Em Cair Paravel

Rabadash tentou invadir Cair Paravel com seu exercito, porém sua invasão foi frustrada e assim ele regressou a Calormânia, mas antes fazendo um juramento de que voltaria com um exercito ainda mais forte e com o apoio de seu pai, o rei Tisroc. Aliviada pela vitória eminente, mas preocupada com a ameaça de Rabadash, a rainha Lucia se reuniu novamente com seus lideres na sala do trono para discutir sobre o possível futuro ataque.

– Devemos nos preparar fortemente para esta ameaça de Rabadash majestade. –disse Susana. – Creio que isso seja mais do que uma questão pessoal para ele agora.

– Seu exercito foi humilhado e rebaixado majestade. –seguiu Edmundo. – Rabadash não medirá esforços para convencer Tisroc a nos atacar outra vez.

– Precisamos nos unir ao rei Pedro, seu apoio será fundamental quando Tisroc decidir enviar seu exercito para atacar as terras de Nárnia. –continuou Susana.

– Dessa vez vamos precisar de toda ajuda possível Majestade, tivemos sorte do exercito do príncipe estar pouco preparado para enfrentar o nosso exercito principalmente em nossas terras, mas não creio que a próxima batalha será tão fácil. –prosseguiu Edmundo.

– Avisem o rei Pedro. –ordenou a rainha. – Se encarreguem do que for preciso. Estou dando liberdade total para agirem. Preparem os soldados, e... –ela suspirou. – Vamos esperar até que Rabadash volte a entrar em contato.

– Sim majestade. –disse Edmundo.

Após tal discussão os dois líderes se retiraram da sala e seguiram de volta aos seus postos. A rainha por sua vez andou até a sacada como sempre fazia quando precisava pensar então algo assombrou seus pensamentos fazendo com que ela se sentisse pouco capaz de enfrentar uma batalha de grandes proporções. Lucia era uma ótima estrategista. E as ordens que dava a seus súditos e aliados eram sempre muito bem apoiadas. Era uma rainha sabia, porém ninguém sabia ou conhecia os seus medos particulares. O único que conhecia a rainha Lucia como ela era realmente, era seu amigo Tumnus. Este sabia exatamente o que se passava no coração da rainha. Lucia sentiu a brisa do final de tarde tocando seu rosto e então se afastou da sacada e seguiu pelos corredores rumo ao gabinete pessoal do palácio onde eram assinados os tratados e acordos com outros países. Lá Lucia vagou de um lado a outro do cômodo pensativa sentindo medo de se ver no centro de uma batalha maior do que ela se sentia capaz de controlar. Lucia caminhou até uma estante cujas portas eram cravadas pela face do grande leão Aslan e as destrancou com cuidado usando sua chave pessoal e de dentro do armário a rainha retirou uma pequena caixa de madeira moldada com o desenho de uma árvore sobre a tampa. Lucia se sentou em sua poltrona colocando a pequena caixa marrom sobre a mesa e abriu a mesma se pondo a observar o objeto dentro da mesma. Tratava-se de um lindo anel de base redonda com uma pedra rasa de cor azul marinho que continha uma pequena letra sobre a mesma, um C prateado como o restante do anel. Tal anel pertencera ao rei antigo Caspian X, e fora dado a Lucia pelo próprio Aslan para que esta o usasse como inspiração em momentos como aquele. Lucia retirou o objeto da caixa e segurou-o entre as duas mãos conduzindo-o até seus lábios. Ela fechou os olhos e disse tais palavras:

– Eu preciso da sua ajuda Caspian. –ela dizia esperançosa. – Se houvesse uma maneira de trazê-lo de volta... Ajude-me... Volte para Nárnia... Eu preciso de você...

Dito isso a rainha abriu os olhos e beijou o objeto em seguida devolvendo o mesmo a sua caixa e fechando-a. Lucia recostou-se na poltrona e ficou apenas analisando a caixa de madeira enquanto tocava os lábios com seus dedos.

Em Los Angeles

Caspian dormia no quarto do seu novo apartamento enquanto tinha sonhos confusos, mas extremamente agradáveis com um lugar definitivamente perfeito. As ondas espumantes quebravam na areia sob seus pés enquanto ele observava o imenso oceano a sua frente. Era noite, e o vento tocava seu rosto, ele quase podia sentir a sensação fria e confortável sobre a sua pele. Então algo chamou sua atenção fazendo com que ele se virasse fitando o lugar que antes estava vazio a suas costas. Havia uma mulher com longos cabelos castanhos quase beirando a uma coloração avermelhada que estava de pé usando um vestido branco de tecido leve. Os fios tocavam a face dela enquanto o vento os jogava para todo lado, assim como fazia com os véus sobre seu vestido. Ela estava descalça e se parecia muito com um lindo anjo no meio daquela imensidão escura. Caspian se aproximou e ouviu sua voz suave lhe dizendo:

– Eu preciso de você Caspian! –os lábios dela não se moviam apenas sua voz podia ser ouvida. – Volte... Volte...

– Quem é você? –ele perguntou.

– Volte... Eu preciso de você... Caspian... Volte...

– Voltar? Pra onde?

– Eu preciso de você... Eu preciso...

A voz de tal mulher fora sumindo assim como a sua própria imagem diante dos olhos do moreno que estava confuso. Este correu em direção a moça tentando segurar a mesma ali, mas suas mãos apenas tocaram o vácuo e ela simplesmente desapareceu.

Caspian acordou sobre sua cama fitando o teto do quarto enquanto ainda sentia a sensação imensamente real daquele sonho ainda tomando totalmente a sua mente. O moreno sentou-se sobre a cama e ergueu os joelhos escorando os braços sobre eles que estavam cobertos pelo lençol branco. Caspian manteve a cabeça abaixada fitando o tecido sem conseguir tirar a imagem daquela moça de sua cabeça. Ele tentou se lembrar dos detalhes do rosto dela, mas simplesmente não conseguia. Caspian se levantou, foi até o banheiro, lavou o rosto e depois se dirigiu até a cozinha onde bebeu um copo de leite fresco e em seguida regressou ao quarto onde tentou dormir outra vez, mas assim que fechou os olhos se recordou daquele sonho e daquela moça...