vocês vai ter que fazer a poção. Ao término da aula farei o sorteio e vocês saberão o tema do seu trabalho.

A menina passou o resto da aula prestando atenção e ignorando o sonserino ao seu lado. Não que fosse alguma tarefa difícil. Ela realmente gostava da aula de Slughorn, apesar de duas excentricidades ele era um excelente mestre. Quanto a Zabini não haveria dificuldade em ignorar alguém que passara mais tempo com João Pestana do que acordado.

No fim da aula, quando o último papelzinho enfeitiçado tocou a mesa de Slughorn, Hermione se sentiu ofendida. Ela nunca aceitou quando as pessoas diziam que ela era a bruxa mais inteligente de sua época ou consideravam-na algo como um gênio, mas a menina sabia que sua inteligência estava acima da média. Agora desperdiça-la com uma poçãozinha como aquela? Com uma simples e boba poção do amor. Isso a ofendeu profundamente.

—Então ficamos com a amortentia - disse Zabini - legal.

— Legal? Amortentia é uma poção de menininha. De pessoas desesperadas que não sabem lidar com seus próprios problemas e acham que o amor falso de alguma outra pessoa irá salvá-las.

— Uau Black. Se você continuar desse jeito…

— Desse jeito como Zabini?

—Perdendo totalmente a razão. Entendo que você tenha raiva de Pansy e de Draco. Agora me atacar sendo que eu não fiz nada. Isso é muito baixo, até mesmo para um sonserino. Talvez seja apenas sua parte grifinória falando - disse e o menino foi embora.

Hermione ficou envergonhada. Se havia algo que ela aprendera com seus antigos pais fora que a raiva é um veneno que bebemos esperando que o outro morra. Ela riu ao lembrar da briga que seu pai tivera com um vizinho por causa de um gramado e como tudo acabou com as duas casas pintadas com cores duvidosas e cheirando a peixe morto. Ela precisava pedir desculpas.

Ela precisou engolir todo seu orgulho quando encontrou Zabini mais tarde naquele dia. O sorriso sem graça de Draco e o olhar curioso de Pansy tornaram a tarefa quase que impossível. Por sua sorte os dois se distanciaram.

—Eu só queria… Er… Pedir…

— Não precisa - ele disse cortando ela - eu também estava errado. Disse que nunca fiz nada com você, o que é verdade, mas também nunca fiz nada para te defender. Nem mesmo quando percebi que as acusações e ofensas haviam passado da ideologia e chegado ao lado pessoal. Se tem alguém que precisa pedir desculpas sou eu, Black.

—Hermione - ela disse antes que mudasse de ideia - pode me chamar de Hermione.


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Notas finais do capítulo

Então. Esse capítulo foi um pouco mais parado, mas bem necessário para a história. Primeiro que vemos um pouco mais dentro da mente da Mione. Conseguimos olhar além de toda a pose Black e enxergar suas inseguranças e medos. Segundo que é nesse capítulo que ela consegue dar alguns passos em direção ao perdão dos sonserinos. Enfiiiim, tenho só duas coisinhas pra esclarecer pro cês.
1) JOÃO PESTANA - é um personagem da mitologia portuguesa, um equivalente ao Sandman americano. Ele chega no escuro, no silêncio, quando estávamos fechando os olhos (pestanas).
2) A RAIVA É UM VENENO QUE BEBEMOS ESPERANDO QUE OS OUTROS MORRAM - essa frase na verdade é do William Shakespeare



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