With Or Without You escrita por Annye


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hello people!
Nesse capítulo temos um pouco sobre a nossa desaparecida Alice. Muitas surpresas, então, sentem-se e aproveitem.

Boa leitura!



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Alice

Eu não aguentava mais de dor nas costas. Aquela cama estúpida e desconfortável era horrível. Em outros tempos, eu teria resolvido rapidamente essa situação, porém, agora isso é parte ínfima do um gigantesco problema. Um problema que nem era meu. Ou em partes não era.

Levantei-me, me sentindo enorme, como era costume nos últimos meses. Será possível que eu continuasse a inchar e engordar? Suspirei. Óbvio que eu não tinha problemas o suficientes, e ainda tinha que descobrir minha gravidez.

No fim, a despedida final com Jasper gerou algo mais que um grande vazio, saudade e mágoa; no entanto, ele não descobriria a minha gravidez. Talvez se eu tivesse sorte o bebê nasceria a cara dele, assim eu não precisaria contar, bastaria ele vê-lo...

O que eu estava pensando? Ele jamais poderia vê-lo, tampouco, eu tinha permissão para contar a ele. E mesmo se pudesse, ele me feriu demais, e não seria uma criança que mudaria isso.

Apesar do susto da gravidez inesperada, fiquei feliz que eu teria algo para me lembrar do que eu era. E enquanto não tinha meu filho nos braços, era possível imaginar que tudo ficaria bem. Eu pensava que ainda estava com Jasper, vivendo em Beverly Hills. Que minha melhor amiga levaria sua irmã ou irmão também recém-nascido para brincar com meu bebê. Que eu e Rose faríamos as pazes, e já que ela gostava tanto de bebês, viveria em minha casa mimando o sobrinho. Talvez eu conseguisse achar meu irmão, e ele também se juntasse a festa. E por fim, eu jamais descobriria tudo que meu pai fez, sendo feliz para sempre, e não envolvida no meio de tanta sujeira.

Limpei as lágrimas que escorreram de meus olhos. Desde que eu cheguei naquela cidadezinha cinzenta, tudo que eu fiz foi chorar. O sistema de proteção a testemunhas não poderia ter acertado mais, afinal, aquele era exatamente o tipo de lugar que eu não moraria nem se houvesse um cataclismo global e lá fosse o único lugar ainda habitável em toda América. Pelo menos assim pensava a antiga Alice. Ouvi minha porta bater, devia ser Victoria vindo me levantar.

– Vamos lá Mary, a senhora Weber está lá embaixo com um bolo e agulhas de crochê, e eu não aguento mais fazer sala para ela. – disse Victoria, enquanto entrava em meu quarto e abria as cortinas, deixando a claridade de nuvens cinzentas adentrarem meu quarto. Franzi o rosto diante daquela atitude de me despertar daquela forma, mas decidi levantar.

– Já desço. – eu disse, e ela saiu do quarto batendo a porta. Revirei meus olhos.

No começo, minha convivência com Victoria era ótima. Ela era do grupo de agentes especiais designados a me proteger. Não sei muito sobre ela, já que era uma espiã e não podia revelar muito sobre sua vida. Mas sabia que ela morava em Seattle antes de vir para cidadezinha de Forks; todavia, ela já devia ter vivido aqui por um tempo, uma vez que já conhecia alguns habitantes, quando nos “mudamos”.

A história oficial é que erámos primas, e estávamos cansadas da cidade grande, por isso resolvemos nos mudar para aquele vilarejo intitulado de cidade. Na época, eu havia acabado de descobrir minha gravidez, estava tão abalada, que todos achavam que o real motivo era minha saúde debilitada. É claro que quando descobriram minha gravidez, começaram a falar que era porque que o pai do bebê não queria assumir a criança, o que talvez não fosse tão mentira assim...

Enfim, o fato é que Victoria e eu nos demos muito bem no começo. Entretanto, recentemente ela estava agindo de forma rude comigo. Eu não sei ao certo o motivo, mas suspeito que seja minha falta de vida. Eu odiava ficar perto de negatividade, e tentava ao máximo animar os outros, por mais que eu estivesse um caco por dentro. Porém, eu simplesmente não conseguia nem fingir felicidade direito. Por enquanto eu colocava a culpa nas mudanças hormonais da gravidez, mas logo mais eu não teria direito dessa desculpa.

Terminei de me arrumar e desci as escadas, encontrando uma sorridente senhora, já com os cabelos brancos, pele enrugada e sustentando óculos no nariz fino, sentada no sofá.

– Bom dia margarida. Espero não ter despertado seu sono essencial para o bebê. – ela disse levantando-se e vindo me cumprimentar.

– Bom dia senhora Weber. A que devo a honra da visita? – perguntei objetivamente, mas dando um tom simpático a minha voz.

– Eu fiz um bolo de chocolate, e tenho certeza que você irá gostar. Sua prima o levou para cozinha, vamos lá, pois eu quero um pedaço. – ela disse sorrindo e me acompanhando até a cozinha.

O bolo estava absolutamente divino, fazendo com que o meu humor melhorasse, mesmo que infimamente.

– Está uma delícia! – elogiei, enquanto comia mais um pedaço.

– Fico feliz que tenha gostado. Ah, eu trouxe as agulhas de crochê também, se você ainda estiver interessada... – disse ela, deixando a proposta no ar. Senhora Weber era a mulher do pastor da pequena cidade, e com certeza ela estava ali para conversar comigo, provavelmente tentando descobrir um pouco mais sobre a misteriosa nova habitante de Forks. Porém, eu vivia em tédio, e fazer sapatinhos de crochê parecia um ótimo programa para essa tarde.

– Estou interessada sim. Mas já aviso que nunca fiz isso antes, então você terá que ter muita paciência para me ensinar. Começamos após mais um pedaço de bolo. – eu disse sorrindo, sendo correspondida por ela.

Passar à tarde com a senhora Weber foi mais agradável que eu esperava. Ela falou bastante, e não questionou muito sobre mim. Eu sempre respondia o que estava combinado em minha “história”, não precisando usar evasivas (o que estava se tornando comum para mim). No fim do dia eu ganhei furo nos dedos, acho que aprendi algum ponto de crochê, mas os sapatinhos ficaram por conta da senhora Weber mesmo.

– Bom querida, logo as crianças chegam da escola. É melhor eu ir. – ela disse se levantando, eu ia me despedir, mas Victoria chegou à sala nos interrompendo.

– Mary, sua mãe no telefone. – ela disse naturalmente, mas eu entendi o recado. Minha mãe evidentemente não sabia onde eu estou; essa frase era um código para saber que James me ligava.

– É definitivamente minha hora. – disse a senhora Weber.

– Avise a ela que já vou Victoria. – eu disse, e ela se retirou. – Até mais senhora Weber. – despedi-me a acompanhando até a porta.

Fui diretamente para o escritório, para atender ao telefone.

– Como está Mary Alice? – Ele perguntou espirituosamente.

Com o recente afastamento de Victoria, veio uma grande amizade com James. Ele sempre se mostrou muito preocupado comigo e com meu bebê, porém, sempre estava ocupado demais tentando resolver as coisas. Agora ele estava mais livre, e conversávamos de uma forma dele vir morar conosco em Forks, porém, seria complicado colocar um homem na casa de duas mulheres, não por nós três, que sabíamos que aquilo era uma questão protetiva, mas pelos outros habitantes, que não iriam interpretar isso com bons olhos (por exemplo, Victoria o tinha apresentado como minha mãe na presença de senhora Weber, pois falar que era um “amigo” seria dar oportunidade de falarem de mim e a nossa intenção na cidade era justamente se camuflar).

– Estou bem na medida do possível, vermelho líder. – disse usando seu codinome ridículo.

– Já combinei com Victoria, hoje vou ai a noite, para conversarmos mais a vontade, se é que você me entende... – eu entendia. Nós achávamos que estávamos seguros, mas quem sabe se a inocente senhora Weber não acabara de colocar uma escuta no telefone?

– Tudo bem. Mas aconteceu algo bom? – perguntei animada.

– Definitivamente. – nessa hora meu sorriso dobrou. Será que ele havia conseguido provar que tudo não passara de um engano? Que meu pai na verdade tinha se metido naquilo por que fora obrigado? Eu retornaria logo para Califórnia? As perguntas ainda giravam pela minha cabeça quando James chamou minha atenção. – Vou precisar desligar. Até mais Mary.

– Até. – me despedi e desliguei o telefone.

Fui até a sala e me sentei no sofá, ligando a televisão e colocando em qualquer canal. Já havia passado muito tempo, quando eu Victoria coçou sua garganta chamando minha atenção, e me fazendo perceber que ela estava na sala, sentada na poltrona ao meu lado.

– Você está assistindo ou posso mudar de canal? – perguntou ela.

– Fique a vontade. – respondi simplesmente, enquanto lhe passava o controle.

Ela mudou de canal para algum programa sobre mortes que ela adorava, porém, algo parecia incomodá-la. Depois de muito refletir, decidi perguntar o que acontecia, mas fui interrompida pelo barulho da campainha.

– Deve ser James. Deixe-me atender. – disse ela, levantando-se com agilidade, e partindo em minha frente.

Em poucos minutos a figura alegre e sorridente estava em minha frente, logo vindo me dar um abraço.

– Tenho boas novidades! – ele disse ainda sorrindo, me colocando no sofá.

– Estou super ansiosa, então menos suspense e mais revelação, por favor. – disse eufórica.

– Certo, vamos lá: achei uma forma de vir morar aqui com vocês. – anunciou ele ainda sorrindo, mas instantaneamente meu sorriso murchou. – O que aconteceu Alice? – disse ele, se aproximando de mim, segurando minhas mãos.

– Só isso? – perguntei com uma chama de esperança.

– Só. Desculpe-me por tão pouco que eu posso oferecer. – falou ele irônico, enquanto soltava minhas mãos.

– Não. Quer dizer, estou muito feliz que você more conosco. É só que...

– Só que você esperava voltar, não é? – ele perguntou, voltando a se aproximar, e agora colocando a mão em meu rosto. – Desculpe Alice, mas não dá. Seu pai fez uma lambança muito grande, e consertar será difícil. Por enquanto você e seu bebê correm risco de vida, e é melhor que fiquem por aqui. – finalizou ele, categórico, fazendo-me explodir.

– Acontece que isso não é certo James! Eu não tive culpa. Não estou envolvida. Mal entendo de negócios! – eu suplicava, mesmo sabendo que a decisão final de me deixar ou não de molho naquela cidade, não partia dele.

– Eu sei Alice, mas você é o alvo principal. Se naquele dia nós não a tivéssemos sequestrado, hoje você já podia estar na mão deles. – “deles” era como eu conhecia a pior parte do meu problema.

Não conseguiria explicar em termos técnicos, mas em miúdos, meu pai envolveu seu nome em um grande esquema ilegal. Ele estava associado a uma organização que trabalhava com o tráfico de pessoas, fora um grande esquema de corrupção, envolvendo bilhões. Ele jurou que na verdade estava sendo coagido, e não era nada além de um laranja (sendo que o próprio acionou a polícia). Agora ele estava em uma prisão especial do governo, entregando tudo e todos que ele sabia que participava do esquema, e lógico, colocando ele e eu na mira. Até agora ele era principal testemunha, e necessitavam dele vivo. Porém, meu pai foi categórico ao afirmar que se eu morresse, ele não falaria uma palavra; e justamente por causa dessa proteção eu estou enclausurada nessa casa.

– Eu sei. – disse derrotada, sem forças para discutir.

– Você não quer saber a forma que eu achei para vir morar com vocês? – James perguntou depois de alguns minutos em silêncio. Eu apenas assenti minha cabeça. – Primeiramente, lembre-se que será só encenação. E que minha proteção será benéfica. E que nós dois somos solteiros... – ele ia dando cada vez mais desculpas estranhas, me fazendo ficar cada vez mais confusa. – E que eu trabalho para o governo americano. Ah, e eu adoro crianças. E eu...

– Certo, que tal ser mais objetivo James? – perguntei já sem paciência.

– Certo. Hum... – ela pensou um pouco, acho que escolhendo as palavras certas. – Alice, poderíamos falar que sou o pai do seu filho. Posso te assumir como minha namorada. – ele sugeriu, me deixando em choque. E acho que não fui à única, ao julgar o barulho de copos caindo no chão.

Quando saí do meu estado de choque, Victoria estava com a pior cara que eu já vi em minha vida, e o chão com um estrago devido aos cacos de vidro esparramados. Ela cerrou suas mãos em punho, respirou fundo, e catou os cacos, juntando-os na bandeja, enquanto xingava baixo.

– O que aconteceu? – perguntei, me referindo aos copos no chão, ainda perplexa pela sua atitude. A ideia de James era horrenda, mas não via motivos para tanto aborrecimento.

– Eu é que deveria me perguntar isso! Vou fazer um chá, e quando eu volto, o meu grande líder está dando em cima da testemunha! – declarou ela, sarcástica. Eu estava perdida. De fato não parecia apropriado o que ele propôs, mas James fazia isso com o intuito único de proteger-me... Certo?

– Respeito Victoria. – inqueriu James. – Não estou “dando em cima” de ninguém, e sim propondo uma solução lógica para as coisas. Ou você acha que dá conta sozinha se mandarem um grupo atrás de Alice?

– É James, e essa sua “solução lógica” irá te juntar com Alice, não é? – a ruiva disse com os olhos faiscando de raiva. – Apenas irei te dar um ultimato James: não se envolva com testemunhas. Se o fizer, chamarei nossos supervisores. E tenho dito. – concluiu Victoria, subindo as escadas e entrando em seu quarto.

– O que acabou de acontecer aqui? – o questionei. Ele ficou sem graça e gaguejou sem conseguir falar nada coerente, me fazendo entender rapidamente. – Oh. Você e Victoria? Não acredito! – eu disse surpresa e feliz, dando um olhar malicioso para ele.

– Não interessa esse assunto agora, Alice. O que interessa é saber se você fingiria que é minha namorada, para eu poder vir para cá. – ele disse se aproximando de mim novamente, mas agora eu recuei.

Hoje de manhã, se eu alguém me dissesse que James, o cara que tinha se tornado meu amigo, e que daria o pescoço para me proteger, queria algo comigo, eu riria alto. Agora porém, depois dessa proposta o tanto suspeita e da cena de ciúmes de Victoria, ficava mais que claro que na verdade ele estava procurando algo mais que minha amizade.

– Obrigada James, mas depois do que eu acabo de ver, acho que você deveria é fingir que namorado Victoria. Ou namorar mesmo, vai saber. – falei sugestivamente, o fazendo revirar os olhos. Eu não poderia dar o fora em James, não com ele me ajudando tanto. Mas eu poderia tranquilamente juntá-lo com Victoria. Os dois ficariam felizes, ninguém ferido, e quando toda essa loucura acabasse eu voltaria tranquilamente para minha casa, com mais uma missão cupido completa. Sorri ao pensar.

– Victoria e eu não vamos ficar juntos Alice! – ele disse bem sério, com um olhar determinado.

– Acontece que você não me conhece direito James. Quando coloco uma ideia, ninguém a tira de minha mente... – falei com um olhar obstinado. – Quando você vem para cá?

– Eu só virei para cá se você falar que aceita que eu seja seu namorado. De mentira, é claro. – afirmou ele, me fazendo revirar os olhos.

– Ok, eu aceito. Namoro de mentira, hein? Até porque antes do fim do mês você e Victoria estarão juntos. – eu disse com um sorriso.

– Não. – ele disse se aproximando. – Até o fim do mês você irá esquecer de vez o playboy da Califórnia, e vai ver que eu sou o melhor pai para o seu filho. – ele disse chegando cada vez mais perto, até quase colar seus lábios no meu.

– Veremos. – eu disse por fim, saindo da sala e o deixando lá, sozinho.

Quando cheguei a meu quarto me senti viva novamente. Finalmente eu teria um objetivo nessa pequena cidade. Unir James e Victoria não seria tarefa fácil (principalmente agora que estava obstinado a querer algo com uma mulher grávida), mas eu conseguiria, como sempre consegui tudo que eu queria.

Mundo se prepare: Alice está de volta, e com um passo de cada vez, e ela te dominará novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Tomaram um susto? Já querem o próximo? :D
Ah, nos comentários, gostariam que vocês colocassem se preferem a fic assim, com no máximo três mil palavras, um personagem narrando cada capítulo, ou como era antigamente, com ás vezes sete mil palavras, e vários pontos de vista por capítulo.
Não se esqueçam do reviews, pois eles são muito importantes para mim.



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