Crônicas De Whitörn escrita por maisutoGUN


Capítulo 12
Amaranthos


Notas iniciais do capítulo

Mais um POV! o/



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Estava escuro naquela noite dentro da Floresta de Amaranthos, mas Aldruk não se preocupava muito com isso desde que estivesse protegido por sua irmã mais velha, a Druida da Floresta de Amaranthos, Tessala. Ela observava em cima de seu urso cinzento, que devia ter mais de dois metros. O nome do urso era Raju e não era à toa. Aquele urso tinha uma cara de bobão, mas era bem ágil quando era pra estraçalhar sua presa. Em cima de Raju, Tessala parecia muito imponente. Seus olhos verdes, com duas linhas laranjas em cada íris cruzando-se em formato de xis, símbolo de que era uma druida, a deixavam ainda mais aterrorizante para as criaturas que não fossem daquela floresta. Aldruk não se importava com isso, ele amava sua irmã e sorriu de volta quando percebeu que seus lábios se levantavam em sua direção. Ela era realmente bonita, com sua pele alva e seus cabelos vermelhos trançados, iguais aos de Aldruk. Sua roupas condiziam com as de um druida. Uma túnica branca, bem justa, para dar espaço ao arco longo que trazia nas costas e para poder manejar melhor o bastão de olmo que sempre trazia em sua mão. Por cima da túnica ela vestia um casaco de couro de um anial que um dia Raju levou à ela, mas que realmente não sabiam do que era. Mas era uma bela pele branca, e segundo Tessala, combinava com sua vestimenta de druida, então ela adotou o casaco como parte de seu uniforme druida. Sua vestimenta não tinha enfeites além do talismã de madeira que Amaranthos escupiu para ela. Era assim que Amaranthos, Golem-Totem protetor da floresta que leva seu nome, era. Poderia parecer assustador para uma pessoa que estivesse perdida na floresta e não conhecessem as estórias, mas apesar de sua aparência de pedra com feições taurinas e ser maior que Raju, Aldruk também não tinha medo dele.

Amaranthos estava ao lado de Tessala e seu rosto estava impassível, como na maioria do tempo. Apesar de seu rosto ser de pedra cinzenta, de vez em quando o protetor da floresta esboçava alguma reação. Era difícil de acontecer? De fato, mas acontecia. Mas aquele não era o momento.

– Vamos, Aldruk! Você deve se concentrar para obter seu objetivo!

– Sim, Mestre Amaranthos. - Aldruk não precisaria chamar Amaranthos de mestre, apenas Tessala tinha a obrigação por ser a druida da floresta e por ajudar Amaranthos a proteger as criaturas da floresta do mau. Porém Amaranthos ensinou muito do combate com arco e flecha à Aldruk. o Golem-Totem até tinha lhe esculpido um arco que ia da altura da sua cabeça até sua cintura com um tronco de freixo, e da mesma árvore lhe fez um punhal com o simbolo da floresta esculpido no cabo. Era um símbolo com três pontas que se enrolavam dentro de si mesmas parecendo três redemoinhos que Amaranthos chamava de Triskelion. Aldruk achava bonito e não perguntaria muito mais, pois tinha certeza que Amaranthos iria lhe dizer se achasse relevante.

Aquele não era momento pra pensar em mais nada, só tinha que mirar com seu arco de freixo nos alvos à sua frente que Amaranthos criara e acertar o centro deles. Já vinha tendo esse treino por bastante tempo. Bastante mesmo. Desde que chegou na floresta com sua irmã para ser mais exato. Ele tinha doze anos agora, sua irmão dezessete anos, e já vinha tendo esse treinamento há mais de 5 anos. Enquanto mirava e atirava sua flechas envenenadas com acônito nos alvos se lembrava de seu primeiro arco, que era de pinheiro e quebrou ao meio numa tempestade que quase devastou o Templo de Henge, que foi onde os dois irmãos encontraram Amaranthos o fitando com aqueles olhos enormes.

Era engraçado como os golem-totem não falavam plural. Assim que chegaram na construção de pedra que estava no coração da floresta, correram para dentro dela e viram a criatura gigante fitando-os e disse: "Abrigue-se da chuva criança, e tome cuidado para não ficar resfriado." Naquele momento os irmãos não entenderam por que ele falava como se existisse só um deles, mas depois do hábito veio o entendimento. Nenhum Golem-Totem falava plural e todos, segundo Amaranthos, tinham o nome terminado em esse.

Nesse tempo que Tessala e Aldruk estavam na floresta, o gigante de pedra lhes ensinou diversos tipos de coisa. Como aguçar seus sentidos para sentir uma presa ou um predador na floresta, lhe ensinou que cada floresta ou bosque que tivesse um rio em todo mundo e fosse grande o bastante para ter criaturas malévolas, tinha um golem-totem para a proteger. Os golems-totens eram criaturas criada pelos deuses gêmeos da natureza, Gothart da fauna e Dowoth da flora, para proteger as florestas e bosques principalmente de Lichs. Apenas a essência de Amaranthos era o bastante para criar uma barreira na floresta e incapacitar qualquer criatura de um Lich, ou mesmo o próprio Lich de entrar ali. Ensinou que os Templos de Henge foram criados em conjuntos entre os golems-totens e os deuses da natureza para que repousassem quando não fossem necessários. Cada uma era difente da outra, pois mudava de acordo com as propriedades das plantas e árvores das florestas e bosques onde se encontravam. Na Floresta de Amaranthos, o Templo era cercado por erva daninhas e acônitos e belladonnas e uma sorte de plantas venenosas, pois elas estavam em toda a parte na floresta. Era claro que Amaranthos era imune a qualquer que fosse o veneno, ele era um ser imortal que perduraria quando todas as guerras dos humanos os levassem em caminho a destruição de sua própria espécie.

Mas Tessala e Aldruk eram simples humanos e com o tempo e com o aprendizado se tornaram peritos em identificar essas plantas venenosas na floresta e foram poucas as vezes que se queimaram e mais rara as vezes que tiveram algum problema sério por causa da vegetação da floresta.

Quando menos percebeu, Aldruk já havia terminado a sessão e o sorriso da sua irmã estava mais largo que antes. Aquilo acalentou o coração de Aldruk até virar o rosto um pouco à esquerda e ver Amaranthos e sua expressão impassível. Ao menos ele disse um "Muito bem! Vamos!". Já era um começo de qualquer forma.

– Vamos voltar para o Templo, criança. - Amaranthos se referia aos dois ao mesmo tempo. - Hoje é o dia da primeira caçada. E para isso você vai precisar um do outro. Pressinto uma criatura poderosa, daquela que não podem entrar nessa floresta e uma criatura da qual nunca tinha sentido o cheiro antes. Vamos caçá-la e acabar com ela. Não podemos deixar nada disso se aproximar demais e ter a chance de quebrar o feitiço da floresta e muito menos atacar a relíquia de Ferdgarst que tanto me ajudou no passado a afastar a besta-fera do céu. - Era assim que Amaranthos se referia aos dragões das planícies, banidos pelos homens para Murödan. - Vamos agora!

Assim que chegaram ao Templo de Henge se sentaram na mesa redonda que havia no centro do único cômodo que também comportavam 3 camas e nada mais, e assim que se sentaram Amaranthos encarou os jovens com aqueles grandes olhos de pedra.

– Não haverá tempo pra descanso, criança. - Ele olhou diretamente para Tessala como quem estava em dúvida de alguma coisa. - Tem que ir lá, mesmo?

Os olhos verde e laranja de Tessala se fecharam e uma voz gultural sussurou palavras que só Tessala conseguia compreender. Ela ficou dessa forma por minutos e quando abriu os olhos uma certeza absoluta se alastrou pela sala por causa de seu olhar. Bastou ela balançar a cabeça positivamente uma vez para Amaranthos se levantar, com seu cajado de pedra, que havia ficado no templo, ele não o usa se não for realmente necessário. - Qual foi a profecia, Druida?

Tessala respirou fundo e levantou a cabeça. Enquanto saiam do Templo, a druida gritou por Raju, que prontamente apareceu e ela subiu em seu dorso, fazendo com que o urso-cinzento ficasse sobre as quatro patas.

O mau se torna mau de novo

O novo se torna mau pelo toque do olho

O bem não triunfará sem vosso apoio

O arco e flecha e o urso poderoso

A magia da floresta obedecerá

As criaturas que pelo bem elas tratar

Não há mau que suporte as matas donde estás

Pelo olmo e pelo freixo todo o negro sucumbirá

O freixo ao fim tem de ir

Não deixará o rio de prata partir

Um escudo de seu tronco irá construir

Todos o mau que se aproxima deve punir

Assim que Tessala terminou de recitar a profecia eles já estavam correndo em disparada em direção ao socorro do bem. Aldruk havia pego sua flechas de acônito e estava carregado para a batalha, só faltava seu parceiro da floresta. Aldruk deu um assobio nem tão alto e um piado continuo, e de repente, entre as copas das árvores surgiu uma coruja pequena e de cor vermelho-esbranquiçado, que pousou nos ombros largos, dos treinamentos, de Aldruk.

– Bem vindo de volta a nossa companhia, Taus, meu caro amigo! - Tessala por cima dos ombros sorriu para a coruja e disse um "Bem vindo de volta Taus!", enquanto Amaranthos ensaiou um "Bem vindo, Taus!" e nada mais. A coruja mantinha seus olhos amarelados em Aldruk, como se ele fosse uma coisa muito curiosa, ou comida, temia Aldruk. - Pare de me encarar e nos acompanhe, Taus. Temos uma aventura grande, se as previsões da nossa druida estiverem corretas.

Todos seguiram para a borda da floresta de onde vinha toda aquela sensação de malevolência e pararam antes de sair da floresta de Amaranthos de fato.

– Taus, faça-nos o favor de investigar o que acontece, sim?

Taus obedeceu seu amigo humano, quase com um aceno de cabeça e saiu dos ombros de Aldruk e voou a sua frente bem silenciosamente e se perdeu entre os ultimos galhos da floresta.

Amaranthos se sentou em uma posição em que suas pernas se cruzavam de uma forma em que pareciam um xis. Aldruk achou bem legal e tentou imitar, sem sucesso. - Vamos esperar a coruja voltar para sabermos o que realmente está acontecendo!


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Notas finais do capítulo

PS1: Ursos cinzentos não são cinzentos -- http://goo.gl/OcXUqa
PS2: Raju significa feroz em finlandês. :)
PS3: Para entender o que é e porque eu escolhi o Triskelion -- http://goo.gl/eFDwTe
PS4K: Só ano que vem, tá muito caro!
PS5: Templo de Henge = Stonehenge com cobertura. xD
PS6: Existem vários tipos de dragões no Universo de Velynian, o que é normal pra geral, o Dragão Vermelho é o que eu chamo de dragões das planícies, só que ao invés de ser vermelho, ele é verde.
PS7: A Coruja pequena, que tem o nome cientifico de Asio otus é essa aqui. -- http://goo.gl/bX5Cco
PS8: Taus é silencioso em norueguês. :3
PS9: Oras, pesquisem vocês mesmo as plantas. São muitas! xD
PS10: Gostara? Especulações? :# Eu trouxe esse capitulo muito antes do que prometi, mas tive essa idéia do nada e achei melhor escrever! :3