Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, essa semana foi muito corrida!! Por isso hoje postarei dois capítulos :D



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    O dia 22 de setembro, além de ser o início do outono no hemisfério Norte, era também um dia especial de comemoração para os habitantes do pequenino reino de Llyoal. Isso porque a temporada de caça aos cervídeos e ursos era aberta e os homens de todo o reino saíam em expedições para acampar nas florestas locais e caçar alguns cervos ou ursos que, por azar ou sorte, cruzavam seus caminhos...

    Desde sempre Llyoal abria a temporada com uma grande festa na principal praça de Irvining, a capital do antigo reino de Llyoal, mas que após a separação tornou-se terras do Sul. 

Esse ano era a primeira festa de abertura de temporada que o novo reino teria e voltando às suas antigas tradições a festa seria dada em Irvining. 

    A presença da família real era mais do que essencial naquele grande evento pois era dever do rei dar o tiro que simbolizaria a abertura oficial da temporada de caça. Esse ano havia sido decidido que, como o novo reino ainda não tinha soberanos oficiais, Albert e Henry dariam o tiro juntos às dez horas da noite do dia 22.

    Antecedendo o tão esperado tiro havia algumas apresentações musicais no palco montado no centro da praça, além de recreação para as crianças e sorteios em uma das 200 barracas montadas ao longo da rua. Fora isso as mulheres de todo o reino ficavam responsáveis por cozinhar e trazer para a festa os pães e doces tipicamente llyonenses, que ninguém conseguia resistir.

    Como de costume uma parada daria início ao grande evento. Nela a banda dos soldados militares tocaria puxando alguns carros alegóricos que contavam a história que os llyonenses tinham com a caça, e por fim as famílias reais viriam em elegantes charretes vermelhas e brancas guiadas por cavalos.

    - Graças à Deus! - Henry exclamou aliviado ao levar as mãos para a cabeça. Victória encarava o filho desacretitando tamanho exagero vindo da parte dele. - Juro que por um segundo pensei que eu fosse ser obrigado à ir na mesma charrete que aquela lá! - O príncipe afirmou por fim.

    - "Aquela lá" é a sua futura esposa, Henry! - Victória tinha esperanças de que um dia o filho falaria de Carolina com respeito. - Além de que eu e os Lamont jamais colocaríamos vocês dois na mesma charrete, afinal a tradição diz que na mesma charrete só é permitido pessoas da mesma família, e vocês dois ainda não são da mesma família, certo?

    - Ainda bem! - O príncipe respondeu ao reclinar seu corpo no banco de couro da limusine preta que levava ele e sua mãe para o palácio de Humigshbarg , a residência oficial dos reis do antigo reino de Llyoal. Onde, depois do casamento, Henry e Carolina iriam morar.

    Victória encarou o filho com desgosto mas não disse nada. Queria evitar irritá-lo naquela noite onde qualquer mal entendido poderia acabar em um desastre... Ela apenas passou a observar a paisagem que corria através da janela. Seus olhos, já envelhecidos, relembravam aos poucos o trajeto até Irvining. Há anos que a rainha não visitava a cidade...

    Não demorou muito e grandes bandeiras carregando os brasões dos Lamont e dos Caldwell entraram no campo de visão de Henry e Victória. Em seguida pequenas bandeirinhas vermelhas e brancas começaram a aparecer atadas aos postes e por fim a multidão que já aguardava o início da parada também pode ser vista. Era incrível a quantidade de gente que já esperava sentada nos paralelepípedos das ruas ou no concreto das calçadas...

Victória sorriu emocionada, pois sabia que ali estava reunido o povo llyonense e não mais os nortistas e sulistas.

    O palácio de Humigshbarg era sem dúvidas o maior e mais imponente palácio de todo país. Sua arquitetura no estilo renascentista tirava o ar de quem o visse pela primeira vez e talvez até pela segunda ou pela terceira também. Seu terreno ocupava 30% de Irvining, podendo ser visto de qualquer ponto da cidade. A limusine preta dos Caldwell estacionou em frente ao portão principal do palácio, todo forrado à ouro e chumbo. Do lado de fora podia ser ouvido o povo gritando para saudar a rainha e o príncipe que chegavam. 

Assim que fora aberto o portão, o carro dos Caldwell seguiu o caminho até a gigantesca entrada do palácio, onde as elegantes charretes decoradas já esperavam para levar as famílias reais pela parada...

    No hall de entrada do Humigshbarg estava tendo uma pequena recepção com alguns aperitivos e sucos. Lá todos os membros da coroa que desfilariam aguardavam o início da parada enquanto comiam e conversavam.

    Os Lamont já estavam no palácio quando Henry e Victória chegaram. Os antigos primeiros ministros de Llyoal do Sul e do Norte também estavam presentes assim como alguns condes, condessas, duques e duquesas. 

    - Victória! - Luzia exclamou animada ao ver a rainha. As duas se encontraram em um abraço caloroso.

    - Olá Luzia! - Victória sorriu. Henry estava atrás da mãe esperando para cumprimentar a sua futura sogra. - Ansiosa para hoje à noite? - A rainha do Norte indagou.

    - Muitíssimo! - Luzia sorriu. - Há mais de... - Henry desligou sua atenção da conversa que as duas rainhas embalaram. Seus olhos azuis rodavam o luxuoso hall analisando cada um ali presente até que eles pararam em Carolina, que conversava com uma prima distante. 

    A jovem princesa estava especialmente bonita naquela noite. Seus cabelos castanho-arruivados estavam presos em uma delicada trança estilo "espinho de peixe", deixando à mostra o maravilhoso brinco de diamantes que ela usava. No corpo Carolina trajava um vestido longo de seda branca todo trabalhado em pérolas e paetês.

    - Pena que é uma vespa! - Henry cochichou para si mesmo enquanto admirava a beleza da princesa.

    - Henry! - Luzia exclamou, então, caminhando em sua direção. A rainha do sul sempre parecia carregar consigo uma espécie de luz que além de deixá-la extremamente bonita também a deixava mais jovial.

    - Olá, Luzia! - Henry beijou a mão dela educadamente. Victória sorriu ao ver que o filho estava se comportando como um "príncipe".

    - Porque não vai conversar com Carolina? - Luzia indagou simpática, ao apontar a filha do outro lado do hall.

    - Em breve já vamos para a parada! - Henry respondeu. - Acho que não dará tempo de conversar... - Completou.

    - Imagine! - Luzia arqueou uma mão e logo a abaixou. - Ainda temos 30 minutos antes do evento começar... Vá lá querido! - Henry sorriu constrangido enquanto balançava a cabeça de forma positiva. - Ah! Fique perto do fotógrafo para que ele tire algumas fotinhos... - Luzia piscou empurrando Henry na direção da filha. 

    - Eles formam um belo casal! - Victória comentou ao se aproximar de Luzia, que concordou com um simples aceno de cabeça.

    - Eu espero apenas ter tomado a decisão certa! - Luzia confessou parecendo temerosa.

    - Isso me perturba todas as noites, devo confessar! - Victória também admitiu. - Porém tenho certeza de que nossos filhos não nos decepcionarão. - Luzia sorriu com a afirmação da amiga.

    - Assim espero...

    Henry se aproximava de Carolina lentamente, rezando para que alguém o chamasse e o livrasse daquela tarefa irritante. Mas a cada passo que diminuía sua distância com a princesa, Henry ganhava a certeza de que milagre algum poderia salvá-lo de uma conversa entediante e sem graça com ela.

    - Henry! - Carolina exclamou sem muita animação ao vê-lo se aproximar. A prima da jovem encarava o príncipe devorando-o com o olhar.

    - Olá, Carolina! - Henry parou a uma certa distância, digamos que de segurança.

    - Essa é minha prima Denise! - Carolina falou educadamente, para a surpresa de Henry.

    - Muito prazer! - Henry afirmou ao beijar a mão alva da prima de Carolina.

    Denise Lamont Scarlith era uma prima distante de Carolina e também duquesa de Middlecash. Apenas três anos mais velha que a princesa e alguns centímetros mais alta, Denise mantinha uma competição secreta com a prima pois sempre se sentiu ofuscada pela beleza a delicadeza dela. 

    A aparência da duquesa era um tanto quanto peculiar para aqueles que ainda não haviam se acostumado com ela. Isso porque além de Denise estar alguns bons quilos acima do peso, ela também se vestia como alguém nascida nos anos de 1920. O cabelo preto em um corte chanel e a pele extremamente clara realmente davam a impressão de que a duquesa não era daquela época e sim de uma muito distante...

    - O prazer é todo meu! - Denise respondeu com as bochechas coradas. 

    - Então, Denise, Carolina te contou a novidade? - Henry indagou com um certo ar de provocação.

    - Não! - Denise respondeu encarando a prima. - Que novidade, Carol? - A princesa sentia vontade de cavar um buraco no chão e se esconder dentro. Sabia que se contasse à Denise que "ela e Henry estavam namorando" a prima lhe enxeria de perguntas irritantes, as quais ela não saberia e não queria responder. 

    - Eu e Carolina estamos namorando! - Henry falou antes que a princesa conseguisse tomar um fôlego. Falsamente ele envolveu os ombros de Carolina com um braço.

    - Namorando? - Denise bradou, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam ao redor. - Carol, não acredito que você não me contou uma coisa dessas! - A duquesa cruzou os braços enquanto encarava a prima esperando explicações.

    - Bem, Dê, eu achei que você tinha visto nos jornais e nas revistas de fofocas... - Carolina disse sem graça. 

    - Não assisto essas coisas. - Denise deu de ombros. Uma pequena pontinha de inveja desabrochou na duquesa, Henry e Carolina claramente formavam o casal mais bonito de toda Europa e, talvez, para os mais exagerados, do mundo.

    - Na verdade a impressa está exagerando! - Carolina afirmou ao soltar seus ombros do pesado braço de Henry. - Henry e eu tivemos apenas um encontro e eles já estão fazendo um alvoroço sobre isso! - A princesa falou como se seu "namoro" fosse algo sem importância. 

    - Como assim? - Denise exclamou impressionada. - É claro e eles fariam um alvoroço sobre isso! Vocês são o príncipe e a princesa... - Afirmou.

    - É que a Carol não está acostumada com a imprensa! - Henry provocou-a. Já estava virando uma mania do "casal" esse tipo de provocação sutil. - Normalmente eles falam apenas de mim...

    - Henry, amor, eu nunca dei motivo para falarem de mim! - Carolina respondeu tentando conter sua irritação. - Agora você né... aprontou muito por ai. - Denise sorriu achando que a prima estava apenas brincando com Henry. 

    - Sabe o que seria legal? - Denise indagou animada. - Uma foto oficial do casal! Afinal vocês começaram o namoro agora e tudo mais... - A duquesa sugeriu enquanto já acenava para o fotógrafo, que tirava uma foto de Albert com o ex-primeiro ministro de Llyoal do Sul, Gerard Humminsh. 

    - Ótima idéia! - Carolina e Henry afirmaram em coro. Os dois haviam odiado a idéia.

    O fotógrafo se aproximou, após Denise muito acenar.

    - Tire uma foto do casal! - Ela pediu ao se afastar de Henry e Carolina, deixando espaço para que eles fizessem uma pose para a foto. 

    Constrangidos os dois apenas sorriram. Henry e Carolina nem sequer estavam se tocando, estava um parado ao lado do outro em uma posição um tanto quanto embaraçosa. Denise encarou o casal com o cenho franzido, sem entender o porquê de estarem posicionados daquela forma.

    - Eles são um casal? - O fotógrafo perguntou à duquesa estranho a pose deles.

    - Eu acho que sim! - Denise respondeu ainda fitando Henry e Carolina. - Um segundo, por favor! - Pediu ao fotógrafo. 

    A pomposa duquesa caminhou até a prima e "seu novo namorado".

    - O que estão fazendo? - Indagou.

    - Estamos com vergonha! - Henry e Carolina, novamente, falaram em coro. Era a única desculpa que os dois conseguiram pensar além da verdade: "nos odiamos". 

    - Parem com essa timidez! - Denise ordenou. - Agora Henry fique perto de Carolina e hajam como um casal! - Falou ao empurrar o príncipe para mais perto da prima.

    Denise se afastou novamente para olhar o casal. Henry estava com uma mão envolvendo a cintura de Carolina, enquanto ela estava levemente virada para ele. A duquesa sorriu satisfeita e pediu para que o fotógrafo tirasse uma foto.

    Carolina e Henry sabiam que momentos de constrangimento como aquele eventualmente aconteceriam. E conforme todos se acostumassem com aquele relacionamento arranjado mais momentos ainda surgiriam...

Não havia outra maneira, então, do que se acostumar. Carolina tinha esperanças de que um dia ela e Henry pudessem ter uma relação de menos ódio enquanto Henry tinha certeza de que sempre iria repugnar a princesa.

    O tempo porém era o único que poderia dizer como aquele falso relacionamento seguiria... Nem Carolina e nem Henry poderiam escolher o fluxo que as coisas tomariam. 

Nem mesmo Victória, Luzia e Albert poderiam dizer o caminho que Henry e Carolina seguiriam, mesmo que em suas mentes tudo já estivesse meticulosamente planejado. Apenas o tempo era capaz de mostrar qual a direção certa a se tomar...


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Notas finais do capítulo




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