Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 14
Capítulo 13




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Toda a imprensa llyonense havia sido chamada naquela tarde para que os rumores de que Henry e Carolina estariam em um relacionamento arranjado fossem esclarecidos. A sala de conferencias de North Whintchersbarg estava abarrotada de jornalistas e repórteres de jornais e revistas de fofoca que aguardavam o grande discurso que Henry estava prestes à fazer.

– Não estou certo quanto a isso! - Henry falou por de trás da cortina vermelha que separava o pequeno palco da sala de conferencias e os bastidores improvisado em que ele estava.

– Porque não? - Victória indagou. - Conversamos a tarde inteira à respeito disso, Henry! - Exclamou irritada pelo comentário do filho. O burburinho vindo de trás das cortinas vermelhas aumentava cada vez mais.

– Eu sei, Victória. - Ele respondeu grosso. - Eu apenas acho que chamar toda essa imprensa por causa de um simples rumor parece desespero demais, entende? - Com o canto dos olhos Henry observou que Carolina havia acabado de adentrar o recinto. Ela caminhou na direção dos pais e lhes falou algo que os fez rir. Henry podia ouvir que sua mãe falava, mas tudo o que ele conseguia pensar era como Carolina tinha o dom de ser simpática, gentil e "alegre" mesmo em momentos de tensão como aquele.

– Não, Henry, estamos apenas querendo evitar rumores piores no futuro! - Victória rebateu imediatamente. Henry rodou os olhos pois sabia que não havia nada que ele pudesse fazer ou falar naquele instante que faria a mãe desistir de obrigá-lo à enfrentar uma sala repleta de jornalistas analíticos e curiosos que estavam lá apenas para torturá-lo com perguntas irritantes e invasivas. - Carolina - Victória chamou a princesa. - Venha aqui por um instante, por favor. - Carolina sorriu meio que a contragosto e logo foi ao encontro da rainha e seu filho.

– Victória. - A princesa disse educada.

– Carolina, me diga uma coisa. - A rainha sorriu, passou sua mão pela cascata arruivada que a princesa tinha escorrendo até à altura dos seios. - Você está preparada para os jornalistas, certo?

– Estou! - Carolina respondeu sem ao menos entender o porquê da pergunta. - Preparadíssima! - Enfatizou por fim querendo passar confiança à Victória.

– Ótimo, querida. Se Henry se atrapalhar, por favor, não se acanhe em tomar o controle da situação! Tudo bem? - Henry fora tomado por um choque imediato. As palavras de Victória certamente foram uma surpresa para ele, como ela ousa falar tal coisa?! Ele se perguntava no mesmo instante.

– Tudo bem. - Carolina respondeu com a voz entrecortada, ela também havia sido surpreendida pela rainha.

– É claro que isso não vai acontecer! - Henry falou certo de si. Ele procurava fitar a mãe com um olhar distante e seco.

– É claro que não, Henry! - Victória falou como se desacreditasse no filho. - Bom, a qualquer instante vocês devem ser anunciados, vou deixá-los à sós para que possam repassar o que devem fazer. - A rainha disse. Henry e Carolina se entreolharam cheios de vergonha. O clima embaraçoso ainda rondava os dois.

– Não tenho que repassar nada! - O rapaz afirmou enervado. - Eu sei exatamente o que devo fazer. - Completou. Ele esforçava-se ao máximo para parecer indiferente, queria que Carolina pensasse que ele não lembrava da briga que tiveram na noite anterior como se aquilo tivesse sido algo insignificante para ele.

– Que bom! - Carolina estava muito sem graça na presença de Henry. Tudo o que ela conseguia pensar era que ele, agora, sabia do seu romance secreto com Edward. O seu segredo mais íntimo e profundo estava nas mãos de uma criança de 25 anos...

Um silêncio constrangedor estava prestes a nascer entre os dois quando foram anunciados na sala de conferencias. Eles não hesitaram e fizeram uma entrada tão triunfal que arrancaram suspiros de admiração. Caminharam como se já fossem rei e rainha do novo reino, tão sérios e imponentes que qualquer homem ou mulher ali presente sentiu-se intimidado.

– Boa Tarde, senhores! - Henry exclamou atrás de um elegante balcão de madeira com um microfone instalado. Carolina estava ao seu lado mostrando apoio. - Prometo que não irei falar muito, como meu pai fazia... - Brincou para descontrair o clima. Todos riram, embora ninguém realmente tivesse achado a piada engraçada. - Não é surpresa, muito menos novidade para o povo llyonense que Carolina e eu estamos tendo um relacionamento. - Henry observava cada rosto dentro daquela sala. Estavam todos atentos no que ele falava. Gravadores, câmeras e bloquinhos de anotações estavam apostos recordando cada detalhe do seu discurso. - Nós já esperávamos que rumores sobre esse namoro fossem surgir, pois isso é natural. Entretanto esta manhã fomos pegos de surpresa com um rumor um tanto quanto falso e sensacionalista. - Os jornalistas e repórteres levemente se inclinaram para frente, à fim de ouvir com ainda mais atenção o que o príncipe estava prestes a dizer. - A Gazeta de Irvining esta manhã publicou uma matéria insinuando que esse relacionamento não é nada além de um relacionamento arranjado. - Não houve muita surpresa nos presentes, todos os jornalistas do reino de Llyoal haviam lido a matéria e não teve nenhum que não ficou com inveja por não ter sido o responsável pelo maior furo de reportagem do ano. - A matéria também deu a entender que há alguém próximo de nós que vem vendendo tais informações para a Gazeta! E bem, eu adianto a partir de agora que tudo o que foi dito durante a reportagem é falso! - Novamente não houve nenhuma surpresa, todos já imaginavam que o motivo para aquela conferência de última hora tinha a ver com a tão polêmica matéria da Gazeta de Irvining. - Primeiro porque o próprio jornal admite que não tem provas que sustem a matéria, apenas o testemunho desta suposta pessoa que é próxima de nós. Segundo, a Gazeta de Irvining é conhecida por suas matérias exageradas que fazem mais o estilo de uma mera revista de fofocas do que de um jornal sério e de respeito. - No recinto havia dois jornalistas que trabalhavam na Gazeta, eles ficaram envergonhados com tantos olhares repousando sobre eles, mesmo sabendo que Henry falava a verdade sobre a má reputação que o jornal tinha. - O meu relacionamento com Carolina não é arranjado, isso eu garanto. - Henry hesitou por um segundo, engolindo em seco. Ele sabia que o que estava prestes a falar não havia sido combinado com Albet, Luzia e Victória. Porém ele sabia, também, que se dissesse poderia convencer todos os jornalistas ali de que a Gazeta havia mentindo e além do mais poderia ganhar alguns pontos extras com sua mãe. - Estou apaixonado desde a primeira vez que Carolina e eu nos olhamos. Foi como se tudo em minha vida de repente tomasse um novo rumo e agora, entendo e vejo que minhas atitudes no passado eram tão erradas pois havia um buraco em meu coração... Um buraco que agora foi preenchido por esta incrível mulher ao meu lado. - Henry sorriu e encarou Carolina, ela esforçava-se ao máximo para continuar sorrindo de volta, mas a verdade era que sua mente apenas conseguia imaginar Edward falando tais palavras doces. Palavras que Henry jamais poderia dizer com sinceridade e mesmo que conseguisse ela não ligaria.

Por um instante todos naquela sala ficaram comovidos com "tamanha sinceridade", até Albert, Luzia e Victória ficaram na dúvida se Henry estava mentindo. Mas o príncipe estava, pois a verdade era que ele abominava a mulher com quem ia se casar, principalmente depois que ela mostrou-se tão enlouquecida na noite anterior...

Henry continuou com seu discurso sobre como a Gazeta de Irvining havia publicado rumores falsos à seu respeito e à respeito de Carolina. Falou sobre como as duas famílias haviam ficado surpresas com o anuncio do namoro e também temerosas pela repercussão negativa que talvez aquilo tivesse. Foram tantas histórias com tantos detalhes que parecia até... verdade.

Ao final do discurso, Henry estava certo que todos naquela sala estavam convencidos. Contudo os jornalistas estavam mais do que isso, eles estavam tocados pelas palavras tão "apaixonadas" do jovem príncipe, muitos haviam anotado em seus bloquinhos alguns tópicos detalhados da incrível e repentina mudança de Henry e como ele parecia ter amadurecido. Outros fizeram anotações negativas ao respeito da Gazeta de Irvining, que a partir de hoje poderia estar com seus dias contados...

No dia seguinte o discurso de Henry já havia sido passado e repassado por todos os telejornais e programas de fofocas de Llyoal. Canais japoneses, brasileiros, americanos, russos, alemães, franceses, italianos, gregos, americanos, ingleses, escoceses, australianos e até alguns venezuelanos e mexicanos haviam feito especiais sobre a Coroa llyonense e o repentino amadurecimento de Henry Caldwell. Alguns até chegaram a comparar Carolina e Henry com William e Kate, embora até Victória, Albert e Luzia achassem que já era exagero demais da mídia. Os jornais estampavam fotos do casal passeando pela festa de dois dias antes e já prometiam uma retrospectiva do relacionamento, embora ainda não houvesse muito o que ser falado. As revistas de fofoca faziam um esquema sobre todas as namoradas que Henry já tivera na vida e colocavam a foto de Carolina como a maior, por ser a "atual vítima do rapaz", como maldosamente falavam.

Manchetes do tipo "Gazeta de Irvining: o tiro que saiu pela culatra" ou " A Gazeta de Irvining como a verdadeira vilã da história" arrancavam gargalhadas de Albert, que sozinho, lia todos os jornais do reino - que ele mesmo fez questão de encomendar naquela manhã. O rei, que mal podia ser visto por entre tantos jornais e revistas, tinha que admitir que Henry Caldwell, talvez, fosse mais esperto do que imaginava e todas aquelas palavras românticas haviam mesmo convencido não só Llyoal, porém o mundo todo, que ele estava realmente apaixonado por Carolina.

No recanto de seu escritório, o rei do antigo reino de Llyoal do Sul se imaginava quando tinha 25 anos. Como as coisas naquela época eram diferentes. Ele já era pai de Carolina e já estava casado com Luzia há quase quatro anos. Contudo aquilo não era motivo de alegria para os sulistas uma vez que eles tinham coisas mais importantes a se preocupar como uma possível guerra entre as duas partes de Llyoal. Albert lembrava claramente dos pedidos de socorro que todo dia ouvia: "Nos ajude, Vossa Alteza! Sabemos que Vossa Alteza tem esse poder", era impressionante como aquilo lhe cortava o coração e lhe rasgava a alma.

Naquela época Albert era príncipe e seu pai Albert Lamont VII era quem governava o reino de Llyoal do Sul. Um verdadeiro tirano, nas palavras de toda a população, isso que seu pai era e ele tinha que concordar. Porém ao assumir o posto de rei, quando Albert VII faleceu, Albert VIII viu esperanças de verdadeiras possibilidades de tirar o povo da miséria e reunificar a nação, se não fosse por um outro tirano, Rupert Caldwell VI.

O maior medo de Albert era que Henry fosse exatamente como o pai e complicasse aquela nova fase que Llyoal estava passando. Ele temia que o príncipe fosse mesquinho e egoísta e ao conhecê-lo suas suspeitas foram comprovadas, mas o tempo e aquele discurso de Henry mudaram a visão que Albert tinha dele... E sem querer, Albert pegou-se pensando em como gostava de Henry, como ele seria um bom genro e em como Carolina não podia estar em mãos melhores. Mal sabia ele que tudo não passava de um mero teatro e que Henry era sim mesquinho e egoísta...


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