Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu realmente espero que gostem da história!!! Ela está quase finalizada e os comentários de vocês serão importantes para que eu acabe de escreve-la!!! Obrigadaaaa!!!



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Henry ouvia as batidas desesperadas que Victória, sua mãe, dava na porta. Podia sentir as paredes ao seu redor tremerem tanto quanto a voz da rainha ao chamar-lhe:

- Henry Arthur Caldwell, exijo que saia desse quarto! - Ordenou. Henry soltou uma risada abafada, mas nem sequer aproximou-se da porta. Estava determinado à não sair.

- Jamais! - O jovem príncipe clamou entre dentes.

- Eu lhe ordeno! - A rainha afirmou com um tom de intimação.

- Saio apenas quando essa farsa acabar! - Henry ousou em impor. Victória bufou, encostou a testa na madeira da porta e delicadamente pousou a mão sobre a maçaneta, folheada a ouro.

- Não brinque com isso agora, Henry! - Pediu suavemente. - Abra a porta para que possamos conversar...

- Estou farto de conversar, Victória! Principalmente sobre esse assunto! - Henry mostrava-se intransponível. - Recuso-me à sair enquanto os Lamont estiverem no palácio! - Completou para um desespero ainda maior da rainha.

- Não diga isso, querido. Não tem curiosidade em conhecer sua noiva? - Victória insistiu.

- Carolina não é minha noiva! - Bradou enervado ao cerrar os punhos. - Ela não passa de uma sulista... - O príncipe cuspiu as raivosas palavras como se sentisse nojo.

- Está falando como seu pai. - Victória parecia decepcionada, e na realidade estava. - Henry, vocês vão se casar... - Afirmou rudemente, sem perder a elegância e a postura.

- Pense como quiser. - O rapaz deu de ombros e revirou seus charmosos olhos azuis, mesmo que sua mãe não pudesse vê-los.

- Faça esse sacrifício pelo bem de Llyoal. - Victória praticamente implorou. Seu tom, agora, era mais suave. - A generosidade e a modéstia são duas virtudes que um príncipe deve sempre ter. - Henry bufou. Aquela conversa sobre "as virtudes que um príncipe deve ter" era sempre repetitiva e cansativa. - E é exatamente por isso que...

- Um príncipe deve estar sempre disposto à se sacrificar pelo povo! - Henry completou. - Mas o que a senhora está me pedindo é mais do que um mero sacrifício! É simplesmente uma tortura... ter de me casar com uma estranha, ainda por cima sulista!

- Ora, ora, Henry, saia desse quarto então, apenas assim Carolina deixará de ser uma estranha para você! - Victória argumentou. Sentia que não havia nada que pudesse convencer seu filho à sair.

- Eu já disse que não quero conhecê-la. - Henry rebateu. - Não me interesso por ninguém que seja proveniente de Llyoal do Sul...

- Você e esse seu preconceito tolo! - Victória exclamou. Ainda tinha sua testa encostada na porta assim como a mão pousada sobre a elegante maçaneta. - Não vê que apenas existe uma Llyoal agora, Henry?! Não vê que aquela desunião entre o Norte e o Sul apenas nos trouxe infelicidade? Somos todos um só reino agora, assim como no passado éramos...

- Vou vomitar com esse discurso! - Henry interrompeu ironicamente, soltando uma gargalhada desafiadora por fim. - Llyoal nunca voltará à ser o que era antes... - Acrescentou.


Durante séculos o pequenino reino de Llyoal, localizado em uma ilha aos arredores da Escócia, vivera em plena união e harmonia. Sua população convivia em paz e feliz, sem alguma preocupação de que um dia as coisas pudessem mudar. Os turistas que visitavam o reino podiam jurar que estavam em alguma história de conto de fadas, onde tudo era tão harmônico que acabava sempre com uma boa canção. Contudo, esse equilíbrio perfeito fora quebrado com a chegada da segunda Guerra Mundial, e assim como a Alemanha, o reino de Llyoal fora dividido em duas partes: Llyoal do Norte e Llyoal do Sul. Seu povo fora, conseqüentemente, separado vivendo sobre ameaças constantes de que as duas partes de Llyoal pudessem entrar em algum conflito armado.

Com o fim da Segunda Guerra os soberanos do Sul, rei Albert Lamont VIII e rainha Luzia Carolina Lamont I, tentaram alguns acordos de paz, porém o então rei do Norte, Rubert Caldwell VI, sempre se colocava contra, já que sabia que iria perder o posto de rei assim como a maioria de seus privilégios. Entretanto após sua morte, Victória Caldwell viu possibilidades de reatar tal acordo com o Sul. E assim fez… Victória também propôs que após a tão sonhada reunificação, seu filho, o príncipe Henry Caldwell , e a princesa do Sul, Carolina Lamont II, deveriam casar-se e juntos governar o novo reino de Llyoal.

Henry, porém, sempre se colocou contra tal reunificação uma vez que seguia os mesmos ideais egoístas e mesquinhos de seu pai…


- Poderia providenciar-me uma cópia da chave desse quarto, por favor? - Victória indagou, com um tom de voz baixo, ao chamar um dos guardas reais que fazia vigia por ali. O homem assentiu apenas e logo fora fazer a tarefa que lhe havia sido designada.


- Victória? Já desistiu? - Henry indagou ao notar que sua mãe não havia dito nada há algum tempo.

- Está se comportando feito um garotinho de 10 anos. - Victória afirmou enervada. - Não como um homem de 25...

- E você está se comportando feito uma ditadora, não uma rainha... - Henry rebateu, tendo consciência de que sua afirmação apenas comprovava aquilo que Victória havia dito: ele estava sendo infantil.

- Muito maduro da sua parte... - A rainha zombou. Henry riu irônico, porém não disse nada. Instantes depois o mesmo guarda real voltou com a chave que lhe pediram. Ele sorriu e logo a entregou a Victória.

- Obrigada. - Ela agradeceu gentilmente enquanto observava o rapaz voltar ao seu posto.


Victória respirou fundo, como se preparasse sua mente para encarar o filho. Enfiou a chave na fechadura e logo abriu a porta do quarto. A cena com a qual a rainha deparou-se não era nada digna da realeza, mas também não era nada que ela já não esperasse...

- Muito bonito, não? - Disse com seus olhos fixados no filho.


Henry tinha o corpo largado sobre uma elegante poltrona de couro marrom que decorava seu quarto. Os braços estavam cruzados à frente do musculoso peitoral que o rapaz tinha orgulho em manter. Ele trajava uma calça de moletom cinza larga, estilo rapper, uma camiseta branca em gola V e chinelos de borracha pretos. Mesmo assim estava incrivelmente bonito. Seu cabelo castanho estava totalmente desalinhado indo de encontro com uma leve barba mal-feita. O sorriso sínico que estava delineado nos lábios realçava o quão perfeitos e brancos seus dentes eram. Os olhos azuis celeste do príncipe estavam suavemente cerrados enquanto encarava a mãe, estática à sua frente.


- É o que todas falam... - Gabou-se. Não estava surpreso por Victória ter conseguido entrar em seu quarto. Estava apenas irritado por tê-lo feito tão rápido.

- Henry, chega de brincadeira! - Victória disse tão firmemente que Henry sentiu-se intimidado. - Os Lamont estão esperando...

- Que esperem, eu já disse que me recuso à sair desse quarto enquanto os Lamont estiverem presentes no palácio. - O rapaz clamou novamente, certo de que a rainha iria ceder às suas vontades.

- Henry... - Victória disse em uma bufada. Seu tom agora era diferente, como se ela estivesse pronta para sua jogada final. - Vejo que você realmente não quer se casar com Carolina e virar rei de Llyoal...

- Apenas não quero me casar. - Corrigiu-a. - Quero ser rei. - Completou.

- Bem, Carolina será rainha do novo reino, querido, isso já é certo! - Victória explicou. - Mas como você se recusa em tê-la como esposa, eu não vejo outra saída senão arrumar um substituto para você... Alguém que seja tão ou mais louvável... - A rainha observou o azul celeste dos olhos do filho ficar opaco, como um vidro que embaçou.

- Está pensando em me substituir? - Henry indagou por entre seu lábio cerrado e enrijecido pelo choque que as palavras de sua mãe causaram.

- Estou! - Victória afirmou, satisfeita por sua provocação ter funcionado.

Henry ficou calado por longos minutos, digerindo e analisando os fatos. Seus olhos corriam perdidos pelo cômodo enquanto pensava em algo que pudesse rebater as afirmações da mãe. Contudo nada parecia bom o suficiente...


- Eu aceito me casar com Carolina! - Ele afirmou por fim. A rainha sorriu vitoriosa. - Mas as coisas terão de ser do meu jeito... - Henry disse em tom de ameaça enquanto levantava-se da poltrona e seguia o caminho da porta.

- Aonde pensa que vai? - Victória indagou.

- Vou conhecer minha noiva... - Henry respondeu sem ao menos virar-se para a mãe. Continuou seguindo o caminho da porta.

- Mas nesses trajes? - Victória indagou enquanto dava passos apertados para alcançar Henry.

- Claro, quero que Carol sinta-se muito intima de seu noivinho aqui..- Afirmou irônico ao cruzar a porta. O rapaz procurava conter um pequeno sorriso que insistia em brotar em seus lábios.

- Henry! - Victória exclamou incrédula enquanto observava o filho se afastar com passos largos e apressados.


Henry Arthur Caldwell era tudo exceto um príncipe comum. Notícia freqüente nos tablóides e jornais, o jovem rapaz apenas preocupava-se em se divertir nas noites llyonenses ao invés de ajudar Victória à governar o reino. Suas atitudes rebeldes eram quase sempre motivadas pela falta de atenção que o pai lhe dava, porém mesmo após a súbita e repentina morte do rei, Henry continuou com o mal comportamento. Além disso a beleza fora do comum e o status dentro da sociedade providenciavam à ele apenas mais privilégios com mulheres de todo lugar. Se a história do reino de Llyoal fosse relatada em um filme de animação Henry, certamente, seria o vilão da história.


Henry usava e abusava cada vez mais de suas condições como príncipe, por isso Victória tinha esperanças de que talvez aquele casamento com Carolina pudesse fazer o filho entender sua importância diante do novo Reino de Llyoal...


- Coloque um terno, Henry! - Victória insistiu enquanto tentava alcançar o filho. Este, porém, a ignorou, parou diante das enormes portas do salão de jantar e esperou até que os guardas reais a abrissem.


O príncipe sorria com malícia assim que o cômodo fora revelado pelas portas abertas. Lentamente ele correu seus olhos pela suntuosa mesa posicionada exatamente no centro da sala. Ela estava elegantemente ornada com flores da estação e a mais fina porcelana chinesa que aquele palácio tinha. O rei Albert e a rainha Luzia estavam sentados um ao lado do outro, no meio da mesa. Henry os observou brevemente sem sequer notar a expressão de espanto que os dois delineavam em seus rostos... Os magníficos olhos azuis do príncipe logo estavam sobre Carolina, sentada à frente dos pais. Ele a encarava de forma curiosa e ao mesmo tempo surpresa...

Diferente do que Henry imaginava em seus maldosos pensamentos, Carolina era uma jovem extremamente bonita e não uma bruxa corcunda com uma verruga no nariz. A beleza dela era considerada fora dos padrões, até para a realeza. O cabelo, de um tom castanho arruivado, escorria de uma forma ondulada até a cintura finíssima da jovem princesa. Sua pele alva, feito a neve, dava destaque para o azul safira dos olhos e para os lábios naturalmente rosados e carnudos, estilo Jolie. O coral do vestido rendado e as delicadas jóias de esmeralda, davam à Carolina um toque ainda mais refinado e doce.


Por um breve segundo os olhares de Henry e Carolina se encontraram, ela sentiu seu corpo tremer e um certo arrepio cruzar a espinha, enquanto ele apenas sentiu as pontas dos dedos gelarem e garganta secar. Era mais do que vergonhosa aquela situação, principalmente pelo compromisso que as famílias Lamont e Caldwell obrigaram os dois a ter...


Antes que Henry pudesse dizer algo, Victória adentrou o recinto um tanto quanto ofegante. Imediatamente todas as atenções foram desviadas para a rainha. Henry pigarreou tentando disfarçar o riso ao ver a mãe naquela maneira, digamos que, constrangedora...


Victória recompôs-se imediatamente, arrumou a pequena, porém, imponente coroa de diamantes em seus cabelos loiros e depois espalmou o terninho rosa embaçado que vestia.

- Desculpem o transtorno. - Clamou ao caminhar até perto de Henry. - E desculpem, também, os trajes tão informais de meu filho. - Victória podia sentir o olhar de reprovação que o rei Albert lançava-lhe.

- Estou certo de que Vossa Majestade e Vossa Alteza têm uma explicação para isso! - Albert afirmou rígido. Luzia pousou a mão sobre a mão do marido, visando acalmá-lo.

- Vossa Majestade está certo! - Victória disse. Fuzilou Henry com o olhar e logo voltou sua atenção para o rei de Llyoal do Sul. - Henry, meu filho, pode explicar... - Completou então.


Henry sorriu sem graça, mas logo mudou sua faceta para uma mais séria.

- Vossas Majestades... - Fitou Albert e Luzia. - Esqueçam meus trajes, e vamos tratar de negócios... quer dizer, vamos tratar do meu casamento com Carolina. - Encarou a jovem princesa, que o olhava indignada com tanta ousadia.


Ele deveria saber que suas provocações contra a mãe teriam conseqüências, e da mesma forma que ele a havia colocado em uma situação constrangedora diante dos monarcas do sul, ela também faria o mesmo. É claro que de uma forma mais sutil e bem mais madura...


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Notas finais do capítulo

E aii o que acharam?? Posto o próximo quando tiver comentários!!