Cartas Em Chamas. escrita por Hitomi Ai


Capítulo 2
Destino sombrio


Notas iniciais do capítulo

A chegada de Masao à seu novo "lar"



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Eu acordei num lugar em que havia muita neblina. Não dava para ver nada.

– Que lugar é este será? –Eu disse enquanto me levantava.

Olhei ao redor, tudo estava coberto por neblina, mas eu sentia que havia alguma coisa além dessa vasta neblina.

– Que chão gelado. A temperatura também está muito baixa...

Me agachei e toquei aquele chão gelado.

– Espera... Isso não é um chão... Isso é... Isso é um lago congelado!

Eu corri até alcançar o fim da neblina. Parecia que o ar ficava cada vez mais rarefeito. Quando finalmente cheguei no final da vasta neblina, havia um beco sem saída. Mais precisamente um precipício. Não havia mais outro caminho.

– Não pode ser. Tem que haver uma saída. Nem sei ao menos onde estou! Cadê aquele homem que apareceu agora há pouco? E que história é essa de “jogo”?

Então eu senti meu pé caindo. Então eu escorreguei e fui caindo penhasco abaixo. Havia várias espécies de plantas no caminho, e apesar de amortecer um pouco o impacto, as pedras me feriam. Parecia não ter fim. Até que cheguei no final.

– Eu... Eu... Não acredito que isso possa estar acontecendo –Eu disse enquanto tentava limpar o sangue do meu rosto.

Quando levantei, não estava mais rodeado de neblina. Na verdade, não havia mais mata, nem pedras, nem plantas exóticas. O cenário era completamente diferente. Havia cartas de baralho gigantes formando as paredes. Um chão estilo neon que me refletia, só que com a roupa muito bem arrumada, e sem sangue nem ferimentos. Aquilo parecia uma ilusão.

– Mas como?! Há alguns segundos atrás eu estava rodeado por uma neblina, depois eu caí de um penhasco com uma floresta que não tem absolutamente NADA a ver com esse cenário aqui! Nossa... Será que... Estou sonhando?

– Não, isso não é um sonho.

Quando olho para frente, vejo J, aquele homem que eu vi mais cedo na festa de Dave.

– J?!

– Você está atrasado! –Disse J tirando um relógio de bolso do seu paletó. –O que está fazendo aí todo coberto de sangue? Tente fazer algo realmente importante! Se é mesmo que isso é sangue, pode ser muito bem ketchup e você tentando me enganar!

– Eu...

– Bem, chega de papo e me siga.

Então J foi andando em direção a um corredor.

– Ei, espere!

Fui o seguindo. O caminho era realmente muito sinistro. Havia cartas de baralho, umas gigantes e outras minúsculas flutuando dos dois lados, coelhinhos de pelúcia de várias cores e olhos de botão, alguns até mesmo sem olhos, também flutuando, entre várias coisas como dados, livros de capas estranhas, máscaras daquelas que você consegue ver em Veneza, etc. Fiquei admirado e assustado ao mesmo tempo.

– Menino Masao? –Disse J olhando para mim. –Chegamos.

– Chegamos aonde... Exatamente?

– Na sala dos jogadores, é claro.

Era uma sala com muitos jogadores. Havia vários quartos, provavelmente para os jogadores dormirem. Os jogadores que estavam no salão principal estavam lutando, algum tipo de treinamento. Só que não era nem luta corpo a corpo, nem luta de espadas. Era luta... Como posso dizer... Que envolve magia.

– Olha, seu quarto é logo ali! –J apontou para frente, para o outro lado do salão.

Quando parei para reparar melhor, vi que o salão era como se fosse um pátio. E havia vários andares, parecia um hotel. Nesses andares havia vários quartos. Uns pertos um dos outros, e outros quartos mais afastados, como quando se tem que dobrar uma esquina, ou subir vários andares.

J então ficou atrás de mim. Colocou as suas mãos em minha cabeça.

–E-ei, espera! J!

– Feche seus olhos...

Já que não via outra escolha, obedeci.

– O seu quarto fica atravessando o Campo de Batalha. Quando atravessar, siga em frente, e dobre a terceira direita. Quando chegar no beco sem saída, dobre a esquerda. No final desse corredor é o seu quarto, logo depois de um quadro representando uma carta de Copas.

Não sei o que ele havia feito. Parecia magia, ou uma ilusão. Imaginei tudinho como se ele estivesse manipulando o meu pensamento.

– Agora, vá!

Olhei para trás e ele havia desaparecido. O que eu mais me preocupava no momento, era atravessar aquele campo de batalha.

Havia um homem e uma mulher lutando. O homem era muito alto e gordo, já a mulher era magra e aparentava ter seus 30 anos. Ela jogava raios, e eletrocutava o oponente, que também não ficava para trás, usando sua força brutal, partindo para cima da mulher, pegando-a e arremessando-a contra a parede. Bem, ela o eletrocutava, e ele usava sua força para esmaga-la sempre que podia. Ambos apanhavam feio, mas a mulher parecia muito confiante.

– Meu Deus, como atravessarei isso...

Quando os dois ficaram mais afastados para a esquerda, achei a oportunidade perfeita, avançando para a direita, e evitar de ser atingido. Usei uma das minhas façanhas para dar um salto, e atravessar usando a quina do teto, porém, a mulher já ia atacar o inimigo, jogando um seus raios na minha direção.

Senti todos os meus nervos se estraçalhando. Parecia que eu ia morrer naquele local. Naquele instante. Morto eletrocutado.

– Ei, pirralho! Sai daí, você está me atrapalhando!

Tentei abri os olhos. Não, eu não deveria morrer. Eu ainda tinha que ficar vivo. Eu tinha que sobreviver. Tinha que voltar para casa.

– Esse... Não... É... O... FIM!!!!! –Gritei.

Então, tentei usar as minhas últimas forças no momento para poder sair daquele raio, que estava começando a crescer e a me englobar, me matando por dentro. Usei o meu relógio e me concentrei para destruir aquele raio.

No momento em que destruí o raio, eu usei força para terminar de atravessar o campo de batalha, fazendo uma longa pirueta, e quando caí, caí agachado, segurando a minha mão no chão. Tossi um pouco, e cuspi muito sangue. Mas aquela não era hora de ficar me preocupando com meu estado físico. Já estava todo ensanguentado, deixaria isso para quando chegar no meu quarto.

– Terceira direita... Não é? –Murmurei.

Corri velozmente em linha reta até atingir o terceiro corredor à direita, fui traçando o mapa mentalmente, não podia ficar perdendo tempo pensando. Terceira direita, seguir em frente, e quando eu alcançar o beco sem saída, dobrar a esquerda. No final do corredor é o meu quarto, logo depois de um quadro com uma carta de Copas... Acho que é isso.

Enquanto corria em velocidade supersônica, notava as portas dos quartos. Umas pareciam holográficas, ou até mesmo vivas. Máscaras, coelhinhos de pelúcia, botões, e claro, cartas de baralho.

Finalmente a esquerda, no beco sem saída. Segui em frente, havia realmente um quadro de uma carta de Copas. Mas aquele quadro parecia vivo. E era enorme.

Diminuí a velocidade. Já estava caminhando, de cabeça abaixada, sem fôlego. A porta do meu quarto era decorada com uma carta de número 25. Não era uma carta de baralho. Era uma carta com o número 25, e um retrato do famoso mago Merlin, aquele que eu sempre admirei. Havia também máscaras pequenas, umas felizes e outras tristes. Abri lentamente a porta. Havia dois rapazes. Um mais ou menos da minha idade, e outro uns dois anos mais velho, talvez.

Na hora em que entrei, eu caí no chão. Não havia mais forças para continuar em pé. Estava recuperando fôlego.

– Er... Você é o nosso colega de quarto, certo? –Perguntou o mais novo.

A voz dele estava ficando longe. O chão parecia que estava se despedaçando. Então minhas pernas desmoronaram, e eu caí de bruços no chão.

– Ei, está tudo bem com você?!

Até que não pude mais ouvir a voz dele. Desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Oie!
Espero que tenham gostado do capítulo dois, desse livro. Eu não falei que ficaria melhor que o primeiro? Ok, ambos estão muito bons, mas... É apenas uma questão pessoal, não é?
Aproveitem!~



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