The Open Door escrita por Pevensie


Capítulo 13
Burn Me


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas o capitulo está enooooooooooooooorme.
Okay,nem tanto.Mas está maior que a média.
Surpresinha agradável nesse capítulo.
Não me matem.
Espero que gostem.



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Capítulo XIII

Burn Me

Cheguei em Cair Paravel depois de apenas alguns minutos correndo,parei e apoiei minha cabeça no tronco da mesma árvore que eu havia usado para sair do meu quarto,pude sentir enquanto finalmente o meu coque desabava.Apertei os olhos com força e coloquei uma mão em meu abdômen onde uma forte pontada do lado esquerdo me deixava quase sem ar.Ergui os olhos para o céu e me surpreendi quando vi que o sol já começava a nascer - eu havia perdido completamente a noção do tempo.

Depois de me recuperar, coloquei meu cabelo – solto - atrás da orelha e escalei a árvore tomando muito cuidado para não escorregar. Estava exausta e não conseguia confiar na minha agilidade naquele momento, além disso, minha cabeça dava voltas tentando discernir tudo o que eu havia escutado há pouco. Quando alcancei o galho mais alto, me icei até a parede do castelo e escalei até a grade da minha sacada, tentando ignorar a pontada de dor que ainda atravessava meu abdômen. Depois de aproximadamente três metros, joguei meu arco e a aljava com flechas por cima da grade e depois, com um impulso me lancei por sobre a mesma e caí de joelhos no chão de granito da sacada. Acho que ficaria um hematoma bem feio, mas não pensei muito nisso no momento, meu objetivo era verificar se eu tinha conseguido chegar à tempo.

Recolhi o arco e a aljava do chão e entrei no meu quarto, atravessando a porta de vidro que eu havia deixado aberta. Guardei minhas armas no mesmo baú que eu deixava embaixo da cama, tirei o meu robe e o pendurei no encosto da cadeira da escrivaninha e, foi quando eu tirava minhas botas que a porta do meu quarto se abriu abruptamente. Levantei-me rapidamente e encarei um tanto assustada a figura parada em pé no batente da porta. Era Edmundo, ele olhava fixamente para mim como se nunca tivesse me visto antes.

–Sim?-Perguntei com a voz controlada. Mal pude esconder o alívio que tive quando vi que ele estava bem. Mas o que ele tinha ido fazer ali se o sol mal havia nascido?

–Hmm... eu – Ele se interrompeu gaguejando, os olhos continuavam fixos em mim.

Olhei para meu próprio corpo e me senti corar violentamente na mesma hora. Só então lembrei que já havia tirado o robe e só estava com a minha camisola lilás de seda, que, hmm,não era lá muito comprida,na verdade, era curtíssima e mostrava muito além do que Edmundo já tinha visto de mim, além de minhas canelas e ombros .Tentei disfarçar meu constrangimento cruzando meus braços na frente do corpo e ajeitando minha postura.Edmundo pareceu se recompor e depois de pigarrear uma vez ele disse numa voz um pouco falha:

–Lúcia e eu queríamos saber se você não gostaria de cavalgar conosco.

Pisquei algumas vezes antes de responder. Era só isso?Por algum motivo me senti meio desanimada, mas logo disfarcei com um grande sorriso e respondi:

–É claro. Está fazendo um lindo dia!-Comentei rapidamente.

O sorriso que Edmundo abriu parecia iluminar o quarto todo, me constrangi ao pensar que ele só tinha ficado alegre por eu aceitar sua companhia.

–Ótimo!Encontre-nos nos estábulos em 15 minutos?-Perguntou ele parecendo ainda um pouco nervoso.

–Claro. 15 minutos é perfeito!

–Até logo.

Respondi com um sorrio e ele saiu do quarto batendo a porta com uma força um pouco exagerada. Rapidamente me lancei até o guarda-roupa procurando por alguma muda de roupa decente para uma cavalgada. Nada. Apenas os longos e pesados vestidos narnianos. Abri o baú que ficava aos pés da cama, onde recentemente eu havia guardado as coisas que estavam comigo quando cheguei. Em cima da pequena pilha de roupas estava a minha única calça jeans, procurando mais embaixo, resgatei uma t-shirt azul marinho totalmente lisa. É, seria isso mesmo. Recoloquei as botas pretas de couro e lutei furiosamente contra meu cabelo embaraçado.

Já estava com a mão na maçaneta da porta quando lembrei de um detalhe. Corríamos perigo, Aimee estava a caminho. Ainda não sabia em que momento eu contaria para os outros sobre o que eu tinha ouvido no Castelo de Gelo, mas sabia que para qualquer lugar que eu fosse eu devia estar pelo menos minimamente armada. Girei nos meus calcanhares e fui até o guarda-roupa, onde no fundo, eu guardava algumas armas. Peguei uma adaga afiada e fácil de esconder, coloquei dentro da bota, onde podia sentir a lâmina fria mesmo por sobre o tecido grosso do jeans e me senti um pouquinho mais segura.

Dez minutos depois eu saia em disparada porta afora, cumprimentando rapidamente com um acenar de cabeça os criados e guardas que passavam pelo corredor, ignorando os olhares desconfiados por eu estar acordada tão cedo e estar correndo pelo castelo. Continuei correndo e na curva para a cozinha, derrapei no piso e bati diretamente contra uma parede, caindo por cima de algo macio. Um tapete?

–Ai, Izzie, pelo bem de todos faça um regime, por favor. – O tapete disse embaixo de mim.

A coisa rolou me tirando de cima de si e levantando em seguida. Eu estava tão confusa!Devia ter batido a cabeça com força. Fazia sentido um tapete falar?E ainda mais tirar com a minha cara? Mas então uma mão me ajudou a levantar, olhei para cima e suspirei de alívio ao ver que não estava louca. Era só Caspian.

–Ah, Bom dia. Estou atrasada, desculpe. – Respondi evasiva tentando continuar meu caminho. Mas é claro que Caspian X, O Curioso, não me deixaria ir tão fácil. Ele segurou meu braço me fazendo virar para ele.

–Aonde vai com tanta pressa?

–Só marquei de ir cavalgar com Edmundo. – Caspian ergueu uma sobrancelha e sorriu malicioso – E Lúcia. Será que posso ir agora?

–Não vai nem comer alguma coisa?

–Estou sem fome. – Menti enquanto batia ritimadamente o pé direito no chão.

Parecendo finalmente compreender minha impaciência Caspian soltou meu braço enquanto meneava com a cabeça murmurando algo parecido com jovens apaixonados e desajuizados.

–Tomem cuidado.

Antes que ele pudesse concluir as duas palavras eu já havia saído correndo e entrado na cozinha num rompante.

A cozinha era um dos melhores lugares do castelo. Era ampla e clara, com um ar aconchegante, além do cheiro que era sempre divino!À esquerda havia duas mesas de madeira bem compridas, onde as cozinheiras cortavam, picavam, enrolavam e recheavam as delícias que preparavam. À direita, ficavam os grandes armários e fornos de barro e metal onde a comida era cozinhada/assada. Nos fundos havia grandes janelas de vidro que permaneciam constantemente abertas, e uma porta que dava para o corredor que levava até os estábulos. Era para lá que eu ia, mas antes...

–Bom dia. – Cumprimentei as poucas cozinheiras que estavam ali sendo respondida em uníssono com um “Bom dia, Majestade” - Vou só pegar uma fruta, não se incomodem comigo.

Avancei até a grande cesta com frutos recolhidos recentemente do pomar real e apanhei depressa uma grande maça vermelha. Já ia dar uma mordida quando fui interrompida por um pigarro. Ah,não!Apolinne!Mais do que depressa coloquei a maça em minhas mãos e cruzei as mesmas às minhas costas.

–Majestade!Precisa de alguma coisa?

Apolinne era a cozinheira-chefe do castelo. Ela era uma castor de aparência amigável,e na maioria das vezes era mesmo muito gentil, mas virava uma fera quando alguém furtava alguma coisa da cozinha para comer fora do horário.

–Eu só... - Gaguejei enquanto ela farejava o ar do meu lado. Suspirei frustrada quando ela tirou a maça da minha mão e a ergueu o braço, segurando a maçã na altura do meu rosto como se fosse a prova de um crime hediondo.

–Só estava comendo fora do horário. – Mordi o lábio inferior e olhei para baixo quando percebi que ela ia começar a recitar o eterno discurso sobre “comer fora do horário”. Já havia o escutado bem mais de dez vezes. – Quantas vezes eu tenho de dizer que faz mal ficar beliscando a comida?Você pode engordar!Você quer engordar?NÃO. Não quer. Então a única coisa que eu peço é que coma conforme o cronograma. Temos o café-da-manhã às 9:00 e então... - Desviei minha atenção antes mesmo da metade do sermão já decorado, e comecei a pensar no quanto estava atrasada e que naquele momento tudo o que eu queria era sair por aquela porta e correr até os braços de... Digo, correr até o estábulo. -... E o Rei Edmundo...

Minha atenção se voltou rapidamente para Apolinne:

–Edmundo? O que tem ele?- Perguntei sentindo meu coração palpitar. Qual era o meu problema?

– Vossa Majestade passou por aqui há alguns minutos e pediu para que eu preparasse alguma coisa para que vocês levassem. – Pisquei os olhos, aturdida, pensando no que teria feito Edmundo para que a castor liberasse alguma comida, e logo estava perdida em pensamentos de novo e a voz da castor parecia estar vindo de muito longe. Será que Apolinne demoraria muito mais? Há essas horas Lúcia e ele já deviam ter saído. – Majestade?

Apolinne soava irritada, como se já tivesse tentado chamar minha atenção antes. Pisquei os olhos algumas vezes antes de olhar para baixo:

–Claro, desculpe. – Minha própria voz manifestava impaciência, por mais que eu tentasse ser gentil.

Ela não respondeu, apenas ergueu os braços curtos e agora eu via que ela segurava uma bolsa de couro com uma alça comprida.

– Tem alguns lanchinhos aqui dentro. – Ela me estendeu a bolsa e eu a segurei, colocando-a em seguida, passei a alça a tiracolo. – Mas é só dessa vez! Agora vá, ande logo.

Eu ri da expressão irritadiça e ao mesmo tempo calorosa que Apolinne fez, vi que ela nem conseguiu esconder um sorriso enquanto eu disparava porta a fora. Meus passos apressados ecoavam no corredor de pedra, e logo eu havia chego ao estábulo.

– Lúcia? Edmundo? – Chamei elevando a voz.

– Eles já foram, Izzie. Disseram que esperariam na orla do bosque.

Girei no mesmo lugar procurando por quem tinha me respondido. Um relincho suave e familiar a algumas baias de mim me fez caminhar até lá. Era um cavalo negro como uma noite sem estrelas, tinha a crina branca que caia por seu pescoço como uma chuva de prata.

– Angus! – Gritei de alegria e me joguei em cima do cavalo, enterrando o rosto em seu pescoço largo e macio. – Você está bem!

– Não sou mais um potrinho, mas sim, estou bem.

A mãe de Angus, Séfora, tinha estado comigo desde a primeira vez que precisei de um cavalo, na época, Angus era praticamente recém-nascido. Depois de algum tempo, decidi “aposentar” Séfora, que tinha passado quase toda a vida sendo escravizada por telmarinos e humildemente tinha se oferecido para me carregar por todo o país. Digo escravizada, pois, como todos sabem, cavalos narnianos não são usados para trabalho. Então, Angus (já um pouco mais crescido) disse que poderia servir a mim. Era uma honra. Cavalos narnianos só se deixavam ser montados por quem respeitassem.

– Está pronta? – Perguntou Angus.

Respondi sorrindo abertamente

...

– Se continuar andando no mesmo lugar vai acabar abrindo um buraco no chão.

Limitei-me a lançar um olhar feio para Lúcia sem parar de andar. Estávamos na orla do bosque esperando por Izzie que já estava atrasada há algum tempo. Lúcia, como sempre, não conseguia parar quieta, então se revezava entre observar as árvores e caminhar até onde os cavalos estavam comendo. Eu andava de um lado para o outro sem conseguir me conter. Não conseguia parar de pensar no encontro com Heloíse em seu quarto essa manhã. Sua imagem não saía da minha cabeça. Seu cabelo desgrenhado, seu rosto corado como se tivesse acabado de correr uma longa distância, seus lindos olhos amendoados, sua boca rosada aberta com a surpresa e... seu corpo. Não era educado, mas não pude deixar de notar. Ela era tão linda!

– Edmundo! Estou te chamando a um tempão! – Protestou ela e eu me virei rapidamente, acordando do meu transe. – Estava pensando na Heloíse, não é?Espere... Isso é baba no canto da sua boca?

– Cale a boca, Lúcia. – Reclamei enquanto passava a manga da blusa na minha boca, mas era só brincadeira da minha irmãzinha.

– Você gosta dela, não é? – Insistiu.

Se tinha uma coisa na Lúcia que me incomodava de verdade, é que ela era extremamente curiosa e ás vezes, suas perguntas me deixavam desconcertado. Se eu gostava de Heloíse? É claro que eu gostava! Ela era divertida, inteligente e intrigante. Mesmo quieta, parecia preencher o lugar inteiro com sua presença. Depois de algum tempo resolvi responder, afinal, com quem mais eu poderia conversar?

– Ela é... Diferente. Não é como ninguém que eu já tenha conhecido antes. –Disse por fim.

Lúcia chegou mais perto de mim e por um momento ficou olhando dentro dos meus olhos, daquele jeito que só ela fazia. Chegava a assustar um pouco.

– Você gosta dela! – Exclamou como se fosse a melhor coisa do mundo e depois começou a rir. – Eu sabia que sim!

–Eu não disse nada disso. – Respondi e desviei o olhar, ficando envergonhado.

Como eu podia afirmar uma coisa que eu nem mesmo sabia o que era? O que eu começava a sentir por Heloíse era uma coisa completamente nova. De repente a risada de Lúcia cessou e ela passou a olhar fixamente para alguma coisa que se movia em direção à nós rapidamente.

– Acho que é ela. –Comentou estreitando os olhos.

Alguns momentos depois, eu pude confirmar. Sim, era ela. Montava um cavalo grande e robusto, a crina branca contrastando com o pelo negro. E Heloíse... Seus longos cabelos castanhos chicoteavam o ar atrás de si, os olhos estavam fechados e ela parecia estar absorvendo a brisa que ia de encontro a ela. Seu semblante estava tão leve, parecia que ela voava.

Quando chegou até nós, suspirou profundamente e desceu do cavalo.

– Obrigada, Angus. Descanse um pouco, chamo quando estivermos prontos. –Ela disse afagando o focinho do cavalo. Ele apenas meneou com a cabeça e saiu para se juntar a Vinca e Miles, os cavalos que Lúcia e eu vínhamos montando.

Não tinha percebido antes, mas agora que ela andava até nós, vi que ela usava uma calça, não como aquelas calças largas ridículas que as mulheres de Londres começavam a usar, a dela era jeans e se ajustava ao seu corpo com perfeição. Era um pouco estranho para mim, mas não deixava de ser bonito.

– Oi. –Ela cumprimentou alegre, mas por algum motivo seus olhos pareciam carregados de preocupação. – Desculpe o atraso. Apolinne. – Disse o nome da cozinheira chefe como se explicasse tudo, e realmente explicava.

– Tudo bem. – Surpreendi a mim mesmo ao responder, ainda mais por minha voz aparentar extrema calma.

Ela abriu seu sorriso para mim, mas logo desviou os olhos para Lúcia e eu pude perceber que ela corava.

– Aonde vamos?

– Pensei em irmos até a margem do Beruna. Podíamos então fazer um piquenique por lá. – Disse Lúcia com seu bom-humor constante.

– É perfeito. – Heloíse afirmou com a cabeça.

Depois disso, me perdi em pensamentos, sem deixar de olhá-la nem por um momento. Ela não percebeu, conversava com Lúcia num ritmo alegre e descontraído. Ela soltou uma gargalhada e meu coração vacilou duas batidas. Como ela podia fazer isso comigo? Como o som de seu riso podia me deixar desconcertado, me fazendo desejar ir até lá e afagar seu rosto, sem deixar que ela parasse de sorrir por um momento só para poder rir com ela? O que era isso que ela me fazia sentir? De repente ela olhou para mim e me flagrou a observando, para minha surpresa, ela sustentou meu olhar por um tempo com certa curiosidade, até que eu abri um sorriso que a fez corar violentamente e quebrar o contato visual. Lúcia que não havia perdido um segundo dessa breve troca de olhares, olhava de mim para Heloíse com um sorriso vitorioso no rosto.

Aquele seria um longo – e agradável – dia.

...

Já passava do meio-dia quando voltávamos para Cair Paravel. Edmundo e eu íamos na frente, conversando sobre amenidades. Lúcia e Vinca – uma égua branca muito pequena – vinham logo atrás. Por algum motivo, Lúcia achou que Edmundo e eu precisávamos de “um tempo sozinhos” e se deixou ficar alguns metros para trás. Eu não reclamaria por isso.

Tínhamos passado uma manhã muito agradável. Como nos planos, havíamos ido até o Beruna e lanchado, depois apenas ficamos deitados na grama, conversando sobre as coisas do meu mundo e do mundo deles – o mundo era o mesmo, mas a época tão diferente, rindo e brincando ocasionalmente, como se fossemos amigos há muito tempo. Embora meu estômago se agitasse quando pensava nisso, eu tinha gostado muito de passar esse tempo com Edmundo – e Lúcia. Flagrei pelo canto dos olhos ele me olhando toda vez que pensava que eu estava distraída, e todas as vezes que eu sentia seu olhar sobre mim meu coração palpitava mais rápido. Era meio estúpido me sentir assim, claro. Mas que pessoa apaixonada não parecia estúpida? Ah, não! Eu realmente tinha pensando em estar apaixonada por Edmundo? Mas e se realmente estivesse, seria isso ruim? Pelos seus olhares, parecia que ele também sentia alguma coisa. Mas e se eu estivesse enganada? E se minha imaginação estivesse me pregando peças me fazendo ver coisas onde não havia nada?

Eu não podia negar as coisas que eu sentia. Toda vez que eu olho, toda vez que eu penso... Eu gostava dele. Sim, gostava. Mas não seria talvez uma admiração passageira? Não. Eu sabia que não e talvez fosse melhor parar de mentir para eu mesma.

– Heloíse. –Ele chamou e o som do meu nome em sua voz me fez estremecer por dentro.

– Sim? –Respondi com uma calma forçada tentando não olhar em seus olhos, pois se seu olhasse...

– Você ficou quieta de repente. Aconteceu alguma coisa? –Perguntou.

– Não, eu só... estava pensando sobre minha casa. – Menti rapidamente.

Ele pareceu ficar um pouco curioso. Não o culpei, até agradeci mentalmente. Quem sabe conversando com ele, eu não conseguisse parar de tentar adivinhar esses sentimentos tão confusos?

– Queria saber... –Ele começou e olhou para mim, como se procurasse aprovação para perguntar, apenas sorri e ele prosseguiu. – O que estava fazendo quando veio para cá?

Essa era fácil. Por um momento achei que ele fosse perguntar sobre alguma coisa mais complicada.

– Eu estava no aeroporto com meus pais, esperando meu voo, iria conhecer a Inglaterra. A viagem era o presente do meu aniversário de 15 anos. – Suspirei lembrando da minha ansiedade em ir.

– Conhecer a Inglaterra? – Ele pareceu confuso. –Ah,é. Por um momento esqueci que você é brasileira, não britânica.

– Tudo bem. E você? O que fazia? – Perguntei com sincero interesse.

Angus se movia suavemente abaixo de mim, e eu mal sentia ele andando.

– Eu estava discutindo com Lúcia. – Admitiu rindo - O espelho dela começou a mostrar a praia de Cair Paravel e simplesmente fomos sugados para cá.

– E então uma louca com areia até no cabelo ameaçou vocês até dizerem seus nomes. –Completei relembrando o episódio.

– Se era uma louca, era a mais linda que eu já vi. –Ele disse com um sorriso tímido no rosto me fazendo abrir a boca espantada com o elogio.

Murmurei um “obrigado” envergonhado e passei a admirar a crina de Angus. Permanecemos num longo silêncio depois disso e eu nem percebi quando o cavalo parou de andar.

– Já chegamos. –Ele anunciou.

Era verdade. Angus havia parado numa área gramada perto do estábulo, e eu, distraída, nem tinha percebido. Lúcia já estava fora de vista e Edmundo desmontava de Miles vindo para perto de mim. Permaneci montada em Angus impossibilitada de descer, ele era alto demais e eu só montava e desmontava dele com ajuda de um banquinho.

Edmundo gentilmente estendeu a mão para mim oferecendo ajuda para eu descer. Tentei não deixar transparecer nada quando ele segurou minha mão me dando apoio para que eu pulasse. Escorreguei por sobre o tronco de Angus, mas mesmo com a ajuda de Edmundo, senti que ia cair no chão. Antes que eu caísse, Edmundo colocou as duas mãos na minha cintura e me segurou.

– Te peguei. –Disse ele enquanto eu me firmava no chão. Ergui minha cabeça e percebi que foi um erro, pois agora eu tinha total consciência da proximidade dele, eu sentia a pele da minha cintura esquentar onde ele ainda segurava, sentia sua respiração no meu rosto, que estava apenas há alguns centímetros do dele. Comecei a respirar mais rápido quando ele foi abaixando seu rosto, seu olhar me fazia queimar. Sabia o que viria a seguir. Por impulso coloquei minhas mãos em seu peito, ele era forte. Suas mãos na minha cintura forma se fechando cada vez mais e me trazendo para mais perto do seu corpo. Conseguia ouvir minha pulsação no meu ouvido, e ela parecia estar tão rápida e tão forte que temi que talvez ele pudesse ouvi-la. E então ele estava perto, muito perto. Se cheiro era inebriante: suor,grama molhada, lavanda. – Heloíse. –Ele sussurrou me fazendo estremecer. Fechei meus olhos. Sentia que se ele demorasse mais, eu consumiria junto com o calor que se alastrava por todo meu corpo. Foi o tempo de mais duas batidas de coração, e então...

Seus lábios estavam nos meus.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Criticas, sugestões, ameaças de morte? Deixem REVIEWS.
P.S: Pedro aparece no próximo capitulo.
P.P.S: Saudades de vocês :3



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