PDV. JACOB

Toc, toc, toc...

Pude ouvir três batidas leves e ritmadas na porta.

Me mantive de olhos fechados. Estava cansado, afinal, eu não havia dormido nem ao menos quatro horas.

_Senhor Black?! Ouvi a voz de Emily baixa, me chamar logo após bater mais três vezes na porta.

O bendito sol batendo no meu rosto também não me deixava ter mais cinco minutos de sono necessários.

Emily assim como todos os dias, entrou no meu quarto evitando fazer o mínimo de barulho possível e eu a agradeci mentalmente por isso.

Sem me dizer uma única palavra ela foi em direção ao meu closet e pegou um de meus ternos dentro do mesmo vindo em direção a cama e colocando as roupas sobre a mesma. Emily já trabalhava na casa desde que eu consigo me lembrar e por isso sabia corretamente quais eram os meus gostos e de todos que trabalhavam pra mim, ela era a única á qual eu confiava piamente.

Ainda sem dizer nada, ela foi até as cortinas abertas e as fechou, pois de manhã eu não gostava de pegar sol, preferia ficar no escuro - por isso praticamente todas as janelas da casa ficavam com as cortinas fechadas.

_Bom dia senhor Black. Dormiu bem? Perguntou ela tentando não aumentar a voz mais do que o necessário.

_Não, praticamente não dormi a noite. Eu disse de mau humor e levantando da cama.

_O senhor anda trabalhando demais, porque não fica em casa hoje?! Ela sugeriu ainda no mesmo tom calmo e baixo que sempre usava ao falar.

_Não mesmo. Eu não quero ficar aqui e continuar olhando para as mesmas paredes brancas que eu sou obrigado a olhar todos os dias. Só em pensar em ficar em casa olhando para as velhas paredes brancas de sempre já me deixava atormentado.

_Me desculpe. Devia ter sugerido outra coisa. Ela disse ainda no tom baixo.

_Tudo bem. Vou tomar banho.

Eu no fundo não gostava de discutir com Emily, pois a considerava como uma mãe para mim. Desde a morte dos meus pais, ela sempre cuidou de mim, da casa, sendo tudo que eu precisei. Eu não queria mesmo ficar em casa e olhar para as “adoradas” paredes de meu pai. Eu sempre tive vontade de mudá-las, mas nunca quis mexer em nada que meu pai deixou, afinal eram as coisas dele, mesmo que agora ele não pudesse fazer mais uso.

_Senhor?! Chamou Emily, quando eu já estava na porta do banheiro.

_O que? Perguntei já com metade do corpo pra dentro do cômodo.

_Bem... Eu já devo ter falado com o senhor sobre o meu irmão Edward. Disse ela casualmente.

_E o que eu tenho haver com isso? Perguntei desinteressado tentando entender o motivo de ela estar me atrasando, porque afinal se ela fosse começar a falar da família dela, iria colocá-la para fora, eu não estou nem ai pro que acontece com a família dela, não to nem ai pro irmão dela.

_Bem... Ele faleceu em um acidente á duas semanas e a filha deles, Renesmee, ficou sob a guarda de uma das minhas outras irmãs, mas ela não tem tempo para cuidar de uma adolescente de dezessete anos, então pediram para eu tomar conta dela, enquanto ela ainda é menor de idade...

Ela continuou.

_Eu queria saber se por acaso, ela não poderia vir morar comigo aqui?! Já que não tem mais ninguém que possa cuidar dela...

_Emily... Você trabalha muitos anos comigo e sabe muito bem, que eu não aceito mais ninguém dentro da minha casa a não ser os meus empregados, sem exceções. Eu disse entrando no banheiro.

_Mas ela pode trabalhar aqui. Nem precisa pagar um salário pra ela, em troca de moradia ela trabalha para o senhor. Ouvi a voz de Emily vinda do quarto, nem respondi somente fechei a porta e fui tomar banho.

Preferi não demorar no banho afinal de contas, eu já havia tomado banho não havia nem três horas no máximo.

Sai do banheiro e fui para o quarto para trocar de roupa. Emily já havia feito minha cama e parecia que tinha desistido da idéia de cuidar da pirralha. Emily sempre foi uma boa empregada, sempre atenta á tudo, fazia o máximo para deixar as coisas semrpe bem organizadas e do meu gosto, mas não sei se trazer a sobrinha para dentro de casa seria bom, afinal, ela teria que tirar tempo para cuisar da sobrinha... Mas concordo que ela tem todo o direito de querer estar junto com a sua família e vai que Emily simplesmente desistisse de trabalhar para mim e fosse atrás da sobrinha?! Hoje em dia é muito difícil arrumar bons funcionários e que além de tudo que demonstrem ser de confiança.

Terminei de me arrumar e fui para a sala tomar café da manhã. Como era de costume Emily sempre deixava a mesa pronta para mim e ia ajudar nas coisas da casa. Eu já não sentia tanta falta das pessoas quanto antes, então pouco me importava se tinha companhia nas refeições ou não.

Entrei no grande cômodo branco – do mesmo tom que toda a casa – e me sentei no mesmo lugar que eu ocupava durante todas as refeições que eu fazia em casa nos últimos dezoito anos. No lugar do meu pai.

Eu preferia eu mesmo me servir, assim não tinha que ficar encarando a cara dos empregados olhando para mim comendo sozinho.

...

Terminei de tomar o meu café e já ia me levantando da mesa, quando Emily entrou na sala.

_Seu motorista já está na porta te esperando. Disse ela já se virando para sair.

_Você pode trazer sua sobrinha, Mas saiba que enquanto ela estiver aqui não vai ser tratada melhor do que os outros empregados da casa e levo a sério a historia de ela ser uma das minhas empregadas, mas não vou aceitar a ideia de não pagá-la, afinal isso seria considerado trabalho escravo.

Eu disse me levantando da mesa e indo para a porta da frente da casa.

_Obrigada. Disse ela com um tom um pouco animado.

_E quando que ela vai chegar? Perguntei sem estar realmente interessado.

_Amanhã. Ligarei para minha irmã informando a resposta do senhor e amanhã mesmo ela virá.

_Os quartos dos empregados estão lotados, por enquanto coloque ela em um dos quartos de hospedes depois você arruma um quarto perto do seu para ela.

Eu disse já na porta.

_Certo. Garanto que ela não irá dar nenhum trabalho. Ela é um amor de pessoa. Animou-se Emily.

_Tenho certeza disso.

Disse sarcástico.

_Tenho certeza. repetiu ela.

_É isso que vamos ver...